quinta-feira, agosto 13, 2020

CARLOS EDUARDO NOVAES, DELACROIX, LUCIA SANTAELLA, BIRGIT JÜRGENSSEN & CAROL DE ANDRADE


DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE AQUELA... IDADE, O TRÂMITE DA VIDA - Da infância, os dias fagueiros na companhia de avós, pais, tias e parentes até de um olho só. Todo dia descobria um primo distante, da gente chapinhar no brejo, invadir quintais, inventar presepadas. Todos estavam vivos e a mesa era farta. Da adolescência, as cabuladas de aula, a ojeriza pela marcha ginasial, a indiferença das moçoilas namoradeiras, os bregues constantes pelas escapulidas. Nem me dei conta do amadurecimento, nem aos trinta nem aos quarenta, novinho em folha, com tudo em cima e em dia. Só quando envelheci e a maturidade falou mais alto. Tinha que viver para ver cada coisa de retrocesso nesse Brasilzão e o mundo arrepiado parou de vez. Hoje, entre a quarentena e o genocídio, tal qual o deus Jano, miro o passado e o futuro. Ao me posicionar com esta atitude reflexiva, Delacroix explicita: Esta vida humana, tão breve para as mais frívolas experiências, é para as amizades uma prova difícil e demorada. Para não sofrer, trabalhe. Ouvi-lo e não olvidei: da labuta desde os dez anos de idade, ainda hoje um workaholic e resiliente, sem que tenha amealhado qualquer centavo, aposentadoria tão distante quanto inalcançável, perspectivas de muita mão-de-obra ainda pela frente. Lucia Santaella anima de lá: Agir, reagir, interagir e fazer são modos marcantes, concretos e materiais de dizer o mundo, interação dialógica, ao nível da ação, do homem com sua historicidade. Não sei mais, fecho os olhos e vivo agora, é o que me resta. Vou.

DUAS DE OUTRAS TANTAS DOS DITOS & DESDITOS - Ao fechar os olhos pude refletir melhor entre o apoteótico avanço tecnológico e a desigualdade social, a explosão produtiva e a desertificação de áreas continentais, o estratosférico conhecimento e a indigência intelectual, a riqueza paradisíaca de poucos e a pobreza grassando nas periferias das cidades e para muitos, demais. Contradições tantas quantas ideologias, até o capitalismo emperrar e se engasgar com a pandemia, enquanto direitos são usurpados como se mandonismo fosse um disfarce do que é democrático. Indagar sobre a vida, imediatamente na cara aquela: tudo tem um preço. Hem? Como sempre fui desindinheirado, tudo que tenho é a força do meu braço, é dele que me valho. Foi aí que me vi naquela do Carlos Eduardo Novaes, na sua As Confidências de um espermatozoide careca (Nórdica, 1986): Na verdade há um mundo de sensações a serem exploradas no corpo humano. Para excitar um parceiro você pode trabalhar com as mãos, os pés, os lábios e a língua. Melhor sorrir, como a piada de outro: A história de Cândido Urbano Urubu (Nórdica, (1975). Das companheiras, dei de pronto com Alice naquele A mulher integral (1975): Mas nós não vamos lutar pela igualdade de oportunidades, igualdade de salários, igualdade de direitos, enfim. E essa luta tem que começar aqui. Sim, sim, aquiesci. Aqui e agora, mesmo. Por isso mesmo, ao meditar, só tenho o presente, nada mais.

TRÊS PERSPECTIVAS SÓ COM A DA VEZ – Sim, apenas o presente, mesmo que reduzam a ganhar ou perder, ou empatar, das três, nenhuma: a vida intensa, plena, na condição de que possa ser o último dia. E fazer o melhor porque, na prova dos noves, somando experiências, dividindo emoções, subtraindo o desagradável e multiplicando as esperanças, ninguém amanhã, já que os mais próximos já pinotaram pra outra, os conhecidos estão longe e ao redor só expectativas. Afinal, amanhã nem existe de mesmo, só quando agora, ao flagrar o exato momento em que a fotógrafa e artista visual austríaca Birgit Jürgenssen (1949-2003) me diz: É como estar a par dos segredos do laboratório de um alquimista, animado por suas franquezas e fraquezas humanas. No horizonte quantas direções e lá vou eu. Até mais ver.

A ARTE DE CAROL DE ANDRADE
Em tudo que eu fotografo, eu procuro poesia. Procuro uma forma de passar aquele quadro que eu estou imaginando, aquele recorte lúdico do que é, na verdade, uma cidade caótica. O Recife-sonho seria um lugar com mais gente sentada na calçada, na cadeira de balanço vendo criança brincar na rua. E não o trânsito, barulho e sujeira.
A arte da fotógrafa Carol de Andrade, que é formada em Fotografia pelas Faculdades Integradas Barros Melo (AESO). Veja mais aqui e aqui.


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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