DUAS DOS DITOS & DESDITOS: OUTRA VEZ
ENTRE TANTAS OUTRAS – Não dá para
raciocinar direito, tudo muito rápido. Estou como quem errasse o alvo sem nunca
ter acertado mosca alguma, mesmo que me valha dos meus bons antecedentes,
enquanto macróbio no orgulho de outras idades, outrora tão firmes, sempre
encontrava uma saída e agora não mais, só a surpresa do torpor geral. Enid Blyton me avisa: Acho que as pessoas fazem seus próprios rostos, conforme
crescem. Os olhos dela, a face dela linda e eu não sei, nos outros são muitos disfarces, máscaras sobrepostas,
devem ter lá suas razões, talvez dissimulações para se defenderem dos seus
próprios simulacros. Não sei, talvez eu nem saiba que a pedra filosofal fosse
um caleidoscópio e, por um instante, eu tomasse pé da situação, mesmo que para isso
fosse nada mais que meu próprio equívoco, não sei, estou aqui.
TRÊS RELANCES DA PEDRA FILOSOFAL, CENAS E
ESTÁTUAS - Sou quase cenas de Fernando Arrabal e uma criança diante do assassinato do pai tivesse o exílio só porque
me disseram e não ouvi direito que tinha que amar o meu país e me sacrificar
por ele, e que me orgulhasse dos heróis fabricados pelo comando e respeitasse a
ordem implantada para denunciar os traidores e odiar os inimigos e que eu não
fosse tão inflexível a ponto de desobedecê-los nem desconsiderá-los. Mas eu
sabia: Os fanatismos que mais devemos temer são aqueles que
podem ser confundidos com tolerância. Sim, como você a minha
Melilha é o meu desterro na França, também preciso evitar a loucura a qualquer
preço: Portanto,
devo praticar algumas formas falsas de loucura. E ter
uma falsa vida e me enganar o quanto for possível, fazendo de conta, para na
intimidade eu possa entrar em convulsão e cometer a arte de Liza Lou, ouvindo-a escondido: Você é atraído pelo grande volume de material, forma, cuidado
e amor. Meu trabalho quase argumenta que o prazer de olhar faz parte do que é
estar vivo. Sim, sei o que vejo e deixo que me vejam como se
estivesse completamente enganado de tudo, a fazer de conta que vou com eles no
redemoinho deles porque eu sou tal como e neles vida e sonho. 
A ARTE DE VILLARES
A arte do escultor,
pintor, desenhista e caricaturista Lauro de Vasconcelos
Villares (1908-1987). Veja mais aqui.


