O FECAMEPA ENTRE EMPERRO & MÁ-VONTADE - OS
ZÉS NA FILA DOS 600 DO COISO - Pitoco também é Zé
e feliz, pelo menos é o que ele diz, o primeiro da fila. Atrás dele uma
multidão. Ele esperava desde ontem de tarde ali, montando guarda, abrir a porta
e saber se podia pegar o que lhe era devido. Ele, como outros tantos Zés, o Imperador,
Cravo, Bestão, Corninho, Bilola, Bunito, Dinaldo, Gogo, Fulano, muitos
anônimos da silva e todos Josés da mesma sina. Afora Marias e desconhecidos Joões
e Manoés de serão, em cima da ocasião. Ali os pariceiros, longe um do outro, alguns
de máscara e outros nem tanto, peiticavam tirando onda, maior mangação: cara
dum cu de outro. Todos esperavam sua vez de ser atendido e, depois, correr para
o caixa automático e sacar o auxílio emergencial prometido. Parecia festa. Com a
demora, as insatisfações. Como é mesmo, hem? Essa grana sai ou não sai? Rapaz, já
me cadastrei e ainda está em análise. Eu mesmo quero saber direito por que
ainda não recebi! Eu vim para me cadastrar. Oxe, não é aqui não, besta. Pronto.
Eu já dei três viagens aqui e arrastei a mala, quero só ver hoje! Tu és um
pé-frio desgraçado! Sou não. É. Agora deu. DORO
EMBANANA TUDO – O Doro não era um Zé de nome, mas como se fosse mais um na
vida. Lá no rabinho da fila, gritou patacoadas botando os outros da laia que
estavam mais adiante. Era gente como a praga. Doro conferiu: Pelo jeito num
chegará hoje a minha vez. Armou da sua: Tossiu uma, duas vezes; todo mundo
virou-se pra ele, fez que não viu. Espirrou escandalosamente. Pronto, lugar
mais limpo. Sabia que seria providencial e rumou para o interior do
estabelecimento. Lá dentro, entupido. Deu outra espirrada. Quase foi levado porta
afora no meio da correria. Ao se aproximar do caixa automático, chega a polícia
mascarada, apontaram para ele: É aquele ali. Foi arrastado pelo cós da calça: atentado
à saúde pública. Motivo? Uns três morreram do coração, duas mulheres tiveram um
troço e um incontável número de pessoas que ainda passavam mal do lado de fora.
Três dias depois ele passava. E aí, Doro, recebeu? Agora, só para o ano. ZÉ PEIUDO SE APROVEITAVA DA SITUAÇÃO – Tudo
restabelecido, organizado. Zunzunzum. O que esse cara está fazendo por aqui? Oxe,
Zé Peiúdo aproveitava e prometia disso e daquilo para todos. Não escondia sua
ganância anunciando um queima brabo nos estoques que todos sabiam mais que cediço,
ora, ora. Quem não sabia do seu pano de amostra é que caía na esparrela. Lá ia
ele no maior papo furado, engalobando e furando a fila. Aos apupos, conseguiu
chegar ao caixa e ao inserir o cartão o sistema saiu do ar. Teve gente que
ficou ali plantado mais de três horas e nada. Via-se na face fechada de todos
que restava apenas uma revolta incontida no peito de cada um. Só amanhã no
Fecamepa. E eu também, até. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: O que, exceto a tortura, poderia gerar
insanidade mais rápido do que este tratamento? Aqui uma classe de mulheres foi
enviada para ser curada. Gostaria que os médicos especialistas, que me
condenaram por minhas ações, que provaram suas habilidades, que peguem mulheres
perfeitamente saudáveis e sãs, que calem suas bocas e as façam sentar das seis
da manhã às 8 da noite em bancos duros, que não deixem que elas falem ou se
movam durante essas horas, sem dar-lhes nada para ler ou conhecimento sobre o
mundo lá fora, dando-lhes comida de péssima qualidade e um tratamento brutal, e
vejam quanto tempo levará para que elas se tornem loucas. Dois meses as
destruiriam mental e fisicamente. Pensamento da jornalista, inventora,
escritora e voluntária estadunidense Nellie
Bly (pseudônimo de Elizabeth Cochran Seaman – 1864-1922), que foi a pioneira nas reportagens investigativas, fingindo
insanidades para estudar uma instituição para tratamento de doentes mentais. É
autora do livro Ten
Days in a Mad-House (1877),
baseado em artigos escritos por ela e publicados pelo New York World, que
inspirou o filme Fuga do
hospício: A história de Nellie Bly (2015), dirigido por Timothy Hines e
estrelado por Caroline Barry no papel título. Outra versão cinematográfica, Escaping the Madhouse: The Nellie Bly story
(2019), estrelado por Christina Ricci e dirigido por Karen Moncrieff. A versão
teatral, Ten Days in a Mad-House (2018),
foi escrita por Tony Bezner. Ela também
viajou por 72 dias simulando a ficção de Júlio Verne: Eu quero dar a volta ao mundo em 80 dias
ou menos. Eu acho que posso vencer o recorde de Phileas Fogg. Posso tentar? Durante
toda sua vida foi marcada por brigas com homens para provar a sua capacidade. Veja
mais aqui, aqui, aqui & aqui.
MERYL STREEP
O desrespeito estimula o desrespeito. A violência incita a violência. E,
quando os poderosos usam sua posição para intimidar os outros, todos nós
perdemos.
MERYL STREEP - A arte
da premiadíssima atriz estadunidense, Meryl
Streep, que estreou profissionalmente na peça teatral Trelawny of the
Wells (1975), no Vassar Drama Department, e na televisão no telefilme The
Deadliest Season (1977). Estreou no cinema com o filme Julia (1978) e, em
seguida atuou no Kramer vs. Kramer (1979) seguidos de tantos outros de sua grandiosa
carreira. Ela ganhou o Oscar por três vezes, acumulando 8 Globo de Ouro, 3
Emmys, 2 Screen Actors Guild Awards, melhor atriz no Festival de Cannes e de
Berlim, 5 New York Films Critics Circle Award, 2 BAFTA, dois Australian Film
Institut Award, entre outros prêmios. Ao longo de sua carreira lançou dez
álbuns com as trilhas sonoras de filmes ou com músicas para crianças, afora 17
audiobooks de clássicos da literatura. Apoia instituições como o Centro para
Saúde e o Meio Ambiente Global, da Harvard Medical Scholl, o Scenic Hudson,
a Coalizão pela Saúde Infantil, o Equality Now, o National Women's
History Museum, o The Public Theatre, e a grife Gucci que encampa campanhas
para empoderamento das mulheres em todo planeta. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A ESCULTURA DE KATHARINA HEISE
A arte
da escultora e ilustradora alemã Katharina
Heise (1891-1964), que durante a tomada do poder nazista, sua arte foi
declarada degenerada e banida de museus, sendo que grande parte de sua arte pública foi
destruída. Ela também foi proibida de participar de exposições ou de comissões.
Depois que seu estúdio foi destruído por um bombardeio aliado, ela voltou para
a casa dos pais em Bad Salzelmen e continuou trabalhando isoladamente.
Imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, ela criou obras comemorativas das
vítimas do fascismo, incluindo um busto de Anne Frank. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
O que eu sei é que o cinema pernambucano é um dos melhores do mundo.
Tenho muito orgulho. Mas ninguém me chama. Não sei o que é. Acho que foi uma
praga da Bruxa da Branca de Neve (risos). Nunca me chamaram nem para a Paixão
de Cristo, que convida atores do Rio de Janeiro, figuras importantes, mas nunca
me chamaram. Mágoas à parte, destacaria que temos muita cultura. Preciso entender que tenho o rosto e o corpo
de uma mulher de 40 e poucos anos. Mas ainda fico muito bolada. Acho cruel
olhar para mim mesma e me ouvir. Falo para quem está do lado: “Olha o meu
pescoço, cheio de ossinhos!”, “Veja só: um lado está maior que o outro” (risos).
A arte
da premiada atriz Patrícia França,
que começou sua carreira no teatro ainda criança, levando a uma duradoura
carreira no cinema e na televisão.
Maxambimbas e maracatus, do jornalista, escritor e professor Mario Sette (1886-1950) aqui.
A música
do premiado cantor, compositor, arranjador, instrumentista, poeta e professor Armando Lôbo aqui.
A literatura
da escritora Lourdes Sarmento aqui.
A arte da poeta, ilustradora,
fotógrafa e designer Ayssa Bastos aqui.
Artistas de Pernambuco aqui.
A mora de ferro aqui.