SEJA COMO FOR, VAMOS VIVENDO! – UMA: DAS ÚLTIMAS PRO QUE SERÁ AMANHÃ – Mais
um dia e vou escapando das emboscadas da peste e dos furores dos insensatos e
importunos com suas invectivas e tolices. O país vai de mal a pior com tanta
sandice, quanta impostura, pedantes a dar com pau e parasitas aduladores aos
montes e nada razoáveis, tornando o nosso tempo nem tão divertido assim, tudo
tão penoso, eloquente decadência. Escapar é preciso, principalmente para mim
que tenho meus talentos todos esmagados. Vou naquela do Carlos Lyra: Não tenho
talento para me vender nem engulo sapos. Não é todo mundo que pode dar uma
de Bidu Sayão: Minha carreira foi um
milagre de determinação, de força de vontade e de desejo de vencer. Mas vou,
persisto, quem sabe eu aprenda se já não for demasiado tarde, hem? Vamos nessa.
DUAS: VIVENDO E APRENDENDO – Cada dia
que se passa mais constato o tamanho da mudança irreversível que vem se
processando nas últimas décadas. Nada mesmo será como antes. Cada vez mais
estão ruindo as sólidas estruturas seculares dos equívocos. Novos surgirão. Aprender
a discernir é fundamental. Até as confissões inconfessáveis de Salvador Dali ganham relevo: Não há possibilidade de trapacear. Ou é bom
ou é ruim. Verdade. E ele ainda chama na grande: Um dia terá que ser admitido oficialmente que o que batizamos de realidade
é uma ilusão até maior do que o mundo dos sonhos. Eu que o diga, vivo no
mundo da Lua, os pés no chão e sonhando com os olhos bem abertos. TRÊS: ALGUMA COISA TEM QUE SER FEITA – Lembro
bem na escuridão dos anos de adolescência, quando li de Herman Hesse: Quem quiser
nascer tem que destruir um mundo; destruir no sentido de romper com o passado e
as tradições já mortas, de desvincular-se do meio excessivamente cômodo e
seguro da infância para a consequente dolorosa busca da própria razão do
existir: ser é ousar ser. Era apenas um adolescente que não sabia o que
seria do meu país e do meu povo. Dedilhava as cordas do violão intuindo uma
canção, rabiscava versos no papel em branco esboçando um poema qualquer das
tripas coração, e nada mais fiz além disso: entoar os cantos das minhas dores,
como se enfrentasse as minhas batalhas diárias. Nunca desisti, nenhum heroísmo em
cumprir a palavra, era tudo tão nada demais. Talvez levado pelo que dizia Florence Nightingale: Eu atribuo o meu sucesso a isto: eu nunca
desisto ou dou alguma desculpa. Acho que os sentimentos se perdem nas palavras.
Todos deveriam ser transformados em ações, em ações que tragam resultados. Talvez
meus fracassos tenham sido por não saber agir, um estúpido tem sempre a catinga
do estouro. Hoje ainda dedilhando acordes, solfejando glosas de motes, enquanto
a peste devasta as cidades do meu coração. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Estou
com 75 anos e andei sentindo um grande impulso de mergulhar no meu passado, de
certa forma tornando este passado uma nova realidade. É um privilégio, sendo um
escritor, poder fazer isso. Gostei também de tirar do baú o golpe militar, que
me pegou em pleno ativismo político de esquerda. Felizmente, não fui preso ou
torturado, como vários de meus amigos, o que me deixa entristecido até hoje.
Mas fui processado num inquérito policial-militar e demitido de meu emprego.
Porém, acho a situação política brasileira, apesar de tenebrosa (em 2017), com
a corrupção instalada nos mais alto escalões, nem de longe mostra a violência
da ditadura militar. Mas estão abusando da paciência do povo; só espero que a
verdadeira direita não venha a lucrar com isso [...] Fico chateado com gente pedindo a volta da
ditadura. A maior parte das pessoas que estão aí pedindo não viveram aquilo.
Foi barra muito pesada. O que se vive no Brasil hoje perto daquilo não é nada.
Embora haja muita coisa condenável, naquela época era uma impotência total. Os
jornais eram censurados. Quem advoga ditadura, se for com honestidade, está
cometendo um tremendo equívoco [...] Meus
queridos e minhas queridas, não quero assustar ninguém, mas acho a peste que
nos assola simplesmente aterrorizante. Não encontro outro modo de reagir se não
escrevendo. Trechos das expressões do escritor,
advogado e professor Sérgio
Sant'Anna (1940-2020), como também outras das suas tiradas: A mudança é inevitável, mas nem sempre
agradável. Não mude por ninguém, mude por você mesmo. Essa é a essência da
mudança. Mudar porque queremos progredir e não porque queremos impressionar.
HYPERNORMALISATION DE ADAM CURTIS
O poder e como ele funciona na sociedade. O sistema é para sempre até acabar.
HYPERNORMALISATION DE ADAM CURTIS - O documentário HyperNormalisation (2016),
do documentarista britânico Adam Curtis, mostra como, desde
a década de 1970 até os dias atuais, a cúpula do poder mundial abandonou o
mundo real, complexo demais, e criou um outro mundo administrado pelas
corporações financeiras e pelas redes da internet. A Hipernormalização é um termo cunhado pelo antropólogo e professor
russo Alexei Yurchak, no contexto da
decadente para definir o discurso que sustenta esse estado de coisas que parece
descrever o que vivemos hoje no Brasil e no mundo. Ou seja, uma realidade em
que todos sabem que a versão da realidade presente nas declarações de altos burocratas
e mostrada pela mídia é completamente falsa e todos fingem que é real, os
governantes sabem que o povo sabe que mentem e, como a mentira está em toda
parte, aceita-se como normal. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui &
aqui.
A ESCULTURA DE TAKIS
A arte do escultor e artista grego Panayiotis Vassilakis, também conhecido como Takis. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
Não é uma história / é um corpo de palavras,
/ um ponto onde chego / após cruzar vários ângulos. / Não é uma história / e
sim, uma sucessão de estradas / em que posso demarcar um começo: / jamais um
fio. / Mas como não devo deixar / tudo pelos entantos, / busco o acento tônico
/ desejo o pesar das cores / e as palavras juntas em arco, / - para dizer do
indizível.
Exercício para eleição de uma palavra, poema da escritora
e atriz Julia Lemos, que é graduada
em Comunicação Social e Jornalismo pela UFPE, mestre em Estudos Brasileiros
pela Universidade de Lisboa - Portugal. Como
atriz integrou o elenco do Teatro Hermilo Borba Filho e da Companhia Práxis
Dramática. Veja mais aqui.
Um livro aceso e nove canções sombrias, do poeta, dramaturgo, engenheiro civil,
desenhista, professor e editor Joaquim Cardozo (1897-1978) aqui.
Folclore pernambucano, de Francisco Augusto Pereira da Costa
(1851-1923) aqui.
Domésticas (1997),
de Fernando Meirelles e Nando Olival aqui.
A arte
das esculturas de Mozart Guerra aqui.
A arte da artista visual e jornalista Dani Acioli aqui.
A música da cantora e compositora Adryana BB aqui.
Teibei,
a batida aqui.