SÓ A POESIA TORNA A VIDA SUPORTÁVEL! - Muitas ruas do que sou
nas calçadas e vou entre olhares perdidos pelos semáforos, marquises, sirenes,
sinalizadores e luminosos. Vou entre muitas mãos para acenos, sacolas, pontos e
partidas; muitos braços pros andares, muitas faces atentas e sérias, muito suor
no calor da pele, muita correria entre motores e pedestres com seus
compromissos nos relógios, afazeres nos sovacos, interesses nas cabeças,
esperanças vivas e perdidas. Ontem era dia de pão, alimentação; hoje da fome de
tudo, apesar da promoção do setor agrícola acumulando mais e apenas os
abastados latifúndios ou quase, enquanto se comemora de fachada a erradicação da
pobreza. Há muita sede de tudo e a propaganda ataca todos os flancos, indicando
que tudo está ao dispor, até um eletricista para fazer uma gambiarra na vida de
quem quiser, ou um maquinista aprumar o rumo dos perdidos que não sabem o que
fazer da vida. Tem gosto pra tudo e oferta pro que nem se possa imaginar.
Apesar de tudo, nenhuma poesia: tudo é muito chão de concreto - cada um por seu
umbigo de satisfação e Deus que nos salve dos desvarios. Cada qual sua causa em
foro íntimo – assim se reconhece na humanidade: os outros são outros, apenas,
nada mais. No meio disso, invento a vida: só a poesia torna a vida suportável. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS: Eu vi uma mulher dormindo. Enquanto dormia,
sonhou que a vida estava diante dela e segurava em cada mão um presente - em um
Amor, na outra Liberdade. E ela disse à mulher: "Escolha!" E a mulher
esperou muito tempo e disse: "Liberdade!" E a Vida disse: "Você
escolheu bem. Se você tivesse dito: 'Amor', eu te daria o que pediste; e eu
teria ido de ti, e não voltaria mais para ti. Agora, chegará o dia em que
voltarei. Naquele dia levarei os dois presentes em uma mão. Eu ouvi a mulher sorrir
enquanto dormia”. Texto Presentes
da vida, extraído da obra Sonhos (NuVision, 2008), da escritora e ativista
sul-africana Oliver Schreiner (1855-1920), que
expressa: A mulher andarilha avança no caminho para a liberdade.
Ela se pergunta: ‘Estou sozinha, completamente sozinha. Por que vou a esta
terra distante?’. E a razão diz a ela: ‘Silêncio, o que você ouve? Milhares, e
eles prosseguem por aqui. Os pés daqueles que a seguem. Lidere o caminho. Essa obra foi exibida no drama
biográfico As sufragistas (Suffragette, 2015), realizado pela cineasta
britânica Sarah Gavron e escrito pela
dramaturga e roteirista britânica Abi
Morgan, baseado em eventos históricos realistas, contando a história das
manifestações pacíficas no início do século 20, quando as mulheres ainda não possuíam
o direito a voto e um grupo militante decide coordenados atos de
insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar
a atenção dos políticos locais à causa.
DOIS PARES DE
MEIAS DE SEDA - De repente, o Don Giovanni
disse (ao redor da mesa houve silêncio): "Conheço bem as mulheres, eu.
O" X "é carinhoso, desinteressado, elas amam amar e é isso. O "Y" em
vez... Para carita, o "Y". Frio,
calculista, ganancioso por dinheiro”. No grupo, havia um "X" que eu
pensava: "comprei uma roupa, duas peles, os diamantes que tenho na caixa
do banco (você nunca sabe); no Natal, pedi o
carro". O "Y" dizia para si
mesma: "Eu amava um bilionário. Ele me deu dois pares de meias de
seda". Poema
da poeta italiana Carla Porta Musa
(1902-2012). Veja mais aqui.
A ARTE DE FULVIO PENNACCHI
A arte do
pintor, ceramista e professor ítalo-brasileiro Fulvio Pennacchi (1905-1992). Veja mais aqui, aqui e aqui.
A OBRA DE FERNANDO SABINO
Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser
quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero
ser menino.