DO UM AO QUATRO, MUITOS, TODOS - Bastam quatro segundos para
o que era de verdade deixar de ser. Assim, pude então saber dos quatro
elementos e a vida. Entre a dúvida e o caos, a lei e a ordem do quadrado. Entre
o dia e a noite, as quatro qualidades dos antigos, as operações básicas da aritmética,
as estações, as virtudes cardeais e os ventos dos céus. Entre a razão e a
emoção, os quatro humores, as bestas do Apocalipse, os ingredientes alquímicos e
as fases da Lua. Entre limites e maniqueístas, as quatro figuras geométricas e
entre as direções e lugar algum, os quatro pontos cardeais, a bússola e os rios
do Éden. A duras penas, as quatro dimensões vitais, as quatro paredes do
quarto. O um como o quarto de Maria Prophetissa, ou seja, o um é igual a
quatro. Foram nove anos para chegar ao primeiro milhão. Na Quadra da Punição, ridicularizaram
as minhas faltas. Fiz o que pude nos oito pés de quadrão, de enxerido fiz até
dez, como se fossem os Quatro Quartetos de Eliot. Surpreso com o resultado, se
deu certo ou não, encolhi os ombros: se tivesse mais tempo, escreveria menos
palavras. A minha sombra entra e sai comigo e o que acontece lá fora eu não sei
o que é. Só sei que de ano em ano, mais um, agora quatro. Afinal é a vida. Aos
que deram as costas, obrigado por ensinarem a distinguir aquelaquele a quem
devo primar na trajetória da indiferença ou se danem para nunca mais. Aos
braços abertos, minha eterna gratidão: vamos sempre juntos. Obrigado, obrigado,
obrigado. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Depois veio a marcha,
passando pelas vítimas. Os dois homens não estavam mais vivos. Suas línguas
estavam penduradas, inchadas e azuladas. Mas a terceira corda ainda estava em
movimento: a criança, muito leve, ainda respirava... E assim ele permaneceu por
mais de meia hora, permanecendo entre a vida e a morte, se contorcendo diante
de nós. Olhos. E fomos forçados a olhá-lo de perto. Ele ainda estava vivo
quando eu passei por ele. Sua língua ainda estava vermelha, seus olhos ainda
não estavam extintos. Atrás de mim, ouvi o mesmo homem perguntando: "Pelo
amor de Deus, onde está Deus?" E, dentro de mim, ouvi uma voz responder:
"Onde Ele está? Aqui é onde - pendurado aqui neste galão ..." Naquela
noite, a sopa tinha gosto de cadáveres. [...] Bendito seja o Todo-Poderoso... A voz do
recluso oficiante acabara de se tornar audível. No começo eu pensei que era o
vento. "Bendito seja o nome de Deus..." Milhares de lábios repetiram
a bênção, curvados como árvores em uma tempestade. Bendito seja o nome de Deus?
Por que, mas por que eu o abençoaria? Cada fibra em mim se rebelou. Por que Ele
causou milhares de crianças para queimar nas sepulturas coletivas? Por que ele
mantinha seis crematórios trabalhando dia e noite, incluindo o sábado e os dias
sagrados? Por que em seu grande poder havia criado Auschwitz, Birkenau, Buna e
tantas outras fábricas da morte? Diga-lhe: Bendito sejas, Todo-Poderoso, Mestre
do Universo, que nos escolheu entre todas as nações para ser torturado dia e
noite, para observar como nossos pais, nossas mães, nossos irmãos acabam nas
fornalhas? Louvado seja Teu Santo Nome por nos escolher para sermos abatidos no
Teu altar ... E eu, o ex-místico, estava pensando: "Sim, o homem é mais
forte, maior que Deus. Quando Adão e Eva te enganaram, vocês os perseguiram
paraíso”. Quando você ficou descontente com a geração de Noé, derrubou o
dilúvio. Quando Sodoma perdeu o seu favor, você fez os céus choverem fogo e
condenação. Mas olha esses homens a quem você traiu, permitindo que eles fossem
torturados, massacrados, gaseados e queimados, o que eles fazem? Eles oram
diante de você! Eles louvam o seu nome! “Toda a criação é testemunha da
grandeza de Deus!” Nos dias passados, Rosh Hashaná havia dominado minha vida.
Eu sabia que meus pecados entristeciam o Todo-Poderoso e, por isso, pedi
perdão. Naqueles dias, eu acreditava plenamente que a salvação do mundo
dependia de todas as minhas ações, de todas as minhas orações. Mas agora eu não
implorava mais por nada. Eu não era mais capaz de lamentar. Pelo contrário, me
sentia muito forte. Eu era o acusador, Deus o acusado. Meus olhos se abriram e
eu estava sozinho, terrivelmente sozinho em um mundo sem Deus, sem homem. Sem
amor ou misericórdia. Eu não era nada além de cinzas agora, mas me senti mais
forte que esse Todo-Poderoso a quem minha vida estava preso há tanto tempo. No
meio desses homens reunidos para oração, eu me senti como um observador, um
estranho. [...] Trechos extraídos da obra Noite (Neil and Young, 2006), do escritor, professor e ativista
político romeno Elie Wiesel
(1928-2016), sobrevivente do Holocausto e ganhador do Nobel de 1986.
O RAP DO PEQUENO
PRÍNCIPE CONTRA AS ALMAS SEBOSAS
[...] Em vez dos grandes acontecimentos e dos
grandes homens da história brasileira, ou de fatos e pessoas exemplares, o
filme se ocupa de episódios fragmentários, personagens anônimos, aqueles que
foram esquecidos e recusados pela história oficial e pela mídia. [...]. Trecho
de Filmar o real: sobre o documentário
brasileiro contemporâneo (Zahar, 2011), de Consuelo Lins e Cláudia
Mesquita.
O RAP DO PEQUENO PRÍNCIPE
CONTRA AS ALMAS SEBOSAS – O premiado documentário O rap do Pequeno Príncipe contra as almas
sebosas (2000), dirigido por Paulo Caldas e Marcelo Luna, conta a
história de dois jovens moradores da periferia pernambucana que, para a
sobrevivência de cada um, usam armas diferentes: o revólver e o instrumento
musical; a bala e o batuque; o acerto de contas rápido, mortal em vez da
conscientização através da palavra. Os dois são os opostos e ao mesmo tempo
iguais na condição de filhos de uma guerra social silenciosa que é travada
diariamente nas grandes cidades brasileiras. Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE ANTOINE BOURDELLE
A arte do escultor francês Émile
Antoine Bourdelle (1861-1929). Veja mais aqui.
PALMARES NA ARTE DE LUCIAH LOPEZ
Metade
de mim caminha silenciosa...
Metade
de mim observa o passado na roupagem roupagem do casario
_________ metade de mim adentra o passado em
busca do futuro.
Poema Metades do tempo & aquarela da Biblioteca Fenelon Barreto, da poeta,
artista visual e blogueira, Luciah Lopez.
Veja detalhes de Palmares & Arte aqui.