segunda-feira, setembro 30, 2019

SÉRGIO PORTO, EUGÉNIA MELO E CASTRO, GENTIL PORTO FILHO, BARBARA RACHKO & MILICO POETA


O MILICO POETA – Reginadauto Chenobildo – esse era o nome dele de registro civil. O primeiro, da mãe; o segundo, órfão de pai, virou sobrenome. Ficou Biu dos Cuscuz, vai gostar da iguaria assim no raio que parta! E se fartava de todo jeito: com sopa, cozidos e frituras, acompanhamento de ponches, mingaus e beliscadas. Desde menino, calunga de levar recado e bregueços pra solicitantes: Quero ser puliça! Ô, menino, deixa disso, leva isso ali. Pega isso, deixa lá. Levava, entregava e trazia de volta respostas e revides, ao regalo de garapas e frascos, devoto dos santos Longuinho e Pagamião. De seu mesmo, só o amuleto: uma cabeça de alho e uma pedra de sal enrolada numa folha de arruda. Cresceu ali repetindo rifões, lambaio a timbungar nas manhencenças do rio. Diziam: quem nele mergulha já é batizado, vira poeta na hora! Como é que é? Enumeravam respeitáveis vates, emboladores, bardos, menestréis, cantadores. Não deu outra, o pivete às caretas, vivia soltando gracejos às quadrinhas, largando seu peditório. Mais taludo, começou manejando reco-reco e, depois, todo tipo de chocalho. Participou de charangas, aprendeu a bater pandeiro, triângulo, zabumba, nisso era bem achegado a um pé de serra, cantorias. Sonhava tocador de sanfona, ou de rabeca, findou arranhando num cavaquinho que lhe foi despedaçado no quengo. Poeta de água doce, saía com adivinhas. Alvíssaras? É comigo mesmo! E tome vexado castigando nos exemplos. Idade do alistamento, lá estava ele: destacando no exército, lascado. Deu baixa um ano depois. Isso porque, no maior aperto, deu-se uma livusia: topou com o Anjo Corredor que apontou pra dentro do rio. Dos poções apareceu a Cobra-grande, fez um pacto com ela. Aprendeu na hora a ciência dos tocadores de viola cantadeira, inteira e de fitas nas cravelhas. Arranhava na toesa, castigando nos versos de quatro pés; tapiava de glosar motes na maior função, só para chamar atenção de moças que ficaram no caritó. Caiu-lhe às mãos o Lunário Perpétuo que nem leu, folheou para cantar teoria. Foi nisso, batia a requinta e logrando êxito. Fez concurso para polícia militar. Passou. Enrolava versejada amolegando o talismã: de recruta para cabo. Subiu de patente no meio de estrofes e estribilhos, quando deu fé, chegou a coronel, comandante de batalhão: Comigo só sobe de posição quem sabe poetar. Juntava os meganhas, concurso de trova. O desfile era uma violada. Cada milico dava a sua e ele lá, entre sins e nãos, no maior forrobodó. Pode uma coisa desta? Claro, em Alagoinhanduba dá de tudo! Depois conto mais do que aconteceu. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Aqui vale mais cereais do que verduras. Posso também contribuir com algumas roupas. Vou aproveitar pra pegar uns frascos... tentar concluir depois outros experimentos que comecei ano passado. Hoje em dia acredito bem mais nos meus serviços como químico do que como semiólogo. - Que experimentos? Explosivos? Mais ou menos. Explosivos com sinalizações luminosas, que variam conforme os resultados. Sério? Você deveria ter falado logo. Me parece uma síntese das suas preocupações... além de muito interessante para o nosso projeto. Tenha em mente que ao chegarmos no pé do Cavalo de Asa, precisaremos de certa força, não apenas velocidade. E, sinceramente, não acredito que as armas do seu pai sejam suficientes, mesmo sabendo que estão em bom estado. O difícil tem sido encontrar querosene para os testes, mas acho que posso conseguir um pouco, com o enfermeiro lá da clínica. Ele tem sido um grande parceiro. - Dá pra imaginar, pelas anfetaminas. Então vamos. Precisamos das máscaras? - Acho que não. As guaritas já estão fechadas... Mas sempre alerta, principalmente com as janelas abertas acima do terceiro andar. [...]. Trecho extraído da obra Vale do sal (Indecentes, 2019), integrante da Tetralogia Primeira – Terminologia, Quartzo e Temporal: lapsos -, do escritor, artista visual, professor, pesquisador, arquiteto e urbanista Gentil Porto Filho.

A MÚSICA DE EUGÉNIA MELO E CASTRO
[...] mas nos shows sempre é imprevisível, pois eu poderia ficar 3 horas apenas a contar historias superdivertidas e verdadeiras, que eu vivi, outras que quase só eu sei, em vez de fazer um show de musica, por isso, quase sempre de dia para dia no palco tudo muda, eu lembro-me na hora de uma história ao vivo e conto, não tenho regras rígidas de roteiro, eu conto o que me lembrar, se a conversa for para esse lado. Isso é o que mais me diverte… adoro contar algumas histórias que se relacionam com o que vou cantar, ou não…
EUGÉNIA MELO E CASTRO – Curtindo a arte musical da cantora e compositora portuguesa Eugénia Melo e Castro, destacando alguns de seus álbuns: Mar Virtual (Sesc, 2018), Motor da Luz (Som Livre, 2001), Dança da Luz (EDP, 2004), Canta Vinicíus de Moraes (Megadiscos/Som Livre, 1994), PopPortugal (Universal, 2007) e Águas de todo o ano (Polygram, 1983), entre outros de sua trajetória. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A ARTE DE BARBARA RACHKO
Continuando a jornada que comecei há mais de 30 anos, eu sabia exatamente o que devia fazer. Embora seja uma tragédia com a qual nunca estarei verdadeiramente em paz, lidar com a perda ficou mais fácil com o tempo.
BARBARA RACHKO – A arte da artista estadunidense, Barbara Rachko que tornou-se conhecida por suas obras inspiradas no México que utilizam lixa de pastel macia. Veja mais aqui.

A OBRA DE SÉRGIO PORTO
Consciência é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói.
A obra do escritor, radialista, jornalista e compositor Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta, 1923-1968) aqui.


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

  Imagem: Foto AcervoLAM . Ao som do show Transmutando pássaros (2020), da flautista Tayhná Oliveira .   Lua de Maceió ... - Não era ...