sexta-feira, setembro 20, 2019

ELIZABETH BROWNING, EISENSTADT, ESTHER VILAR, VANESSA LAMOUNIER, LAURO CHAVES & SOLILÓQUIO


SOLILÓQUIO DAS HORAS AGUDAS - Vou além do que vivo! Já dizia Gullar: viver só não basta. Invento mundos e sonhos, sonhar é preciso: é ser mais que músculos, gestos, coração. Não sou suficiente em mim: sou muitos, senão todos. Dialogo comigo mesmo para que tudo seja real, apesar de onírico. Escrevo o meu olhar e a minha palavra é grega aos ouvidos; apesar do vernáculo: soa das tripas coração. Escrever é a minha forma de ser e estar vivo: solilóquios solitários – eu e tudo, solitude nas horas suicidas e com todos os meus eus que falam de si e do que não sei de mim mesmo. Cá com os meus botões, coisa de doido: é a forma de me dar a conhecer o que sou e vejo além do óbvio, as essências, poeiras, bolhas, espumas - o todo em tudo. As partes, só quando interessa amálgama: quebra-cabeça. Tudo me chama atenção, até o inútil, o vão, até desvelar ocultidões: o interior do interior do interior do interior. Sou do desafio, vencer é conhecer, desvendar o que se diz de mistérios e saber que nã há mistério algum. Sou todo o olhar e o sentir que sugere a paisagem das coisas e o irrevelável me seduz, o invisível: porque não vejo só com meus olhos, todos os sentidos, corpalma, de olhos fechados e para todas as coisas: o visinvisível. Invento que seja este o meu tempo, não é e pouco importa. Invento o espaço, da minúscula fresta aos quilômetros estelares, o voo. Invento o meu mundo, este não é o meu e tudo isso é pouco, senão ilusório. Sou semente e me reinvento raiz para o êxtase da fotossíntese, até ser-me fruto devorado pela própria fome de tudo e de todos. Senão pedra, se viva, não sei. Disso, me reduzo a nada e feliz: cumpro a missão. Ademais, sou estrangeiro aqui e vou só. Assim sou, só a poesia torna a vida suportável. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] A tendência geral de reconstruir o mundo com todas as suas repercussões ideológico e institucional, era comum a todas as civilizações da época pós-axial, embora, é claro, modalidades concretas variassem enormemente. Assim, nem uma história homogênea do mundo surgiu, nem os diferentes tipos de civilizações eram semelhantes ou convergentes, mas, pelo contrário, uma multiplicidade de civilizações mundiais tão diferentes surgiu tão divergente. Mesmo se eles estivessem sujeitos a uma influência incessante; mútuo, cada um deles tentou reconstruir o mundo à sua maneira e de acordo com suas próprias suposições básicas, tentando absorver os outros, conscientemente se afastando deles. [...] Trechos extraídos do estudo A era axial: o surgimento de visões transcendentais e a ascensão dos clérigos (Sociologia Histórica, 2017), do sociólogo israelense Shmuel Noah Eisenstadt (1923-2010), que se tornou professor emérito da Faculdade de Sociologia da Universidade Hebraica de Jerusalem, além das de Chicago, Harvard, Zurique, Viena, Berna, Stanford e Heidelberg, afora membro da Academia Americana de Artes e Ciências.

ALGUÉM FALOU: [...] O homem esconde “com amor” a sua ilusão covarde, autossugestionada, e obriga-se a crer que a sua escravidão absurda à mulher e seus reféns é honrosa e tem um sentido superior. Está satisfeito com o seu papel, como escravo atingiu a meta dos seus desejos. E como a mulher, aliás, só tira vantagens desse sistema, nada se modificará. É certo que o sistema a obriga à corrupção, mas ninguém vê mal nisso. Nada mais se deve esperar de uma mulher além do “amor”, enquanto ela puder trocar esse “amor” por tudo o resto. E os esforços do homem, domado para ser escravo, vão conduzi-lo sempre no sentido da amestração, nunca no sentido do seu próprio proveito. Ele trabalhará cada vez mais e quanto mais trabalhar mais a mulher se afastará dele. Quanto mais ele se insinuar na sua intimidade, mais exigente ela se tornará. Quanto mais ele a desejar, tanto menos será para ela desejável. Quanto mais ele a rodear de conforto, mais comodista, mais estúpida, mais desumana ela se tornará e ele, por seu lado, mais solitário. Só as mulheres poderiam romper o círculo infernal de amestração e exploração do homem. Não o farão, porém. Não existe qualquer motivo racional para que o façam. Não há nada a esperar dos seus sentimentos – as mulheres são frias e não têm qualquer compaixão. O mundo continuará, pois, a mergulhar nesse vazio, nessa barbárie, e esses sonhadores maravilhosos, jamais vão acordar dos seus sonhos. [...]. Trecho extraído da obra O homem domado (Nórdica,1971), da escritora argentina Esther Vilar, pseudônimo de Esther Margareta Katzen, debatendo o sentido contrário da retórica feminista de defesa dos direitos femininos, considerando que as mulheres, nas sociedades industrializadas exploram um sistema bem estabelecido de manipulação dos homens, observando na dedicatória do seu livro que: Este livro é dedicado àqueles de que nele não são mencionados: aos poucos homens que não se deixam domar, e às poucas mulheres que não se vendem. E também, aos felizes sem valor no mercado, por que são velhos, feios ou doentes mentais.

POESIA DE ELIZABETH BARRETT BROWNING
O mundo inteiro está mudado, penso,
Desde que ouvi tua alma se movendo
Perto, perto de mim, entre o horrendo
Extremo do decesso óbvio e denso
E eu mesma, onde eu, em meu naufrágio intenso,
Fui pega pelo amor e o mais que vem do
Afeto: a vida em novo ritmo. Tendo
Aceito o pouco que Deus dá, convenço
A mim a mesma a louvá-Lo, e a te louvar.
E então o nome dos países muda
Tão logo você venha a se mudar;
E isto… esta canção!, agora muda,
(Os anjos sabem) com a tua ajuda
Eu sei que um dia irá se eternizar
.
ELIZABETH BARRETT BROWNING – Soneto da poeta inglesa da época vitoriana Elizabeth Barrett Browning (1806-1861). Veja mais aqui & aqui.

A ARTE VANESSA LAMOUNIER
A arte da artista Vanessa Lamounier, que estudou arquitetura na Universidade de Delft, na Holanda, país no qual trabalha e atua. Veja mais aqui e aqui.

ESCOLA MUNICIPAL LAURO CHAVES
Nesta quinta, 19 de setembro, ocorreu a visita à Escola Municipal Professor Lauro Chaves, na qual estivemos, eu o parceiramigo Carlos Calheiros, com a diretora da instituição, professora Jaidene Maria da Silva, participando de reunião com as mães e de reconhecimento do espaço para o desenvolvimento do projeto piloto do Festival TTTTT de Arte Estudantil, uma parceria deste blog com a SEMED/Biblioteca Fenelon Barreto. Veja mais aqui e aqui.


PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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