sexta-feira, outubro 11, 2019

FERNANDO SABINO, OLIVER SCHREINER, CARLA PORTA MUSA & FULVIO PENNACCHI


SÓ A POESIA TORNA A VIDA SUPORTÁVEL! - Muitas ruas do que sou nas calçadas e vou entre olhares perdidos pelos semáforos, marquises, sirenes, sinalizadores e luminosos. Vou entre muitas mãos para acenos, sacolas, pontos e partidas; muitos braços pros andares, muitas faces atentas e sérias, muito suor no calor da pele, muita correria entre motores e pedestres com seus compromissos nos relógios, afazeres nos sovacos, interesses nas cabeças, esperanças vivas e perdidas. Ontem era dia de pão, alimentação; hoje da fome de tudo, apesar da promoção do setor agrícola acumulando mais e apenas os abastados latifúndios ou quase, enquanto se comemora de fachada a erradicação da pobreza. Há muita sede de tudo e a propaganda ataca todos os flancos, indicando que tudo está ao dispor, até um eletricista para fazer uma gambiarra na vida de quem quiser, ou um maquinista aprumar o rumo dos perdidos que não sabem o que fazer da vida. Tem gosto pra tudo e oferta pro que nem se possa imaginar. Apesar de tudo, nenhuma poesia: tudo é muito chão de concreto - cada um por seu umbigo de satisfação e Deus que nos salve dos desvarios. Cada qual sua causa em foro íntimo – assim se reconhece na humanidade: os outros são outros, apenas, nada mais. No meio disso, invento a vida: só a poesia torna a vida suportável. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS: Eu vi uma mulher dormindo. Enquanto dormia, sonhou que a vida estava diante dela e segurava em cada mão um presente - em um Amor, na outra Liberdade. E ela disse à mulher: "Escolha!" E a mulher esperou muito tempo e disse: "Liberdade!" E a Vida disse: "Você escolheu bem. Se você tivesse dito: 'Amor', eu te daria o que pediste; e eu teria ido de ti, e não voltaria mais para ti. Agora, chegará o dia em que voltarei. Naquele dia levarei os dois presentes em uma mão. Eu ouvi a mulher sorrir enquanto dormia”. Texto Presentes da vida, extraído da obra Sonhos (NuVision, 2008), da escritora e ativista sul-africana Oliver Schreiner (1855-1920), que expressa: A mulher andarilha avança no caminho para a liberdade. Ela se pergunta: ‘Estou sozinha, completamente sozinha. Por que vou a esta terra distante?’. E a razão diz a ela: ‘Silêncio, o que você ouve? Milhares, e eles prosseguem por aqui. Os pés daqueles que a seguem. Lidere o caminho. Essa obra foi exibida no drama biográfico As sufragistas (Suffragette, 2015), realizado pela cineasta britânica Sarah Gavron e escrito pela dramaturga e roteirista britânica Abi Morgan, baseado em eventos históricos realistas, contando a história das manifestações pacíficas no início do século 20, quando as mulheres ainda não possuíam o direito a voto e um grupo militante decide coordenados atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais à causa.

DOIS PARES DE MEIAS DE SEDA - De repente, o Don Giovanni disse (ao redor da mesa houve silêncio): "Conheço bem as mulheres, eu. O" X "é carinhoso, desinteressado, elas amam amar e é isso. O "Y" em vez... Para carita, o "Y". Frio, calculista, ganancioso por dinheiro”. No grupo, havia um "X" que eu pensava: "comprei uma roupa, duas peles, os diamantes que tenho na caixa do banco (você nunca sabe); no Natal, pedi o carro". O "Y" dizia para si mesma: "Eu amava um bilionário. Ele me deu dois pares de meias de seda". Poema da poeta italiana Carla Porta Musa (1902-2012). Veja mais aqui.

A ARTE DE FULVIO PENNACCHI
A arte do pintor, ceramista e professor ítalo-brasileiro Fulvio Pennacchi (1905-1992). Veja mais aqui, aqui e aqui.

A OBRA DE FERNANDO SABINO
Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino.
A obra do escritor e jornalista mineiro Fernando Sabino (1923-2004) aqui, aqui & aqui.