Art by Juan
Domingues
LITERÓTICA: ERRÂNCIAS - Art by Juan Domingues – Seguia eu pelo mundo
medonho com suas feras rangentes, gente da mais lapa traiçoeira, morrendo de
sede, desenganado da vida, comendo fogo, brigando com bestas e enfermidades no
alçapão. Não tinha nada mais que esperar da vida nem de nada. Seguia eu pelo
mundo medonho matando todas as crenças para ter felicidade e matando todas as
lembranças e efígies dos bandidos valentes que desencantavam a vida das
ruindades, quando eu mesmo vivia de abismos em dédalos, dando o sangue pelas
esquinas com toda a minha riqueza menor que um gesto perdido no olhar. Não
tinha nada mais que esperar da vida nem de nada. Seguia eu pelo mundo medonho
de suor, sangue, lágrimas, arrastando os ferros da decepção contra os moinhos
de vento, açoitando o tempo, arreliando a vida, enfrentando lobos malsinados,
leões irados, mordidas e males arribando nas doedeiras dos portões fechados,
das portas cerradas, todas as léguas escondidas no sofrimento de quem perdido
nas lapadas da vida, sem vintém no bolso e só peregrino com esperança no
coração já hóspede do Hades. Não tinha nada mais que esperar da vida nem de
nada. Seguia eu pelo mundo medonho como um estrangeiro na minha própria nação,
amaldiçoado de todos e sem arrimo sequer, quando certa vez do inopinado topei
com ela, ponto de parada das minhas errâncias. Topei com seus olhos vivos do
reinado das limeiras de Tupar, sua boca linda das laranjas de Babel, toda flor
da beleza do seu corpo delgado de princesa do Reino da Pedra Fina. Era a promessa
da remissão e não poupei da lida e fui devassando seu roçado, vasculhando seus
segredos de rainha que eram entregues mansa e dadivosamente a ponto de premiar
com o brilhante do seu ventre a dar-me a luz do dia e a razão da vida. Eu não
dizia o seu nome, ela não sabia de nada. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
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PENSAMENTO DO DIA – [...] Entender
as proibições é também compreender a força das resistências e a maneira de
contorná-las ou de subvertê-las. As frentes de luta das mulheres, suas
tentativas de atravessar os limiares muitas vezes provocam a violenta reação
dos homens. [...] Assim, as
fronteiras que limitam a vida das mulheres, atribuindo-lhes mais um destino do
que uma sina, movem-se ao longo do tempo. [...]. Pensamento da historiadora
e professora francesa Michelle Perrot.
Veja mais aqui.
DIÁLOGO & RELAÇÕES – [...] a
orientação dialógica é naturalmente um fenômeno próprio a todo o discurso.
Trata-se da orientação natural de qualquer discurso vivo. Em todos os seus
caminhos até o objeto, em todas as direções, o discurso se encontra com o
discurso de outrem e não pode deixar de participar, com ele, de uma interação
viva e tensa [...]. Trecho extraído da obra Questões de literatura e de
estética: a teoria do romance (UNESP,
1998), do filósofo e pensador russo teórico da
cultura e das artes Mikhail Bakhtin (1895-1975). Veja mais aqui, aqui e aqui.
O AMOR & AFRODITE – [...] O próprio
amor era uma religião para os gregos, que adoravam Afrodite como o ideal
feminino, rainha de sensualidade desinibida. Supunha-se que ela tivesse nascido
nua e totalmente formada, a partir dos testítulos de Urano, que foram lançados
ao mar. [...] Mas Afrodite nada
ocultava dos gregos. Gozar a paixão do seu nome era um ato sagrado, nada
neurótico e alegre, que celebrava simultaneamente a Criação e a procriação.
[...] Os gregos viam a sexualidade do
mundo, das plantas e animais e deuses, compreendiam=na como uma força vital que
animava todas as coisas, e tornavam-se parte de seu império sagrado. A
sexualidade era um fio único interligando céus e terra, sagrado e profano,
poderosos e fracos. [...] Um elegante
bordel francês do século XVIII, o Afrodite, fornecia seus serviços à
aristocracia, ao clero, aos políticos de alto nível e a oficiais militares. Uma
das senhoras que trabalhou na casa por vinte anos, fez uma lista de seus
encontros sexuais que incluíam: 272 príncipes e bispos, 439 monges, 93 rabinos,
929 oficiais, 342 banqueiros, 119 músicos, 117 criados, 1.614 ingleses, 2 tios
e 12 primos [....]. Trecho extraído da obra Uma história natural do amor (Bertrand Brasil, 1997), da escritora
e naturalista estadunidense Diane
Ackerman. Veja mais aqui.
NA NOITE - Na
noite nos achamos. / Para que não nos digam só adeus. / Na noite, simbólica e
dura, / nos achamos, lúcidos ou bêbados, / não importa: noite é o teu / e o meu
perder-se / mas é na noite que nos achamos, / no fio da noite nítida e abissal.
/ (Tomemos um bonde para a amazônia / esqueçamos o que nos faz magoados: / não
há sossego, irmão, não há sossego. / Um homem é para ser desperdiçado.) / Na
noite nos perdemos. / A noite é para nos perdermos. / Noite simbólica, escuro,
alma / dolorida — toda alma é / dolorida: os símbolos da noite / não nos berçam
/ pois é na noite que nos perdemos, / na noite nítida, abissal, sem data. Poema
extraído de Da inutilidade da poesia
(EDUFBA, 2002), do pintor e poeta Antonio Brasileiro.
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MUSA DA SEMANA: SYLA SYEG - Syla Syeg é um lírio selvagem.
FRUTOS
Letra & música de Luiz Alberto Machado
Somos frutos da mesma paixão
e o que importa é se entregar
e amar
depois no mormaço do amor
se dar enfim
no jeito doce
de escorrer pelos sonhos
até quando
se derramar pelas curvas do seu corpo
pelos rios
recifes
ondas
à deriva
até quando naufragar
por todos horizontes
que você navegar
no enleio
no anseio
do amor.
e o que importa é se entregar
e amar
depois no mormaço do amor
se dar enfim
no jeito doce
de escorrer pelos sonhos
até quando
se derramar pelas curvas do seu corpo
pelos rios
recifes
ondas
à deriva
até quando naufragar
por todos horizontes
que você navegar
no enleio
no anseio
do amor.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Niteroiense criada no Rio de Janeiro, é cantora, dançarina e atriz há 25 anos. Estuda canto, técnica vocal, dança do ventre, ballet clássico e teatro.
Atua na música e no teatro com grupos teatrais amadores e profissionais do Rio de Janeiro.
Como atriz atuou em peças de grupos da UNIRIO, Teatro Vida, Teatro do Catete, Instituto Guanabara e Associação Scholem Aleichen – ASA.
Também trabalhou com locução de vários comerciais, além de ser modelo fotográfico.
Participou do Projeto Canja Carioca- Novos Talentos, no Severyna Restaurante, Vinícius Show Bar, Projeto Quarta Som do Sesc-Niterói, Plataformas (Petrobras), Haras Luarte, Bistrô Sesc-Flamengo,Maison Figner, CIB, Wizo-Niterói, Clube Português - Niterói, Bistrô Danave, TV-NET/36 – Niterói; TV-NET/30 - Niterói; Parthenon – Centro de Arte e Cultura – Niterói; Eclipse – Niterói; SINAFRESP - Hotel Hilton –SP; CIB – RJ; Escola Naval – RJ; Hotel Flórida – RJ; Toq Final – RJ; FAMURJ –RJ; Centro Cultural Latino Americano – RJ; Oficina de Arte Maria Teresa Vieira – RJ; Telhado Amarelo – Niterói; Projeto Quarta Musical – Niterói; Bis Espaço Musical – RJ; Programa Curto Circuito – Niterói, dentre outros.
E hoje, por coincidência, é o seu aniversário: parabéns, Sylamigalinda, feliz aniversário.
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