quarta-feira, julho 16, 2008

FERNANDO PESSOA, LYA LUFT, POE, MARITA ZACHARIAS, GESTALT-TERAPIA, CLAUDIA COZZELLA & LITERÓTICA



Art by Marita Zacharias

LITERÓTICA: INCÊNDIO DAS PAIXÕES - Ela deu-me o seu corpo em brasa para incendiar os meus desejos indômitos. Ela deu-me a sua alma em chamas para incinerar minhas loucuras concupiscentes. Ela assim me veio como quem entrega a sua vida ao carrasco. E pronta para ser usada, seviciada, ultrajada, vilipendiada, até ver-se exaurida de todas as satisfações, ainda deu-me a boca sedenta de todas as sedes seculares. E ainda deu-me o ventre faminto de todo o cio acumulado. E ainda deu-me o gozo de todas as vontades satisfeitas. E assim viramos um do outro em si para sempre acasalados no incêndio das paixões. POMARSeu corpo é o pomar de todas as delícias. É onde me esbaldo de não mais querer sair, desistindo do mundo e de tudo. Cubro todo seu terreiro, feito menino matreiro fugindo pelo quintal. Demais de legal, me atrepo por todos os galhos do seu desejo, busco seu talho, seu beijo, feito peralta carente. É no seu corpo que me faço que nem gente: vivo, sonho e realizo. E sem aviso aperto seu jeito como se espremesse carinhosamente a fruta no pé. Ah, que bom que é, chega sinto o sumo descer embaixo, eita, acendeu o facho, como é bom demais! Muito demais. Ah, é um bom caju, melhor embu. Dulcíssima graviola, suco de carambola, acerola na mão. Do seu bago sou chupão. E na sua pele de cajá, sabor de maracujá. Ah, me dá seu ingá que eu lhe dou meu araçá! Quero comer a sua goiaba e toda mangaba. Chupar sua manga, ah, lamber seus peitinhos com sabor de pitanga, nada melhor, seja o que o for. Prazer de abacaxi, feito um sapoti! E faz a banana ser sua cana-caiana, ave, deus, avali. Água na boca, uma vida muito louca, foi tudo que eu pedi. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


PENSAMENTO DO DIA Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos. Pensamento do poeta e filósofo português Fernando Pessoa (1888-1935). Veja mais aqui e aqui.

GESTALT-TERAPIA – [...] a necessidade de nos situarmos num contexto maior de pensamento científico/filosófico, se tivermos pretensão de não meramente fazermos as coisas, mas saber o que estamos fazendo e com que propósito; e, principalmente, se aquilo que estamos fazendo se harmoniza com nossas crenças sobre o ser humano e o mundo em que vivemos [...]. Trecho extraído de Buscas em Gestalt-terapia (Centro de Estudos de Gestalt de São Paulo, 1987), de W. Ribeiro. Veja mais aqui.

AS PARCERIAS – [...] Andava na laje do pátio e dizia a mim mesma que talvez já tivesse enlouquecido e não soubesse disso; os doidos não sabem que são doidos. Contava as lajes, pisava nelas o pé descalço, imaginava: são lajes, estão quentes, estou sabendo direitinho que são lajes, então quem sabe não estou louca ainda? [...] Nossas mãos se entrelaçavam debaixo da mesa. As pernas encostavam-se na banqueta do piano. As bocas próximas inventavam segredos tolos. Os corpos íntimos roçavam quando dançávamos na sala, especialmente nas noites em que tia Beata tinha novena [...] Acordo com agitação na casa. Parece que dormi apenas minutos. Vozes, correria, claridade cinzenta. Madrugada. Medo: Adélia morreu. Mas isso faz muito tempo. Espero a lucidez que demora vir, tomei dois comprimidos para dormir, tive medo, a sensação de estar sendo espreitada pela mulher do morro me dera medo. Saio do quarto estonteada, seguro no umbral para não cair [...]. Trechos extraídos da obra As parceiras (Record, 2004), da escritora e tradutora gaúcha Lya Luft. Veja mais aqui.

ANNABEL LEE – Foi há muitos e muitos anos já, / Num reino de ao pé do mar. / Como sabeis todos, vivia lá / Aquela que eu soube amar; / E vivia sem outro pensamento / Que amar-me e eu a adorar. / Eu era criança e ela era criança, / Neste reino ao pé do mar; / Mas o nosso amor era mais que amor /- O meu e o dela a amar; / Um amor que os anjos do céu vieram a ambos nós invejar. / E foi esta a razão por que, há muitos anos, / Neste reino ao pé do mar, / Um vento saiu duma nuvem, gelando / A linda que eu soube amar; / E o seu parente fidalgo veio / De longe a me atirar, / Para a fechar num sepulcro / Neste reino ao pé do mar. / E os anjos, menos felizes no céu, / Ainda a nos invejar... / Sim, foi essa a razão (como sabem todos, / Neste reino ao pé do mar) / Que o vento saiu da nuvem de noite / Gelando e matando a que eu soube amar. / Mas o nosso amor era mais que o amor / De muitos mais velhos a amar, / De muitos de mais meditar, / E nem os anjos do céu lá em cima, / Nem demônios debaixo do mar / Poderão separar a minha alma da alma / Da linda que eu soube amar. / Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos / Da linda que eu soube amar; / E as estrelas nos ares só me lembram olhares / Da linda que eu soube amar; / E assim 'stou deitado toda a noite ao lado / Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado, / No sepulcro ao pé do mar, / Ao pé do murmúrio do mar. Poema do escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1840). Veja mais aqui.


Art by Marita Zacharias


MUSA DA SEMANA: CLAUDIA COZZELLA
É atriz
Apresentadora
Produtora
E uma mulher linda.
Edita o blog Claudia Cozzella
Com entrevistas
Divulgação
Agendas
Bate-papo
E trabalhos da Cia. Toke de Arte.
Parabéns e sucesso procê, linda Claudia Cozzella.

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