Art by Marita Zacharias
LITERÓTICA:
INCÊNDIO DAS
PAIXÕES - Ela deu-me o seu corpo em brasa para incendiar os meus desejos
indômitos. Ela deu-me a sua alma em chamas para incinerar minhas loucuras
concupiscentes. Ela assim me veio como quem entrega a sua vida ao carrasco. E
pronta para ser usada, seviciada, ultrajada, vilipendiada, até ver-se exaurida
de todas as satisfações, ainda deu-me a boca sedenta de todas as sedes
seculares. E ainda deu-me o ventre faminto de todo o cio acumulado. E ainda
deu-me o gozo de todas as vontades satisfeitas. E assim viramos um do outro em
si para sempre acasalados no incêndio das paixões. POMAR – Seu corpo é o pomar de todas as delícias. É onde me esbaldo de não mais
querer sair, desistindo do mundo e de tudo. Cubro todo seu terreiro, feito
menino matreiro fugindo pelo quintal. Demais de legal, me atrepo por todos os
galhos do seu desejo, busco seu talho, seu beijo, feito peralta carente. É no
seu corpo que me faço que nem gente: vivo, sonho e realizo. E sem aviso aperto
seu jeito como se espremesse carinhosamente a fruta no pé. Ah, que bom que é,
chega sinto o sumo descer embaixo, eita, acendeu o facho, como é bom demais! Muito
demais. Ah, é um bom caju, melhor embu. Dulcíssima graviola, suco de carambola,
acerola na mão. Do seu bago sou chupão. E na sua pele de cajá, sabor de
maracujá. Ah, me dá seu ingá que eu lhe dou meu araçá! Quero comer a sua goiaba
e toda mangaba. Chupar sua manga, ah, lamber seus peitinhos com sabor de
pitanga, nada melhor, seja o que o for. Prazer de abacaxi, feito um sapoti! E
faz a banana ser sua cana-caiana, ave, deus, avali. Água na boca, uma vida
muito louca, foi tudo que eu pedi. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA – Há
um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do
nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos
lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado,
para sempre, à margem de nós mesmos. Pensamento do poeta e filósofo português Fernando Pessoa
(1888-1935). Veja mais aqui e aqui.
GESTALT-TERAPIA – [...] a necessidade de nos situarmos num contexto maior
de pensamento científico/filosófico, se tivermos pretensão de não meramente
fazermos as coisas, mas saber o que estamos fazendo e com que propósito; e, principalmente,
se aquilo que estamos fazendo se harmoniza com nossas crenças sobre o ser humano
e o mundo em que vivemos [...]. Trecho extraído de Buscas em Gestalt-terapia (Centro de Estudos de Gestalt de São
Paulo, 1987), de W. Ribeiro. Veja mais aqui.
AS PARCERIAS – [...] Andava
na laje do pátio e dizia a mim mesma que talvez já tivesse enlouquecido e não
soubesse disso; os doidos não sabem que são doidos. Contava as lajes, pisava
nelas o pé descalço, imaginava: são lajes, estão quentes, estou sabendo
direitinho que são lajes, então quem sabe não estou louca ainda? [...] Nossas mãos se entrelaçavam debaixo da mesa. As pernas encostavam-se na
banqueta do piano. As bocas próximas inventavam segredos tolos. Os corpos íntimos
roçavam quando dançávamos na sala, especialmente nas noites em que tia Beata
tinha novena [...] Acordo com
agitação na casa. Parece que dormi apenas minutos. Vozes, correria, claridade
cinzenta. Madrugada. Medo: Adélia morreu. Mas isso faz muito tempo. Espero a
lucidez que demora vir, tomei dois comprimidos para dormir, tive medo, a
sensação de estar sendo espreitada pela mulher do morro me dera medo. Saio do
quarto estonteada, seguro no umbral para não cair [...]. Trechos extraídos
da obra As parceiras (Record, 2004), da
escritora e tradutora gaúcha Lya Luft. Veja mais aqui.
ANNABEL LEE – Foi
há muitos e muitos anos já, / Num reino de ao pé do mar. / Como sabeis todos,
vivia lá / Aquela que eu soube amar; / E vivia sem outro pensamento / Que amar-me
e eu a adorar. / Eu era criança e ela era criança, / Neste reino ao pé do mar; /
Mas o nosso amor era mais que amor /- O meu e o dela a amar; / Um amor que os
anjos do céu vieram a ambos nós invejar. / E foi esta a razão por que, há muitos
anos, / Neste reino ao pé do mar, / Um vento saiu duma nuvem, gelando / A linda
que eu soube amar; / E o seu parente fidalgo veio / De longe a me atirar, / Para
a fechar num sepulcro / Neste reino ao pé do mar. / E os anjos, menos felizes
no céu, / Ainda a nos invejar... / Sim, foi essa a razão (como sabem todos, / Neste
reino ao pé do mar) / Que o vento saiu da nuvem de noite / Gelando e matando a
que eu soube amar. / Mas o nosso amor era mais que o amor / De muitos mais
velhos a amar, / De muitos de mais meditar, / E nem os anjos do céu lá em cima,
/ Nem demônios debaixo do mar / Poderão separar a minha alma da alma / Da linda
que eu soube amar. / Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos / Da linda
que eu soube amar; / E as estrelas nos ares só me lembram olhares / Da linda
que eu soube amar; / E assim 'stou deitado toda a noite ao lado / Do meu anjo,
meu anjo, meu sonho e meu fado, / No sepulcro ao pé do mar, / Ao pé do murmúrio
do mar. Poema do escritor norte-americano Edgar
Allan Poe (1809-1840). Veja mais aqui.
Art by Marita Zacharias
É atriz
Apresentadora
Colunista da Revista TV Café & Revista
Produtora
E uma mulher linda.
Edita o blog Claudia Cozzella
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E trabalhos da Cia. Toke de Arte.
Parabéns e sucesso procê, linda Claudia Cozzella.
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