VEIAS DO PEITO – Coração rasgado, sangrava a manhã chuvosa. Sair seria um
desperdício, nem valeria a pena. Tinha de ir, sem saber sequer para onde. Uma
tentativa, tudo desabou: reuniu as migalhas do seu fracasso. Tivesse uma chance
nem saberia o que fazer dela: oportunidades perdidas na poeira dos dedos. Duas,
o mundo não leva ninguém a sério. Sorrisse, não seria mais que desilusão. Dizia
de si, pouco importava. Dissesse, de nada adiantava, cada qual seu rumo umbigo
afora. Quanta ausência e nenhuma forma de fazer dos braços alguma coisa. Três,
a queda inevitável, como sempre: recolhia do chão o que sobrou de si, asas dos
pés que nunca puderam voar. Nem adiantava chorar: nada mais valia, olhos de
violão dedilhando canção pungente. Mais tivesse, menos podia. Buscava uma
esperança nem que fosse pretérita, tudo por água abaixo. Serviu-se do meio fio
pela imaginação, nada mais restava do que pudesse segurar. Soltaram-se as
línguas e não foi fácil nenhuma manhã. Se seguisse adiante, não escaparia de
alaridos e dissimulações. Tudo tolhia o ânimo, a euforia na esquina acenava,
adeus de toda hora. Ainda ontem queria ser melhor, muito mais e nem era. Hoje
só restava contar nas veias retalhadas as dores do peito. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
Milhares de
pessoas dizem "adorar" animais, mas sentam-se uma ou duas vezes ao
dia a desfrutar a carne de criaturas que foram completamente privadas de tudo o
que poderia tornar as suas vidas dignas de serem vividas e que suportaram o
horrível sofrimento e terror dos matadouros.
Pensamento da primatóloga, etóloga e antropóloga
britânica Jane Goodall. Veja mais
aqui.
UMA IDEIA DO TEATRO
[...] O que convoca o teatro vem do lado político
propriamente dito. É então o
político'? Seria supor que o político se convoca, coisa de que eu também
duvido. Alguma coisa convoca (tanto o político, quanto o teatro). A partir
desta proveniência comum, institui-se a distribuição de sua diferença. [...] Não há teatro algum no espaço ocupado,
saturado pelo culto (ou pelo rito). O teatro vem no movimento, no momento, no
lugar aberto pela separação da cidade em relação a tudo isto. E em sua
vizinhança, portanto, e com frequência nesta nostalgia – até mesmo ideologia de
uma teatralidade cultural, ritual, mística. Mas nada disto o constitui: o
teatro está ligado ao advento de uma cidade saída da assembleia do culto, à
produção do profano, do cívico, - do político mesmo. [...].
Trechos
extraídos da obra A exibição das
palavras: uma ideia (política) do teatro (Teatro do Pequeno Gesto, 2003),do
dramaturgo, diretor, escritor e professor francês Denis
Guénoun. Veja mais aqui.
A FOTOGRAFIA
DE STAN
TRAMPE
A arte do fotógrafo estadunidense Stan Trampe. Veja
mais aqui.
A OBRA DE NORBERT ELIAS
Todo homem, por assim dizer, enfrenta a si
mesmo.