ANTES DE NADA DIZER... - Muitas
dores nos olhos alheios, tão disfarçados de risos ocasionais pelas avenidas
estrangeiras de qualquer lugar do polo norte ao sul – frustrações de quem erra
o caminho e não sabe mais o que fazer, ambições que se diluem disfarçadas de
gentilezas e solidariedade -, e morrem todo dia para chamar a atenção da
hipocrisia do outro, quase todos os mesmos do mesmo, crucificados pelo
cotidiano. Muita solidão nas mãos pedintes – carências exaltadas na volta para
casa e no quarto de dormir quantos Heróstratos, bússola perdida, incendiam as
maravilhas da Natureza apenas para imortalizar seu mando de dendroclasta ou o
que valha! Todos se parecem com o seu lugar, à sua imagem e feição, para pior,
nem mais, nem menos. Muitas lágrimas escondidas – faces idealizadas nas
máscaras que escondem o que verdadeiramente são por trás dos cosméticos e
simpatia. Ah, todos vulneráveis comigo que choro por mim e por todos os que
sofrem sozinhos sem enxergar saída alguma nesse mundo de infortúnios e injúrias.
Muitas e muitos são uns e outras que gargalham para não desabar na sua vidinha
entediante, a única coisa que temem é passar fome, enquanto o sal se pisa com
nós pelas costas e não dá o braço a torcer, botando as manguinhas e pés de
fora, levando no peito e queixo caído, a sorte a passar de raspão, seja lá, meu
Deus, oxalá. Ninguém leva a sério a instrução e a verdade, quem digno de atenção.
Sou solidário a todos e doo doendo também, mesmo que não seja visto nem
percebido ou rejeitado, não importa que não me vejam chorar seus choros, doer
suas dores, estão ocupados demais com suas sofrências valiosas; e mesmo que
ignorem que a vida não é só a satisfação dos desejos, mas muito mais que
sacrifício; e mesmo que se matem com seus prantos, ah, velho Schopenhauer, a
ingenuidade é a honra do gênio; a nudez, da beleza. Quem me dirá de si o que
houve se nem mesmo de todos há o que se esperar. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
Se você
sabe que está no caminho certo, se você tem este conhecimento interior, então
ninguém pode negar o seu pedido... não importa o que eles dizem. Devo admitir
que no início me senti surpresa, e depois confusa. Ninguém me convidava para
dar aulas ou seminários, nem para participar de comitês ou tribunais
acadêmicos. Mas esse longo intervalo foi uma delícia. Deu-me uma completa
liberdade para continuar pesquisando por puro prazer e sem interrupções. Pode parecer injusto
recompensar uma pessoa por ter tido tanto prazer nos últimos anos, pedindo à
planta do milho para resolver problemas específicos e depois ver suas respostas.
Pensamento da cientista estadunidense Barbara
McClintock, Prêmio Nobel de Medicina/Fisiologia em 1983, Ph.D em
Botânica e especializada em citogenética, que em sua aula O significado das respostas do genoma aos desafios, publicada na obra O genoma dinamico (Cold Spring Harbor
Laboratory Press, 1983), organizada por Nina Fedoroff e David
Botstein, expressa que: [...] No futuro
não há dúvida de que todas as atenções se voltarão para o genoma, com uma
consciência maior do significado deste como um órgão altamente sensível da
célula, que acompanha as atividades genômicas, corrige os erros comuns, percebe
os acontecimentos estranhos e inesperados e reage a eles [...].
A TIA MISÉRIA
[...] Até que em uma noite chuvosa, bateram-lhe à
porta. - Já vou, já vou! Gritou Tia Miséria. Era uma mulher de horrendo
aspecto, vestida de negro, com as asas negras nos ombros e nos pés. - O que...
o que... quer? - Perguntou Tia Miséria a tremer. - Tenha uma boa e santa noite,
Tia Miséria. - Você me conhece? Perguntou assombrada. - Vamos, Tia Miséria.
Chegou a sua hora. Foi então que Tia Miséria percebeu a foice debaixo da capa
da estranha criatura. Nesse momento, se deu conta de que tinha aberto a porta
para ela... ela mesma... a MORTE! - Sou a Morte: venho buscar-te e estou com
pressa. - Já? Pois nem ao menos pode me dar um ano de espera? - Não pode ser -
respondeu a Morte. - Faça-me ao menos um último favor: suba à minha pereira e
colha-me a última pera que me resta. Quero comê-la, visto que é a última.
Enquanto isso, vou me preparando para a partida. - Tudo bem, mulher, mas anda
rápido! A Morte subiu à pereira, colheu a pera, mas não pôde descer. Pôs-se a
chamar a velhinha. Esta respondeu: “Tem paciência, maldita, pois aí ficarás por
todos os séculos. És má, tens feito muitas desgraças, roubando muitos pais aos
seus filhos pequeninos...” E a Morte ficou em cima da pereira durante dias,
semanas, meses. - Por onde anda a morte? Perguntavam os velhinhos e os doentes
terminais nos hospitais. Depois de um ano, e depois de muita procura, Tia
Miséria percebeu, na frente da sua porta, um comitê composto de padres que se
queixavam de que não havia enterros, de médicos enfurecidos com o pouco
profissionalismo da morte: uma coisa era alargar a vida, outra muito diferente
era estender a dor. Ali estavam também escrivães e advogados que se lastimavam
de não ter inventários, de donos de funerárias que reclamavam da queda das
vendas de caixões; enfim, eram todos aqueles que vivem da morte do próximo.
Todos pediam à velha que autorizasse a Morte a descer da pereira, mas Tia
Miséria respondia: “Não quero, não quero e não quero”! Falou então a Morte do
alto da pereira e fez com a velha um trato: se a deixasse descer, pouparia sua
vida enquanto o mundo fosse mundo. A velhinha consentiu e a Morte desceu. Saiu
correndo dali com a promessa de nunca mais bater à porta de Tia Miséria. Mas
compensou o tempo perdido: nunca morreram tantos em tão pouco tempo. É por isso
que enquanto o mundo for mundo a Miséria existirá sobre a Terra.
Contação de lendas e mitos recolhida
do espetáculo Contos
da Terra dos Mil Povos (2007), que entra no Campo do Sagrado, pelos
rituais e conhecimentos ancestrais que evocam e pelo próprio ato de Contar
Histórias, Sagrado para as Culturas Orais. Veja mais aqui.
A ARTE DE
MÁRCIA JAQUELINE
Depois que eu entrei, o meu sonho era terminar a minha carreira aqui. Trazer
esta obra, neste momento, é um grito de socorro. A gente está dançando para
arrecadar feijão e arroz, porque famílias não têm o que comer. Eu batalhei
tanto para chegar até aqui e não podia, neste momento, desanimar. Mas eu quero
voltar e fechar o meu círculo, porque aqui eu comecei e quero terminar aqui.
A arte da bailarina Márcia Jaqueline, a
primeira-bailarina do balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e, hoje, no Salzburg
Ballet, da Áustria. Veja mais aqui.
A OBRA DE JOHN ROGERS SEARLE
A consciência é um fenômeno biológico, como a
fotossíntese, a digestão, a mitose - você conhece todos os fenômenos biológicos
- e uma vez aceito isso, a maioria, se não todos os problemas difíceis da
consciência simplesmente evaporam.