GATUNÁRIO DO FECAMEPA – Gentamiga! Ninguém está nem aí para o gatunário do Fecamepa! Não estou me
referindo a casos como o de Absalão de Davi,
nem de Barrabás de Yafo, ou do bom ladrão católico Dimas e do
ortodoxo Rakh. Também não me refiro à arte de roubar do Padre António Vieira,
se bem que se trata de uma das práticas mais antigas da humanidade. Tampouco me
refiro ao romântico Robin Hood ou Barba
Azul das mulheres. De forma alguma faço referência ao Flambeau de Chesterton, ou
a república dos nobres vigaristas de Scott Lynch, da cleptomaníaca do bom de
Fernando Sabino, dos duzentos de
Dalton Trevisan, dos das bicicletas de De Sica, ou dos da cova da princesa
Rosinha. Muito menos em relação com aos barões de Ayn Rand, nem
com o Lupin de Leblanc, o açogueiro da caçada de Cussller, o Tom da
Highsmith, dos da noite de Koestler, do Pietr de Simenon ou do Scipio de
Cornelia Funke; sequer dos do destino de Nanuka, dos nazistas do livro de Rydell, dos três de Ungerer, do
professor Chicuta, do rei Vicente; ou de facínoras como Al
Capone, Madame Satã, Attila Ambrus – o Viszkis que bebia uísque -, Spaggiari,
Valerio Viccei, Dick Turpin; ou dos glamourosos
Jesse James & Frank James,
Billy the Kid, Butch Cassidy, Sundance Kid, John Dillinger, Bonnie & e Clyde, Carl Gugasian, Derek “Bertie” Smalls, ou, ainda, dos
famosos da gangue francesa do aspirador de pó, dos assaltantes do Crédit
Lyonnais, dos do MAM de Paris, dos do Museu Gardner, dos diamantes da “Escola
de Torino”, dos da Baker Street, nem do Dragan Mikić & Panteras cor-de-rosa;
quanto mais dos que roubam o tempo, segundo cognitivistas, como as redes
sociais, as mensagens e notificações de celulares, da internet, das
interrupções – gente chata medonha – e de não saber o quê estudar! Nada disso. Olhando
bem, já é bandido como a praga! Não obstante, nenhum desses. Apenas, assinalar
a respeito da tropelia dos celerados que vieram
depois da leva do Paraíso tratado pela Ottoni, está sabendo? Esses sim. Falando sério: virou impunidade da cara mais lisa. O que tem de gente
desafiando o vetusto e discriminador Código Penal vigente não é pouco; só tem
uso para mim ou alguns outros tantos desamparados da Justiça. Pudera, se a
Constituição Federal já foi emendada mais de 100 vezes em 31 anos, afora ser
desconhecida, ao que parece, pela quase totalidade da população e inaplicável na
maioria das vezes pelas autoridades constituídas, não poderia fazer jamais lá muita
diferença. Daí deixar a coisa correr frouxo entre favorecidos de escusos
compadrios é que são elas. A sensação que fica é de completa injustiça! Tanta gente
se dando bem, outros tantos se lascando meio a meio. Aos que parece, tem gente
que andou queimando as pestanas na elaboração de projetos enroladores, coisa
assim, aprendida às avessas da Arte de Furtar do Padre Manuel da Costa ou levado
ao pé da letra o Príncipe de Maquiavel e de outros ardis estratégicos para engalobar
os bestas, com manobras de duplipensar, chega deixar a gente de queixo caído no
final das contas. O que tem de espetacularização no engenhoso espaço encobertado
dos gatunildos e ladronácios das três esferas de todo Poder Legislativo, dos
quadrilhaldos de todo Poder Executivo, dos laurápios sisudos e embecados de todo
Poder Judiciário, além dos que brincam de roubonildos e dos furtaldos nas
disfarçadas apropriações indébitas dadas por transações lícitas; dos bandos de
escrunchantes nas verbas públicas, das maltas de falperristas que brincam de
lesar a pátria, da pandilha de gaudérios que manipulam as licitações, da corja
de enche-cabresto que desvia o erário público, da cambada de afanadores e
cortabolas que se aboletam nos birôs para manipular verbas públicas, da choldra
de escorchas e gateadores que sucateiam os serviços sociais, da horda de
milhafes e sacomardos das gestões públicas; dos capiangos, abiges e pitubas que
precarizam a saúde; dos bordinaus, quatreiros, tudo doutores quatreiros do 5
deitado, 1 em pé e quatro rodando nas coisas da educação; dos guabirus da
leseira alheia, argamandeis capoeiros e bilontras da segurança geral; dos manatas,
flibusteiros vigaristas e receptânios ventanistas das sonegações por debaixo
dos panos; dos estelionatininhos da trapaça, extornaldos ímprobos e abusaldos
punguistas das defesas nacionais; dos trapaceiros, pilhas, rapinas e paudilheiros
dos transportes; dos maganos, bandoleiros e burladores do tráfico de
influência; dos caloteiros, escamoteadores, lapins e mãos-leves dos acessos
ministeriais; dos rapaces, salteadores, escroques e gomeleiros das relações internas
e exteriores, vixe, tudo zanzando aí a torto e a direito pelas esquinas a céu
aberto de pleno meio dia! Ora, ora. Aqui o Ali Babá das Mil e Uma Noites é calunga
de primeira viagem: os daqui levam para mais de milhões pro saco, formando todas
as bandalheiras deste país pro Fecamepa de Mãe-Joana, um estrupício do maior vitupério.
É ou não é? Parece mais que todo mundo rouba todo mundo; e eu que faço parte do
mundo, liso sem ter aonde cair morto, contudo pago mesmo sem participar dessa
ladroagem toda! Arre! E eles, os Fabos do colarinho-branco ainda acham que
estão se defendendo nas tetas da MãeNação, oh, patriamada, pode um negócio
desse? Vou ficar sozinho nessa parada é? Ué, ninguém faz nada! Destá. Está na
hora da gente aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
[...] a História é
sempre embate entre posições. E se uma vence, não significa necessariamente
que é a melhor, mas apenas que, no jogo de forças presentes na situação em que
o embate se deu, uma delas pôde sobressair-se. Não significa também que ficará sempre assim,
pois aos perdedores basta reorganizarem-se e recomeçar. [...].
Trecho de Enzo Azzi
(1921-1985), um médico italiano na psicologia brasileira, da psicóloga Maria do Carmo Guedes, extraído da obra
Escritos sobre a profissão de psicólogo
no Brasil (EDUFRN, 2010), organizado por Oswaldo
H. Yamamoto e Ana Ludmila F. Costa.
AS HIPER MULHERES
O
documentário As Hiper Mulheres (2011), registra o Jamunikumalu, maior ritual
de canto das mulheres kuikuro, no Alto Xingu, no Mato Grosso. O tema central é
a festa promovida para que uma índia velha cante pela última vez, antes da
morte, nesse ritual. Mas a detentora do saber das canções adoece e precisa ser
cuidada pelo pajé e por médicos da cidade mais próxima. Trata-se de uma produção
da Vídeo nas Aldeias (VNA), um projeto precursor na área de produção
audiovisual indígena no Brasil, criado em 1986. O objetivo do projeto é apoiar
as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus
patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais e de
uma produção compartilhada com os povos indígenas. O documentário foi premiado
no Festival de Gramado: 2011 –Kikito Especial do Júri e Kikito Melhor Montagem;
Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: 2011 – Melhor som; Festival de
Curitiba: Melhor Filme, Prêmio Olhar, Prêmio da Crítica (Abraccine), Prêmio do
Público, Olhar de Cinema Hollywood Brazilian Film Festival: Melhor Documentário;
Latin American Film Festival: Prêmio Al Jazeera de Melhor. Veja mais aqui.
A ESCULTURA
DE REBECCA HORN
O que me interessa é a essência do objeto, não
o seu aspecto. Uma viagem ao interior do corpo. Se alguém decidir viver nesse espaço, seus próprios devaneios começam a
se condensar, assumindo vida própria como novas histórias.
A OBRA DE HENRY MILLER
Um gênio a procura de emprego: eis aí uma das
visões mais tristes deste mundo. Não se encaixa em lugar nenhum, ninguém o
quer. É desajustado, diz o mundo. Nenhum escritor é bom a não ser que tenha
sofrido.