quarta-feira, julho 31, 2019

SEARLE, BARBARA MCCLINTOCK, MÁRCIA JAQUELINE, CONTOS DA TERRA DOS MIL POVOS & ANTES DE NADA DIZER


ANTES DE NADA DIZER... - Muitas dores nos olhos alheios, tão disfarçados de risos ocasionais pelas avenidas estrangeiras de qualquer lugar do polo norte ao sul – frustrações de quem erra o caminho e não sabe mais o que fazer, ambições que se diluem disfarçadas de gentilezas e solidariedade -, e morrem todo dia para chamar a atenção da hipocrisia do outro, quase todos os mesmos do mesmo, crucificados pelo cotidiano. Muita solidão nas mãos pedintes – carências exaltadas na volta para casa e no quarto de dormir quantos Heróstratos, bússola perdida, incendiam as maravilhas da Natureza apenas para imortalizar seu mando de dendroclasta ou o que valha! Todos se parecem com o seu lugar, à sua imagem e feição, para pior, nem mais, nem menos. Muitas lágrimas escondidas – faces idealizadas nas máscaras que escondem o que verdadeiramente são por trás dos cosméticos e simpatia. Ah, todos vulneráveis comigo que choro por mim e por todos os que sofrem sozinhos sem enxergar saída alguma nesse mundo de infortúnios e injúrias. Muitas e muitos são uns e outras que gargalham para não desabar na sua vidinha entediante, a única coisa que temem é passar fome, enquanto o sal se pisa com nós pelas costas e não dá o braço a torcer, botando as manguinhas e pés de fora, levando no peito e queixo caído, a sorte a passar de raspão, seja lá, meu Deus, oxalá. Ninguém leva a sério a instrução e a verdade, quem digno de atenção. Sou solidário a todos e doo doendo também, mesmo que não seja visto nem percebido ou rejeitado, não importa que não me vejam chorar seus choros, doer suas dores, estão ocupados demais com suas sofrências valiosas; e mesmo que ignorem que a vida não é só a satisfação dos desejos, mas muito mais que sacrifício; e mesmo que se matem com seus prantos, ah, velho Schopenhauer, a ingenuidade é a honra do gênio; a nudez, da beleza. Quem me dirá de si o que houve se nem mesmo de todos há o que se esperar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
Se você sabe que está no caminho certo, se você tem este conhecimento interior, então ninguém pode negar o seu pedido... não importa o que eles dizem. Devo admitir que no início me senti surpresa, e depois confusa. Ninguém me convidava para dar aulas ou seminários, nem para participar de comitês ou tribunais acadêmicos. Mas esse longo intervalo foi uma delícia. Deu-me uma completa liberdade para continuar pesquisando por puro prazer e sem interrupções. Pode parecer injusto recompensar uma pessoa por ter tido tanto prazer nos últimos anos, pedindo à planta do milho para resolver problemas específicos e depois ver suas respostas.
Pensamento da cientista estadunidense Barbara McClintock, Prêmio Nobel de Medicina/Fisiologia em 1983, Ph.D em Botânica e especializada em citogenética, que em sua aula O significado das respostas do genoma aos desafios, publicada na obra O genoma dinamico (Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1983), organizada por Nina Fedoroff e David Botstein, expressa que: [...] No futuro não há dúvida de que todas as atenções se voltarão para o genoma, com uma consciência maior do significado deste como um órgão altamente sensível da célula, que acompanha as atividades genômicas, corrige os erros comuns, percebe os acontecimentos estranhos e inesperados e reage a eles [...].

A TIA MISÉRIA
[...] Até que em uma noite chuvosa, bateram-lhe à porta. - Já vou, já vou! Gritou Tia Miséria. Era uma mulher de horrendo aspecto, vestida de negro, com as asas negras nos ombros e nos pés. - O que... o que... quer? - Perguntou Tia Miséria a tremer. - Tenha uma boa e santa noite, Tia Miséria. - Você me conhece? Perguntou assombrada. - Vamos, Tia Miséria. Chegou a sua hora. Foi então que Tia Miséria percebeu a foice debaixo da capa da estranha criatura. Nesse momento, se deu conta de que tinha aberto a porta para ela... ela mesma... a MORTE! - Sou a Morte: venho buscar-te e estou com pressa. - Já? Pois nem ao menos pode me dar um ano de espera? - Não pode ser - respondeu a Morte. - Faça-me ao menos um último favor: suba à minha pereira e colha-me a última pera que me resta. Quero comê-la, visto que é a última. Enquanto isso, vou me preparando para a partida. - Tudo bem, mulher, mas anda rápido! A Morte subiu à pereira, colheu a pera, mas não pôde descer. Pôs-se a chamar a velhinha. Esta respondeu: “Tem paciência, maldita, pois aí ficarás por todos os séculos. És má, tens feito muitas desgraças, roubando muitos pais aos seus filhos pequeninos...” E a Morte ficou em cima da pereira durante dias, semanas, meses. - Por onde anda a morte? Perguntavam os velhinhos e os doentes terminais nos hospitais. Depois de um ano, e depois de muita procura, Tia Miséria percebeu, na frente da sua porta, um comitê composto de padres que se queixavam de que não havia enterros, de médicos enfurecidos com o pouco profissionalismo da morte: uma coisa era alargar a vida, outra muito diferente era estender a dor. Ali estavam também escrivães e advogados que se lastimavam de não ter inventários, de donos de funerárias que reclamavam da queda das vendas de caixões; enfim, eram todos aqueles que vivem da morte do próximo. Todos pediam à velha que autorizasse a Morte a descer da pereira, mas Tia Miséria respondia: “Não quero, não quero e não quero”! Falou então a Morte do alto da pereira e fez com a velha um trato: se a deixasse descer, pouparia sua vida enquanto o mundo fosse mundo. A velhinha consentiu e a Morte desceu. Saiu correndo dali com a promessa de nunca mais bater à porta de Tia Miséria. Mas compensou o tempo perdido: nunca morreram tantos em tão pouco tempo. É por isso que enquanto o mundo for mundo a Miséria existirá sobre a Terra.
Contação de lendas e mitos recolhida do espetáculo Contos da Terra dos Mil Povos (2007), que entra no Campo do Sagrado, pelos rituais e conhecimentos ancestrais que evocam e pelo próprio ato de Contar Histórias, Sagrado para as Culturas Orais. Veja mais aqui.

A ARTE DE MÁRCIA JAQUELINE
Depois que eu entrei, o meu sonho era terminar a minha carreira aqui. Trazer esta obra, neste momento, é um grito de socorro. A gente está dançando para arrecadar feijão e arroz, porque famílias não têm o que comer. Eu batalhei tanto para chegar até aqui e não podia, neste momento, desanimar. Mas eu quero voltar e fechar o meu círculo, porque aqui eu comecei e quero terminar aqui.
A arte da bailarina Márcia Jaqueline, a primeira-bailarina do balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e, hoje, no Salzburg Ballet, da Áustria. Veja mais aqui.

A OBRA DE JOHN ROGERS SEARLE
A consciência é um fenômeno biológico, como a fotossíntese, a digestão, a mitose - você conhece todos os fenômenos biológicos - e uma vez aceito isso, a maioria, se não todos os problemas difíceis da consciência simplesmente evaporam.
A obra do filósofo e escritor estadunidense John Rogers Searle aqui e aqui.