quinta-feira, agosto 01, 2019

NORBERT ELIAS, JANE GOODALL, DENIS GUÉNOUN, STAN TRAMPE & VEIAS DO PEITO


VEIAS DO PEITO – Coração rasgado, sangrava a manhã chuvosa. Sair seria um desperdício, nem valeria a pena. Tinha de ir, sem saber sequer para onde. Uma tentativa, tudo desabou: reuniu as migalhas do seu fracasso. Tivesse uma chance nem saberia o que fazer dela: oportunidades perdidas na poeira dos dedos. Duas, o mundo não leva ninguém a sério. Sorrisse, não seria mais que desilusão. Dizia de si, pouco importava. Dissesse, de nada adiantava, cada qual seu rumo umbigo afora. Quanta ausência e nenhuma forma de fazer dos braços alguma coisa. Três, a queda inevitável, como sempre: recolhia do chão o que sobrou de si, asas dos pés que nunca puderam voar. Nem adiantava chorar: nada mais valia, olhos de violão dedilhando canção pungente. Mais tivesse, menos podia. Buscava uma esperança nem que fosse pretérita, tudo por água abaixo. Serviu-se do meio fio pela imaginação, nada mais restava do que pudesse segurar. Soltaram-se as línguas e não foi fácil nenhuma manhã. Se seguisse adiante, não escaparia de alaridos e dissimulações. Tudo tolhia o ânimo, a euforia na esquina acenava, adeus de toda hora. Ainda ontem queria ser melhor, muito mais e nem era. Hoje só restava contar nas veias retalhadas as dores do peito. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
Milhares de pessoas dizem "adorar" animais, mas sentam-se uma ou duas vezes ao dia a desfrutar a carne de criaturas que foram completamente privadas de tudo o que poderia tornar as suas vidas dignas de serem vividas e que suportaram o horrível sofrimento e terror dos matadouros.
Pensamento da primatóloga, etóloga e antropóloga britânica Jane Goodall. Veja mais aqui.

UMA IDEIA DO TEATRO
[...] O que convoca o teatro vem do lado político propriamente dito. É então o político'? Seria supor que o político se convoca, coisa de que eu também duvido. Alguma coisa convoca (tanto o político, quanto o teatro). A partir desta proveniência comum, institui-se a distribuição de sua diferença. [...] Não há teatro algum no espaço ocupado, saturado pelo culto (ou pelo rito). O teatro vem no movimento, no momento, no lugar aberto pela separação da cidade em relação a tudo isto. E em sua vizinhança, portanto, e com frequência nesta nostalgia – até mesmo ideologia de uma teatralidade cultural, ritual, mística. Mas nada disto o constitui: o teatro está ligado ao advento de uma cidade saída da assembleia do culto, à produção do profano, do cívico, - do político mesmo. [...].
Trechos extraídos da obra A exibição das palavras: uma ideia (política) do teatro (Teatro do Pequeno Gesto, 2003),do dramaturgo, diretor, escritor e professor francês Denis Guénoun. Veja mais aqui.

A FOTOGRAFIA DE STAN TRAMPE
A arte do fotógrafo estadunidense Stan Trampe. Veja mais aqui.

A OBRA DE NORBERT ELIAS
Todo homem, por assim dizer, enfrenta a si mesmo.
A obra do sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990) aqui e aqui.