TERCEIRA CARTA DE MAIO – A lua de maio brilha porque digo o dia fosse uma ponte entre um coração
e outro, mas não, o tempo esculpe os homens que fabricam teias enigmáticas e todos
se acham imortais, inabaláveis, implacáveis, enfim, perecem pelo itinerário escuso
com suas perigosas transversais, quanta barbárie, pilhagens, violações, danos, uma
guerra civil, o mundo é um túmulo e pisam com estrépitos ensurdecedores, como
se impunes conseguissem seguir incólumes de si mesmos, enquanto outros menos
afoitos seguem a sina de cabeça baixa, à espera da morte, a tatalar para serem fustigados
e demolidos rastejando com seus pudores e temores. Quanta calamidade, ninguém
diz nada, ninguém faz nada e se esgotam os gestos dos de hoje e os dos tempos
remotos e das longas travessias. Vejo tudo e se jamais, se jamais me
indignasse, não saberia amar. E insistem que tudo prossegue como deve
prosseguir com a minha dor pelas exorbitâncias, como se pensassem que eu sequer
prestei contas de seus desvarios na minha carne ceifada e recorrentemente
ressurreta, só porque é preciso dos meus olhos todos os rios que não dizem seus
segredos e me ensinam o que guardei em mim e do que aprendi a amar. Se eu não
tivesse comiseração por tudo isso, eu jamais saberia amar. Sou de oficio
sonheiro estendido na palma do futuro. Na minha voz algumas canções de
esperança quando domingo o poema se refaz e o verbo na leitura do ignoto, por
isso amo e findarei com as mãos cruzadas e postas sobre o peito às cinzas a
correr vento no último lampejo e justamente por isso aprendi a amar e amo em
nome de tudo e de todos. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
[...] por onde se foi estendendo a cultura da
cana-de-açúcar ia-lhe seguindo o tráfico de escravos. Ao chegarem a Pernambuco
já encontraram os holandeses um tráfego intenso de navios negreiros entre essa
capitania e a África. [...] o tráfico
deve ter sido iniciado, de forma regular, em meados do sec. XVI. Somente no
sec. XVII os holandeses passaram a enfrentar o problema do tráfico de escravos
negros. [...]
Trechos
extraídos da obra Tempo dos Flamengos:
influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do norte do Brasil
(SEC/DC, 1978), do advogado e historiador José
Antonio Gonsalves de Mello (1916-2002), tratando sobre os holandeses e a
vida urbana e rural pernambucana, a sua atitude para com os negros e a
escravidão, os índios e a catequese, os portugueses e os judeus e as religiões
católica e israelita, com o apêndice Memoire. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A POESIA DE HUGO PONTES
DESERTOS: Olhos desertos e vida / e tantos
são os desertos, / da vida pedindo explicações. / Verdade é como cultivar / úlceras e orquídeas / nos corações. / Antes da rosa / para a rosa / o importante é o espinho. /E quando a lança suprime a / palavra, / rosa, espinho e olhos / perdem
beleza, defesa e brilho.
DA FALA: Quem erra o grito / erra a fala. /
Cala / do carnaval à senzala / A la / quem erra o hino / tece a fala.
SURREAL: O rio manso / segue / o seu curso /
no dorso do urso.
Poemas
extraídos da obra Poemas visuais e
poesias (Annablume, 2007), do poeta e professor Hugo Pontes, que integrou o Grupo VIX de poesia de vanguarda, o
movimento de Poema/Processo com o grupo de poetas de Cataguases e o de Arte
Postal no Brasil e no exterior, participando de exposições por diversos países,
é autor de aproximadamente 30 obras de poesia, poema visual, ensaio e história,
e edita o sitio Poema Visual.
A ARTE DE FERNANDA GUEDES
Raramente me sinto tão bem e tão viva como
quando estou desenhando.
A arte
da premiada ilustradora, performer, designer de moda e artista visual Fernanda Guedes, que cursou Letras na
UnB, atuando como programadora visual e diretora de arte em agências de
publicidade e no mercado editorial, ilustrando revistas e calendários,
realizando exposições no Brasil e no exterior. Criou a personagem Lady Guedes e
integra a guerrilha Buceta Power, com foco no empoderamento através da
sexualidade e do Lacry. Por meio de estreeart colando lambes e pintando. Veja
mais aqui.
ANTES QUE ELE CHEGUE
O
documentário de longa metragem Antes que
ele chegue, com roteiro e direção de Clara
Angélica Barbosa Rodrigues Santos, produção da Opara Filmes e da Bondosa
Terra, e com previsão de lançamento para este ano, retrata a vida, luta,
resistência e existência de mulheres LBT que vivem distâncias continentais com
o governo atual do Brasil, tendo em vista que o país lidera a triste
estatística: é o que mais mata LGBTs no mundo. Para tornar esse cenário ainda
mais agravante, nas eleições de 2018, o presidente eleito com um longo
histórico de furiosas declarações agressivas às minorias. Participe do
movimento aqui e aqui. Veja mais aqui.
&
A OBRA DE JIDDU KRISHNAMURTI
Quando há uma compreensão do medo, há um
entendimento de todos os problemas relacionados a esse medo. Quando não há
medo, há liberdade.
A obra do
filósofo, escritor e educador indiano Jiddu Krishnamurti (1895-1986)
aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.