sexta-feira, maio 10, 2019

KRISHNAMURTI, HUGO PONTES, FERNANDA GUEDES, BRASIL HOLANDÊS, TERCEIRA CARTA DE MAIO &ANTES QUE ELE CHEGUE


TERCEIRA CARTA DE MAIO – A lua de maio brilha porque digo o dia fosse uma ponte entre um coração e outro, mas não, o tempo esculpe os homens que fabricam teias enigmáticas e todos se acham imortais, inabaláveis, implacáveis, enfim, perecem pelo itinerário escuso com suas perigosas transversais, quanta barbárie, pilhagens, violações, danos, uma guerra civil, o mundo é um túmulo e pisam com estrépitos ensurdecedores, como se impunes conseguissem seguir incólumes de si mesmos, enquanto outros menos afoitos seguem a sina de cabeça baixa, à espera da morte, a tatalar para serem fustigados e demolidos rastejando com seus pudores e temores. Quanta calamidade, ninguém diz nada, ninguém faz nada e se esgotam os gestos dos de hoje e os dos tempos remotos e das longas travessias. Vejo tudo e se jamais, se jamais me indignasse, não saberia amar. E insistem que tudo prossegue como deve prosseguir com a minha dor pelas exorbitâncias, como se pensassem que eu sequer prestei contas de seus desvarios na minha carne ceifada e recorrentemente ressurreta, só porque é preciso dos meus olhos todos os rios que não dizem seus segredos e me ensinam o que guardei em mim e do que aprendi a amar. Se eu não tivesse comiseração por tudo isso, eu jamais saberia amar. Sou de oficio sonheiro estendido na palma do futuro. Na minha voz algumas canções de esperança quando domingo o poema se refaz e o verbo na leitura do ignoto, por isso amo e findarei com as mãos cruzadas e postas sobre o peito às cinzas a correr vento no último lampejo e justamente por isso aprendi a amar e amo em nome de tudo e de todos. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] por onde se foi estendendo a cultura da cana-de-açúcar ia-lhe seguindo o tráfico de escravos. Ao chegarem a Pernambuco já encontraram os holandeses um tráfego intenso de navios negreiros entre essa capitania e a África. [...] o tráfico deve ter sido iniciado, de forma regular, em meados do sec. XVI. Somente no sec. XVII os holandeses passaram a enfrentar o problema do tráfico de escravos negros. [...]
Trechos extraídos da obra Tempo dos Flamengos: influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do norte do Brasil (SEC/DC, 1978), do advogado e historiador José Antonio Gonsalves de Mello (1916-2002), tratando sobre os holandeses e a vida urbana e rural pernambucana, a sua atitude para com os negros e a escravidão, os índios e a catequese, os portugueses e os judeus e as religiões católica e israelita, com o apêndice Memoire. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A POESIA DE HUGO PONTES
DESERTOS: Olhos desertos e vida / e tantos são os desertos, / da vida pedindo explicações. / Verdade é como cultivar / úlceras e orquídeas / nos corações. / Antes da rosa / para a rosa / o importante é o espinho. /E quando a lança suprime a / palavra, / rosa, espinho e olhos / perdem beleza, defesa e brilho.
DA FALA: Quem erra o grito / erra a fala. / Cala / do carnaval à senzala / A la / quem erra o hino / tece a fala.
SURREAL: O rio manso / segue / o seu curso / no dorso do urso.
Poemas extraídos da obra Poemas visuais e poesias (Annablume, 2007), do poeta e professor Hugo Pontes, que integrou o Grupo VIX de poesia de vanguarda, o movimento de Poema/Processo com o grupo de poetas de Cataguases e o de Arte Postal no Brasil e no exterior, participando de exposições por diversos países, é autor de aproximadamente 30 obras de poesia, poema visual, ensaio e história, e edita o sitio Poema Visual.

A ARTE DE FERNANDA GUEDES
Raramente me sinto tão bem e tão viva como quando estou desenhando.
A arte da premiada ilustradora, performer, designer de moda e artista visual Fernanda Guedes, que cursou Letras na UnB, atuando como programadora visual e diretora de arte em agências de publicidade e no mercado editorial, ilustrando revistas e calendários, realizando exposições no Brasil e no exterior. Criou a personagem Lady Guedes e integra a guerrilha Buceta Power, com foco no empoderamento através da sexualidade e do Lacry. Por meio de estreeart colando lambes e pintando. Veja mais aqui.

ANTES QUE ELE CHEGUE
O documentário de longa metragem Antes que ele chegue, com roteiro e direção de Clara Angélica Barbosa Rodrigues Santos, produção da Opara Filmes e da Bondosa Terra, e com previsão de lançamento para este ano, retrata a vida, luta, resistência e existência de mulheres LBT que vivem distâncias continentais com o governo atual do Brasil, tendo em vista que o país lidera a triste estatística: é o que mais mata LGBTs no mundo. Para tornar esse cenário ainda mais agravante, nas eleições de 2018, o presidente eleito com um longo histórico de furiosas declarações agressivas às minorias. Participe do movimento aqui e aqui. Veja mais aqui.
&
A OBRA DE JIDDU KRISHNAMURTI
Quando há uma compreensão do medo, há um entendimento de todos os problemas relacionados a esse medo. Quando não há medo, há liberdade.
A obra do filósofo, escritor e educador indiano Jiddu Krishnamurti (1895-1986) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.