DE ENGANOS & DESENGANOS – Tanto fizera por
nada, mãos vazias, peito aberto, seguidas investidas benévolas, crê-se de
índole sã e boa vontade, para dar de cara com a má-fé impiedosa, jactâncias de
plantão e coisas de pouca monta oriunda do jeitinho, de quase tudo reduzir-se
ao contraproducente. Não há de ser nada, quase a pensar diante dessa encruzilhada
quem vela por meu destino, eu sei, não o há, porque eu que o fiz enredado nos
meus próprios paradoxos diante de tantos outros e as minhas esdrúxulas
contradições noutras tantas, por não saber refestelado se o certo era apenas um
capricho equivocado nas orelhas de asno do Midas e o errado não o era tão assim
senão outro engano oriundo de canhestros entendimentos. Só me restava entender
que por trás de todo afeto e consideração, tramas de sinistras vinganças,
quantos déspotas e o medo e a tirania por golpes e traições sem motivo algum,
só por divertimento com tambores de Madagascar em festa na Bahia e eu fizesse
do Recife uma ilha deserta em que as pedras rolassem falando coisas que só
tinham nome e não valiam nada mais. Quem me dera, errâncias para quem nem
quisera se perder, sem saber do lugar ou de como estão dispostas a qualquer
momento todas as ocorrências, quantos não estão amarrados pelos cabelos aos
seus próprios cavalos indomáveis em disparada, quantos não estão descalços
sobre urtigas do presente e cacos de vidro do passado, quantos não escondem uma
caranguejeira viva em cada uma das mãos como se fossem flores prontas para
serem dadas, não comem caramujos crus dos seus próprios lamaçais, tomam sucos
de moscas com venenos letais dos seus próprios rins, não varrem suas casas com
vassouras de dentes rangendo sua própria ira, não vivem presos em seus próprios
porões nefastos, para seguirem vida malfeita pelo destino que dorme não se sabe
onde de tão sem saída e entrada. Aí me dera conta, sabia das lições invisíveis
da Natureza sempre ensinando a bela palavra e o brilho do sorriso, para que a minha
voz fosse tal a flauta de Pã no canto da lira de Orfeu, a salvação de tudo que aparecesse
de aversivo para aprender a lição de cada amanhecer e quão maravilhoso é viver,
lições de vida e morte. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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DITOS & DESDITOS:
[...] A busca
ainda não terminou, mas a teoria das supercordas e a sua evolução em termos da
teoria M já fizeram surgir um esquema convincente para a fusão entre a mecânica
quântica, a relatividade geral e as forças forte, fraca e eletromagnética. Os
desafios trazidos por esses avanços à nossa maneira de ver o mundo são
monumentais: laços de cordas e glóbulos oscilantes que unem toda a criação em padrões
vibratórios executados meticulosamente em um universo que tem numerosas
dimensões escondidas, capazes de sofrer contorções extremas, nas quais o seu
tecido espacial se rompe e depois se repara. Quem poderia ter imaginado que a
unificação entre a gravidade e a mecânica quântica em uma teoria unificada de
toda a matéria e de todas as forças provocaria uma tal revolução no nosso
entendimento de como o universo funciona? [...] Não há dúvida de que
encontraremos surpresas ainda maiores à medida que avançarmos na nossa busca de
entender a teoria das supercordas de maneira total e factível do ponto de vista
do cálculo. O estudo da teoria M já nos propiciou vislumbrar um reino estranho
no universo, abaixo da distância de Planck, em que possivelmente não vigoram as
noções de espaço e de tempo. No extremo oposto vimos também que o nosso
universo pode ser simplesmente uma dentre inumeráveis bolhas que se espalham
pela superfície de um oceano cósmico vasto e turbulento chamado multiverso.
Essas ideias estão na vanguarda das especulações atuais e pressagiam os
próximos saltos pêlos quais passará a nossa concepção do universo. Temos os
olhos fixos no futuro, à espera dos deslumbramentos que nos estão reservados, mas
não devemos deixar de olhar também para trás e maravilhar- nos com a viagem que
já fizemos. A busca das leis fundamentais do universo é um drama eminentemente
humano, que expande a nossa visão mental e enriquece o nosso espírito. [...]
Todos nós buscamos
a verdade, cada qual à sua maneira, e todos esperamos um dia poder dizer que sabemos
por que estamos aqui. À medida que subimos a montanha do conhecimento, cada
nova geração apoia-se sobre os ombros da anterior, aproximando-se coletivamente
do cume. Não temos como prever se algum dia os nossos descendentes chegarão ao
topo e gozarão da soberba vista que se abre sobre a vastidão e a elegância do
universo, com clareza infinita. [...].
Trechos extraídos da obra O Universo elegante: supercordas, dimensões ocultas e a busca da teoria definitiva (Companhia das
Letras, 2001), do físico e professor especialista da teoria das cordas, Brian Greene,
tratando sobre a fronteira do conhecimento, vibrando com as cordas, o dilema do
espaço, do tempo e dos quanta; o observador, das curvas e ondulações, loucura
microscópica, a sinfonia cósmica, a essência da teoria das supercordas, sinais
experimentais, o tecido do espaço-tempo, geometria quântica, o tecido espacial,
a teoria M, buracos negros, reflexões sobre a cosmologia, a necessidade de uma
teoria nova: relatividade geral x mecânica quântica, em suma, fornecendo uma
explicação em linguagem simples considerações acerca da física clássica, o
probabilismo mundo dos modelos padrões da física de partículas, a física
determinista e o potencial da teoria das cordas criar a teoria do campo
unificado.
O TEATRO DE ROBERT ARLT
[...] Oh, carne miserável, carne suja, contemple minha
contrição, Senhor. (Aponta para seus convidados.) Olhe para aquela pilha de
lixo ali. Eles são os frutos da minha miséria. O estrume com que paguei minha
estupidez, minha arrogância, minha vaidade. Eu cuspi neles como uma salivadeira
e isso aplaudiu meu coração covarde. Assim, humilhei os fracos, os tristes e os
desafortunados. Eu pavimentei o caminho dos meus dias de blasfêmia, crueldades
e crimes. Adornei minha testa com adultério, minha barriga com estupro, minhas
nádegas com pedofilia. Escandalizei meu vizinho escrevendo no céu com um tabu
dos juízos infernais da iniquidade. Senhor, devolva seus olhos de caridade para
mim. Mostre-me o caminho do filho pródigo, o caminho da santa penitência. [...] eu entendi, vou te obedecer (ele se
levanta.) [...].
Trechos da peça teatral El desierto entra
em la ciudad (1953 – Losada, 2004), do escritor,
jornalista e dramaturgo argentino Roberto
Arlt (1900 – 1942), considerada pelo autor como uma farsa dramática em
quatro atos. Veja mais aqui.
A FOTOGRAFIA DE MARISKA KARTO
A arte
fotográfica da artista visual e fotógrafa surinamesa Mariska Karto. Veja mais aqui.
&
A OBRA DE PAULO FREIRE
Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si
mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. Amar é um ato de coragem.
A obra do
educador e filósofo Paulo Freire (1921-1997) aqui, aqui, aqui, aqui,
aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.