QUEM PEGA NO PESADO NÃO
PRECISA LAVAR AS MÃOS – Imagem:
Boudoir (2003) & Tomo do piano (2014), do pintor e
gravador Caetano de Almeida. - Quem diria, hem, ninguém me
disse nada, covardia, gente! Alguém que seja não avisou que as coisas mudam tão
repentinamente e estão mudando com uma rapidez impressionante, nem consigo
acompanhar, passei batido e tenho que ficar de mutuca pro momento certo de
capturar a oportunidade. Piscou o olho, já era. Tem novidade dessa aí que não
vale um cocô de loro, só feito pra tevê e pra desfilar na soberba dos vazios. Quem
é do bôco-môco não sabe alisar coisinhas sofisticadas muito delicadas, finda é
quebrando tudo, uma lástima. Ah, tem gente que só quer aparecer mesmo, muito menos
interessados no que está fazendo do que como será visto, aparecer é o que vale,
do jeito que for: pegadinha, saia-justa, pintou, rolou. Assim nada poderia dar
mais certo ou errado, vale a sucessão dos fatos, o que findar ficou, sem ter
que ficar enredado num emaranhado incoerente e arbitrário que se engasga com a inépcia
moral ou com quantas analogias que boicotam todo esforço de fazer bem feito – era
uma vez um Paraguay escandaloso, agora todos são Paraguays legítimos, entre o
vulgar e a manipulação, mesmo simulando falar de outro assunto qualquer,
escamoteando a realidade. Quanta falsificação, ninguém se dá conta de que o
gato com lebre está comendo no centro, não é!?! Tudo trabalho malfeito às
lágrimas de crocodilo que não provam nada e só vigoram na base do suborno –
quem haverá de estar pronto para dar conta do recado, ou há de ter poupando
quando todos precisavam, ah, quem resistiria à tentação de vender a alma ao
diabo e sair debulhando um a um dos então amigos achegados agora mais que
odientos praticantes nefandos de heresias muitas, quem às duras penas e mesmo
sangrando escoriações do tempo chegou ao destino para fazer festa onde qualidades
no meio das impurezas não era nada demais e ninguém podia fugir, inescapável,
inevitável, tanto quanto insurretos descabelados na imbecilidade e na
inabilidade de julgar ser de justiça fazer o que achava certo e a corrigir os
males com punições rigorosas para uns e amenas para outros, quando na verdade
pune-se apenas, males perpetuados e tudo vai de mal a pior a despender um tostão
furado pela paz nas represálias dos genocidas, porque o que não tem provas se
inventa e continua tão quanto sempre com altas baixas na moralidade e outras
aberrações intoleráveis na grosseira encenação para dizer que a forma mais
certa de chegar a verdade é mentindo – há quem defenda isso com unhas e dentes!
Eita, meu, nem sabia que se mudou muito, nunca se mudou tanto. E quem pega no
pesado nem tem tempo de lavar as mãos, vai com tudo tentando levar a mensagem ao
Garcia. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo
álbuns com a obra do pianista e compositor de música erudita Almeida Prado (1943-2010). Veja mais aqui.
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DESTAQUE: MENSAGEM A GARCIA
[...] Salve! Viva! Eis aí um homem cujo busto
merecia ser fundido em bronze e sua estátua colocada em cada escola. Não é
somente de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem somente de instrução
sobre isto ou aquilo. Precisa sim de um endurecimento das vértebras, para poder
mostrar-se altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar
conta do recado; para, em suma, levar uma "Mensagem a Garcia". [...]
O general Garcia já não é deste mundo,
mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante
uma grande empresa, em que a ajuda de muitos se torna necessária, têm sido
poupados momentos de verdadeiro desespero ante a imbecilidade de um grande
número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a
mente numa determinada coisa e fazê-la. A regra geral tem sido: assistência
irregular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho mal feito. Ninguém
pode ser verdadeiramente bem sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao
seu alcance para fazer com que outros homens o auxiliem, a não ser que Deus
Onipotente, na sua grande misericórdia faça um milagre, enviando-lhe como
auxiliar um anjo de luz. [...] E esta
dificuldade de atuar independente, esta incapacidade moral, esta fraqueza de
vontade, esta falta de disposição de solicitamente se pôr em campo e agir, são
as causas que impedem o advento do socialismo puro. Se os homens não tomam
iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão se o resultado de seu
esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda
precisam ser dirigidos. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz
trabalhar é o medo de, se não o fizer, ser despedido no fim do mês. Anuncia
precisar de um taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão
ortografar nem pontuar - e, o que é mais grave, pensam não ser necessário
sabê-lo. Poderá uma pessoa destas entregar uma carta para Garcia? [...] Ultimamente temos ouvido expressões
sentimentais, demonstrando simpatia para com os pobres entes que lutam de sol a
sol, para com os infelizes desempregados à cata do trabalho honesto, e tudo
isso, quase sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que
estão no poder. Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, num esforço
inútil para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar
conscienciosamente. Nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal,
que, no entanto, muitas vezes nada mais faz do que "matar o tempo",
logo que ele volta as costas. Não há empresa que não esteja despedindo pessoal
que se mostre incapaz de zelar pelos seus próprios interesses, a fim de
substituí-lo por outro mais apto. Este processo de seleção por eliminação está
se operando incessantemente com a única diferença que, quando os tempos são
maus e o trabalho escasseia, a seleção se faz mais escrupulosamente, pondo-se
fora, para sempre, os incompetentes e os inaproveitáveis. É a lei da
sobrevivência do mais capacitado. Cada padrão, no interesse comum, trata
somente de guardar os melhores aqueles que podem levar a "Mensagem a Garcia".
Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra necessária
para dirigir um negócio próprio, e que ainda se torna completamente nulo para
qualquer outra pessoa devido à suspeita que constantemente abriga, de que seu
patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera
que alguém o mande. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia, retrucaria,
provavelmente: "Leve-a você mesmo". Hoje esse homem perambula errante
pelas ruas em busca de trabalho, em estado quase de miséria. No entanto ninguém
que o conhece se aventura a dar-lhe trabalho, porque é a personificação do
descontentamento e do espírito de discórdia. Não aceitando qualquer conselho ou
advertência a única coisa capaz de nele produzir efeito seria um bom pontapé
dado com a ponta de uma bota de número 44, sola grossa e bico largo. Sei, não
resta dúvida, que o indivíduo moralmente aleijado como este, não é menos digno
de compaixão, vertamos também uma lágrima pelos homens que se esforçam por
levar avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas
pelo som do apito e cujos cabelos ficam muito cedo envelhecidos na incessante
luta em que estão empenhados contra a indiferença desdenhosa, contra a
imbecilidade crassa e a ingratidão atroz, justamente daqueles que sem seu
espírito empreendedor, poderiam andar famintos e sem lar. Dar-se-á o caso de eu
ter pintado a situação em cores demasiado carregadas? Pode ser que sim; mas
quando todo mundo se prende a divagações, quero lançar uma palavra de simpatia
ao homem que dá êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma
porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros e que,
após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou. Nada, salvo a sua simples
subsistência. Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jardineiro, como
também já fui patrão. Sei, portanto, que alguma coisa se pode dizer de ambos os
lados. Não há excelência na pobreza em si mesma; farrapos não servem de
recomendação. Nem todos o patrões são gananciosos e tiranos da mesma forma que
nem todos os pobres são virtuosos. Todas as minhas simpatias pertencem ao homem
que trabalha conscientemente, quer o patrão esteja, quer não, e ao homem que,
ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranqüilamente toma a missiva, sem
fazer perguntas idiotas, sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta
que encontrar, ou praticar qualquer outro gesto que não seja entregá-la ao
destinatário. Este homem nunca fica "encostado", nem tem que se
declarar em greve para forçar um aumento de ordenado. A civilização busca
ansiosa, insistentemente, homens nestas condições. Tudo que tal homem pedir,
conceder-se-á. Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo,
em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do
mundo inteiro, praticamente, se resume nisso: "precisa-se e precisa-se com
urgência, de um homem capaz de levar uma Mensagem a Garcia".
Mensagem a Garcia (1899),
ensaio do filósofo, escritor e jornalista estadunidense Elbert Hubbard (1856-1915), que se transformou em dois filmes – uma
versão muda de 1916, por Thomas Edison e uma outra de 1936 dirigida por George
Marshall -, contando a história de um camarada que heroicamente enfrentando
todas as adversidades, entregou uma mensagem do presidente ao general Garcia, líder
das forças rebeldes cubanas durante a guerra hispano-americana.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte
do pintor polonês Damian Klaczkiewicz.
DEDICATÓRIA:
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: Lusco-fusco, do pintor e gravador Caetano
de Almeida.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.