segunda-feira, abril 17, 2017

JACK LONDON, MIRINHO, CANAVIAL & LIGAS CAMPONESAS.

DA CANA SOU ALMA DOCE & FEL – A cana sou doce e fel. Nela sorrio, nela me mato e me embriago, viro copo, passo a foice, vivo dias, varo noites sangue no plantio pra limpa e o chão pra queimadas, morto-vivo no barro dos conflitos fundiários, latifúndio, terra alguma: tudo é tão contraditório e desigual, a seca-verde, a soca e a sacarose e eu mãos limpas lisas confundindo botada com pejada, só a alma calejada como quem fala muito pra aliviar suas dores até quando o corte e a folha afiada no talho frio traiçoeiro, sou fera e arranco até raiz. Aj, é preciso sorrir pra não chorar e chupo gomo, rolete, caldo de cana, embolo sangue no bagaço – bom demais! Ah, fazer festa porque a vida é tão dura diante do gosto e o gostar, se pensar se mata de desgosto: é tão difícil viver! E resisto na miséria, cumpro a pena de escravo pra açucarocratas serem felizes, enquanto sem voz, sem valor, sem. E retorno depois da expropriação - o meu poema interminável: toda poesia é falsa porque é a vida, outro lado de Deus, a vida é cada um e todos. Cada um, cada um, e todos. E quando apenas choro não faço nada, não convivo com a catinga do suor de quem madruga até o ocaso a se danar eito afora quase lixo aos ventos incontroláveis pelos cotovelos ao saber da boca no coração, futuro algum pra não ter nada agora, só a luta, tão somente e a cana tudo e nós. E sinto que sou nela todos eles, quanta miséria, maior a minha que só sei chorar cônscio de mim e neles por serem tempo afora sem saber do mundo e a me ensinar o que não sei das tristes partidas e a algazarra no frêmito das chegadas. Assim como são as coisas e tudo e nada, açúcar ou álcool, apesar dos pesares, viver é bom demais. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

LIGAS CAMPONESAS
[...] a partir da década de cinquenta, ocorreu uma expulsão em massa do morador e a expropriação dos lotes arrendados aos foreiros. Esses contingentes expropriados ou se deslocaram para as terras menos férteis e afastadas da Zona da Mata, nas linhas limítrofes com o Agreste, recriando assim um  campesinato  marginal com a sua dupla função de produtor de alimentos e exército agrário reserva; ou se proletarizaram de maneira irreversível, migrando para as cidades e vilas circunvizinhas aos engenhos e usinas, onde tornaram-se trabalhadores volantes.
Trecho extraído da obra As ligas camponesas (Paz e Terra, 1982), do sociólogo, professor e pesquisador Fernando Antônio Azevedo.


Veja mais sobre:
O doce voo no sangue das andorinhas invisíveis do canavial, o pensamento de Padre Antônio Vieira, a coreografia de Ekaterina Krysanova, a pintura de Iryna Yermolova, a arte visual de Arthur Brouthers, a poesia de Vera Salbego, a música de Silvério Pessoa & Jacinto Silva aqui.

E mais:
A lenda do açúcar e do álcool, A educação de Anísio Teixeira, a História da Filosofia de Wil Durant, a música de Yasushi Akutagawa, a pintura de Madison Moore, Cumade Fulôsinha & Menelau Júnior, a coreografia de João Pirahy & Oração da Cabra Preta aqui.
Salmo da cana, Os doze trabalhos de Peisândro de Rodes, Os trabalhos e os dias de Hesíodo, O informe de Brodie de Jorge Luis Borges, a escultura de Auguste Rodin, a música de Chico Buarque, a literatura de Émile Zola, O operário em construção de Vinicius de Moraes, o Teatro de Nelson Rodrigues, Tempos Modernos de Charlie Chaplin, a arte de Magda Mraz, Heracleia & Hércules, Monteiro Lobato, Psicologia Social & Formação Huamana aqui & aqui.
A cana dos coronéis aos mamoeiros aqui.
A cana, os caetés & Sardinha aqui.
A cana & a escravaria toda, Hegel, Mário Quintana, Debret & Pauley Perrette aqui.
A cana & o século XVI aqui.
A cana & o Brasil holandês aqui.
O Brasil na festa do Fecamepa, a literatura de Anna Bolecka, a música de Marlos Nobre com Leonardo Altino & Ana Lúcia Altino, a pintura de Sophia Monte Alegre & a arte de Adriana Varejão aqui.
A literatura de Adolfo Bioy Casares, a poesia de Guillaume de Poictiers, a música de Charles Mingus, a pintura de Pierre Bonard, Cabra marcado para morrer, a fotografia de John Watson, Estética Teatral & a arte de Louise Cardoso aqui.
A biblioteca nossa de cada dia, História do Amor de Nicole Krauss, a poesia de Carles Riba, o pensamento de Lloyd Motz, o cinema de Yasujirō Ozu & Shima Iwashita, a música de Carla Bruni, a pintura de Mauro Soares, Notícias Cariocas, Aprendizagem, Tributo & Imposto aqui.
Psicologia Infantil, a música de Béla Bartók, o teatro de Gerd Bornheim, a literatura de Nilto Maciel, a poesia de Leila Diniz & Clotilde Tavares, a pintura de Gutzon Borglum o cinema de David Lean & Sarah Miles aqui.
A lágrima de Neruda & prelúdio, A divisão do mundo de Jiddu Krishnamurti, O destino do homem de Goethe, Elogio ao amor de Alain Badiou, a entrevista de Márcio Borges, a música de Tchaikovsky & Elena Bashkirova, a pintura de Pierre Alechinsky & Roy Lichtenstein, o teatro de Clarice Niskier, o cinema de Neville de Almeida & Christiane Torloni, a arte de Debra Hurd, a poesia de Alvaro Posselt, a fotografia de Harrison Marks, as gravuras de Jerzy Drużycki & Palavra Mínima aqui.
A solidão de Toulouse, A mulher celta, a literatura de Elfriede Jelinek, a entrevista de Gilberto Mendonça Teles, a música de Jonatha Broke, a pintura de Henri Toulouse-Lautrec, a arte de Paulo Mendes da Rocha & Michael Aaron Williams, a fotografia de Marcos Vilas Boas, Salgadinho & Psicologia Ambiental aqui.
Lavratura, O pensamento de Antonio Quinet, Os megálitos de Orens, a música de Bach & Hilary Hahn, A maternidade de Francisca Praguer Fróes, a pintura de Joan Miró & Peggy Bjerkan, a arte de Mário Zanini & Luciah Lopez, Por um novo dia, A vida começa no final de semana & O que sei de mim é só de você aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
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CANAVIAL, CANAVIEIROS
(Foto: Cícero R. C. Omena)
[...] seria um ledo engano imaginarmos que os trabalhadores canavieiros são completamente submissos e resignados em relação à exploração-dominação da força de trabalho. Ainda que envolvidos em uma correlação de forças extremamente desfavorável, os trabalhadores canavieiros resistem, tanto em ações individuais e ocultas (boicotando os padrões do corte, sabotando o canavial, abrindo roçados em suas fendas, etc.), quanto em formas de lutas coletivas e públicas. Apesar dos limites dessas ações, que combatem os efeitos da exploração-dominação da força de trabalho, mas não as suas causas, essas práticas de resistência são fundamentais para minimizar a degradação do trabalho e para possibilitar que as lutas sejam elevadas a um patamar que questione o próprio trabalho assalariado e seus fundamentos. [...].
Trecho da dissertação de mestrado Trabalhadores nos canaviais de Alagoas: um estudo sobre as condições de trabalho e resistência (UFSCar, 2012), defendida pelo sociólogo e pesquisador Lúcio Vasconcellos de Verçoza.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: “Vejo à frente um tempo em que o homem deverá caminhar para alguma coisa mais valiosa e mais elevada do que seu estômago, quando haverá maiores estímulos para levar os homens à ação do que o incentivo de hoje, que é o incentivo do estômago”.
Trecho do conto O que a vida significa pra mim, extraído de Contos (Expressão Popular, 2001), do escritor, jornalista e ativista estadunidense Jack London (1876-1916).
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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