DAS MANCHETES AO INÚTIL
TUDO É VENDIDO E CONSUMIDO - Para quem vive como eu escapando das manchetes alarmistas
e das ninharias espetacularizadas pelo glamour do inútil, não sobra muita coisa
além de sacar no cotidiano a reprodução das macaquices ou as caricaturas do mau
gosto pra farra dos que se acham letrados novos ricos sobre a turba dos
desmiolados. Não dá pra esconder o asco de ter que ver as receitas mirabolantes
quando não simplistas dos que são atrelados ao recato do politicamente correto definindo
isso ou aquilo e a mangar dos clandestinos vivos que nunca tiveram cidadania
sem ao menos saber do que se trata, nas entrevistas que a programação de toda
imprensa reinam incólumes. Para muitos inominados e anônimos, fora aqueles que
pintam de bom moço nas missas e cultos e que no dia a dia se prestam a
perpetuar negociatas de muambas e bugigangas nos cofres públicos, os desajustes
do futuro não só vieram pra ficar corroendo tudo até o fim do mundo, como seria
a única porta aberta pra gente se livrar da vaca que foi pro brejo no meio do
espectro de uma violência institucionalizada, quando todos já subimos no
telhado e esperamos depois das águas baixarem para ver como é que fica, naquela
sacada de que um milagre pode inevitavelmente acontecer. Ah, como preferem,
antes de mais nada, a presciência dos que nada sabem a dizer loas que em nada
comprometem a raiz das ideologias dominantes, assim valorizam o reino das
oportunidades a qualquer um miserável postulante aos seus quinze minutos de
fama, só porque eles são pouco ou nunca prestigiados pela soberba dos sabidos
que sempre acham que não há salvação fora da esperteza de sorrindo meter os
cinco dedos na nossa ferida e de aplicar a máxima de que chapéu de otário é
marreta! Ah sabidos sempre armados com seus golpes mortais, desmoralizantes e
brutais, a perpetuar o deslavado engodo de que estamos todos em apuros e à
beira da mendicância. Tudo redunda naqueles apelos patéticos e alarmistas de
que não há quem dê mais jeito, tenha medo, sempre tenha medo e seja feliz, se puder,
no meio dos luxuosos vaticínios de tecnocratas com o rabo conivente nas regras
de mercado. Pelo menos, acham donos de si, que apagam o facho de certas
leseiras e fomentam o palatável antes baixaria, tudo nivelado por baixo como um
prato feito a ser digerido por todos na festa da nossa indigência intelectual que
deixa sempre a impressão de que só os que arribaram de morte matada ou morrida
é que estavam com a razão. Pelo menos escaparam dessa e deixaram pra gente a
sensação de que só resta aos que estão do lado de fora da festança dos órgãos
públicos o sentimento difuso da desesperança, a reconhecer a derrota da boa
vontade sob o mal-estar dos delírios da negatividade que só faz consumir para
aplacar o paroxismo neurótico de quem só sabe a novidade descartável na compra
do último lançamento de agora. Trocando em miúdos, a gente vai aprendendo na
marra, quer queira ou não, no horizonte acanhado da medíocre existência
equivocada. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
Curtindo
o álbum Brass Shout (United Artists
Records, 1959), do trompetista Art Farmer
(1928-1999) & do trompetista Lee
Morgan (1938-1972), com arranjos e regência do saxofonista tenor e
compositor Benny Golson.
Veja
mais sobre:
Cybele, Molière, Marguerite Duras, Contos de Panchatantra, Freud & Ida Bauer, Maurice de Vlaminck & Muddy Waters aqui.
E mais:
Segura o
jipe, A prima de Vera Indignada & Pedro Cabral aqui.
Fecamepa:
enquanto os caras bufam por aumento no
governo, aqui embaixo a gente só paga mico, né aqui.
O
recomeço a cada dia, Ibn el-Arabi & Indries Shah, Petrina
Sharp & Faisal Iskandar aqui.
As
pedras se encontram nos mundos distantes, Rafael Piccolotto de
Lima, Sing
& Luciah Lopez aqui.
Tudo
passa pra quem não sabe o desprezado, Maurice Merleau-Ponty, Shane Turner & Martina Shapiro aqui.
O sonho de infância &os dissabores da
vida, Diná de Oliveira, Eurípedes, Ferenc
Gaál & Mohammed Al-Amar aqui.
O sonho do sequestro malogrado, Juca Chaves, Étienne-Jules Marey, Leonid Afremov & História do Cinema aqui.
Mario Quintana, Wang Tu, Tácita, Vera
Drake, Eduardo Souto Neto, Mike
Leight, Ansel Adams & Carlito Lima aqui.
Wystan Hugh Auden, Stanislaw Ponte Preta, Anaïs Nin
& Maria de
Medeiros, Francisco Manuel da Silva, Alberti
Leon Battista & Luli Coutinho aqui.
Arthur
Schopenhauer, José Cândido de Carvalho,
Johann Nikolaus Forkel, Luís Buñuel, Victor Brecherer, Iremar
Marinho & Bestiário Alagoano aqui.
História
da mulher: da antiguidade ao século XXI
aqui.
Palestras:
Psicologia, Direito & Educação aqui.
A croniqueta
de antemão aqui.
Livros
Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda
de Eventos aqui.
A arte do
fotógrafo Ramses Marzouk.
DESTAQUE:
Antigamente, as coisas eram piores, só que
depois foram piorando.
[...] Como são vivos e novos os passarinhos
enxotados pela aurora! Como a alma de um homem é boba e vadia! Como a doçura da
preguiça de uma criatura que amanhece é infinita! Como às vezes, ao surgir o
dia, o homem se descobre miraculosamente perdoado de todos os crimes, crimes
não, de todas as coisas feias que cometeu. Que nem cometeu, que deixou
acontecer. Quem nos perdoa, não sabemos. Talvez seja assim: o sofrimento se
junta, vai se juntando dentro da gente, lacerando, doendo, até que um dia a dor
é tanta que nos pune. Então, ficamos perdoados. Puros, recomeçamos de alma
nova, passada a limpo como um exercício de escola. [...]
Trecho
da crônica Aurora, extraída da obra O amor acaba: crônicas líricas e
existenciais (Companhia das Letras, 2013), do escritor e jornalista Paulo Mendes Campos (1922-1991).
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
DEDICATÓRIA:
A edição
de hoje é dedicada à escritora, pesquisadora, produtora cultural, consultora e
palestrante Maria Áurea Santa Cruz,
editora dos blogs Sertão Des-Encantado, A musa sem máscara, Pois é fala e diz
& MPB Patrimônio Imaterial.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra