terça-feira, abril 25, 2017

EINSTEIN, CAETANO, RUTH RACHOU, AMOR EM SAMPA & ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS

ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Entre o espelho e a foto, a vida por um fio: do cordão umbilical ao esquecimento, quantas lembranças de menino do quintal nas rodagens de Badalejo: o carro de boi trazia novidades. Quando não, o olho nas fechaduras e nos manequins de mulher nua, quanta correria. parece que foi ontem, paisagens outras: quintais e troços que nem existem mais. A Rua do Rio se perdeu no tempo, o ginásio municipal ainda incendeia o moleque que queria atravessar o rio Una e o Pirangi, o canavial até o pescoço, coisas de mãos dadas e a vista no chão. Ainda sou no carinho de Pai Lula e Carma nos brinquedos da tarde por manhãs e noite, na garupa do cavalo de vô Arlindo e na reinação pela bodega de vó Benita, vou como sou: ambulante de Deus. Tudo era mais que zorra no rádio de pilha colado ao pé do ouvido cantando de tudo e a imaginação na fantasia do artista nos palcos da vida e aplausos. Não menos me metia nas peladas dos campinhos e o perna de pau no futebol como se fosse um craque da seleção de 70. Queria tudo, tudo ao alcance da mão e o reino do faz de conta desde o teatro no colégio, a música na varanda de Gulu, a filosofia nos copos, a vida pelas calçadas das ladeiras, o cinismo bobo de todas as errâncias, a arte a pulso e contra tudo e todos: fragmentos de mim, pedaços de quimeras que ruíram do tédio e das lassidões, simulacros, parafilias. Ah, entre cães raivosos e mugidos, eu seguia a toda pelos matagais entre estampidos, caçotes, mosquitos, piparotes. Muitos alaridos que vinham de longe pras galhofas, pedradas nas vidraças e pés na bunda, maior bagaceira! Coisas que não aprendi a lidar entre moitas, chãs e capoeiras. Seria mané-gostoso, não fossem tantas travessuras e maloqueragens na expectativa do improvável e solos de violas pras aspirações impossíveis, quantos sonhos no horizonte flutuante, esmurrando ventos, chutando lata, olhando pro relógio a hora de ir e achar a tabela periódica um tabuleiro de jogo, a invasão de domicilio por cima do muro, o quase não se conter em si na Festa do Dia 8, presepadas e carrosséis. Dos garranchos pra péssima caligrafia havia o tombo das sentenças, registro de processos e protocolos de intimação – o direito nem passava pela cabeça, um destro cabeça nas nuvens e anjo torto às esquerdas. Quase sempre correria me safando dos pintos na gaveta, as noites insones, as queimações de filme, a fotografia 3x4 e tantas perguntas adivinhando respostas, closes e poses, caras e lugares. Em qualquer esquina eu me valia do que desse com as mulheres da rua, cocô de pombos, louco varrido no meio de pilhérias pelo lamaçal do barro, as rieiras e trilhas no capinzal, o arame farpado e avelois, putas, caboetas e cheleleus. Haja vista os que se foram pra nunca mais, outros se perderam nos atalhos e vielas, amigos que se tornaram inimigos e eu nem sabia disso – a gente nunca se lembra do que faz aos outros, só ao se dar conta de que todos sumiram, ou se afastaram de fininho e não sobrou ninguém pra servir de ombro ou mão em socorro. Parece até que tudo foi pro beleleu, quantas rememorações no travesseiro tentando fugir do Hades, como quem se esquece do ruim e só lembrar das boas no clique do tempo que para pro Dorian Gray. Quantos risos, choros esquecidos, o pior é ter que recuperar o tempo perdido e correr atrás, a reconstrução das perdas nas imagens distorcidas: lembranças vivas nas molduras da memória, sensações recorrentes de que tudo parou, apesar de tudo mudado, déjà-vu: sonhos e pesadelos reais na data da carteira de identidade, bilhetes e cartas perdidas, quantas extraviadas, tantas segredadas que não seguiram pros destinatários, gente da mais alta estima, as recordações e o abandono, eu acho, envelheci. Dentro de mim a criança teima em brincar e fugir. O espelho diz que não, nem vi o tempo passar na condenação de esquecido. Parece que tudo foi ontem, mesmo. Eu nem sabia, até. Ah, se tenho passado é porque vivo, estou perdido e vou adiante. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

AMAR A CIDADE
O musical Amor em Sampa (2016), dirigido por Carlos Alberto Riccelli e Kim Riccelli com roteiro da Bruna Lombardi, vale mais as cinco histórias que transitam com pano de fundo: a campanha de amor à cidade. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruzo a Ipiranga e Avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi da dura poesia concreta de tuas esquinas, da deselegância discreta de tuas meninas.
Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e avenida São João.
Quando eu te encarei frente a frente e não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho, nada do que não era antes quando não somos mutantes e foste um difícil começo
Afasto o que não conheço e  quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba mas possível novo quilombo de Zumbi e os Novos Baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa.
Sampa, música do álbum Muito – dentro da estrela azulada (Universal Music, 1978) compositor, cantor, produtor, arranjador e escritor Caetano Veloso. Veja mais aqui, aqui e aqui.

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Dois quentes & um fervendo, a poesia de James Joyce, A música viva de Koellreutter & Carlos Kater, a pintura de Jan Sluijters, a arte de Karel Appel, a música de Brahms & Giorgia Tomassi aqui.

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O lado fatal de Lya Luft, a literatura de Marcia Tiburi, Afrodite & o julgamento de Páris, a música de Diana Kral, o teatro de Cacilda Becker & José Celso Martinez Corrêa, o cinema de Krzysztof Kieslowski & Julie Delpys, a arte de Jeanne Hébuterne, a pintura de Débora Arango & Enrique Simonet aqui.
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A gente tem é que fazer, nunca esperar que façam por nós, O enigma do artista de Ernest Kris & Otto Kurz, Os catadores de conchas de Rosamunde Pilcher, As viagens de Marco Polo, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, Respeito aos idosos, a música de Silke Avenhaus, a arte de Beth Moyses & Antonio Saura, Os passos desembaraçados nos emaranhados caminhos & Quando os ventos sopram a favor, tudo fica mais fácil aqui.
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História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
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ARTE
arte da bailarina, atriz, coreógrafa, diretora e professora Ruth Rachou.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: Quando agredida, a natureza não se defende: apenas se vinga, pensamento do físico teórico alemão Albert Einstein (1879-1955).
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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

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