AGANOCÊ: O POEMA FEITO
PROSA DE AMOR – Imagem: arte da poeta, artista visual e
blogueira Luciah Lopez. - Sou coração na mão, carne esquartejada, andarilho
errante na noite pavorosa dos dias imensos, a mendigar pousada para minhas
andanças no seu coração nu deitado ao Sol. Ouço
em voz alta a respiração dos segredos que delineiam seu corpo e me provocam
arguto sedutor, a perseguir cada mínimo fluir de sua fruição provocante, a me
fazer descarga além da vontade de viver desembaraçado por seus entornos, que me
fazem viandante ao eterno retorno do que sou em você. Uma vez e mais vezes tantas fui o primeiro a tocar a pele do seu
poema vivificante e nele revivi a embriaguês do vinho nobre na satisfação de
entontecer e celebrar a mais lúcida das alucinadas sensações de viver e amar,
para rastejar novamente do fim ao ponto inicial de cada ato indispensável. Instantes eternizados na minha fome e
sede, fizeram de você a estrela que se deseja por guia e a perseguir noitedia as
tantas veredas que me levam ao futuro prometido de aportar no cais de sua
morada eterna. Nela é tudo começo e
recomeço com idas e voltas à porteira do mundo e refaço contumaz a vez primeira
pela milésima vez, como se não bastasse apenas ter de ir ou ficar, mas ir e vir
para reviver o novo de sempre e a novidade da revisita. Tudo é extremamente inigualável, por ter sido o que foi e é no que
será cada vez provado, cada vez sentido, cada vez saboreado como um novo gosto
na mesma tigela sedutora e inesgotável. Emerso,
restauro o fôlego para tibungar afoito recorrente no paroxismo dos seus versos
transbordantes que saltam da sua boca, seios, ventre, e me enredam nas suas
aconchegantes súplicas e inescapáveis seduções. Inteiro e firme sou aquele que chegou para ficar e fazer morada pra
sair e voltar pela calada da noite dos seus murmúrios e me aninhar pelas manhãs
saltitantes de sua euforia receptiva e surpreendente. Renovando a vida a cada dia no que sou em você, perfilados, meu
sexo no seu, somos agá, a ponte entre o presente e a entrega, onde aprendo a
pôr pedras para edificar o abrigo onde achei o que perdi, juntando meus pedaços
a se completar no seu ser de mar aberto. O
que ganho não se perde, a fonte perene de sua carne recrudesce a minha
língua entre seus lábios e meu falo revivendo no seu fogo e flama, inexplicáveis
e vivificantes e arrebatadoras sensações de infinitude e amplidão. Meu coração das minhas mãos pro seu, vai
longe suas entranhas para ser reinação e festa no que de seu me pertence para
devolver mutuamente até não saber mais o que é de meu e seu por ser minha. Vai mais e longe além porque meus braços
envolvem sua esplendorosa feitura torsal, deslizando sua magnânima sinuosidade
dorsal, a desconhecerem o que perto ou longe se faz entre o querer e o prazer. Ouço sua voz e a poesia é viva em meu
ser, porque cada palavra brota de novos versos e reversos de sua manifestação
mais íntima para se realizar no que de mim é mais que sentimento. Cada verso renovado e o cheiro de sua
flor, cada sílaba e o perfume do seu roseiral, cada palavra que me chega e o
suor de sua magnífica exalação, recompõe meu ser e me faz seu poema
transformado em beijos que lhe distribuo aos montes. E teimoso requerente eu refaço trajeto no que é de seu pra mim, com
zilhões de novos beijos, ternura antiga e zis afetos para sermos festa a toda
hora e o dia todo, vivendo a nossa orgia viva e transbordante. © Luiz Alberto
Machado. Veja mais aqui.
Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história.
Pensamento
da filósofa política alemã de origem judaica Hannah Arendt (1906-1975). Veja mais
aqui, aqui e aqui.
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