quinta-feira, abril 06, 2017

ALMEIDA PRADO, GOELDI, ELBERT HUBBART, CAETANO DE ALMEIDA, KLACKIEWICZ & SONIA BARROS

QUEM PEGA NO PESADO NÃO PRECISA LAVAR AS MÃOS – Imagem: Boudoir (2003) & Tomo do piano (2014), do pintor e gravador Caetano de Almeida. - Quem diria, hem, ninguém me disse nada, covardia, gente! Alguém que seja não avisou que as coisas mudam tão repentinamente e estão mudando com uma rapidez impressionante, nem consigo acompanhar, passei batido e tenho que ficar de mutuca pro momento certo de capturar a oportunidade. Piscou o olho, já era. Tem novidade dessa aí que não vale um cocô de loro, só feito pra tevê e pra desfilar na soberba dos vazios. Quem é do bôco-môco não sabe alisar coisinhas sofisticadas muito delicadas, finda é quebrando tudo, uma lástima. Ah, tem gente que só quer aparecer mesmo, muito menos interessados no que está fazendo do que como será visto, aparecer é o que vale, do jeito que for: pegadinha, saia-justa, pintou, rolou. Assim nada poderia dar mais certo ou errado, vale a sucessão dos fatos, o que findar ficou, sem ter que ficar enredado num emaranhado incoerente e arbitrário que se engasga com a inépcia moral ou com quantas analogias que boicotam todo esforço de fazer bem feito – era uma vez um Paraguay escandaloso, agora todos são Paraguays legítimos, entre o vulgar e a manipulação, mesmo simulando falar de outro assunto qualquer, escamoteando a realidade. Quanta falsificação, ninguém se dá conta de que o gato com lebre está comendo no centro, não é!?! Tudo trabalho malfeito às lágrimas de crocodilo que não provam nada e só vigoram na base do suborno – quem haverá de estar pronto para dar conta do recado, ou há de ter poupando quando todos precisavam, ah, quem resistiria à tentação de vender a alma ao diabo e sair debulhando um a um dos então amigos achegados agora mais que odientos praticantes nefandos de heresias muitas, quem às duras penas e mesmo sangrando escoriações do tempo chegou ao destino para fazer festa onde qualidades no meio das impurezas não era nada demais e ninguém podia fugir, inescapável, inevitável, tanto quanto insurretos descabelados na imbecilidade e na inabilidade de julgar ser de justiça fazer o que achava certo e a corrigir os males com punições rigorosas para uns e amenas para outros, quando na verdade pune-se apenas, males perpetuados e tudo vai de mal a pior a despender um tostão furado pela paz nas represálias dos genocidas, porque o que não tem provas se inventa e continua tão quanto sempre com altas baixas na moralidade e outras aberrações intoleráveis na grosseira encenação para dizer que a forma mais certa de chegar a verdade é mentindo – há quem defenda isso com unhas e dentes! Eita, meu, nem sabia que se mudou muito, nunca se mudou tanto. E quem pega no pesado nem tem tempo de lavar as mãos, vai com tudo tentando levar a mensagem ao Garcia. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

 Curtindo álbuns com a obra do pianista e compositor de música erudita Almeida Prado (1943-2010). Veja mais aqui.

Veja mais sobre:
Todo dia, a primeira vez, Gilvan Samico & Paul Mathiopoulos aqui.

E mais:
Afrodite & O julgamento de Páris, Lya Luft, Marcia Tiburi, Cacilda Becker, Diana Krall, José Celso Martinez Corrêa, Krzysztof Kieslowski, Jeanne Hébuterne, Débora Arango, Julie Delpys & Enrique Simone aqui.
Reflexões de metido em camisa de onze varas e cheio de nó pelas costas, Viviane Mosé, Ralph Waldo Emerson, Isaac Newton, o Método Perigoso de Carl Gustav Jung & Sabina Spielrein, A Síndrome de Klüver-Bucy, Auguste Comte & Cloltilde de Vaux aqui.
Slavoj Zizek, Victor Hugo, Pier Paulo Pasolini, Agildo Ribeiro, Silvana Mangano, Honoré Daumier, Altay Veloso & Maria Creuza aqui.
Li Tai Po, Paul Ricoeur, Millôr Fernandes, Carlos Saura, Ralph Gibson, Salomé & Aída Gomez, Ronaldo Urgel Nogueira & Mônica Salmaso aqui.
O morto e a lua, Ferreira Gullar, Oscar Wilde, Louis Malle, Montaigne, Lisztomania, Juliette Binoche, Virginia Lane, Luhan Dias & Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva aqui.
A desgraça de um é a risada de outro, Gonzaguinha, Rosie Scribblah, Milton Dacosta, Jean-Michel Basquiat, Nitolino & Literatura Infantil aqui.
Dos gostos e desgostos da vida, Claude Monet, Ewald Mataré, Chris Maher, Marlina Vera & Quanto mais a gente vive, mais se enrola nas voltas do tempo aqui.
A República no reino do Fecamepa – lições de ontem e de hoje pro que não é: Platão, Cícero, Maquiavel, Montesquieu, Rousseau, Georg Lukács, Norbert Elias, Zygmunt Bauman & aqui.
Abram alas pra revolta passar que os invísiveis apareceram, Debora Klempous, Amadeo de Souza-Cardoso, Neurofilosofia & Neurociência Cognitiva aqui.
As escolhas entre erros e acertos, Armand Pierre Fernandez, Alexandra Nechita, Raceanu Adrian & Laura Canabrava aqui.
Das vésperas & crástinos na festa do amor, Peter Greenaway, Dalu Zhao, Luciah Lopez, A Notícia & Jamilton Barbosa Correia aqui.
Água morro acima, fogo queda abaixo, isto é Brasil, Noêmia de Sousa, Juarez Machado, Tetê Espíndola, Glauco Villas Boas, Geraldo de Arruda Castro & Giselda Camilo Pereira aqui.
Todo dia o primeiro passo, José Orlando Alves, Gilberto Mendonça Teles, Belle Chere & David Ngo, Lia Rodrigues Companhia de Danças & Maria Núbia Vítor de Souza aqui.
Pelos caminhos da vida, A lenda Tembé do incêndio universal e o dilúvio, Benedicto Lacerda, Ferdinand Hodler, Clodomiro Amazonas, Alessandro Biffignandi, Diane Arbus & Ligia Scholze Borges Tormachio aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Fecamepa aqui e aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

 A arte do desenhista, ilustrador, gravador e professor Oswaldo Goeldi (1895-1961). Veja mais aqui

DESTAQUE: MENSAGEM A GARCIA
[...] Salve! Viva! Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze e sua estátua colocada em cada escola. Não é somente de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem somente de instrução sobre isto ou aquilo. Precisa sim de um endurecimento das vértebras, para poder mostrar-se altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado; para, em suma, levar uma "Mensagem a Garcia". [...] O general Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma grande empresa, em que a ajuda de muitos se torna necessária, têm sido poupados momentos de verdadeiro desespero ante a imbecilidade de um grande número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada coisa e fazê-la. A regra geral tem sido: assistência irregular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho mal feito. Ninguém pode ser verdadeiramente bem sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu alcance para fazer com que outros homens o auxiliem, a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia faça um milagre, enviando-lhe como auxiliar um anjo de luz. [...] E esta dificuldade de atuar independente, esta incapacidade moral, esta fraqueza de vontade, esta falta de disposição de solicitamente se pôr em campo e agir, são as causas que impedem o advento do socialismo puro. Se os homens não tomam iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão se o resultado de seu esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam ser dirigidos. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz trabalhar é o medo de, se não o fizer, ser despedido no fim do mês. Anuncia precisar de um taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar - e, o que é mais grave, pensam não ser necessário sabê-lo. Poderá uma pessoa destas entregar uma carta para Garcia? [...] Ultimamente temos ouvido expressões sentimentais, demonstrando simpatia para com os pobres entes que lutam de sol a sol, para com os infelizes desempregados à cata do trabalho honesto, e tudo isso, quase sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no poder. Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, num esforço inútil para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscienciosamente. Nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal, que, no entanto, muitas vezes nada mais faz do que "matar o tempo", logo que ele volta as costas. Não há empresa que não esteja despedindo pessoal que se mostre incapaz de zelar pelos seus próprios interesses, a fim de substituí-lo por outro mais apto. Este processo de seleção por eliminação está se operando incessantemente com a única diferença que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseia, a seleção se faz mais escrupulosamente, pondo-se fora, para sempre, os incompetentes e os inaproveitáveis. É a lei da sobrevivência do mais capacitado. Cada padrão, no interesse comum, trata somente de guardar os melhores aqueles que podem levar a "Mensagem a Garcia". Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra necessária para dirigir um negócio próprio, e que ainda se torna completamente nulo para qualquer outra pessoa devido à suspeita que constantemente abriga, de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia, retrucaria, provavelmente: "Leve-a você mesmo". Hoje esse homem perambula errante pelas ruas em busca de trabalho, em estado quase de miséria. No entanto ninguém que o conhece se aventura a dar-lhe trabalho, porque é a personificação do descontentamento e do espírito de discórdia. Não aceitando qualquer conselho ou advertência a única coisa capaz de nele produzir efeito seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota de número 44, sola grossa e bico largo. Sei, não resta dúvida, que o indivíduo moralmente aleijado como este, não é menos digno de compaixão, vertamos também uma lágrima pelos homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujos cabelos ficam muito cedo envelhecidos na incessante luta em que estão empenhados contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz, justamente daqueles que sem seu espírito empreendedor, poderiam andar famintos e sem lar. Dar-se-á o caso de eu ter pintado a situação em cores demasiado carregadas? Pode ser que sim; mas quando todo mundo se prende a divagações, quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que dá êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros e que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou. Nada, salvo a sua simples subsistência. Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jardineiro, como também já fui patrão. Sei, portanto, que alguma coisa se pode dizer de ambos os lados. Não há excelência na pobreza em si mesma; farrapos não servem de recomendação. Nem todos o patrões são gananciosos e tiranos da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos. Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscientemente, quer o patrão esteja, quer não, e ao homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranqüilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas, sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta que encontrar, ou praticar qualquer outro gesto que não seja entregá-la ao destinatário. Este homem nunca fica "encostado", nem tem que se declarar em greve para forçar um aumento de ordenado. A civilização busca ansiosa, insistentemente, homens nestas condições. Tudo que tal homem pedir, conceder-se-á. Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro, praticamente, se resume nisso: "precisa-se e precisa-se com urgência, de um homem capaz de levar uma Mensagem a Garcia".
Mensagem a Garcia (1899), ensaio do filósofo, escritor e jornalista estadunidense Elbert Hubbard (1856-1915), que se transformou em dois filmes – uma versão muda de 1916, por Thomas Edison e uma outra de 1936 dirigida por George Marshall -, contando a história de um camarada que heroicamente enfrentando todas as adversidades, entregou uma mensagem do presidente ao general Garcia, líder das forças rebeldes cubanas durante a guerra hispano-americana.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do pintor polonês Damian Klaczkiewicz.
Veja Fanpage aqui & mais aqui e aqui.

DEDICATÓRIA:
A edição de hoje é dedicada à escritora Sonia Barros.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: Lusco-fusco, do pintor e gravador Caetano de Almeida.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja os vídeos aqui & mais aqui e aqui.