VAMOS APRUMAR A CONVERSA? COCÃO DO PADRE - Nhenhenhéns de banda, pândegas de lado, muitas
são as esfoladas polêmicas arrebatadas na câmara de vereadores, nos antros de
perdição, nos gabinetes das autoridades, nos púlpitos religiosos, nas alcovas
matrimoniais, em todos e inimagináveis locais de aglomeração, com relação a um
monumental patrimônio da comunidade trombetense, fidedigno de se constituir num
dos ícones da humanidade pela sua curiosa pequenez e paradoxal grandiosidade
conferida pela insólita fanatização, tanto contra como a favor pela modesta
população que arrodeia, resultando nas mais diversas pendengas e querelas da
mundiçada toda. Os a favor, são extremamente violentos quando arregaçam as
mangas e compram a maior briga na defesa dessa inquestionável graça divina. Os
do contra são irredutivelmente aguerridos na destruição dessa totêmica e
supersticiosa coisa ruim, verdadeiro atraso de vida para todos os residentes
dali. Os da coluna do meio que nem pendem prum lado nem pro outro, nem
catingam, nem cheiram, num movem uma palha sequer para acabar com o rebuceteio,
nem nem. Como se não bastasse, ainda tem a turma do saçarico munganguento que
são contra os a favor e vice-e-versa e versa-e-vice e do contra em tudo e só tocam
fogo botando mais lenha só pra ver o desgraceiro do confronto fumaçando brabo.
Mais nada. Essa gentinha gaiata é a que mais se avoluma na peleja, só pra ver a
arenga estrondar na risadagem frouxa. Eita, pau! Sem querer puxar sardinha nem
prum lado nem pro outro, muito menos para lado algum, sem sombra de dúvida,
aquilo é uma representativa fulguração da província nordestina, não tendo lá os
holofotes e a pomposidade de figurar entre as grandes vitrines das
suntuosidades mundiais, mas que dá no que falar, dá; fuxico que só; enredo,
muito; candinhagem, bote fé; lorota, avalie. E que merece, merece, só não sei
se para veneração, ou se mangação. Deixe ver. Para uns acalorados defensores,
ele é valioso porque foram os ingleses da Great Western que descobriram essa
fonte, vez que se tratava de uma nascente de águas cristalinas, santa
curandeira, que, segundo alguns boateiros, foi onde a Besta Fubana deu uma
mijada de abrir um buraco enorme no chão. Na vera. E olhe que o insólito
esgueirou-se, pois lá, quem chegasse que fosse, já se via e testemunhava
aleijado andar, cego ver, mudo falar, doente bom, impotente foder, tarado
caiar, tudo só com um toque na areia do lugar. E mais: juram pela alma da mãe e
pela fé de todos os santos que foi onde Frei Damião Bozzano se batizou; onde
Antônio Conselheiro antes de sapecar forças em Canudos, veio se purificar na
sua verdadeira água benta; onde Padre Cícero num se cansava de carregá-la nos
seus frascos para distribuir aos fiéis no Ceará e mais lá vai tampão. E num era
pouca a briga de espíritas, xangozeiros, padres, pastores, bodes e cabras de
todo tipo para ver quem carregava mais daquele santíssimo líquido precioso. Era
cada arranca-rabo todo dia e o dia todo. E quanto mais levavam, mais ela se
tornava abundante. Por isso é rodeada de tantos mistérios transcendentais. Para
se ter uma melhor idéia do estrupício, no buraco mencionado surgiu uma corcova
que apresenta uma forma circular de um quengo careca enterrado no chão, ou de
um cuscuz de pedra gigante, um cocão de padre mesmo, assim como se só estivesse
descoberto acima das orelhas e das pestanas dum gigante, assentada sobre
pedras, como uma bulbosa cúpula e uma abóbada escura jamais completamente
visitada, situada entre a estação construída pelos ingleses, hoje desativada,
de um lado; e do outro, um antro de perdição: o clube ferroviário, o maior fuá
de antanho num trupé da gota de arrasta-pé, que um dia uma ventania fez tal
sucedâneo intrigante do triângulo das Bermudas, desaparecer no ar com dançantes
e tudo, restando só o chão, a lembrança e um mistério irrevelável até hoje.
Dizem que esta sumida inopinada foi esconjuro de uma mãe que teve uma filha
descabaçada em noite de forró arrepeado, sem que ninguém aparecesse como
responsável pelo coito indesejável. Daí, babau: do sarroviário, nem sinal. Só
casebres, matagal e os restos da estação. Para maior pabulagem dos afetos e
desafetos, ao longo da extensão desse monolítico cocão é encontrada uma série
de inúmeras inscrições, complicadas e inexplicáveis, impressas na parte visível
dessa pedra ilustradíssima - já que a parte interna jamais fora desbravada -,
levando estudiosos, aos muitos, identificarem algumas, como o desenho de uma
máscara de elmo da Nigéria; um tabuleiro de adivinhação ioruba; um escorpião de
capacete; pênis e pênis e pênis voadores; vaginas e vaginas cabeludas; um
crânio de mesossuquiano cretáceo; sílex em forma de pendúnculo; pictografias,
descrições e gravuras rupestres; petróglifos; um archaeopteryx; um ET que mais
parecia o Artaud de Dubuffet - e que, com certeza, deixou seu autógrafo por
toda pedra, nuns garranchos indecifráveis -; umas figuras que mais pareciam a
Vênus de Lespugue; enfim, uma variedade de inscrições insólitas jamais
interpretadas por curiosos ou homens de ciência, que mais pareciam superposições
de escritas e desenhos, maior seboseira mesmo. Pior que porta de banheiro
público! Pois bem, dado depois de umas quinhentas cercas derrubadas, depois de
umas duas mil bravatas ineivadas, depois de muita lengalenga desproposital como
marco zero local, pelo advento de haver surgido do nada, esse que seria
denominado de Cocão do Padre, assim de repente, sem mais nem menos, naquele
lugar, ninguém sabendo ao certo se emergira das entranhas da terra por obra
divina, se construída por seres exterrestres, ou se obra de puro acaso, mais
dizendo muitos tratar de um meteoro que, sem ter o que fazer na sua rota
estelar despencou lá de cima com o maior estardalhaço, findando enterrado
naquela localidade. Peiticam mesmo que ser humano é que num foi, batem o pé na
insistência. Essa controversa aparição representava para os fiéis como o dólmen
da salvação, onde praticavam o batismo, a remoção dos pecados reincidentes e
lavagem de culpas, almas e corpos. Já para os amantes engalfinhados, era o
menir das libidinagens onde os marmanjos levavam suas assanhadas vítimas para
sapecarem peiadas muitas. E, para todo o resto era um totem, onde tudo podia
acontecer: se curar, bater as botas, trupicar, se envultar, renascer, se atolar
ou mesmo perder o juizo. Sabe-se que de dia era sagrado; de noite, profano. E
se qualquer mulher que de lá se aproximasse, ia logo sentindo um fuviamento nas
partes pudendas, chegando minar de desejo, endoidando arreganhada e findando
por se lavar a choca para acalmar-se com as águas cristalinas, o que era pior,
saía doida para se atrepar num raçudo pra-te-vai, amolegado até umasoras sem
descanso. Ôxe, isso reafirmam como se fosse uma pinóia. Pois contam que quando
macho enxaguava o pingulim naquela pingueira na hora de tirar água da rótula, o
bocó ficava de pau duro só arreando a crista depois de três enfiadas boas de
fudelança nas perseguidas sedentas e sem tirar de dentro. Era comum, por isso,
encontrar por ali caçolas, cabaços e pregas nas trepadas que vadiavam pelas
imediações, tome cipoada macha. Muitos que se encangaram furtivamente nas suas
mocréias por ali, construíram sólido tálamo com elas, em cerimônia ali mesmo
realizada, hoje, testemunho de casais felizes para sempre. Pois bem, como tudo
que é bom dura pouco, tudo ia muito bem - se é que uma tronchura dessas pode
ser de boa procedência -, até que um dia, a brabura do bispo, acoloiado com o
delegado e o prefeito, resolveu tomar pé da situação, apropriando-se daquelas
cercanias e suspendendo todo tipo de cerimônia ritualística, safadeza descarada,
juramento de promessa, petição de cura, insolências populares e todo e qualquer
tipo de menção em suas imediações. Era que havia muita gritaria de apóstolos,
de benzedeiros, de enroladores políticos, de num ter quem aguentasse mais
passar nem por perto de tanto espetáculo, todos ao mesmo tempo, cada um mais
barulhento que o outro. Bafafá acabado eis que, parece que castigo do céu, a
fonte secou de nunca mais brotar um só pingo d'água. Foi tanto ohohohohohohoh
de não se encontrar a menos plausível explicação. Todo mundo de olho aboticado
buscava desvendar o mistério. Restou mesmo só a pedra no cenário, mais nada.
Quem se aproveitou, aproveitou. Quem num se aproveitou, num aproveita mais.
Quando tudo se apaziguou, de repente, a pedra voltou a derramar de suas
entranhas aquele manancial hídrico de chega inundar a cidade, maior aguaceiro.
Enchente de nego ficar atrepado no sino da igreja. Tudo era demovido por força
das águas: casa, hipocrisia, tranqueiras, vergonha, crenças e rixas. Tres dias
depois, dava de secar por anos sem dar menor sinal de vida, descansando. Essa
sua intermitência já virou teses e mais teses de doutorado, chegando-se a
conclusão que se tratava da mestruação regular da pedra, a ponto de curar uns e
empestar outros. O que se sabe mesmo é que ela está lá e ninguém tem a mínima
idéia do que fazer com ela: se faz exploração, ou desenterra, ou escava, ou se
deixa pra lá. Eu, hem? E vamos aprumar a conversa aqui.
Imagem: A reclining female nude, do
pintor, escultor e artista gráfico húngaro Zsigmond
Kolozsvary (1899-1983).
Curtindo o álbum Todos os sentidos (Warner, 1978) do cantor e compositor Belchior.
A UNIVERSIDADE
REVOLUCIONÁRIA – No
livro A universidade necessária (Paz
e Terra,1982), do antropólogo e escritor Darcy
Ribeiro (1922-1997), destaco o trecho denominado A universidade
revolucionária: Nossas universidade, no
curso de sua existência secular, foram instituições enclausurada que formaram
os tipos de especialistas requeridos pela sociedade, conformando-os para o
papel de privilegiados e de custódios da ordem social vigente. Neste sentido,
sempre atuaram como instituições essencialmente políticas e classistas. Alguns
estudantes revelavam-se contra esta mesquinhem, enquanto não chamados para os
desempenhos que a sociedade lhes exigia na vida adulta. Poucos professores
mantiveram uma atitude crítica, manifestando descontentamento contra a servidão
da universidade ao sistema. A maioria acomodou-se – acomoda-se ainda hoje – a
tais contingencias. Ou, no máximo, expressou ironicamente seu desgosto com sua
universalidade, tal qual é, e com a sociedade em que vivia. De fato, só a
emergencia de uma nova estrutura de poder, disposta a reordenar a velha ordem,
poderá libertar os universitários dessas cadeias. Libertar os estudantes, orientado
suas energias e sua rebeldia para sendas criativas, em favor da edificação de
uma sociedade solidária. Libertar os professores, prestigiando os dotados de
consciência crítica, recuperando os desinteressados ou indiferentes e
proscrevendo dos órgãos de direção os agentes da velha ordem, obstáculos à
renovação da universidade, entraves à transformação da sociedade. Para isto é
necessário viver um longo e conflitante processo, travado dentro da própria
universidade enquanto é intensificada e acelerada a renovação social. Na medida
em que esta for se consolidando, esboçar-se-á e se definirá o contexto em que a
universidade há de atuar. Então, ela será forçada a corresponder às exigências
da nova realidade, e a consagrar os novos critérios de lealdade que os
universitários de amanhã terão de observar, como o fizeram os de ontem e fazem
os de hoje. Enquanto a renovação social não avançar suficientemente na
transformação do contexto social, a fim de que as novas diretrizes da educação
nacional se tornam mais claras e imperativas, a universidade se debaterá entre
a perplexidade e a ambiguidade. Estará assombrada e frustrada pelas inovações
impostas de cima; dividida, já mais horizontalmente pela estratificação de seus
estamentos, mas verticalmente pelos antagonismos e polêmicas desencadeadas em
todos os corpos acadêmicos. Se o processo de renovação avançar prevalecerão os
critérios progressistas que, afinal, ganharão a universidade, impulsionando-a
para as tarefas revolucionárias de construção da nova realidade. Na verdade,
sempre poderão ocorrer deformações, convertendo os atores do processo de
renovação em nova elite substitutiva da antiga. Para evitar tal vicissitude,
torna-se indispensável empreender reformas estruturais que, alterando as bases
físicas da vida acadêmica, provoquem a mudança da mentalidade dos
universitários, capacitando-os para: desenvolver e difundir, entre docentes e
alunos, uma atitude solidária para com a maioria da população incitando-os a
aceitar os valores opostos aos até agora prevalente – de competição
individualista e de convivência hipócrita – derivados do caráter privatista e
repressivo da velha ordem; libertar professores e estudantes dos muros da
universidade, levando-os a conviver com a população lá onde ela vive e
trabalha. E fazê-lo não na qualidade de observadores motivados por simples
curiosidade intelectual, mas como companheiros ativos e solidários, dispostos a
forcejar e ajudar com atos, mais do que com palavras, a melhoria de suas
condições de vida e de trabalho; incorporar a universidade à prática
transformadora, através de programas de ação conjunta com os poderes públicos. Veja
mais aqui, aqui, aqui e aqui.
O QUE SE DEVE SABER – No livro Feira das sextas (Globo, 2000), do escritor Oswald de Andrade (1890-1954), reúne vinte e quatro crônicas escritas
pelo autor, entre os quais destaco O que se deve saber: Muitos anos atrás, quando Isadora Duncan passou como um meteoro pela
América do Sul apaixonando-se na Argentina por um boiadeiro, em São Paulo por
um estudante, no Rio por um marujo, vinha ao Brasil, ao mesmo tempo que ela,
uma leva de grandes artistas que a guerra tocava da Europa em desolação. A
guerra, sempre a guerra nos trazia mais este benefícios. Conhecíamos o que
nunca sem ela teríamos conhecido e víamos o que só as grandes plateias tinham o
direito de aplaudir. Ficou-se sabendo então que a dança deixara de ser um
desvão da opera e que dançar não era só fazer ponta e rodopiar alucinadamente
entre tules e refletores. Veio a se saber que a dança podia ser uma arte
pessoal, interpretativa e dramática, e que Isadora Duncan sozinha num cenário
unido de veludo valia mais que todos os ballets emanados do Scala de Milão ou
da Ópera de Paris. Depois foi a era do cinema e tudo se desvendou pelo olho
luminoso que penetrava facilmente em todos os recantos do mundo e reconstituía
as caçadas que só as clareiras mais intimas das florestas africanas tinham
visto. E reconstituía também ora os salões milionários dos burgueses de Wall
Street, ora os feudos ingleses, ou uma rua de Xangai, ou uma capela do Tibet.
Estava liquidado o exotismo e revelado muito mistério da terra. Mas no tempo em
que vinham ao Brasil em tropel as celebridades espantadas pela doce
conflagração do ano 14, a ignorância nacional muitas vezes tentou tirar partido
e adquirir cabedais no contrato rápido com estrelas, atores, poetas e
cientistas. Lembro-me de um jornalista do Rio que pretendeu realizar todo um
curso de história da música numa entrevista de meia hora com um músico de
renome. Quando ia em meio do século 18, a celebridade percebeu que o primitivo
não conhecia, sequer de nome, Mozart e Beethoven e deu o desespero. Essa pressa
com que a vida ansiada e complexa de hoje obriga qualquer mortal a se
improvisar em detetive ou perito de guerra, economista ou sociólogo, foi
admiravelmente condensada numa pagina do livro de viagens do grande Chaplin.
Carlito está a bordo de um transatlântico, de passeio para a Inglaterra, quando
vê ao seu lado no tombadilho um sujeito de aspecto grave tendo em seu colo
alguns grossos volumes abertos e sobre uma cadeira próxima toda uma sisuda
biblioteca. Carlito pensa imediatamente na chance que abre para ele de
ilustrar-se. Em três dias cacetissimos de mar, ele vai fazer relações intimas
com aquele senhor que é, com certeza, um sábio. Carlito vai culturizar-se
durante a travessia, curto espaço que a vida lhe reservou para tamanho
cometimento. Um simples esbarrão nos livros e ei-lo trocando cartões e
amabilidade com o desconhecido. Tratar-se do sr. Gilette, inventor das laminas para
barba. Evidentemente ele não tinha reconhecido a cara que vem no involucro das
mesmas. O sr. Gilette, por sua vez, pretendia melhorar os seus conhecimentos
durante a viagem, e para isso tinha arranjado uma penca de dicionários. Veja
mais aqui, aqui e aqui.
AMAVISSE & PRELÚDIOS
PARA OS DESMEMORIADOS DO AMOR - No
livro Uma superfície de gelo ancorada no riso (Globo, 2012), da poeta,
dramaturga e ficcionista Hilda Hilst
(1930-2004), destaco inicialmente dois dos prelúdios intensos para os
desmemoriados do amor – I: Toma-me. A tua
boca de linho sobre a minha boca / Austera. Toma-me AGORA, ANTES / Antes que a
carnadura se desfaça em sangue, antes / Da morte, amor, da minha morte, toma-me
/ Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute / Em cadência minha escura
agonia. / Tempo do corpo este tempo, da fome / Do de dentro. Corpo se
conhecendo, lento, / Um sol de diamante alimentando o ventre, / O leite da tua
carne, a minha / Fugidia. / E sobre nós este tempo futuro urdindo / Urdindo a
grande teia. Sobre nós a vida / A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo. / Te
descobres vivo sob um jogo novo. / Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor, /
Antes do muro, antes da terra, devo / Devo gritar a minha palavra, uma
encantada / Ilharga / Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar / Digo para
mim mesma. Mas ao teu lado me estendo / Imensa. De púrpura. De prata. De
delicadeza. II: Tateio. A fronte. O
braço. O ombro. / O fundo sortilégio da omoplata./ Matéria-menina a tua fronte
e eu / Madurez, ausência nos teus claros / Guardados. / Ai, ai de mim. Enquanto
caminhas / Em lúcida altivez, eu já sou o passado. / Esta fronte que é minha,
prodigiosa / De núpcias e caminho / É tão diversa da tua fronte descuidada. /
Tateio. E a um só tempo vivo / E vou morrendo. Entre terra e água / Meu existir
anfíbio. Passeia / Sobre mim, amor, e colhe o que me resta: / Noturno girassol.
Rama secreta [...]. Também dois dos seus poemas Amavisse: Carrega-me
contigo. Pássaro-Poesia / Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível /
Porque de barro e palha tem sido esta viagem / Que faço a sós comigo. Isenta de
traçado / Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem / Hei de levar apenas
a vertigem e a fé: / Para teu corpo de luz, dois fardos breves. / Deixarei
palavras e cantigas. E movediças / Embaçadas vias de Ilusão. / Não cantei
cotidianos. Só te cantei a ti / Pássaro-Poesia / E a paisagem-limite: o fosso,
o extremo / A convulsão do Homem. / Carrega-me contigo. / No Amanhã. [...] Como
se te perdesse, assim te quero. / Como se não te visse (favas douradas / Sob um
amarelo) assim te apreendo brusco / Inamovível, e te respiro inteiro / Um
arco-íris de ar em águas profundas. / Como se tudo o mais me permitisses, / A
mim me fotografo nuns portões de ferro / Ocres, altos, e eu mesma diluída e
mínima / No dissoluto de toda despedida. / Como se te perdesse nos trens, nas
estações / Ou contornando um círculo de águas / Removente ave, assim te somo a
mim: / De redes e de anseios inundada. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DO CASO DO CHAPÉU ÀS PEGAS
DE ZILA - A atriz de
teatro, cinema e televisão Rosamaria Murtinho atuou pela primeira no
teatro na década de 1950, quando seu irmão, Carlos Murtinho, dirigia um grupo
de teatro amador, juntamente com Paulo Francis, e pediu que ela substituísse
uma atriz abandonou uma peça 15 dias antes da estreia. A partir disso, ela
estreia na peça O caso do chapéu (1953), seguindo-se Moral em concordata (1956)
e Mirandolina (1956), A rosa tatuada (1956), O canto da cotovia (1956),
Manequim (1956), Rua São Luis 27 – 8º andar (1957), A engrenagem (1960), As guerras do alecrim e da
manjerona (1961), O Tempo e Os
Conways (1961), Quatro num quarto (1962), Os pequenos burgueses
(1964), Infidelidade ao alcance de todos (1967), O Preço (1970), Venerável
mandade Gouneau (1974), A feira do adultério (1975), A fila (1978), Vejo o
mundo na janela, me acudam que eu sou donzela (1981), A corrente para frente
(1981), Sopros da vida (2010), Direita volver! (1987), Intensa magia (1996), Ô
abre alas (1998) nesta fazendo o papel de Chiquinha Gonzaga e, em 2003, no
espetáculo Persoinalíssima – Isaurinha Garcia, seguindo-se com a peça Frida
Khalo (2007). Sua incursão pelo cinema iniciou com Freddy – Weit ist der weg
(1960), O vigilante rodoviário (1962), A longa noite do prazer (1983), Natal da
Portela (1988), Primeiro de abril, Brassil (1988), Didi, o cupido trapalhão
(2003), O amigo invisível (2006), O cavaleiro Didi e a princesa Difi (2006) e o
curta Pegadas de Zila (2011). Também fez muito sucesso em novelas e séries na
televisão brasileira. Veja mais aqui.
AMOR À TARDE – O drama Amor à tarde (L'amour l'après-midi, 1972),
dirigido pelo cineasta, crítico de cinema, roteirista e professor francês Éric Rohmer (1920-2010), com música de
Arié Czierlatka, conta a história de sócio que possui um pequeno escritório em
Paris e vive feliz com seu casamento com uma professora com quem teve
recentemente o seu segundo filho. Apesar disso, ele sonha todas as tardes com outras mulheres, sem
jamais ter tido a intenção de ir além dos seus sonhos. Até que um dia aparece
no seu escritório Chloé, ex-amante de um grande amigo, que passa a fazer-lhe
visitas regulares na intenção de seduzí-lo. Essa personagem é vivida pel
modelo, atriz e cantora argelina Zouzou
(Daniéle Ciarlet) que representou a liberdade feminina nos anos 1960/70 e
causava furor em Londres e Paris, tendo sua carreira sofrido diversas
interrupções pelo uso constante de drogas. Veja mais aqui, aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da dançarina estadunidense
e precursora da dança moderna Isadora Duncan (1877-1927). Veja mais
aqui.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Crônica de Amor, a partir
das 21hs (horário de verão), com apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em
seguida, o programa Mix MCLAM, com
Verney Filho e na madrugada Hot Night,
uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online
acesse aqui .
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