domingo, outubro 25, 2015

CANETTI, LYGIA CLARK, PICASSO, BIZET, ADELIA PRADO, SABETTI, TÉSPIS & OS CATOMBOS NO TRÂNSITO.


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? GUIANDO PELOS CATOMBOS - É a vida. A gente se balançando nos catabís. Mas, aprumando a conversa: alguém, por acaso, já parou para pensar no trânsito? Não estou querendo saber se a pessoa pensa enquanto conduz seu veículo, não. Não é isso, se bem que no trânsito das capitais e de algumas cidades emergentes, dá para pessoa não só pensar, como ler um livro, trocar de roupa, sacolejar uma boneca, fazer meditação transcendental e, até, tudo isso junto, não necessariamente nesta ordem ou acrescentando outras mais salutares ao gosto do cliente; mas, que dá, dá. Eu mesmo, não dou nada, manifesto meu pitaco; e cada um que zele pelo que é seu. Sim, mas voltando ao assunto, é melhor encontrar tais alternativas enquanto se encontra empancado nos engarrafamentos, que ficar xingando a mãe do guarda-de-trânsito, que esculhambar o engenheiro de tráfego da prefeitura, ou meter alcunha de corno em todo aquele que está mais adiante. A bem da verdade, parece mesmo que na hora que a gente resolve trafegar por tal logradouro, todos acham de optar por ali, justo naquela hora, naquele dia e naquela circunstância, só prá inaugurar congestionamento. Já viu? Vai ter coincidência assim na casa de caixa pregos, meu! Mas é mesmo, que sujeito cagado de sorte ainda não caiu na esparrela de ficar por horas numa via estrangulada de movimento? Isso sem falar nos catabís com cada catombo de deixar a roda do carro empenada com os buracos, crateras, bueiros, bocas-de-lobo, rieiras, valetas e esconderijos de gabirus gigantes que afloram nas avenidas, ruas, perimetrais, becos, alamedas, viadutos, túneis, rodovias, isso em dia de sol; porque em dia de chuva, ó, só se o cara tiver experiência náutica, além de muito fôlego, músculo e fé em Deus, porque ninguém pode prever os acontecimentos. Pois bem, como estou coçando o saco por não ter nada mais importante por me ocupar, resolvi abordar o tema do trânsito que, deveras, precisa de um olhar abrangente, profundo, subliminar e oculto para se observar as várias vertentes que o tema carece. Claro, sem falar na academia que vira o cérebro do sujeito pela ginástica que os neurônios terão de malhar sem personal trainée especializado, quando se inventa de abordar o assunto. Mas, vamos lá! Um amigo meu, um que se diz sabe-tudo, sempre abre duas condicionantes para tal problemática, primeiro: ou tem muito carro pra pouca rua, ou tem muita rua insuficiente para o tráfego de tantos veículos. Hum! Na canela! Matada a primeira charada, vamos para segunda: ou os motoristas são todos burros e resolvem ir para o mesmo lugar ao mesmo tempo, ou os engenheiros de tráfego vivem no mundo da lua cheio dos quequéos. Mas, tá! Porque, meus amigos e minhas amigas, diz ele rebuscando a parcimônia, nunca vi tanto semáforo mal localizado, quantos retornos inconvenientes, inúmeras ruas mal sinalizadas, várias vias esburacadas, centenas de obras parecendo mais que o Brasil está desmontando a cada momento, carecendo de se consertar tudo e a todo tempo, da gente imaginar que ou está todo mundo doido, ou doido está o mundo. Não quero meter meu bafo nisso não, mas que parece, parece. Repassemos o castigo: segunda-feira, oito horas da manhã, o sujeito sai de casa, passa meia hora parado esperando uma oportunidade para pegar a avenida. Não há cortesia no trânsito, há guerra! Quem chegar que vá pro fim da fila. É isso. Mal andou alguns metros, pára, sinal fechado. Todo mundo do outro sinal passa, menos o seu trajeto desafoga. Depois de uma eternidade, verde, abriu: debreia, engata primeira e acelera antes que feche de novo. Segue. Mal colocou a segunda, desacelera, outro luminoso de pedestre. Dá para folhear a revista. Esverdeou, vamos. Breca, entrada do supermercado tem sinal agora, doido! Estancou o motor. Vira a chave, tudo bem. Isso se o carro for zelado, senão, se for um mandú, desce para empurrar, a bobina esquenta, o disco de embreagem fica deslizando e outras porqueiras que todo bocó sabe quando o automóvel não é novo. Por causa disso é multado porque está atrapalhando o trânsito. Se correr, multa; se devagar, multa. Quem já viu aqueles códigos atrás da multa de trânsito? Caos? Caótico é pouco; o negócio tá enozado mesmo! Depois que constatei isso, abandonei o conforto e achei melhor andar, aproveitando a paisagem imunda do centro comercial, dando o que fazer para o meu corpo não tão jovem mais assim. Porque de ônibus, num pode. Nos coletivos os motoristas são todos sorridentes, ganham um salário milionário, tudo educado, todos finos, esperam que todos entrem, só saem quando todos descem, uma maravilha! Tudo educado na Suíça, quanta finura! Êpa, tô variando já. O popular cata-côrno demora tanto pra chegar no ponto que quando vem já está entupido até o tampo. Isso sem contar com as visitas indesejáveis daqueles que querem se apropriar do que é da gente, tanto a vergonha, a homência ou o que a gente tiver por posse. Táxi? Preço pelos olhos da cara. Sem saída: ou é roubado por um, ou por outro. Perua? Ôxe, pegar perueiro é mesmo que deixar prontinho o atestado de óbito. É cada motorista que acredito que nunca fez um psicotécnico. É cada barbeiro, grosso, que mal sabe largar o volante para fazer uma curvinha de nada. E aqueles que cruzam faixas sem usar pisca-pisca? É cada nego dirigindo que fico olhando: vai dar bode! Tei-bei! Num disse! E os caminhões? Com cada carga, deus meu, cada uma mais bem feita que a cara do zarolho que dirige. É cada jamanta de perder a conta de quantos pneus, tudo imprensando os debilóides de mil cilindradas. Bote lenha na fogueira e conte com tratores, patróis, guindastes, carregadeiras. Qualquer dia, se eu ver um transatlântico ou um boeing fuderoso em plena avenida não vou me apavorar. Vai ser um carnaval da porra! E os guarás que não distinguem uma contramão de uma passagem livre? Todos amontados numa julieta treminhão da carga ficar escapulindo esborrada e caindo por cima de quem ultrapassar ou cruzar, parecendo mais que o mundo vai se acabar ali, na hora?! Por isso que a gente vê cada barroada, cada tombada, cada desmantelo no trânsito da gente ficar gastando ideia só para saber como foi que aconteceu. Isso tudo com a invenção de um rodízio de veículos, enquanto uma propaganda subliminar instiga para se consumir mais combustível. Sim, ainda tem a doctilóquia invenção inalcançável dos engenheiros de trânsito que ou andam bêbados, ou doidos varridos, ou com o cu enganchado na porta de casa. Só pode ser! Vai gostar assim de endoidar o trânsito das cidades na casa de tampão fudendo a sua alma, desgraçado. Sei não, inventaram um código que parecia moralizar. Cadê? Alguém já viu alguém preso? Só multado e olhe lá! E se tiver apadrinhamento, dribla direitinho e as multas são deletadas na hora. Nunca vi um Detran moralizado, é um antro que me arrepio só de olhar. O ambiente é carregado, tudo cheira a trambique. Lembro até da negada arriando alienação fiduciária ou dando baixa em reserva de domínio, deixando o bem financiando mais solto que cabrito no roçado. Ou mesmo quando alguém ligava por engano, e caía na Ciretran, o do outro lado já insistia para ir buscar a habilitação que já tava pronta há mais de mês, quando quem ligou jamais podia por ser menor e nem saber dirigir ainda. Eu mesmo conheço gente que tirou habilitação num balaio. Verdade! Chegou lá, escolheu, pronto, essa é a mais bonitinha. Sei, também, que fizeram uma faxina nisso, mas esqueceram outras muito grossas ainda colaborando com a esculhambação. Eu sei que são coisas do trânsito, não obstante, é melhor começar a falar de outra coisa, por exemplo, a mãe do guarda, ou a reboculosa linda que cruzou na esquina, ou, sei lá! Melhor a gente aprumar a conversa aqui.

 Imagem: arte do pintor, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol Pablo Picasso (1881-1973). Veja mais aqui, aqui e aqui.


Curtindo The Complete Piano (Harmonia Mundi, 2005), do compositor francês Georges Bizet (1838-1875), pelo pianista francês de origem armênia, Setrak o Yavruyan (1930-2006). Veja mais aqui.

BRINCARTE DO NITOLINO– Hoje é dia do programa Brincarte do Nitolino para as crianças de todas as idades, a partir das 10hs (no horário de verão), no blog do Projeto MCLAM e com apresentação de Ísis Corrêa Naves. Na programação sempre especial também tem atrações especiais chamando a meninada com Toquinho, Lygia Fagundes Telles, Guilherme Arantes, Palavra Cantada, Carequinha, O papel das histórias, Cristina Mel, Turma do Jambu, Meimei Corrêa, Grandes Pequeninos & muito mais No reino encantado de todas as coisas. No blog, muitas dicas de Educação, Psicologia, Direito das Crianças e Adolescentes, Teatro, Música e Literatura infantil, com destaque pro Brincar da Criança e as historias em quadrinhos dos Aventureiros do Una. Para conferir ao vivo e online clique aqui ou aqui.

O PRINCÍPIO DA TOTALIDADE – O livro O princípio da totalidade: uma análise do processo da energia vital (Summus, 1991), de Stephano Sabetti, aborda temas como a história da energia, rumo à física da energia total, totalidade, radiações energéticas, medicina e psicoterapia, processo de energia vital, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho: [...] Nossa era é perfeita para uma confrontação com o nosso comportamento paradoxal. Somos constantemente confrontados com nossa necessidade de permanecer em conflito entre nossos corpos e emoções, em nossos relacionamentos sociais e em nossa contenda política – todas essas divisões da totalidade. Nosso país, nossos mares e nosso ar estão se tornando cada vez mais poluídos porque não queremos ser holísticos na produção e no uso de nossos recursos e objetivos. Nosso ambiente tem nos comunicado mensagens de desintegração e catástrofes. Estamos prontos a ouvi-lo? Dizemos desejar a paz. Portanto, por que sempre criamos problemas para nós mesmos e para os outros? E por que pensamos que essa paz é unicamente um assunto político, exterior às nossas lutas pessoais? Poderíamos gastar nossos fundos destinando-os à pesquisa em medicina holística, o que beneficiaria pacientes e produtores de drogas, e tratamentos compatíveis com as pessoas – porém em geral não o fazemos. Poderíamos construir máquinas mais silenciosas, menos irritantes e ecologicamente mais holísticas – mas em geral não o fazemos. Esse holismo é possível se de fato o quisermos. Temos de decidir se queremos continuar sendo parte do problema da doença, o ou nos tornarmos parte da solução da totalidade. Não podemos fazer ambas as coisas. A totalidade é um caminho claro do espirito que busca uma reunião com uma completude eterna. Não pode aceitar nada menos que isso. Nossa consciência da totalidade, o campo universal da energia vital, é o inicio de uma transformação que leva das dificuldades às possibilidades. Somente em sua plenitude estamos ligados ao nosso verdadeiro self espiritual e à paz que ele irradia. Especialmente agora, nesses tempos de divisão e isolamento, precisamos de pioneiros dispostos a ver a totalidade na vida e a viver de acordo com seus preceitos, embora os outros talvez não entendam esse caminho. Falta de aceitação não deve importar. Se vivermos plenamente em vez de brincar com a fantasia e as ideias sobre a totalidade, nosso caminho será claramente demarcado. A totalidade é a mensagem de nossa antiga jornada que temos de trazer à luz repetidas vezes. Ela exige a nossa atenção agora. Veja mais aqui.

MASSA E PODER – O livro Massa e poder (Cavalo de Ferro, 2014), do escritor búlgaro – Prêmio Nobel de Literatura, 1981 -, Elias Canetti (1905-1994), aborda tema como a descarga e o vicio da destruição, a evasão e sentimento de perseguição, a domesticação das massas nas grandes religiões, as massas invisíveis, massas do acosso, massas da fuga, da proibição, da inversão, da festa, dupla, matilha de caça, de guerra, de lamentação e de multiplicação, precisão das matilhas, comunhão, a psicologia do ato de comer, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho inicial Mutação do Receio de Contacto: Nada o homem receia mais do que ser tocado pelo desconhecido. Uma pessoa quer ver aquilo que lhe toca, quer ser capaz de o reconhecer ou, pelo menos, de o situar. Em toda a parte, o homem evita ser tocado pelo desconhecido. Sobretudo de noite ou no escuro, um contacto inesperado pode levar o susto a transformar-se em pânico. Nem mesmo a roupa garante segurança suficiente, já que é tão fácil rasgá-la, já que é tão fácil penetrar até à carne nua, macia e indefesa do agredido! Todas as distâncias que os homens criaram em seu redor foram ditadas por esse receio do contacto. As pessoas encerram-se em casas, nas quais ninguém pode penetrar, e só dentro delas se sentem meio seguras. O medo do ladrão que assalta casas não se reporta apenas aos seus intuitos depredatórios, é também um temor da sua garra irrompendo súbita e inesperadamente do escuro. A mão, feita garra, serve constantemente de símbolo a esse medo. Uma correlação que subsiste em grande medida no duplo sentido da palavra «atacar». Nela cabem, simultaneamente, tanto o contacto inofensivo quanto o ataque perigoso, embora algo deste último significado ecoe sempre no primeiro. O nome «ataque», porém, cingiu-se exclusivamente ao mau sentido da palavra. Essa aversão ao contacto tampouco nos deixa quando nos encontramos no meio da multidão. A maneira como nos movimentamos na rua, entre muitas pessoas, em restaurantes, em comboios e autocarros é ditada por esse receio. Mesmo quando estamos muito perto de outras pessoas, e as podemos observar e examinar circunstancialmente, evitamos, sempre que possível, um contacto com elas. Se fazemos o contrário, é porque alguém nos agrada, e, então, a aproximação dá-se por nossa própria iniciativa a urgência que se tem nas desculpas por um contacto não intencional, a tensão com que se espera por elas, a reação veemente, e algumas vezes por vias de facto, que se tem quando não surgem essas desculpas, a aversão e o rancor que se sente pelo «malfeitor» — mesmo que não se possa ter de modo algum a certeza de que ele o seja —, todo esse complexo de reações anímicas em torno do contacto com o que nos é estranho prova, pela sua extrema instabilidade e sensibilidade, que se trata mesmo de algo muito profundo, permanentemente desperto e sempre melindroso, de algo que nunca mais abandona o homem, uma vez que este tenha fixado os limites da sua pessoa. Até mesmo o sono, em que se está muito mais indefeso, pode ser perturbado com demasiada facilidade por esse tipo de receio. É só na massa que o homem se pode libertar desse receio do contacto. É a única situação em que esse temor se transforma no seu contrário. Do que se precisa para tanto é da massa compacta, em que um corpo se comprime contra outro corpo, compacta até na sua componente psicológica, porquanto não se repara em quem é que nos «oprime». Assim que alguém se entrega à massa, deixa de recear o seu contacto. No seu caso ideal, todos são iguais uns aos outros. Nenhuma diferença conta, nem sequer a dos sexos. Seja quem for que incomoda alguém, é como se fosse o próprio. É sentido tal como uma pessoa se sente a si própria. Então, de repente, tudo se passa como que no interior dum corpo. Talvez esta seja uma das razões pelas quais a massa procura concentrar-se de forma tão compacta: quer desembaraçar-se o mais completamente possível do receio do contacto em cada indivíduo. Quanto mais fortemente as pessoas se comprimirem umas de encontro às outras tanto mais nitidamente sentem que não têm medo umas das outras. Essa mutação do receio de contacto faz parte da massa. É na sua máxima densidade que o alívio que nela se espalha, e de que ainda se falará noutro contexto, atinge um grau particularmente elevado. [...]. Veja mais aqui e aqui.

CONTRAMOR & OUTROS POEMAS – No livro Miserere (Record, 2010), da poeta, professora e filósofa Adélia Prado, destaco inicial o poema Contramor: O amor tomava a carne das horas / e sentava-se entre nós. / Era ele mesmo a cadeira, o ar, o tom da voz: / Você gosta mesmo de mim? / Entre pergunta e resposta, vi o dedo, / o meu, este que, dentro de minha mãe, / a expensas dela formou-se / e sem ter aonde ir fica comigo, / serviçal e carente. / Onde estás agora? / Sou-lhe tão grata, mãe, / sinto tanta saudade da senhora… / Fiz-lhe uma pergunta simples, disse o noivo. / Por que esse choro agora? Também o poema Humano: A alma se desespera, / mas o corpo é humilde; / ainda que demore, / mesmo que não coma, / dorme. Também o Senha: Eu sou uma mulher sem nenhum mel / eu não tenho um colírio / em um chá / tento a rosa de seda sobre o muro / minha raiz comendo esterco e chão. / Quero a macia flor desabrochada / irado polvo cego é meu carinho. / Eu quero ser chamada rosa e flor / Eu vou gerar um cacto sem espinho. Mais A paciêncioa e seu limites: Dá a entender que me ama, / mas não se declara. / Fica mastigando grama, / rodando no dedo sua penca de chaves, / como qualquer bobo. / Não me engana a desculpa amarela: / ‘Quero discutir minha lírica com você’. / Que enfado! Desembucha, homem, / tenho outro pretendente / e mais vale para mim vê-lo cuspir no rio / que esse seu verso doente. Por fim, o poema Jó consolado: Desperta, corpo cansado; / louva com tua boca a cicatriz perfeita, / o fígado autolimpante, / a excelsa vida. / Louva com tua língua de argila, / coisa miserável e eterna, / louva, sangue impuro e arrogante, / sabes que te amo; louva, portanto. / A sorte que te espera / paga toda vergonha, / toda dor de ser homem. Veja mais aqui e aqui.

TÉSPIS: O NASCIMENTO DO TEATRO – No livro Teatro Vivo (Victor Civita, 1976), organizado por Consuelo de Castro, Eduardo Alves da Costa, Hildegard Feits e Paulo Riccioppo, sob a consultoria de Sábato Magaldi, dando conta o teatro nasceu na celebração a Dioniso, o deus da alegria: Rindo, chorando, vibrando de entusiasmo ou sofrendo o impacto do terror, os cidadão comprimiam-se na praça do velho mercado de Atenas, a mais importante cidade-Estado da Grécia no século VI aC. Contra a vontade Sólon, tirano e legislador eficaz mas nem sempre dedicado às utilizadas da sensibilidade, o povo preferiu acreditar em cada gesto de Téspis – um homem estranho que ousava imitar os deuses e os homens. Grossa túnica nos ombros e tosca máscara sobre o rosto, Téspis desceu solene e grave os degraus do altar que improvisara sobre uma carroça. E sem esperar que os circundantes se refizessem do inesperado, afirmou: “Eu sou Dioniso”. Foi um sacrílego e surpreendente momento das festas que a tradição reservava ao deus da alegria; foi também o instante em que, pela primeira vez, um obscuro e arrogante grego se fez aceitar como deus de carne e osso pelos atenienses do mercado. E foi o começo de uma aventura espiritual que atravessaria os séculos, mesclando – à margem do próprio homem – verdade e fantasia, riso e lágrimas: o nascimento do teatro. pouco teriam adiantado as ordens oficiais proibindo o desempenho de Téspis e relacionando seu histrionismo à impostura. Intuitivamente, Tespis conquistara um público, enquanto Sólon perdera uma excelente oportunidade de se mostrar simpático aos cidadãos. Isso seria privilegio de outros tiranos e, no século seguinte, dos governantes da democracia grega, sempre dispostos a organizar concursos e a premiar quem melhor falasse a sua linguagem e distraísse a multidão. Veja mais aqui, aqui e aqui.


NA CIDADE VAZIA – O filme Na cidade vazia (Hollow city, 2004), dirigido pela cineasta angolana Maria João Ganga, conta a história de um menino, N’ Dala, em Luanda, tornando-se símbolo do renascimento da vida cultural angolana depois da guerra civil que devastou o país. É o primeiro longa-metragem da diretora e um dos primeiros a ser produzido em Angola depois da guerra. O filme foi escrito pela diretora, com música de Manu Dibango & Né Gonçalves, tornando um filme encantador e bem realizado, marcando o renascimento das atividades artísticas do país de forma encantadora e bela, mostrando o talento do primeiro trabalho desta que passou a ser o nome mais importante do cinema angolano. Trata-se de um verdadeiro conteúdo histórico para se conhecer melhor a realidade daquele país, tornando-se obrigatória a sua conferência. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da arte da pintora e escultora Lygia Clark (1920-1988)

Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Domingo Romântico, a partir do meio dia (horário de verão), com a reapresentação de toda programação da semana e apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui .


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HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...