VAMOS APRUMAR A CONVERSA? PECHISBEQUE - Eita, que o negócio
está enfeiando demais. E se o negócio tá brabo, como diz Alceu Valença: vai
pior e tende mais a piorar! Fé na perua! E o povo está comendo vidro! É, nem
muxiba no moquém mesmo. E não adianta nem rezar nem recorrer a coisas
insólitas, embrabeceu mesmo dum jeito de não ser nem possível ver qualquer
insinuação de luzinha besta na fundura, muito menos dá para mensurar o tamanho
do buraco. Só dá para entender que não bastando fazer o joguete das elites
nacionais e internacionais e entregando até a cama de dormir para eles, ao
invés de investir na educação, querem erradicar na marra e sob promessas
eleitoreiras, as mais insignificantes epidemias, que de tão conhecidas, qualquer
sujeito mediano sabe dar a solução. Mas, como aqui tudo é só jeitinho, mais
nada, fica sempre a enrolação pura para promover alguém em cima da desgraça
geral. O pior é quando a gente quer se desligar um pouquinho no final de
semana, ah, que a bizarra realidade assombra. Tudo se confronta mesmo na insana
política do venha-nós e vosso-reino-nada. E todo dia uma novidade da
mesquinharia na manchete do jornal. Tanto a gente acredita que finda
desacreditando de tudo. Incredulidade geral: será que o Brasil tem jeito? Sei
não. Com tudo se disfarçando só no compadrio estreito que se empanzina com as
benesses rebatinhas, descartando agora só o que sobrou das esculhambações de
governos ao longo desses quinhentos e cinco anos de vício, ossadas e destroços,
avalie. Não dá outra, são horrores que mais recheiam as escatológicas
perspectivas inscritas nas teratologias inventariadas. Ah, são disparates
demais que exalam o joio das flatulências mais fedorentas da cloaca nacional!
São os borgorígmos das falcatruas, das negociatas, das trambicagens. Assim, a
gente sabe onde vai dar: quando não é a estupidez do radicalismo canhestra, são
sequestros, violência, flagelos, e o voyerismo rabacué da tv de ficar brechando
a intimidade alheia, mexinflórios do maior registro da punheta coletiva. E isso
é o cúmulo da curiosidade. Parece mais a vera-efígie verossímil e bastarda de
que essa mesmice se enfia endovenosa, intoxica um e contagia todos com a
extrusão da homogeneidade nivelada por baixo e confirmando os falsos padrões de
avaliação civilizatória na ambição de poder, sucesso e riqueza, com todos os
propósitos maqueados para o engodo, para o embuste, como se fôssemos o esgoto
do consumo se alimentando só do lixo internacional. Gente, e aquela de
sacanear, aprontando e pregando a maior peça, só para ver o idiota chutar o pau
da barraca? Quanta falta de imaginação, só para constatar os entulhos da
originária atitude simiesca, parecendo mais que o estúpido manguço é o
principal atributo de nossa referência. Desapontado, eu, a esta altura do
campeonato, sou undívago dos modismos, fedífrago eventual rascunhando minhas
trapizongas literárias e mesmo que meus solecismos sejam escandalosos, aqui não
tem recaall e nem porra de brother ou casa duca... E como este país não é só
litoral, nem só São Paulo, nem só festança corrupta, nem só delinqüência e
aproveitamentos, dará outra coisa? Só fabos – fabricantes de bosta, mesmo. Não
vou ter um treco, tô só esperando o dia em que todos os políticos vão tomar
vergonha da cara. Os caras nem mais se tocam com vaias ou tortada na cara. A
gente devia fazer feito os argentinos, partir pro radical: um merdazo. Tolotes
do muito nas fuças desses caras. Ah! mas se a moda pega no Brasil, a maior
fábrica de excrementos do mundo, não haveria reserva merdológica que desse
vencimento pra gente jogar nos mais ilustres casacudos oficiais. Era mesmo, se
ao invés dessa acúlea salmodia catingosa de esperar milagres e salvadores nas
eleições, a gente assumisse a retórica da contestação mais aguda e sapecasse
uns tolotinhos raçudos nas fuças dos vendidos, haveria de aparecer um jeito
menos doloroso para impor nossa cidadania. Ôxe, ovo podre, lama e lixo dá maior
meladeiro e tem em qualquer lugar. É só pegar, empunhar e vute! Queria ver só a
cara deles lambuzada com nosso protesto. Como tô cheio das caraminholas e com a
indignação pelo gogó, vou recolher essa mal traçada pechisbeque e arrumar uma
lavagem de roupa para amealhar sustento porque a coisa tá feia para
cachorro-do-rabo-fino. E vamos aprumar a conversa aqui!
Imagem:
Rio São Francisco, do artista
plástico, artesão e poeta Militão dos Santos.
Curtindo
o dvd Sortimento Vivo (Universal
Music, 2002), da cantora e compositora Zélia Duncan.
BRINCARTE DO NITOLINO– Hoje é dia de reprise do programa Brincarte do Nitolino para as crianças
de todas as idades, nos horários das 10hs e das 15hs (no horário de verão), no
blog do Projeto MCLAM e com apresentação de Ísis Corrêa Naves. Na programação sempre especial também tem
atrações especiais chamando a meninada com Toquinho, Lygia Fagundes Telles,
Guilherme Arantes, Palavra Cantada, Carequinha, O papel das histórias, Cristina
Mel, Turma do Jambu, Meimei Corrêa, Grandes Pequeninos & muito mais No
reino encantado de todas as coisas. No blog, muitas dicas de Educação, Psicologia,
Direito das Crianças e Adolescentes, Teatro, Música e Literatura infantil, com
destaque pro Brincar da Criança e as historias em quadrinhos dos Aventureiros do Una. Para conferir ao
vivo e online clique aqui
ou aqui.
ELOGIO DA LOUCURA – O ensaio Elogio da loucura (1509 – LP&M, 2003), do teólogo e filósofo
holandês Erasmo de Roterdã (1466-1536), inicia em tom satírico para
chegar a um tom mais sombrio ao considerar que a loucura aprecia a
autodepreciação, terminando com um testamento claro dos ideais cristãos. É repleto de alusões clássicas, escritas no
estilo típico dos humanista do Renascimento, no qual a Loucura se compara a um
dos deuses, filha de Plutão e Frescura, educada pela Inebriação e Ignorância,
cujos companheiros fiéis incluem Philautia (amor-próprio), Kolakia (elogios), Lethe
(esquecimento), Misoponia (preguiça), Hedone (prazer), Anoia (Loucura), Tryphe
(falta de vontade), Komos (destempero) e Eegretos Hypnos (sono morto). Da obra
destaco o trecho [...] Primeiro, vós bem
vedes com que providência a natureza, esta mãe produtora do gênero humano,
dispôs que em coisa alguma faltasse o condimento da loucura. Segundo a
definição dos estóicos o sábio é aquele que vive de acordo com as regras da
razão prescrita, e o louco, ao contrário, é o que se deixa arrastar ao sabor de
suas paixões. Eis porque Júpiter, com receio de que a vida do homem se tornasse
triste e infeliz, achou conveniente aumentar muito mais a dose das paixões que
a da razão, de forma que a diferença entre ambas é pelo menos de um para vinte
e quatro. Além disso, relegou a razão para um estreito cantinho da cabeça,
deixando todo o resto do corpo presa das desordens e da confusão. Depois, ainda
não satisfeito com isso, uniu Júpiter à razão, que está sozinha, duas
fortíssimas paixões, que são como dois impetuosíssimos tiranos: uma é a Cólera,
que domina o coração, centro das vísceras e fonte da vida; a outra é a
Concupiscência, que estende o seu império desde a mais tenra juventude até à
idade mais madura. Quanto ao que pode a razão contra esses dois tiranos,
demonstra-o bem a conduta normal dos homens. Prescreve os deveres da honestidade,
grita contra os vícios a ponto de ficar rouca, e é tudo o que pode fazer; mas
os vícios riem-se de sua rainha, gritam ainda mais forte e mais imperiosamente
do que ela, até que a pobre soberana, não tendo mais fôlego, é constrangida a
ceder e a concordar com os seus rivais. De resto, tendo o homem nascido para o
manejo e a administração dos negócios, era justo aumentar um pouco, para esse
fim, a sua pequeníssima dose de razão, mas, querendo Júpiter prevenir melhor
esse inconveniente, achou de me consultar a respeito, como, aliás, costuma fazer
quanto ao resto. Dei-lhe uma opinião verdadeiramente digna de mim: — Senhor, —
disse-lhe eu — dê uma mulher ao homem, porque, embora seja a mulher um animal
inepto e estúpido, não deixa, contudo, de ser mais alegre e suave, e, vivendo familiarmente
com o homem, saberá temperar com sua loucura o humor áspero e triste do mesmo. Quando
Plutão pareceu hesitar se devia incluir a mulher no gênero dos animais
racionais ou no dos brutos, não quis com isso significar que a mulher fosse um
verdadeiro bicho, mas pretendeu, ao contrário, exprimir com essa dúvida a
imensa dose de loucura do querido animal. Se, porventura, alguma mulher meter
na cabeça a idéia de passar por sábia, só fará mostrar-se duplamente louca,
procedendo mais ou menos como quem tentasse untar um boi, malgrado seu, com o
mesmo óleo com que costumam ungir-se os atletas. Acreditai-me, pois, que todo
aquele que, agindo contra a natureza, se cobre com o manto da virtude, ou afeta
uma falsa inclinação, ou não faz senão multiplicar os próprios defeitos. E isso
porque, segundo o provérbio dos gregos, o macaco é sempre macaco, mesmo vestido
de púrpura. Assim também, a mulher é sempre mulher, isto é, é sempre louca,
seja qual for a máscara sob a qual se apresente. Não quero, todavia, acreditar
jamais que o belo sexo seja tolo ao ponto de se aborrecer comigo pelo que eu
lhe disse, pois também sou mulher, e sou a Loucura. Ao contrário, tenho a
impressão de que nada pode honrar tanto as mulheres como o associá-las à minha
glória, de forma que, se julgarem direito as coisas, espero que saibam
agradecer-me o fato de eu as ter tornado mais felizes do que os homens. Antes
de tudo, têm elas o atrativo da beleza, que com razão preferem a todas as
outras coisas, pois é graças a esta que exercem uma absoluta tirania mesmo
sobre os mais bárbaros tiranos. Sabereis de que provém aquele feio aspecto,
aquela pele híspida, aquela barba cerrada, que muitas vezes fazem parecer velho
um homem que se ache ainda na flor dos anos? Eu vo-lo direi: provém do maldito
vício da prudência, do qual são privadas as mulheres, que por isso conservam
sempre a frescura da face, a sutileza da voz, a maciez da carne, parecendo não
acabar nunca, para elas, a flor da juventude. Além disso, que outra preocupação
têm as mulheres, a não ser a de proporcionar aos homens o maior prazer possível?
Não será essa a única razão dos enfeites, do carmim, dos banhos, dos penteados,
dos perfumes, das essências aromáticas, e tantos outros artifícios e modas
sempre diferentes de vestir-se e disfarçar os defeitos, realçando a graça do
rosto, dos olhos, da cor? Quereis prova mais evidente de que só a loucura
constitui o ascendente das mulheres sobre os homens? Os homens tudo concedem às
mulheres por causa da volúpia, e, por conseguinte, é só com a loucura que as
mulheres agradam aos homens. Para confirmar ainda mais essa conclusão, basta
refletir nas tolices que se dizem, nas loucuras que se fazem com as mulheres,
quando se anseia por extinguir o fogo do amor. [...]. Veja mais aqui e
aqui.
AS FARPAS – O livro As farpas chronica mensal da política das letras e dos costumes
(Typographia Universal, 1871), do escritor e polemista português Ramalho
Ortigão (1836-1915), inicialmente em parceria com o escritor Eça de Queiroz
até 1872 e, posteriormente, até 1882 pelo primeiro. Subintitulando-se "O País e a
Sociedade Portuguesa", os folhetins mensais d'As Farpas constituem
um painel jornalístico da sociedade portuguesa nos anos posteriores a 1870,
erguido com bonomia, sentido agudo das mazelas sociais, um alto propósito
consciencializador, e uma linguagem límpida e variada, formando uma admirável
caricatura da sociedade da época. O estilo deu inicio a um novo e inovador
conceito de jornalismo - o jornalismo de ideias, de crítica social e cultural. Da
obra destaco o trecho inicial: Leitor
de bom senso –que abres curiosamente a primeira pagina d'este livrinho, sabe,
leitor - celibatário ou casado, proprietário ou produetor, conservador ou
revolucionario, velho patuleia ou legitimista hostil- que foi para ti, que ele
foi escripto – se tens bom senso! E a idéa de tc dar assim todos os mezes,
emqnanto quizeres, cem paginas ironicas, alegres, mor. dentes, justas, nasceu
no dia em que podemos descobrir através da penumbra confusa dos factos, alguns
contornos do perfil do nosso tempo. Aproxima-te um pouco de nós, e vé. O paiz
perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as
conciências em debandada, os caracteres corrompidos. A pratica da vida tem por
única direção a conveniencia. Não há principio que não seja desmentido. Não há
instituição que não seja escarnecida. Ninguem se respeita. Não há nenhuma
solidariedade entre os cidadãos. Ninguem crê na honestidade dos homens
publicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se
progressivamente na imbecilidade e na inercia. O povo está na miseria. Os
serviços publicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéas
aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta in diffferença
de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intellectual, parada. O tedio invadiu
todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretarias
para as mesas dos cafés. A ruina econômica cresce, cresce, cresce. As quebras
succedem-se. O pequeno commercio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos
operários é lamentavel. O salario diminue. A renda também diminue. O Estado é
considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
N'este salve-se quem poder a burguesia proprietária de casas explora o aluguel.
A agiota gem explora o juro. A ignorância pesa sobre o povo como uma
fatalidade. O numero das escolas só por si é dramatico. O professor é um
empregado de eleições. A população dos campos, vivendo em casebres ignobeis,
sustentando-se de sardinha e de vinho, trabalhando para o imposto por meio de
uma agricultura decadente, puxa uma vida miseravel, sacudida pela penhora;
ignorante, entorpecida, de toda a vitalidade humana conserva unicamente um
egoísmo feroz e uma devoção automatica. No entanto a intriga politica
alastra-se. O paiz vive n'uma somnolencia enfastiada. Apenas a devoção
insciente perturba, o silencio da opinião com padre-nossos maquinaes. Não é uma
existencia, é uma expiação [...]
Veja mais aqui.
SALMOS DO FOGO, ADEGA DO SONO & OUTROS POEMAS –
No livro As solas do sol (Bertrand Brasil, 1998), do poeta,
professor e jornalista Fabrício Carpinejar, destaco Salmos do Fogo: O
céu esférico, / cinzento. / Aves copiando o traçado / da migração, / o caule da
borrasca. Também a solidão a duas vozes: Obedecia a rapidez do sangue. / Antes de apodrecer a luz, / engolia a
altura da árvore. Mais o Neve da chama: Enraizado
no canto, / o cortejo de galos / separava a safra de corais. / Das quilhas
coradas / das canoas. O adega do sono: Dividias
os gomos da fruta / em aposentos da casa. / A cortina do sumo / leveda o sol
levantado. / O zodíaco do molde / supre o gérmen do quarto. / E o bafio estala
/ a lareira das esferas / na sala de estar / da semente. O poema Domingo: As garças capinavam / as águas. / A saliva das aves / movia o motor /do riacho.
Por fim Suicídio: A vida amou a morte / mais
do que havia / para morrer. / Apaguei os pensamentos / na espuma da pele. / Abandonar
o paraíso, / a única forma / de não esquecê-lo. E veja mais aqui e aqui.
DA BRUXINHA ATÉ NINA - A premiadíssima e saudosa atriz e
diretora de teatro, cinema e televisão, Myriam Muniz (1931-2004),
construiu uma trajetória que foi iniciada na Escola de Arte Dramática, no final
dos anos 50, estreando no teatro profissional em 1961, no espetáculo José, do
parto à sepultura, seguindo-se A bruxinha que era boa (1962), Tia Mame (1962),
Chuva (1962), A revolução dos beatos (1962), A mandrágora (1963), O noviço
(1963), Tartufo (1964), O inspetor geral (1966), O círculo de Giz (1967), La
Moschetta (1967), Os carecentes (1967), Marta Saré (1969), Tom Paine (1970),
Tudo de Novo (1970), Assim é, se lhe parece – só porque você quer (1971), Fala
baixo, senão eu grito (1973), Eva Perón (1979), Às próprias custas (1983),
Pegando fogo, lá fora (1988), A história acabou (1991), Porca Miséria (1993). Além
de dirigir e atuar no teatro, também incursionou pelo cinema em filmes como
Macunaíma (1969), Cleo e Daniel (1970), Pequena ilha da Sicilia (1971), Mar de
Rosas (1977), O jogo da vida (1977), O homem do pau Brasil (1982), Das tripas
coração (1982), Alô? (1997), Amélia (2000) e Nina (2004), além de ter parcipado
em novelas e series na televisão. Veja mais aqui.
SCUM – O drama Scum (1979), dirigido pelo cineasta Alan Clarke (1935-1990),
retrata a
brutalidade da vida dentro do sistema borstal britânico. O filme foi feito para
a BBC, mas devido a violência, foi retirado do ar, o que fez seu diretor
retomar e lança-lo dois anos depois. O filme conta a história de um jovem
delinquente, como ele chega à instituição e sua ascensão através da violência e
auto-proteção para o topo da hierarquia dos internos, puramente como uma
ferramenta para sobreviver.
A controvérsia do filme foi derivado de sua
representação gráfica do racismo, violência extrema, estupro, suicídio, muitas
lutas e linguagem muito forte. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia de Mauricio de Souza & Turma da Mônica
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Quarta Romântica, a partir
das 21hs (horário de verão), com a apresentação sempre especial e apaixonante
de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na
madrugada Hot Night, uma programação
toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui .