quarta-feira, outubro 28, 2015

ERASMO, ORTIGÃO, ZÉLIA DUNCAN, MILITÃO, MYRIAM MUNIZ, CARPINEJAR, TURMA DA MÔNICA, PECHISBEQUE & BRICARTE DO NITOLINO!


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? PECHISBEQUE - Eita, que o negócio está enfeiando demais. E se o negócio tá brabo, como diz Alceu Valença: vai pior e tende mais a piorar! Fé na perua! E o povo está comendo vidro! É, nem muxiba no moquém mesmo. E não adianta nem rezar nem recorrer a coisas insólitas, embrabeceu mesmo dum jeito de não ser nem possível ver qualquer insinuação de luzinha besta na fundura, muito menos dá para mensurar o tamanho do buraco. Só dá para entender que não bastando fazer o joguete das elites nacionais e internacionais e entregando até a cama de dormir para eles, ao invés de investir na educação, querem erradicar na marra e sob promessas eleitoreiras, as mais insignificantes epidemias, que de tão conhecidas, qualquer sujeito mediano sabe dar a solução. Mas, como aqui tudo é só jeitinho, mais nada, fica sempre a enrolação pura para promover alguém em cima da desgraça geral. O pior é quando a gente quer se desligar um pouquinho no final de semana, ah, que a bizarra realidade assombra. Tudo se confronta mesmo na insana política do venha-nós e vosso-reino-nada. E todo dia uma novidade da mesquinharia na manchete do jornal. Tanto a gente acredita que finda desacreditando de tudo. Incredulidade geral: será que o Brasil tem jeito? Sei não. Com tudo se disfarçando só no compadrio estreito que se empanzina com as benesses rebatinhas, descartando agora só o que sobrou das esculhambações de governos ao longo desses quinhentos e cinco anos de vício, ossadas e destroços, avalie. Não dá outra, são horrores que mais recheiam as escatológicas perspectivas inscritas nas teratologias inventariadas. Ah, são disparates demais que exalam o joio das flatulências mais fedorentas da cloaca nacional! São os borgorígmos das falcatruas, das negociatas, das trambicagens. Assim, a gente sabe onde vai dar: quando não é a estupidez do radicalismo canhestra, são sequestros, violência, flagelos, e o voyerismo rabacué da tv de ficar brechando a intimidade alheia, mexinflórios do maior registro da punheta coletiva. E isso é o cúmulo da curiosidade. Parece mais a vera-efígie verossímil e bastarda de que essa mesmice se enfia endovenosa, intoxica um e contagia todos com a extrusão da homogeneidade nivelada por baixo e confirmando os falsos padrões de avaliação civilizatória na ambição de poder, sucesso e riqueza, com todos os propósitos maqueados para o engodo, para o embuste, como se fôssemos o esgoto do consumo se alimentando só do lixo internacional. Gente, e aquela de sacanear, aprontando e pregando a maior peça, só para ver o idiota chutar o pau da barraca? Quanta falta de imaginação, só para constatar os entulhos da originária atitude simiesca, parecendo mais que o estúpido manguço é o principal atributo de nossa referência. Desapontado, eu, a esta altura do campeonato, sou undívago dos modismos, fedífrago eventual rascunhando minhas trapizongas literárias e mesmo que meus solecismos sejam escandalosos, aqui não tem recaall e nem porra de brother ou casa duca... E como este país não é só litoral, nem só São Paulo, nem só festança corrupta, nem só delinqüência e aproveitamentos, dará outra coisa? Só fabos – fabricantes de bosta, mesmo. Não vou ter um treco, tô só esperando o dia em que todos os políticos vão tomar vergonha da cara. Os caras nem mais se tocam com vaias ou tortada na cara. A gente devia fazer feito os argentinos, partir pro radical: um merdazo. Tolotes do muito nas fuças desses caras. Ah! mas se a moda pega no Brasil, a maior fábrica de excrementos do mundo, não haveria reserva merdológica que desse vencimento pra gente jogar nos mais ilustres casacudos oficiais. Era mesmo, se ao invés dessa acúlea salmodia catingosa de esperar milagres e salvadores nas eleições, a gente assumisse a retórica da contestação mais aguda e sapecasse uns tolotinhos raçudos nas fuças dos vendidos, haveria de aparecer um jeito menos doloroso para impor nossa cidadania. Ôxe, ovo podre, lama e lixo dá maior meladeiro e tem em qualquer lugar. É só pegar, empunhar e vute! Queria ver só a cara deles lambuzada com nosso protesto. Como tô cheio das caraminholas e com a indignação pelo gogó, vou recolher essa mal traçada pechisbeque e arrumar uma lavagem de roupa para amealhar sustento porque a coisa tá feia para cachorro-do-rabo-fino. E vamos aprumar a conversa aqui!


Imagem: Rio São Francisco, do artista plástico, artesão e poeta Militão dos Santos.


Curtindo o dvd Sortimento Vivo (Universal Music, 2002), da cantora e compositora Zélia Duncan.


BRINCARTE DO NITOLINO– Hoje é dia de reprise do programa Brincarte do Nitolino para as crianças de todas as idades, nos horários das 10hs e das 15hs (no horário de verão), no blog do Projeto MCLAM e com apresentação de Ísis Corrêa Naves. Na programação sempre especial também tem atrações especiais chamando a meninada com Toquinho, Lygia Fagundes Telles, Guilherme Arantes, Palavra Cantada, Carequinha, O papel das histórias, Cristina Mel, Turma do Jambu, Meimei Corrêa, Grandes Pequeninos & muito mais No reino encantado de todas as coisas. No blog, muitas dicas de Educação, Psicologia, Direito das Crianças e Adolescentes, Teatro, Música e Literatura infantil, com destaque pro Brincar da Criança e as historias em quadrinhos dos Aventureiros do Una. Para conferir ao vivo e online clique aqui ou aqui.

ELOGIO DA LOUCURA – O ensaio Elogio da loucura (1509 – LP&M, 2003), do teólogo e filósofo holandês Erasmo de Roterdã (1466-1536), inicia em tom satírico para chegar a um tom mais sombrio ao considerar que a loucura aprecia a autodepreciação, terminando com um testamento claro dos ideais cristãos. É repleto de alusões clássicas, escritas no estilo típico dos humanista do Renascimento, no qual a Loucura se compara a um dos deuses, filha de Plutão e Frescura, educada pela Inebriação e Ignorância, cujos companheiros fiéis incluem Philautia (amor-próprio), Kolakia (elogios), Lethe (esquecimento), Misoponia (preguiça), Hedone (prazer), Anoia (Loucura), Tryphe (falta de vontade), Komos (destempero) e Eegretos Hypnos (sono morto). Da obra destaco o trecho [...] Primeiro, vós bem vedes com que providência a natureza, esta mãe produtora do gênero humano, dispôs que em coisa alguma faltasse o condimento da loucura. Segundo a definição dos estóicos o sábio é aquele que vive de acordo com as regras da razão prescrita, e o louco, ao contrário, é o que se deixa arrastar ao sabor de suas paixões. Eis porque Júpiter, com receio de que a vida do homem se tornasse triste e infeliz, achou conveniente aumentar muito mais a dose das paixões que a da razão, de forma que a diferença entre ambas é pelo menos de um para vinte e quatro. Além disso, relegou a razão para um estreito cantinho da cabeça, deixando todo o resto do corpo presa das desordens e da confusão. Depois, ainda não satisfeito com isso, uniu Júpiter à razão, que está sozinha, duas fortíssimas paixões, que são como dois impetuosíssimos tiranos: uma é a Cólera, que domina o coração, centro das vísceras e fonte da vida; a outra é a Concupiscência, que estende o seu império desde a mais tenra juventude até à idade mais madura. Quanto ao que pode a razão contra esses dois tiranos, demonstra-o bem a conduta normal dos homens. Prescreve os deveres da honestidade, grita contra os vícios a ponto de ficar rouca, e é tudo o que pode fazer; mas os vícios riem-se de sua rainha, gritam ainda mais forte e mais imperiosamente do que ela, até que a pobre soberana, não tendo mais fôlego, é constrangida a ceder e a concordar com os seus rivais. De resto, tendo o homem nascido para o manejo e a administração dos negócios, era justo aumentar um pouco, para esse fim, a sua pequeníssima dose de razão, mas, querendo Júpiter prevenir melhor esse inconveniente, achou de me consultar a respeito, como, aliás, costuma fazer quanto ao resto. Dei-lhe uma opinião verdadeiramente digna de mim: — Senhor, — disse-lhe eu — dê uma mulher ao homem, porque, embora seja a mulher um animal inepto e estúpido, não deixa, contudo, de ser mais alegre e suave, e, vivendo familiarmente com o homem, saberá temperar com sua loucura o humor áspero e triste do mesmo. Quando Plutão pareceu hesitar se devia incluir a mulher no gênero dos animais racionais ou no dos brutos, não quis com isso significar que a mulher fosse um verdadeiro bicho, mas pretendeu, ao contrário, exprimir com essa dúvida a imensa dose de loucura do querido animal. Se, porventura, alguma mulher meter na cabeça a idéia de passar por sábia, só fará mostrar-se duplamente louca, procedendo mais ou menos como quem tentasse untar um boi, malgrado seu, com o mesmo óleo com que costumam ungir-se os atletas. Acreditai-me, pois, que todo aquele que, agindo contra a natureza, se cobre com o manto da virtude, ou afeta uma falsa inclinação, ou não faz senão multiplicar os próprios defeitos. E isso porque, segundo o provérbio dos gregos, o macaco é sempre macaco, mesmo vestido de púrpura. Assim também, a mulher é sempre mulher, isto é, é sempre louca, seja qual for a máscara sob a qual se apresente. Não quero, todavia, acreditar jamais que o belo sexo seja tolo ao ponto de se aborrecer comigo pelo que eu lhe disse, pois também sou mulher, e sou a Loucura. Ao contrário, tenho a impressão de que nada pode honrar tanto as mulheres como o associá-las à minha glória, de forma que, se julgarem direito as coisas, espero que saibam agradecer-me o fato de eu as ter tornado mais felizes do que os homens. Antes de tudo, têm elas o atrativo da beleza, que com razão preferem a todas as outras coisas, pois é graças a esta que exercem uma absoluta tirania mesmo sobre os mais bárbaros tiranos. Sabereis de que provém aquele feio aspecto, aquela pele híspida, aquela barba cerrada, que muitas vezes fazem parecer velho um homem que se ache ainda na flor dos anos? Eu vo-lo direi: provém do maldito vício da prudência, do qual são privadas as mulheres, que por isso conservam sempre a frescura da face, a sutileza da voz, a maciez da carne, parecendo não acabar nunca, para elas, a flor da juventude. Além disso, que outra preocupação têm as mulheres, a não ser a de proporcionar aos homens o maior prazer possível? Não será essa a única razão dos enfeites, do carmim, dos banhos, dos penteados, dos perfumes, das essências aromáticas, e tantos outros artifícios e modas sempre diferentes de vestir-se e disfarçar os defeitos, realçando a graça do rosto, dos olhos, da cor? Quereis prova mais evidente de que só a loucura constitui o ascendente das mulheres sobre os homens? Os homens tudo concedem às mulheres por causa da volúpia, e, por conseguinte, é só com a loucura que as mulheres agradam aos homens. Para confirmar ainda mais essa conclusão, basta refletir nas tolices que se dizem, nas loucuras que se fazem com as mulheres, quando se anseia por extinguir o fogo do amor. [...]. Veja mais aqui e aqui.

AS FARPAS – O livro As farpas chronica mensal da política das letras e dos costumes (Typographia Universal, 1871), do escritor e polemista português Ramalho Ortigão (1836-1915), inicialmente em parceria com o escritor Eça de Queiroz até 1872 e, posteriormente, até 1882 pelo primeiro. Subintitulando-se "O País e a Sociedade Portuguesa", os folhetins mensais d'As Farpas constituem um painel jornalístico da sociedade portuguesa nos anos posteriores a 1870, erguido com bonomia, sentido agudo das mazelas sociais, um alto propósito consciencializador, e uma linguagem límpida e variada, formando uma admirável caricatura da sociedade da época. O estilo deu inicio a um novo e inovador conceito de jornalismo - o jornalismo de ideias, de crítica social e cultural. Da obra destaco o trecho inicial: Leitor de bom senso –que abres curiosamente a primeira pagina d'este livrinho, sabe, leitor - celibatário ou casado, proprietário ou produetor, conservador ou revolucionario, velho patuleia ou legitimista hostil- que foi para ti, que ele foi escripto – se tens bom senso! E a idéa de tc dar assim todos os mezes, emqnanto quizeres, cem paginas ironicas, alegres, mor. dentes, justas, nasceu no dia em que podemos descobrir através da penumbra confusa dos factos, alguns contornos do perfil do nosso tempo. Aproxima-te um pouco de nós, e vé. O paiz perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as conciências em debandada, os caracteres corrompidos. A pratica da vida tem por única direção a conveniencia. Não há principio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguem se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguem crê na honestidade dos homens publicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inercia. O povo está na miseria. Os serviços publicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéas aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta in diffferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intellectual, parada. O tedio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruina econômica cresce, cresce, cresce. As quebras succedem-se. O pequeno commercio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentavel. O salario diminue. A renda também diminue. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. N'este salve-se quem poder a burguesia proprietária de casas explora o aluguel. A agiota gem explora o juro. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. O numero das escolas só por si é dramatico. O professor é um empregado de eleições. A população dos campos, vivendo em casebres ignobeis, sustentando-se de sardinha e de vinho, trabalhando para o imposto por meio de uma agricultura decadente, puxa uma vida miseravel, sacudida pela penhora; ignorante, entorpecida, de toda a vitalidade humana conserva unicamente um egoísmo feroz e uma devoção automatica. No entanto a intriga politica alastra-se. O paiz vive n'uma somnolencia enfastiada. Apenas a devoção insciente perturba, o silencio da opinião com padre-nossos maquinaes. Não é uma existencia, é uma expiação [...] Veja mais aqui.

SALMOS DO FOGO, ADEGA DO SONO & OUTROS POEMAS – No livro As solas do sol (Bertrand Brasil, 1998), do poeta, professor e jornalista Fabrício Carpinejar, destaco Salmos do Fogo: O céu esférico, / cinzento. / Aves copiando o traçado / da migração, / o caule da borrasca. Também a solidão a duas vozes: Obedecia a rapidez do sangue. / Antes de apodrecer a luz, / engolia a altura da árvore. Mais o Neve da chama: Enraizado no canto, / o cortejo de galos / separava a safra de corais. / Das quilhas coradas / das canoas. O adega do sono: Dividias os gomos da fruta / em aposentos da casa. / A cortina do sumo / leveda o sol levantado. / O zodíaco do molde / supre o gérmen do quarto. / E o bafio estala / a lareira das esferas / na sala de estar / da semente. O poema Domingo: As garças capinavam / as águas.  / A saliva das aves / movia o motor /do riacho. Por fim Suicídio: A vida amou a morte / mais do que havia / para morrer. / Apaguei os pensamentos / na espuma da pele. / Abandonar o paraíso, / a única forma / de não esquecê-lo. E veja mais aqui e aqui.

DA BRUXINHA ATÉ NINA - A premiadíssima e saudosa atriz e diretora de teatro, cinema e televisão, Myriam Muniz (1931-2004), construiu uma trajetória que foi iniciada na Escola de Arte Dramática, no final dos anos 50, estreando no teatro profissional em 1961, no espetáculo José, do parto à sepultura, seguindo-se A bruxinha que era boa (1962), Tia Mame (1962), Chuva (1962), A revolução dos beatos (1962), A mandrágora (1963), O noviço (1963), Tartufo (1964), O inspetor geral (1966), O círculo de Giz (1967), La Moschetta (1967), Os carecentes (1967), Marta Saré (1969), Tom Paine (1970), Tudo de Novo (1970), Assim é, se lhe parece – só porque você quer (1971), Fala baixo, senão eu grito (1973), Eva Perón (1979), Às próprias custas (1983), Pegando fogo, lá fora (1988), A história acabou (1991), Porca Miséria (1993). Além de dirigir e atuar no teatro, também incursionou pelo cinema em filmes como Macunaíma (1969), Cleo e Daniel (1970), Pequena ilha da Sicilia (1971), Mar de Rosas (1977), O jogo da vida (1977), O homem do pau Brasil (1982), Das tripas coração (1982), Alô? (1997), Amélia (2000) e Nina (2004), além de ter parcipado em novelas e series na televisão. Veja mais aqui.

 
 SCUM – O drama Scum (1979), dirigido pelo cineasta Alan Clarke (1935-1990), retrata a brutalidade da vida dentro do sistema borstal britânico. O filme foi feito para a BBC, mas devido a violência, foi retirado do ar, o que fez seu diretor retomar e lança-lo dois anos depois. O filme conta a história de um jovem delinquente, como ele chega à instituição e sua ascensão através da violência e auto-proteção para o topo da hierarquia dos internos, puramente como uma ferramenta para sobreviver. A controvérsia do filme foi derivado de sua representação gráfica do racismo, violência extrema, estupro, suicídio, muitas lutas e linguagem muito forte. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia de Mauricio de Souza & Turma da Mônica


Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Quarta Romântica, a partir das 21hs (horário de verão), com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui .