quinta-feira, outubro 29, 2015

JOSEFINA, ADALGISA, CARDINALE, LILIANA, MARINA, MONIQUE, NIKI, PATRIZIA, MARIA & HOLÍSTICA!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? RENOVAÇÃO - Aos vinte e nove dias do mês de outubro do ano de dois mil e quinze, hoje mais que nunca reitero o que dissera desde março de sempre na infância de todos os amanheceres, no adolescer adulto e na noite de novos alvoreceres da criança aos seios da mãe crepuscular por todas as matas do engenho de açúcar, arrodeando o Una que me batizou para que eu fosse mais que um rio a singrar a vida. Reitero mais que a crônica do coração materno que é dela e que reconhece todos os nomes e até as inomináveis que varam agrestes, sertões e litorais e que vão além do planalto central para fincarem a sua alma atlântica no mais ignoto território do Pacífico. Reitero mais que a festa de todas as deusas de todos os panteons do universo pra todas as musas nuas e ciborgs que vigiam o futuro porque não têm nada mais que o agora. Reitero mais que a realeza de todas as rainhas sobre todas as abelhas que lhe são súditas no reinado de todos os voos que levam além de mim para o que sou de mais eterno. Reitero mais que os poemas que viraram canções e dos cantaraus que são não mais que gratidão no dia quente e na tarde de sol e que são mais que apologias de sangue e sentimento das mãos à alma e que eternizam no vento o que dela emana pra ser mais real. E assino embaixo com meu sangue como se fosse a seiva da flor mais que desabrochada. E veja mais aqui e aqui

 Imagens a multiarte da pintora, escultura e cineasta francesa Niki de Saint Phalle (1930-2002).


Curtindo o álbum Funambola (Ponderosa Music&Art, 2007), da cantora e compositora italizana Patrizia Laquidara.

UMA NOVA CONSCIÊNCIA PARA A HUMANIDADE – No livro Visão holística em psicologia e educação (Summus,1991), organizado por Dênis M. S. Brandão e Roberto Crema, destaco o texto A visão holística: uma nova consciência para a humanidade, da doutora em Psicologia, com formação em Gestalt-Terapia e Transpessoal, autora do método A mutação Holística, Monique Thoenig: [...] Vivemos em um mundo atomizado em todos os níveis. Constata-se uma atomização do individuo, uma atomização da humanidade e do mundo. Beiramos o ponto de não retorno. No entanto, em meio a isto, espíritos se levantam em todo o mundo, a boa vontade entra em ação. Corações se surpreendem. Este novo olhar está no centro de nós mesmos e aí podemos encontra-lo. É do coração que ele irradia. A Paz começa em cada um de nós. E é ai que se deve fazê-la germinar. O amor é a necessidade fundamental de todo ser. Nosso planeta, a Terra, é um ser vivo; é como um coração que bate no universo – o drama fundamental da humanidade é que nem todos os corações batem em uníssono. [...] A experiência última permanece com o Vazio misterioso e primordial, que contém toda a existência em germe e potencialidade. Aí já não encontramos a dualidade entre a fonte e o rio, entre o raio e o sol.  No abandono a uma força onipresente, o sim inclui o não, já não mais opostos. O Ser renasce no espelho da morte. E eu finalizaria com esta frase de Krishnamurti: “Então, só ao que se pode chamar de Deus é possível existir”.  Veja mais aqui aqui e aqui.

A MOÇA TECELÃ – No livro Doze reis e a moça no labirinto do vento (Nórdica, 1985), da escritora e jornalista ítalo-brasileira Marina Colasanti, destaco o conto A Moça Tecelã: Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor de luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos de algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela. Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza. Assim, jogando a lançadeira de um lado para o outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias. Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou como seria bom ter um marido ao seu lado. Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta. Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando na sua vida. Aquela noite, deitada contra o ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade. E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque, descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar. - Uma casa melhor é necessária, - disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer. Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. – Para que ter casa, se podemos ter palácio? – perguntou. Sem querer resposta, imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata. Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira. Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre. - É para que ninguém saiba do tapete, - disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: -Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos! Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou como seria bom estar sozinha de novo. Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear. Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e, jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer o seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. A noite acabava quando o marido, estranhando a cama dura, acordou e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte. Veja mais aqui.

A UM HOMEM & OUTROS POEMAS – No livro Mundos Oscilantes: Poesias Completas (José Olympio, 1962), da poeta e jornalista Adalgisa Nery (1905-1980), destaco inicialmente o poema A um homem: Quando numa rocha porosa / Cansado te encostares / E dela vires surgir a umidade e depois a gota, / Pensa, amado meu, com carinho, / Que aí esta a minha boca. / Se teus olhos ficarem nas praias / E vires o mar ensalivando a areia / Com alegria pensa amado meu / Num corpo feliz / Porque é só teu. / Se descansares sob uma arvore frondosa / E além da sombra ela te envolver de ar resinoso / Lembra-te com entorpecência amado meu, / Da delicia do meu ventre amoroso. / Quando olhares o céu / E vires a andorinha tonta na amplidão / Pensa amado meu que assim sou eu / Perdida na infindável solidão. / A noite quando as trevas chegarem / E vires do firmamento. Também, Poema da amante: Eu te amo / Antes e depois de todos os acontecimentos / Na profunda imensidade do vazio / E a cada lágrima dos meus pensamentos. / Eu te amo / Em todos os ventos que cantam, / Em todas as sombras que choram, / Na extensão infinita do tempo / Até a região onde os silêncios moram. / Eu te amo / Em todas as transformações da vida, / Em todos os caminhos do medo, / Na angústia da vontade perdida / E na dor que se veste em segredo. / Eu te amo / Em tudo que estás presente, / No olhar dos astros que te alcançam / Em tudo que ainda estás ausente. / Eu te amo / Desde a criação das águas, / desde a idéia do fogo / E antes do primeiro riso e da primeira mágoa. / Eu te amo perdidamente / Desde a grande nebulosa / Até depois que o universo cair sobre mim / Suavemente.  E por fim, o poema Repouso: Dá-me tua mão / E eu te levarei aos campos musicados pela / canção das colheitas / Cheguemos antes que os pássaros nos disputem / os frutos, / Antes que os insetos se alimentem das folhas / entreabertas. / Dá-me tua mão / E eu te levarei a gozar a alegria do solo / agradecido, / Te darei por leito a terra amiga / E repousarei tua cabeça envelhecida / Na relva silenciosa dos campos. Nada te perguntarei, / Apenas ouvirás o cantar das águas adolescentes / E as palavras do meu olhar sobre tua face muito / amada. Veja mais aqui.

O VOTO FEMININO – A comédia em um ato O voto feminino (1878), da jornalista e feminista Josefina Álvares de Azevedo (1851-?), oriunda do trabalho desenvolvino no jornal A Família que se tornou um veículo de propaganda do direito ao voto feminino e ela publicou uma série de artigos, nos quais afirmava que, sem o exercício desse direito pelas mulheres, a igualdade prometida pelo novo regime não passaria de uma utopia. Inspirada no parecer do ministro do interior, Césario Alvim, em abril de 1890, negando o alistamento eleitoral de Isabel Matos, ela escreveu a peça teatral que foi encenada durante os trabalhos constituintes de 1890-91, no Recreio Dramático, um dos teatros mais populares no Rio de Janeiro daquela época. A peça apropriou-se, numa linguagem cênica, do parecer negativo do ministro e também do artigo de um congressista favorável ao voto feminino para criticar duramente o ridículo da resistência masculina em aceitar a participação das mulheres na vida política. A obra foi publicada em livro e também como folhetim nas páginas do jornal de Josefina, de agosto a novembro de 1890. Voltou a ser reeditada na sua coletânea A mulher moderna: trabalhos de propaganda (1891). Da peça destaco as cenas 4 e 5 recolhidas do estudo Josefina Alvares de Azevedo: teatro e propaganda sufragista no Brasil do século XIX, da pesquisadora e doutora em Letras, Valeria Andrade Souto Maior: [...] CEnA 4a. Inês e Esmeralda ESMERALDA (entra lendo um jornal) – Que quereis fazer de uma mulher como vós inteligente, como vós ativa, como vós ilustrada, como vós amante da pátria, e que lhe quer, pode e deve prestar todos os serviços?! INÊS (que tem estado a prestar muita atenção) – Sim, sim, o que querem os homens fazer de uma mulher assim? ESMERALDA – Oh! Minha mãe, que belo artigo o do Dr. Florêncio, publicado no Correio do Povo de ontem. INÊS – É um grande talento!ESMERALDA – Tem feito do voto feminino uma campanha célebre. INÊS – E há de vencer. ESMERALDA – Se vencerá! INÊS – Em passando a lei, já se sabe, hás de te apresentar para deputada. ESMERALDA – Eu, minha mãe? INÊS – Sem dúvida. Pois não estás habilitada para isso? ESMERALDA – Sim, estou habilitada. Mas meu marido? INÊS – Ora, o teu marido! Que se empregue em outra coisa. ESMERALDA – É bom de dizer, a senhora sabe, que ele tem sido sempre deputado... E não há melhor emprego do que esse. INÊS – De ora em diante serás tu. Se lhe hás de estar todas as noites a ensinar o que ele há de dizer, vai tu mesma dizer o que sabes. ESMERALDA – Pobre Rafael! Ele que deseja tanto subir!... INÊS – Sobe tu. Faz-te deputada, (aparece ao fundo a criada) depois senadora, depois ministra, e talvez que ainda possas chegar a ser presidente da república...CEnA 5a. Inês, Esmeralda e Joaquina JOAQUINA (entrando) – Quem? O senhor Rafael? INÊS – Não tola; a Esmeralda. JOAQUINA (admirada) – Uê! ESMERALDA – Ora, mamãe, isso não se faz assim. INÊS – Como não; faz-se sim, senhora. E eu hei de ser tua secretária. JOAQUINA (contente) – Que belo! Nesse tempo eu ficarei sendo sua criada grave. INÊS – É verdade, poderás proteger essa rapariga arranjando-lhe algum emprego razoável. JOAQUINA – Olhe, minha ama, sabe o que eu queria ser? ESMERALDA – Diz lá. JOAQUINA – Aquele homem que anda num carro fechado e com dois soldados a cavalo... ESMERALDA – Oh! Mulher! Querias logo ser ministra? INÊS – Isso é impossível, Joaquina. JOAQUINA – Eu sei lá! Queria ser uma coisa que pudesse mandar os soldados. ESMERALDA – Mandar soldados, para quê? JOAQUINA – Para nada, não senhora. (aparte) Para mandar prender aquele ingrato do seu Antonico que não se quer casar comigo. (sai) INÊS (que tem estado a conversar com Esmeralda, durante o aparte de Joaquina) – No dia em que for decretado o nosso direito de voto... [...] Veja mais aqui.


LA PELLE – O filme La pelle (1981), dirigido pela cineasta e roteirista italiana Liliana Cavani – que ficou reconhecida por seu filme Il portiere di notte (O porteiro da noite, 1974), tem seu roteiro baseado no romance homônimo do escritor, jornalista, dramaturgo e cineasta italiano Curzio Malaparte (1898-1957), com musica de Lalo Schifrin. Este belíssimo filme tem por destaque a sempre aplaudidíssima e cultuada, bela e encantadora atriz italiana nascida na Tunísica, Claudia Cardinale, estrela dos filmes de Luchino Visconti, Federico Fellini e Sergio Leone, atuando nas últimas décadas como uma libertária de esquerda na defesa das mulheres e dos homossexuais, bem como em causas humanitárias na valorização de sua herança árabe. Ela escreveu sua autobiografia intitulada Moi Claudia, Toi Claudia. Veja mais aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia de homenagear a escultora, desenhista, gravurista, pintora, escritora e musicista Maria Martins (1894-1973).


Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa SuperNova, a partir das 21hs (horário de verão), com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui .