segunda-feira, outubro 26, 2015

DARCY, HILST, ROHMER, OSWALD, ZOUZOU, BELCHIOR, ROSAMARIA, ZSIGMOND & COCÃO DO PADRE!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? COCÃO DO PADRE - Nhenhenhéns de banda, pândegas de lado, muitas são as esfoladas polêmicas arrebatadas na câmara de vereadores, nos antros de perdição, nos gabinetes das autoridades, nos púlpitos religiosos, nas alcovas matrimoniais, em todos e inimagináveis locais de aglomeração, com relação a um monumental patrimônio da comunidade trombetense, fidedigno de se constituir num dos ícones da humanidade pela sua curiosa pequenez e paradoxal grandiosidade conferida pela insólita fanatização, tanto contra como a favor pela modesta população que arrodeia, resultando nas mais diversas pendengas e querelas da mundiçada toda. Os a favor, são extremamente violentos quando arregaçam as mangas e compram a maior briga na defesa dessa inquestionável graça divina. Os do contra são irredutivelmente aguerridos na destruição dessa totêmica e supersticiosa coisa ruim, verdadeiro atraso de vida para todos os residentes dali. Os da coluna do meio que nem pendem prum lado nem pro outro, nem catingam, nem cheiram, num movem uma palha sequer para acabar com o rebuceteio, nem nem. Como se não bastasse, ainda tem a turma do saçarico munganguento que são contra os a favor e vice-e-versa e versa-e-vice e do contra em tudo e só tocam fogo botando mais lenha só pra ver o desgraceiro do confronto fumaçando brabo. Mais nada. Essa gentinha gaiata é a que mais se avoluma na peleja, só pra ver a arenga estrondar na risadagem frouxa. Eita, pau! Sem querer puxar sardinha nem prum lado nem pro outro, muito menos para lado algum, sem sombra de dúvida, aquilo é uma representativa fulguração da província nordestina, não tendo lá os holofotes e a pomposidade de figurar entre as grandes vitrines das suntuosidades mundiais, mas que dá no que falar, dá; fuxico que só; enredo, muito; candinhagem, bote fé; lorota, avalie. E que merece, merece, só não sei se para veneração, ou se mangação. Deixe ver. Para uns acalorados defensores, ele é valioso porque foram os ingleses da Great Western que descobriram essa fonte, vez que se tratava de uma nascente de águas cristalinas, santa curandeira, que, segundo alguns boateiros, foi onde a Besta Fubana deu uma mijada de abrir um buraco enorme no chão. Na vera. E olhe que o insólito esgueirou-se, pois lá, quem chegasse que fosse, já se via e testemunhava aleijado andar, cego ver, mudo falar, doente bom, impotente foder, tarado caiar, tudo só com um toque na areia do lugar. E mais: juram pela alma da mãe e pela fé de todos os santos que foi onde Frei Damião Bozzano se batizou; onde Antônio Conselheiro antes de sapecar forças em Canudos, veio se purificar na sua verdadeira água benta; onde Padre Cícero num se cansava de carregá-la nos seus frascos para distribuir aos fiéis no Ceará e mais lá vai tampão. E num era pouca a briga de espíritas, xangozeiros, padres, pastores, bodes e cabras de todo tipo para ver quem carregava mais daquele santíssimo líquido precioso. Era cada arranca-rabo todo dia e o dia todo. E quanto mais levavam, mais ela se tornava abundante. Por isso é rodeada de tantos mistérios transcendentais. Para se ter uma melhor idéia do estrupício, no buraco mencionado surgiu uma corcova que apresenta uma forma circular de um quengo careca enterrado no chão, ou de um cuscuz de pedra gigante, um cocão de padre mesmo, assim como se só estivesse descoberto acima das orelhas e das pestanas dum gigante, assentada sobre pedras, como uma bulbosa cúpula e uma abóbada escura jamais completamente visitada, situada entre a estação construída pelos ingleses, hoje desativada, de um lado; e do outro, um antro de perdição: o clube ferroviário, o maior fuá de antanho num trupé da gota de arrasta-pé, que um dia uma ventania fez tal sucedâneo intrigante do triângulo das Bermudas, desaparecer no ar com dançantes e tudo, restando só o chão, a lembrança e um mistério irrevelável até hoje. Dizem que esta sumida inopinada foi esconjuro de uma mãe que teve uma filha descabaçada em noite de forró arrepeado, sem que ninguém aparecesse como responsável pelo coito indesejável. Daí, babau: do sarroviário, nem sinal. Só casebres, matagal e os restos da estação. Para maior pabulagem dos afetos e desafetos, ao longo da extensão desse monolítico cocão é encontrada uma série de inúmeras inscrições, complicadas e inexplicáveis, impressas na parte visível dessa pedra ilustradíssima - já que a parte interna jamais fora desbravada -, levando estudiosos, aos muitos, identificarem algumas, como o desenho de uma máscara de elmo da Nigéria; um tabuleiro de adivinhação ioruba; um escorpião de capacete; pênis e pênis e pênis voadores; vaginas e vaginas cabeludas; um crânio de mesossuquiano cretáceo; sílex em forma de pendúnculo; pictografias, descrições e gravuras rupestres; petróglifos; um archaeopteryx; um ET que mais parecia o Artaud de Dubuffet - e que, com certeza, deixou seu autógrafo por toda pedra, nuns garranchos indecifráveis -; umas figuras que mais pareciam a Vênus de Lespugue; enfim, uma variedade de inscrições insólitas jamais interpretadas por curiosos ou homens de ciência, que mais pareciam superposições de escritas e desenhos, maior seboseira mesmo. Pior que porta de banheiro público! Pois bem, dado depois de umas quinhentas cercas derrubadas, depois de umas duas mil bravatas ineivadas, depois de muita lengalenga desproposital como marco zero local, pelo advento de haver surgido do nada, esse que seria denominado de Cocão do Padre, assim de repente, sem mais nem menos, naquele lugar, ninguém sabendo ao certo se emergira das entranhas da terra por obra divina, se construída por seres exterrestres, ou se obra de puro acaso, mais dizendo muitos tratar de um meteoro que, sem ter o que fazer na sua rota estelar despencou lá de cima com o maior estardalhaço, findando enterrado naquela localidade. Peiticam mesmo que ser humano é que num foi, batem o pé na insistência. Essa controversa aparição representava para os fiéis como o dólmen da salvação, onde praticavam o batismo, a remoção dos pecados reincidentes e lavagem de culpas, almas e corpos. Já para os amantes engalfinhados, era o menir das libidinagens onde os marmanjos levavam suas assanhadas vítimas para sapecarem peiadas muitas. E, para todo o resto era um totem, onde tudo podia acontecer: se curar, bater as botas, trupicar, se envultar, renascer, se atolar ou mesmo perder o juizo. Sabe-se que de dia era sagrado; de noite, profano. E se qualquer mulher que de lá se aproximasse, ia logo sentindo um fuviamento nas partes pudendas, chegando minar de desejo, endoidando arreganhada e findando por se lavar a choca para acalmar-se com as águas cristalinas, o que era pior, saía doida para se atrepar num raçudo pra-te-vai, amolegado até umasoras sem descanso. Ôxe, isso reafirmam como se fosse uma pinóia. Pois contam que quando macho enxaguava o pingulim naquela pingueira na hora de tirar água da rótula, o bocó ficava de pau duro só arreando a crista depois de três enfiadas boas de fudelança nas perseguidas sedentas e sem tirar de dentro. Era comum, por isso, encontrar por ali caçolas, cabaços e pregas nas trepadas que vadiavam pelas imediações, tome cipoada macha. Muitos que se encangaram furtivamente nas suas mocréias por ali, construíram sólido tálamo com elas, em cerimônia ali mesmo realizada, hoje, testemunho de casais felizes para sempre. Pois bem, como tudo que é bom dura pouco, tudo ia muito bem - se é que uma tronchura dessas pode ser de boa procedência -, até que um dia, a brabura do bispo, acoloiado com o delegado e o prefeito, resolveu tomar pé da situação, apropriando-se daquelas cercanias e suspendendo todo tipo de cerimônia ritualística, safadeza descarada, juramento de promessa, petição de cura, insolências populares e todo e qualquer tipo de menção em suas imediações. Era que havia muita gritaria de apóstolos, de benzedeiros, de enroladores políticos, de num ter quem aguentasse mais passar nem por perto de tanto espetáculo, todos ao mesmo tempo, cada um mais barulhento que o outro. Bafafá acabado eis que, parece que castigo do céu, a fonte secou de nunca mais brotar um só pingo d'água. Foi tanto ohohohohohohoh de não se encontrar a menos plausível explicação. Todo mundo de olho aboticado buscava desvendar o mistério. Restou mesmo só a pedra no cenário, mais nada. Quem se aproveitou, aproveitou. Quem num se aproveitou, num aproveita mais. Quando tudo se apaziguou, de repente, a pedra voltou a derramar de suas entranhas aquele manancial hídrico de chega inundar a cidade, maior aguaceiro. Enchente de nego ficar atrepado no sino da igreja. Tudo era demovido por força das águas: casa, hipocrisia, tranqueiras, vergonha, crenças e rixas. Tres dias depois, dava de secar por anos sem dar menor sinal de vida, descansando. Essa sua intermitência já virou teses e mais teses de doutorado, chegando-se a conclusão que se tratava da mestruação regular da pedra, a ponto de curar uns e empestar outros. O que se sabe mesmo é que ela está lá e ninguém tem a mínima idéia do que fazer com ela: se faz exploração, ou desenterra, ou escava, ou se deixa pra lá. Eu, hem? E vamos aprumar a conversa aqui.


Imagem: A reclining female nude, do pintor, escultor e artista gráfico húngaro Zsigmond Kolozsvary (1899-1983).


Curtindo o álbum Todos os sentidos (Warner, 1978) do cantor e compositor Belchior.

A UNIVERSIDADE REVOLUCIONÁRIA – No livro A universidade necessária (Paz e Terra,1982), do antropólogo e escritor Darcy Ribeiro (1922-1997), destaco o trecho denominado A universidade revolucionária: Nossas universidade, no curso de sua existência secular, foram instituições enclausurada que formaram os tipos de especialistas requeridos pela sociedade, conformando-os para o papel de privilegiados e de custódios da ordem social vigente. Neste sentido, sempre atuaram como instituições essencialmente políticas e classistas. Alguns estudantes revelavam-se contra esta mesquinhem, enquanto não chamados para os desempenhos que a sociedade lhes exigia na vida adulta. Poucos professores mantiveram uma atitude crítica, manifestando descontentamento contra a servidão da universidade ao sistema. A maioria acomodou-se – acomoda-se ainda hoje – a tais contingencias. Ou, no máximo, expressou ironicamente seu desgosto com sua universalidade, tal qual é, e com a sociedade em que vivia. De fato, só a emergencia de uma nova estrutura de poder, disposta a reordenar a velha ordem, poderá libertar os universitários dessas cadeias. Libertar os estudantes, orientado suas energias e sua rebeldia para sendas criativas, em favor da edificação de uma sociedade solidária. Libertar os professores, prestigiando os dotados de consciência crítica, recuperando os desinteressados ou indiferentes e proscrevendo dos órgãos de direção os agentes da velha ordem, obstáculos à renovação da universidade, entraves à transformação da sociedade. Para isto é necessário viver um longo e conflitante processo, travado dentro da própria universidade enquanto é intensificada e acelerada a renovação social. Na medida em que esta for se consolidando, esboçar-se-á e se definirá o contexto em que a universidade há de atuar. Então, ela será forçada a corresponder às exigências da nova realidade, e a consagrar os novos critérios de lealdade que os universitários de amanhã terão de observar, como o fizeram os de ontem e fazem os de hoje. Enquanto a renovação social não avançar suficientemente na transformação do contexto social, a fim de que as novas diretrizes da educação nacional se tornam mais claras e imperativas, a universidade se debaterá entre a perplexidade e a ambiguidade. Estará assombrada e frustrada pelas inovações impostas de cima; dividida, já mais horizontalmente pela estratificação de seus estamentos, mas verticalmente pelos antagonismos e polêmicas desencadeadas em todos os corpos acadêmicos. Se o processo de renovação avançar prevalecerão os critérios progressistas que, afinal, ganharão a universidade, impulsionando-a para as tarefas revolucionárias de construção da nova realidade. Na verdade, sempre poderão ocorrer deformações, convertendo os atores do processo de renovação em nova elite substitutiva da antiga. Para evitar tal vicissitude, torna-se indispensável empreender reformas estruturais que, alterando as bases físicas da vida acadêmica, provoquem a mudança da mentalidade dos universitários, capacitando-os para: desenvolver e difundir, entre docentes e alunos, uma atitude solidária para com a maioria da população incitando-os a aceitar os valores opostos aos até agora prevalente – de competição individualista e de convivência hipócrita – derivados do caráter privatista e repressivo da velha ordem; libertar professores e estudantes dos muros da universidade, levando-os a conviver com a população lá onde ela vive e trabalha. E fazê-lo não na qualidade de observadores motivados por simples curiosidade intelectual, mas como companheiros ativos e solidários, dispostos a forcejar e ajudar com atos, mais do que com palavras, a melhoria de suas condições de vida e de trabalho; incorporar a universidade à prática transformadora, através de programas de ação conjunta com os poderes públicos. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

O QUE SE DEVE SABER – No livro Feira das sextas (Globo, 2000), do escritor Oswald de Andrade (1890-1954), reúne vinte e quatro crônicas escritas pelo autor, entre os quais destaco O que se deve saber: Muitos anos atrás, quando Isadora Duncan passou como um meteoro pela América do Sul apaixonando-se na Argentina por um boiadeiro, em São Paulo por um estudante, no Rio por um marujo, vinha ao Brasil, ao mesmo tempo que ela, uma leva de grandes artistas que a guerra tocava da Europa em desolação. A guerra, sempre a guerra nos trazia mais este benefícios. Conhecíamos o que nunca sem ela teríamos conhecido e víamos o que só as grandes plateias tinham o direito de aplaudir. Ficou-se sabendo então que a dança deixara de ser um desvão da opera e que dançar não era só fazer ponta e rodopiar alucinadamente entre tules e refletores. Veio a se saber que a dança podia ser uma arte pessoal, interpretativa e dramática, e que Isadora Duncan sozinha num cenário unido de veludo valia mais que todos os ballets emanados do Scala de Milão ou da Ópera de Paris. Depois foi a era do cinema e tudo se desvendou pelo olho luminoso que penetrava facilmente em todos os recantos do mundo e reconstituía as caçadas que só as clareiras mais intimas das florestas africanas tinham visto. E reconstituía também ora os salões milionários dos burgueses de Wall Street, ora os feudos ingleses, ou uma rua de Xangai, ou uma capela do Tibet. Estava liquidado o exotismo e revelado muito mistério da terra. Mas no tempo em que vinham ao Brasil em tropel as celebridades espantadas pela doce conflagração do ano 14, a ignorância nacional muitas vezes tentou tirar partido e adquirir cabedais no contrato rápido com estrelas, atores, poetas e cientistas. Lembro-me de um jornalista do Rio que pretendeu realizar todo um curso de história da música numa entrevista de meia hora com um músico de renome. Quando ia em meio do século 18, a celebridade percebeu que o primitivo não conhecia, sequer de nome, Mozart e Beethoven e deu o desespero. Essa pressa com que a vida ansiada e complexa de hoje obriga qualquer mortal a se improvisar em detetive ou perito de guerra, economista ou sociólogo, foi admiravelmente condensada numa pagina do livro de viagens do grande Chaplin. Carlito está a bordo de um transatlântico, de passeio para a Inglaterra, quando vê ao seu lado no tombadilho um sujeito de aspecto grave tendo em seu colo alguns grossos volumes abertos e sobre uma cadeira próxima toda uma sisuda biblioteca. Carlito pensa imediatamente na chance que abre para ele de ilustrar-se. Em três dias cacetissimos de mar, ele vai fazer relações intimas com aquele senhor que é, com certeza, um sábio. Carlito vai culturizar-se durante a travessia, curto espaço que a vida lhe reservou para tamanho cometimento. Um simples esbarrão nos livros e ei-lo trocando cartões e amabilidade com o desconhecido. Tratar-se do sr. Gilette, inventor das laminas para barba. Evidentemente ele não tinha reconhecido a cara que vem no involucro das mesmas. O sr. Gilette, por sua vez, pretendia melhorar os seus conhecimentos durante a viagem, e para isso tinha arranjado uma penca de dicionários. Veja mais aqui, aqui e aqui.

AMAVISSE & PRELÚDIOS PARA OS DESMEMORIADOS DO AMOR - No livro Uma superfície de gelo ancorada no riso (Globo, 2012), da poeta, dramaturga e ficcionista Hilda Hilst (1930-2004), destaco inicialmente dois dos prelúdios intensos para os desmemoriados do amor – I: Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca / Austera. Toma-me AGORA, ANTES / Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes / Da morte, amor, da minha morte, toma-me / Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute / Em cadência minha escura agonia. / Tempo do corpo este tempo, da fome / Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento, / Um sol de diamante alimentando o ventre, / O leite da tua carne, a minha / Fugidia. / E sobre nós este tempo futuro urdindo / Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida / A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo. / Te descobres vivo sob um jogo novo. / Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor, / Antes do muro, antes da terra, devo / Devo gritar a minha palavra, uma encantada / Ilharga / Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar / Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo / Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza. II: Tateio. A fronte. O braço. O ombro. / O fundo sortilégio da omoplata./ Matéria-menina a tua fronte e eu / Madurez, ausência nos teus claros / Guardados. / Ai, ai de mim. Enquanto caminhas / Em lúcida altivez, eu já sou o passado. / Esta fronte que é minha, prodigiosa / De núpcias e caminho / É tão diversa da tua fronte descuidada. / Tateio. E a um só tempo vivo / E vou morrendo. Entre terra e água / Meu existir anfíbio. Passeia / Sobre mim, amor, e colhe o que me resta: / Noturno girassol. Rama secreta [...]. Também dois dos seus poemas Amavisse: Carrega-me contigo. Pássaro-Poesia / Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível / Porque de barro e palha tem sido esta viagem / Que faço a sós comigo. Isenta de traçado / Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem / Hei de levar apenas a vertigem e a fé: / Para teu corpo de luz, dois fardos breves. / Deixarei palavras e cantigas. E movediças / Embaçadas vias de Ilusão. / Não cantei cotidianos. Só te cantei a ti / Pássaro-Poesia / E a paisagem-limite: o fosso, o extremo / A convulsão do Homem. / Carrega-me contigo. / No Amanhã. [...] Como se te perdesse, assim te quero. / Como se não te visse (favas douradas / Sob um amarelo) assim te apreendo brusco / Inamovível, e te respiro inteiro / Um arco-íris de ar em águas profundas. / Como se tudo o mais me permitisses, / A mim me fotografo nuns portões de ferro / Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima / No dissoluto de toda despedida. / Como se te perdesse nos trens, nas estações / Ou contornando um círculo de águas / Removente ave, assim te somo a mim: / De redes e de anseios inundada. Veja mais aqui, aqui e aqui.

DO CASO DO CHAPÉU ÀS PEGAS DE ZILA - A atriz de teatro, cinema e televisão Rosamaria Murtinho atuou pela primeira no teatro na década de 1950, quando seu irmão, Carlos Murtinho, dirigia um grupo de teatro amador, juntamente com Paulo Francis, e pediu que ela substituísse uma atriz abandonou uma peça 15 dias antes da estreia. A partir disso, ela estreia na peça O caso do chapéu (1953), seguindo-se Moral em concordata (1956) e Mirandolina (1956), A rosa tatuada (1956), O canto da cotovia (1956), Manequim (1956), Rua São Luis 27 – 8º andar (1957), A engrenagem (1960), As guerras do alecrim e da manjerona (1961), O Tempo e Os Conways (1961), Quatro num quarto (1962), Os pequenos burgueses (1964), Infidelidade ao alcance de todos (1967), O Preço (1970), Venerável mandade Gouneau (1974), A feira do adultério (1975), A fila (1978), Vejo o mundo na janela, me acudam que eu sou donzela (1981), A corrente para frente (1981), Sopros da vida (2010), Direita volver! (1987), Intensa magia (1996), Ô abre alas (1998) nesta fazendo o papel de Chiquinha Gonzaga e, em 2003, no espetáculo Persoinalíssima – Isaurinha Garcia, seguindo-se com a peça Frida Khalo (2007). Sua incursão pelo cinema iniciou com Freddy – Weit ist der weg (1960), O vigilante rodoviário (1962), A longa noite do prazer (1983), Natal da Portela (1988), Primeiro de abril, Brassil (1988), Didi, o cupido trapalhão (2003), O amigo invisível (2006), O cavaleiro Didi e a princesa Difi (2006) e o curta Pegadas de Zila (2011). Também fez muito sucesso em novelas e séries na televisão brasileira. Veja mais aqui.


AMOR À TARDE – O drama Amor à tarde (L'amour l'après-midi, 1972), dirigido pelo cineasta, crítico de cinema, roteirista e professor francês Éric Rohmer (1920-2010), com música de Arié Czierlatka, conta a história de sócio que possui um pequeno escritório em Paris e vive feliz com seu casamento com uma professora com quem teve recentemente o seu segundo filho. Apesar disso, ele  sonha todas as tardes com outras mulheres, sem jamais ter tido a intenção de ir além dos seus sonhos. Até que um dia aparece no seu escritório Chloé, ex-amante de um grande amigo, que passa a fazer-lhe visitas regulares na intenção de seduzí-lo. Essa personagem é vivida pel modelo, atriz e cantora argelina Zouzou (Daniéle Ciarlet) que representou a liberdade feminina nos anos 1960/70 e causava furor em Londres e Paris, tendo sua carreira sofrido diversas interrupções pelo uso constante de drogas. Veja mais aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da dançarina estadunidense e precursora da dança moderna Isadora Duncan (1877-1927). Veja mais aqui

Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Crônica de Amor, a partir das 21hs (horário de verão), com apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui .


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