terça-feira, novembro 18, 2014

AFRODITE, HELVÉTIUS, ANA MIRANDA, MARLOWE & PENÉLOPE CRUZ!!!



DA AMIZADE – Na obra Do espírito (1758), do filósofo e literato francês Claude Adrien Helvétius (1715-1771), destaco o trecho do Discurso III – Se o espírito deve ser considerado um dom da natureza ou como efeito da educação, notadamente no capítulo XIV - Da amizade: Amar é ter necessidade. Se não existe necessidade, não existe amizade: seria um efeito sem causa. Os homens não possuem todos as mesmas necessidades; a amizade, pois, entre eles, fundada sobre motivos diferentes. [...] Confesso que, considerando-a como uma necessidade recíproca, não nos podemos ocultar que, num longo espaço de tempo, é muito difícil que a mesma necessidade e por conseguinte a mesma amizade subsista entre dois homens. Por isso, nada de mais raro que as amizades antigas. É muito difícil ter ideias claras a respeito da amizade. Tudo que nos cerca procura nos enganar sobre o assunto. Existem homens que, para se acharem mais estimáveis aos olhos dos outros, fazem da amizade descrições romanescas e persuadem-se de sua realidade, até que as circunstancias, desiludindo a eles e a seus amigos, lhes ensinam que eles não amavam tanto quanto pensavam. Esse tipo de gente pretende comumente ter a necessidade de amar e de ser amado vivamente. [...] a força da amizade é sempre proporcional à necessidade que os homens têm uns dos outros, e que essa necessidade varia segundo a diferença dos séculos, dos costumes, das formas de governo, das condições e dos caracteres. [...] Caímos na miséria: procuramos com o mesmo amigo os meios de nos subtrairmos à indigência; e sua conversa nos poupa pelo menos na infelicidade o aborrecimento das conversações indiferentes. É portanto sempre de nossas dificuldades ou prazeres que se fala com o amigo. Ora, se não há verdadeiros prazeres nem verdadeiras dificuldades, como o provei anteriormente, a não ser os prazeres e as dificuldades físicas. Se os meios de busca-los são apenas prazeres de esperança, que supõem a existência dos primeiro, e que não passam, por assim dizer, de uma consequência; segue-se que a amizade, assim como a avareza, o orgulho, a ambição e as outras paixões, é o efeito imediato da sensibilidade física. Veja mais aqui e aqui.


AFRODITE (Imagem: Afrodite descansando, do pintor francês Henri-Pierre Picou (1824-1895) – Em grego, Afrodite significa espuma, correspondendo na mitologia helênica, à Vênus dos romanos. Era filha de Zeus e a ninfa Dione. Ela teria pela primeira vez subido à terra na ilha de Chipre que ficara sendo a sua ilha sagrada. Deusa da beleza e do amor sexual, seu cinto inspirava violentas paixões a quem eventualmente o possuía. Por isso, do seu nome foi derivada a palavra afrodisíaco, aplicada a todos os excitantes das funções sexuais. O cinto de Afrodite chamava-se Cesto e figura em muitas alusões literárias. Da mitologia grega, o cinto de Afrodite passou para a mitologia romana, transformado em cinto de Vênus. Juno o teria pedido emprestado para se fazer amar por Júpiter, o Zeus dos romanos. Veja mais aquiaqui e aqui.

O CONTRATO DA CARNE – No livro O retrato do rei (Companhia das Letras, 1991), da escritora Ana Miranda, destaco o trecho inicial: “Deus criou a luz”, disse frei Francisco de Meneses, acendendo uma vela. “As águas, o firmamento; a terra e a relva”. Sua voz ecoava na igreja vazia. “Criou o sol, a lua, as estrelas”. Uma mariposa acercou-se da chama e ficou rodeando-a, numa atração fulminante. “Criou os animais estúpidos”, olhou o homem a seu lado, e o homem. Sorriu. “Que não deixa de ser um animal estúpido”. Flexionou os joelhos, reverente; fez o sinal-da-cruz. Virou-se para seu interlocutor, sem dar as costas para o altar. Fernando de Lancastre, o governador da capitania do Rio de  Janeiro, São Paulo e Minas do Ouro ouvia-o, silencioso. “Criou um jardim paradisíaco para que os seres ali habitassem e plantou a árvore proibida”, continuou o trinitário. E disse ao homem: do fruto do conhecimento não comerás. Se comeres, morrerás. O padre e o governador caminharam pelo corredor da igreja. A espada de Fernando às vezes arranhava o chão, emitindo ruídos estridentes. Esta é a mais idiota de todas as histórias, disse frei Francisco. A mais mentirosa. O conhecimento não traz a morte. Todos os seres morrem, sejam árvores, papagaios, macacos, zebras. Ainda sereis queimado por vossas estultícias, disse o governador. O conhecimento traz apenas a infelicidade, apenas isso. Mas prefiro ser um desgraçado entendedor que uma mula aventurosa. Como eu ia dizendo, Deus fizera um rio que saía do Éden para regar o jardim do Paraíso. Em um braço desse rio, chamado Pisom, o que rodeava a terra de Havilá, havia ouro. O ouro refulgente. Em sua infinita malícia, Ele nada avisou ao homem. Hic jacet lepus. Poderia aquele reinol ignorante entender latim?  Ali se escondia a lebre, completou. Tolices. O ouro traz benefícios, disse Fernando, ao entrarem na sacristia. Numa banca brilhava um crucifixo. O padre sentou-se no faldistório, sobre o estofo rasgado. Benefícios? A poderosa força maléfica do ouro cria mais ruínas que fortunas; todos se tornam credores e devedores; a ambição surpassa os demais sentimentos. A ilusão da opulência e do poder destrói a ética. Pelo ouro, os justos cometem injustiças, os sagazes tornam-se parvos e os idiotas brilham na retórica. Pegou um cálice dourado. Olhou o reflexo de seu rosto, -distorcido, no metal. E para que os homens sonham com o ouro? , continuou o padre. A realização de seus sonhos está perto, entre pedras de cascalho, ali, entre rochas e penedos, a um passo, basta estender a mão para atingir o zênite. O zênite do quê? A visão de seus sonhos se evapora como um resto de chuva em dia de sol. E se no meio de uma imensa devastação alguém se decide a perguntar: por que, mesmo, queremos o ouro? Por que sonhávamos? Ninguém saberá responder. Mas eu vos digo: para reinar, para comer e para fornicar. É isso que os homens desejam, e nada mais. Reinar, comer, fornicar. Fernando mantinha-se silencioso. Considerava aquele padre um fementido prevaricador, soturno, crápula, e tinha problemas demais para perder tempo com filosofias esdrúxulas e blasfemas. Além disso, percebia aonde frei Francisco queria chegar, com aquelas ruminações inconvenientes. Ia pedir-lhe a prorrogação do monopólio da venda de carne nas Minas do Sertão. Poucos, disse o padre, elevando o indicador, são os que contam o trágico fim de Jasão. Ele perdeu tudo que tinha. O mesmo navio que o levara de encontro ao velocino de ouro o esmagou. Este é o destino de todos os heróis. Frei Francisco suspirou. Tinha nariz longo quebrado na metade, sobrancelhas juntas. Estas rugas, disse o frei, oferecendo uma visão completa de seu rosto, são as únicas condecorações que recebi por meus esforços. O próprio Midas esteve a ponto de morrer de fome, e nasceram-lhe duas orelhas de burro. Veja mais aqui.

TEATRO & POESIAO poeta e dramaturgo do período elizabetano inglês Christopher Marlowe (1564-1593), levou uma vida desregrada, envolveu-se com espionagem e foi assassinado por um de seus companheiros, durante uma orgia. A sua primeira produção dramática foi a tragédia em duas partes Tamerlão o Grande (1890-93), em que o personagem central é um conquistador ávido de poder e de humilhar seus inimigos, revelando-se um herói voraz, arrogante e cruel. Esse mesmo tema reaparece na farsa trágica A famosa tragédia do rico judeu de Malta (1592), encaminhando-se pro lirismo exaltado na A trágica história do doutor Faustus (1588-1604), revelando-se um mestre na versão mais notável da lenda do homem que vendeu a alma ao diabo, para dominar o mundo e seus prazeres. Em seguida ele escreveu peças históricas como O massacre de Paris (1593), também O reinado difícil e a morte lamentável de Eduardo II (1594), bem como o seu poema Hero e Leandro (1598), um decassílabo narrativo que é manejado com grande habilidade e os encontros amorosos são descritos com vigor apaixonado. Ele é considerado o precursor de Shakespeare e, por consequência, um gênio do teatro. Veja mais aqui.

NON TI MUOVERE – O filme Non ti muovere (Não se mova, 2004), dirigido por Sergio Castellitto, baseado no romance homônimo de Margaret Mazzantini, conta a história de um pai em pânico que espera o desenrolar da cirurgia que pode salvar a sua filha acidentada, enquanto lembra suas escolhas e os acasos que moldaram sua vida, como a relação arrebatadora com uma jovem camareira. Trata-se de um retrato sentimental das suscetibilidades do homem, naturalmente inclinado a abrir mão do desejo por um cotidiano previsível. O destaque do filme vai para a atriz espanhola Penélope Cruz Sanchez. Veja mais aqui, aqui e aqui.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aqui Logo mais, a partir das 21hs, acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá – agora com 2 horas de duração -comemorando os mais de 400 mil acessos do blog, apresentação da querida Meimei Corrêa e com as seguintes atrações na programação: Heitor Villa Lobos, Airto Moreira & Flora Purim, Patativa do Assaré, Elis Regina, Enya, Chico Buarque & Gilberto Gil, Edu Lobo, Djavan, Lenine, Ivan Lins, Maria Rita, Geraldo Azevedo, Leila Pinheiro, Jane Duboc, Milton Nascimento, Bráulio Tavares, Kleiton & Kledir, Sonia Mello, Mazinho, Ricardo Machado, Moína Lima, Roberto Toledo, Ozi dos Palmares, Zé Ripe & Paulo Profeta, Cikó & Zé Linaldo, Amel Brahim, Gonzaguinha, Michael Kamen & muito mais!SERVIÇO:O que? Programa Tataritaritatá Quando? Hoje, terça, 18 de novembro, a partir das 21hsOnde? No MCLAM - blog do Programa Domingo Romântico Apresentação: Meimei Corrêa. Confira mais aqui



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