domingo, novembro 09, 2014

CARL JUNG, PIERRE WEIL & TAGORE


DECEPÇÃO POLÍTICA – Passado alguns dias do embate eleitoral deste ano, no qual apesar dos reclamos e protestos da população contra a violência, a falta de educação e de saúde, enfim, dos problemas que grassam o Brasil, o resultado foi o mesmo de sempre com extremismos que chegaram às raias da mediocridade: reeleição de fichas sujas e outros facínoras da sociedade, os mesmos de sempre de volta, aqui, ali, acolá, em todo o nosso Brasilzão véio, arrevirado e de porteira escancarada. Afinal, parece mais que não se mesmo sabe mesmo o que se diz nem o que se faz. Teve até um ensaio de separatismo que não engrossou o coro porque se engasgou no equívoco de sempre e, no final, todo mundo colocou o rabinho entre as pernas porque a culpa é toda nossa mesmo (nossa que digo é de nós mesmos, o povo brasileiro). Nessa hora, acho apropriadas as palavras do educador e psicólogo francês Pierre Wiel (1924=2008): “Na política [...] predomina um reducionismo em torno de conceitos tecnológicos de produtividade e de consumismo, sem consideração pelo meio ambiente. O homem é na maioria das vezes considerado um cidadão cumpridor de leis e regulamentos. O sistema de valor reinante é a luta pelo poder; beleza, verdade e amor são considerados meras fantasias ou, no melhor dos casos, bons argumentos para conseguir prestigio e votos. Em todos os países, a decepção do público com a política aumenta constantemente. Resulta disto uma situação de descrença das populações em seus próprios dirigentes”. (Pierre Weil, O novo paradigma holístico: ondas à procura do mar). Veja mais aqui.

NUM DIA DE DOMINGO – Toda vez que ouço a música A minha alma (a paz que eu não quero), do Rappa na maravilhosa interpretação de Maria Rita, logo me vem à cabeça o pensamento do poeta, músico e dramaturgo bengali, Rabindranath Tagore (1861-1941), a respeito das raízes de nossa mania de redomas domiciliares: Na longínqua Grécia a civilização amadureceu entre as muralhas de duas cidades; nas civilizações modernas, a cultura também foi confinada entre muralhas. Esta defesa material deixou marca profunda na alma dos homens, introduzindo na nossa inteligência a formula dividir para reinar, isto é, o costume de cercar o terreno conquistado com muros protetores que o separe do resto do mundo”. Veja mais aqui.

OS EQUÍVOCOS DESDE ANTANHO – Quem se der ao trabalho e tiver o topete de analisar a História desde as mais remotas eras até os momentos atuais, poderá fazer a verificação de que a humanidade sempre optou pelo equívoco. Talvez essa opção equivocada se deva sempre por encolerizadas imposições, talvez por comodismo de alguns tantos adeptos que adoram a via da facilidade e reproduzem impositivamente sobre os demais, talvez porque talvez seja menos dispendioso seguir a manada do que trilhar o árduo caminho da verdade. Quando tal desencanto sonda minhas ideias, as palavras salvadoras do psiquiatra e psicoterapeuta suíço, Carl Gustav Jung (1875-1961), me levam para uma maior compreensão: “[...] O conceito que formamos a respeito do mundo é a imagem daquilo que chamamos mundo. E é por esta imagem que orientamos a adaptação de nós mesmos à realidade”. (Carl Gustav Jung, A dinâmica do inconsciente, Vozes/1984). 
A PSICOLOGIA ANALÍTICA – O psiquiatra e psicoterapeuta suíço, Carl Gustav Jung (1875-1981) desenvolveu a psicologia analítica em oposição à grande parte do trabalho de Freud. Por meio desse modelo ele desenvolveu uma teoria da personalidade resultado dos estudos das forças inconscientes enterradas bem abaixo da superfície da mente. Essa teoria definia como a fase mais importante do desenvolvimento da personalidade é a meia-idade, contrariando Freud que defendia ser a fase da infância a mais importante para tal. A psicologia analítica foi influencia pelos estudos do seu autor sobre mitologia e expedições para estudos dos processos cognitivos de indivíduos pré-alfabetizados. Com isso, reconhecia que o sexo desempenhava um papel pequeno na motivação humana, enfocando o crescimento interior em lugar do cultivo das relações sociais. Em vista disso se referia à libido como uma energia de vida generalizada da qual o sexo apenas fazia parte. Essa energia básica expressava-se no crescimento, na reprodução e em outras atividades, dependendo do que o indivíduo considerava crucial em determinado período. Ele acreditava na pessoal moldada não apenas pelos acontecimentos do passado, como também pelas próprias metas, esperanças e aspirações futuras. Por essa razão, para ele a personalidade não era totalmente determinada pelas experiências vividas os primeiros anos de vida, mas que podia ser modificada ao longo da vida. O INCONSCIENTE: PESSOAL E COLETIVO – O inconsciente pessoal continha as lembranças, impulsos, desejos, percepções indistintas e outras experiências da vida do individuo suprimidas ou esquecidas. As experiências do inconsciente pessoal são agrupadas em complexos que são padrões de emoções e de lembranças com temas comuns. O complexo consiste basicamente em uma personalidade menor na personalidade total. O inconsciente coletivo é formado pelas experiências herdadas das espécies humanas e de seus ancestrais animais. Nesse inconsciente estão armazenadas as experiências acumuladas das gerações anteriores, inclusive os ancestrais animais, sendo pois universais e evolutivas que formam a base da personalidade e que são inconscientes. OS ARQUÉTIPOS – Consistem em determinantes inatos da vida mental, que levam o individuo a comportar-se de modo semelhante aos ancestrais que enfrentaram situações similares. A experiência do arquétipo normalmente se concretiza na forma de emoções associadas aos acontecimentos importantes da vida, tais como o nascimento,  adolescência, o casamento e a morte, ou às reações diante de um perigo extremo. São, portanto, tendências herdadas contidas no inconsciente coletivo que levam o individuo a comportar-se de forma semelhante aos ancestrais que passaram por situações similares. Os arquétipos ocorrem com mais frequência são a persona, a anima e o animus, a sombra e o self. A persona seria a mascara que o individuo usa quando está em contato com outra pessoa, para representá-lo na forma como ele deseja parecer aos olhos da sociedade. A noção de persona é semelhante ao conceito sociológico do desempenho de papel, em que a pessoa atua da forma como crê que as outras pessoas esperam que ela atue nas diferentes situações. Os arquétipos da anima e do animus refletem a noção de que cada individuo exibe algumas características do sexo oposto. A anima refere-se às características femininas presentes no homem, e o animus denota as características masculinas observadas na mulher. A sombra é o self mais sombrio, consite na parte animalesca da personalidade. É herdada das formas inferiores de vida, contendo as atividades e os desejos imorais, violentos e inaceitáveis, comportamentos que não nos permitiríamos ter. por isso, a sombra é a parte mais primitiva da natureza do individuo. Ela pode ser positiva, quando responsável pela espontaneidade, criatividade, insight e pela emoção profunda, características necessárias para o total desenvolvimento humano. O self é o principal arquétipo integrando e equilibrando todos os aspectos do inconsciente e proporcionando unidade e estabilidade à personalidade. É um impulso de autorrealização, para a harmonização, a completude e o total desenvolvimento das habilidades individuais. Para ele a autorreliazação é atingida na meia idade, entre os 30 e 40 anos de idade, sendo, portanto, essa a fase mais importante para o desenvolvimento da personalidade. A INTROVERSÃO E A EXTROVERSÃO – Para Jung o individuo extrovertido libera energia de vida que é a libido dentro dele, direcionando-a aos acontecimentos e às pessoas do mundo exterior. O introvertido direciona a libido para o seu interior. Esse tipo de pessoa é pensativo, introspectivo e resistente às influências externas. O introvertido é mais inseguro do que o extrovertido ao lidar com pessoas e situações, porém nenhum individuo é completamente extrovertido ou introvertido. Dessa forma ele distingue as diferenças de personalidade pela expressão além das atitudes introvertidas ou extrovertidas, como também por meio das quatro funções: o pensamento, o sentimento, a sensação e a intuição. Essas funções consistem em formas de orientação seguidas pelo individuo para se comportar tanto diante do universo exterior objetivo, como diante do universo interior subjetivo. O pensamento é o processo conceitual que proporciona o significado e a compreensão. O sentimento é o processo subjetivo de ponderação e avaliação. A sensação é a percepção consciente dos objetos físicos. E a intuição envolve a percepção de maneira inconsciente. O pensamento e o sentimento são modos racionais de reação que envolvem processos cognitivos e de raciocínio e julgamento. A sensação e a intuição são consideradas irracionais, por não envolvem o uso da razão. Dentro dessas funções, apenas uma função é dominante porque é a combinação dessas funções dominantes com a atitude dominante de extroversão e introversão que produzem os oito tipos psicológicos. O TESTE DE ASSOCIAÇÃO DE PALAVRAS – Foi desenvolvido por Jung ao usar uma lista de 100 palavras como estimulo. Ele acreditava que essas palavras eram capazes de provocar emoções, medindo o tempo que levava para o paciente responder a cada palavra, bem como às reações fisiológicas da pessoa, para determinar a intensidade emocional das palavras de estimulo. Esse teste influenciou o teste de personalidade indicador de tipo Myers-Briggs, bem como a fórmula introversão-extroversão influenciou o teste de inventário de personalidade maudsley, de Hans Eysenc. A PSICOLOGIA DO INCONSCIENTE – A obra Psicologia do inconsciente, de Carl Gustav Jung, traduzido por Maria Luiza Appy, trata de temas que abordam a psicanálise, a teoria do Eros, a vontade de poder, os problemas dos tipos de atitude, o inconsciente pessoal e o inconsciente suprapessoal ou coletivo, o método sintético ou construtivo, os arquétipos do inconsciente coletivo, a interpretação do inconsciente, as noções gerais da terapia, os novos caminhos da psicologia, os primórdios da psicanálise e a teoria sexual, entre outros temas. Veja mais aqui, aqui e aqui.

REFERÊNCIAS
ATKINSON, Richard; HILGARD, Ernest; ATKINSON, Rita; BEM, Daryl; HOEKSENA, Susan. Introdução à Psicologia. São Paulo: Cengage, 2011.
DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 2002.
GAZZANIGA, Michael; HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
JUNG, Carl. Psicologia do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1980.
MORRIS, Charles; MAISTO, Alberto. Introdução à psicologia. São Paulo: Pretence Hall, 2004.
MYERS, David. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Historia da psicologia moderna.São Paulo: Cengage Learning, 2012.


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