CONSTANZE, UMA CARTA DE AMOR - Esta a minha carta de amor, o amor que me faz
vivo até agora. O amor que me faz recordar da infância tão promissora nos meus
olhos grandes de Salzburgo, eu já era a nona maravilha entre aplausos e
gentilezas. Herdei a música do meu pai, reis e rainhas eram reais, não um jogo
de tabuleiro, eu sentado à mesa com a distinção de grau de cavaleiro, logo via os
homens que pouco se apreciavam uns aos outros. O amor pelos devaneios, La finita semplice, e com a adolescência
tornei-me infeliz criatura: desprezado, humilhado, a frieza das amargas
verdades. Era o amor sempre e vivia tocando para as mesas e cadeiras, indiferença
e hostilidades. Mesmo assim, a Missa da Coroação, a Sinfonia Concertante, a
Posthornserenade, Idomeneu, tudo pelo amor. Eu sonhava quartetos de cordas, concertos,
sinfonias, óperas. E ao despertar, a insatisfação corroía, valia-me das
carícias e beijos da priminha e de outras saltitantes moças que me caíam às
graças. Logo Rosa foi a primeira paixão para os andantes de deusa. Fui para Mannhein
e me apaixonei pela Aloysia, a voz soprano de ouro na beleza estonteante. Para
ela muitas árias e sequer me reconheceu no segundo encontro, fui rejeitado. Caí
no mundo por força de um pontapé, fui bater em Viena, não menos recusado,
expulso. Logo Constanze, antes cunhada, com seus olhos penetrantes deu-me
abrigo nos seus braços abertos e o Rapto de Serralho na nossa fuga. O amor, altos
e baixos, extravagâncias, as minhas angústias: melancólico, irrequieto, a busca
pela conquista da liberdade e amava demais até As Bodas de Fígaro! Apesar do
sucesso, a pobreza não era o único obstáculo: o ataque secreto dos inimigos. Quanto
desamor. Na verdade, mais um fracasso: ondas exitosas seguiam-se por
desastradas. Até Don Giovanni, a tragédia do amante de tantas conquistas
amorosas: a ópera da morte e da noite. Eu caminhava para a ruina. Apesar dos
aplausos, morria de fome, o ânimo fraquejava. O coração invernou, caminhava num
pesadelo. Um estalo: A flauta mágica. Perseverava, persistia. Nenhum reconhecimento,
ninguém que me amasse e eu à procura de estima e afeto. Valia-me apenas de
Constanze, ah, querida, não fique triste, esteja sempre segura do meu amor. É por
você que falo de amor enquanto sonho e ao despertar pelos campos, fontes e
ventos. É por você que falo de amor até comigo mesmo, quando não há ninguém
para escutar nem receber o meu amor universal. Porque é preciso um grande amor
para se viver ou criar uma obra de arte, o amor é fundamental. Ah, minha
Constanze como a amo, apesar da nossa quase miséria beirando ao desespero, eu a
amo e muito e demais. Sei fui derrotado, todos me deram as costas, fracassei. A
vida não tem nenhum valor, só um réquiem, a presença da morte prematura e a
vala comum. Adeus, meu amor, meu único amor. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Aquilo que
conhecemos na história ou na arte é essencialmente o mesmo que também existe na
natureza: é que a absolutez inteira é conatural a cada um deles, mas essa
absolutez se encontra em potencias diferentes na natureza, na história e na
arte [...] A música nada mais é que o
ritmo prototípico da própria natureza e do próprio universo, que por intermédio
dessa arte irrompe no mundo afigurado [...].
Trechos extraídos da obra Filosofia
da arte (Edusp, 2001), do
filósofo do Idealismo alemão Friedrich Wilhelm Joseph Schelling (1775-1854),
que em outro de seus estudos, “Primeiro projeto
de um sistema da filosofia da natureza: esboço do todo (EDIPUCRS, 2004),
assinala que: [...] A inteligência é
produtiva de dois modos, ou cega e inconsciente ou livre e com consciência; inconscientemente
produtiva na intuição do mundo, com consciência na criação de um mundo ideal.
[...]. Veja mais aqui & aqui.
MOZART
Falo do amor ao despertar, falo do amor quando sonho, com as flores, com
os campos, as fontes, os ecos, o ar, os ventos, e se não houver alguém que me
escute, falo deste amor comigo mesmo. Para fazer uma obra de arte não basta ter
talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.
MOZART - O compositor austríaco Wolfgang
Amadeus Mozart (1756-1791) teve uma vida repleta de amor e fracasso. Na
adolescência e já professor, envolveu-se com a pianista alemã Rose Cannabich (1764-1839), a quem
dedicou uma sonata para piano. Depois se apaixonou pela bela soprano Aloysia Weber (1760-1839), pela qual
foi rejeitado, para quem dedicou muitas de suas árias. Por fim, apaixonou-se
por Constanze Weber (1762-1842),
irmã de Aloysia, com quem conviveu até a sua morte. Várias obras dão conta da
vida de Mozart e de suas paixões, entre elas, Mozart, sociologia
de um gênio (Jorge Zahar,
1995), de Norbert Elias; Constanze Mozart: Eine Biographie (Bohlau
Verlag, 2018), de Viveca Servatius; Constanze Mozart geb. Weber: Ein
biografischer Roman (Kaufmann Ernst, 2006), de Heidi Knoblich; Mozart
(Objetiva, 1999), de Peter Gay; e o drama de época Amadeus (1984), do cineasta
Milos Forman. Veja mais aqui & aqui.
A MÚSICA
DE MOZART: KLÁRA WÜRTZ
Devemos agradecer ao movimento histórico da performance,
que colocou de volta ao centro da cena a estrutura da obra e se despediu da
abordagem egocêntrica e de sua obsessão pela perfeição instrumental. Essa
obsessão, que culminou nos anos quarenta e cinquenta, enfatizou aquelas seções
do trabalho que permitiam exibir a perfeição instrumental, tornando assim os
mecanismos de ação pretendidos pelo compositor muito mais difíceis de se
comunicar com sucesso.
KLÁRA WÜRTZ – A arte da premiada pianista
húngara Klára Würtz, que fez quase
20 gravações em CD, entre as quais as Sonatas para Piano completas de Mozart, entre
outras. Ela é professora de piano no Conservatório de Artes de Utrecht e vive
em Amsterdã, na Holanda. Veja mais aqui.
A ARTE DE JENNA GRIBBON
Sensualidade, beleza e romantismo são todos aspectos da
minha realidade em minhas interações com as mulheres e com o meio da tinta, e
isso se reflete no trabalho. Sim, o trabalho é, em parte, sobre minha
complicada relação com a história da pintura - não apenas com a maneira como as
mulheres foram retratadas na pintura, mas também com a linhagem patrilinear de
artistas dos quais meu trabalho descende. Estou tão mergulhado na história da
maneira como os homens brancos traduziram idéias e imagens em tinta, que tenho
certeza de que nunca poderei pensar em uma abordagem masculina eurocêntrica da
pintura como algo além de pintura. A pintura de mim mesmo com um bigode, a
pintura de um "banhista" poderia ter sido alternadamente intitulada
"Problemas com o papai". Adoro o trabalho de tantos homens dessa
história, mas estou lutando com minha própria inclinação para fazer um trabalho
que vem diretamente de uma tradição que me deixaria de fora até muito
recentemente, e que continua a excluir muitas vozes.
JENNA GRIBBON – Arte da
artista visual estadunidense Jenna
Gribbon, que tem realizado exposições consagradores em diversos países.
Veja mais aqui.
A ARTE PERNAMBUCANA
O premiado
dramaturgo Luiz Marinho (1926-2002)
aqui.
O filme
Amarelo Manga, de Claudio Assis aqui.
A poesia
de Valmir Jordão aqui.
A arte
de Zé Galdino aqui.
O Brasil
Holandês aqui.
Lia de
Itamaracá aqui.
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