INEDITORIAL: SÓ
DESAMPARO NO DESCOMPROMISSO SOCIAL! – Salve,
salve, gentamiga do meu Brasilzão véio, arrevirado e de porteira escancarada!
Nesse tempo de cultura narcísica, em que a busca só se direciona para as
demandas da gratificação imediata no prazer do momento, estamos todos afogados
na rasa superfície do aqui e agora das ondas e modas, sem saber que estamos
perdidos no meio do maior tiroteio das ideologias dominantes e sucumbindo com
as bandeiras da frivolidade dos oportunistas que só tiram proveito da nossa confusão
mental. Como ninguém sabe mais o que é e o que não é – antes fosse e quase será
que é mesmo? -, com a ética empurrada para baixo dos tapetes, o que vale de
mesmo é tirar vantagem da oportunidade e se arrumar, sem saber que depois dessa
festança o enterro costuma voltar pra tirar tudo a limpo. Enquanto se valida
aquela do cada qual que cuide si, a gente é só desamparo no descompromisso
social. Mas já que a gente tem que gritar pra não se ver rendido nem levado pela
avalanche da boiada, vamos conferir as novidades do dia: na edição de hoje
destaque para a arte do cartunista Márcio Baraldi, a música de Viviane Hagner,
a cidadania da professora Evelina Dagnino, a fotografia de Yi-chun Wu, a
professora Gláucia Vieira Machado, a poesia de Micheliny Verunschk, a escultura
de Michael Talbot, o teatro do Buraco d’Oráculo, o cinema de Niki Caro e Keisha
Castle-Hughes, a pintura de Oresteia Papachristou, o Encontro da Abrapso, a
entrevista de Luciah Lopez, as ilustrações futurísticas de Hajime Sorayama, a palestra
na Semana de História da Ufal & a croniqueta A menina do sorriso
ensolarado. No mais, vamos aprumar a conversa & veja mais aqui.
Veja mais sobre:
O caso de Tomé & Vitalina, Hannah Arendt, Stanislaw Ponte Preta, Edward Estlin
Cummings, Paul Simon e Art Garfunkel, Irene Ravache, Marcus Vinicius Cesar,
Cecília Kerche & Benedito Calixto de Jesus aqui.
E mais:
Fecamepa: quando
o furacão dá no suspiro do bandido, de uma coisa fique certa: a gente não vale
nada aqui.
Tolinho & Bestinha: Quando Bestinha emputecido prestou depoimento
arrepiado aqui.
Onde não tem mata-burro a gente manda ver no trupé &
Maíra Dvorek aqui.
Neuroeducação aqui.
Segure a onda & tataritaritatá aqui.
DESTAQUE:
A MENINA DO
SORRISO ENSOLARADO (Imagem: arte da poeta,
artista visual e blogueira Luciah Lopez). – É dela o riso de Sol que
amanhece o meu dia por todas as manhãs das estações vitais, pra que eu nunca me
perca na escuridão das minhas errâncias e tenha sempre a direção alternativa da
saída para o que me fizer de redoma no meio dos turbilhões. É dela o riso
ensolarado que clareia meu destino reverberando faroleiro ao navegante perdido,
prestes a sucumbir aos tantos naufrágios recorrentes nas profundezas da dúvida
que sou de mim mesmo nas quedas abissais que não é mais que desamparo das
minhas próprias sofrências. É dela o riso com todos os raios solares apontando
a direção exata daquilo que perdi e não restava a mínima esperança de
reencontrar o prumo da vida, desencantado à toa como quem erra de tudo e a se
perder pelas loas que eu próprio digiro nas minhas inquietações e regurgito por
versos que nem sei mais de mim porque não são mais meus pra ser dela na voz
terna que me devolve a vitalidade e a vontade de viver. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.
Curtindo o álbum Ciacconna – Music by Bach, Bartok &
Hartmann (Altara/Bonnier Muic, 2006), da premiada violinista alemã Viviane Hagner, interpretando música de
Béla Barók, J. S. Bach & Karl Hartmann
CIDADANIA - A expressão cidadania está hoje por
toda parte, apropriada por todo mundo, evidentemente com sentidos e intenções
diferentes. Se isso é positivo, num certo sentido, porque indica que a
expressão ganhou espaço na sociedade, por outro lado, face à velocidade e
voracidade das várias apropriações dessa noção, nos coloca a necessidade de
precisar e delimitar o seu significado: o que entendemos por cidadania, o que
queremos entender por isso. [...] Uma das
razões fundamentais da sedução que a noção de uma nova cidadania exerce hoje em
dia é a possibilidade de que ela traga respostas aos desafios deixados pelo
fracasso tanto de concepções teóricas como de estratégias políticas que não
foram capazes de articular essa multiplicidade de dimensões que, nas sociedades
contemporâneas, integram hoje a busca de uma vida melhor. Dessa capacidade de
articular os múltiplos campos onde se trava hoje no Brasil a luta pela
construção da democracia e pelo seu aprofundamento, depende o futuro da nova
cidadania enquanto estratégia política. Trechos
extraídos do artigo Os
movimentos sociais e a emergência de uma nova noção de cidadania,
da professora doutora Evelina Dagnino, publicado na obra que ela
organizou Anos 90: política e sociedade
no Brasil (Brasiliense, 1994). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Imagens: a arte da fotógrafa Yi-chun Wu.
PENSAMENTO DO
DIA – O
absurdo não está fora da razão. Todo projeto de racionalidade funda-se em algum
paradoxo que, por sua vez, desdobra-se em inúmeras construções lógicas. O
ocasional e o casual impõem-se no horizonte da possibilidade e exigem da
linguagem o esforço de dizer o indizível, o imprevisível. [...]. Trecho
extraído do artigo Guimarães Rosa: outro
foco – a ironia no conto Quadrinho de História (Estudos de Literatura
Brasileira – II, Revista do Centro de Estudos Portugueses, 1991), da poeta e
professora universitária Gláucia Vieira
Machado. Veja mais aqui e aqui.
Imagens: a arte do escultor Michael Talbot.
OUTRO CÂNTICO - I - mulheres de Jerusalém, / vocês
viram o meu amado? / pomar de romãs / meu vinho meu leite / revoada de pássaros
/ mirra incenso / falo. / [o meu amado / passou sua mão / pela fresta da porta
/ meu coração / entre seus dedos / estremeceu: / eu sou do meu amado / e ele é
meu]. II - mulheres de Jerusalém / se encontrarem o meu amado / digam que
guardei-lhe uma flor / semiaberta / entre as pernas / digam que desfaleço / e
morro de amor. / [o meu amado / ergue-se / Monte Carmelo / tenda no deserto / torre
do Líbano / suas pernas, torres / sua coroa, lírios]. III - mulheres de
Jerusalém / foi por entre as romanzeiras em flor / que o meu amado me beijou / e
embaixo da macieira / sua língua / cítara / entre meus dentes. / [o meu amado /
passa a mão / em minha cintura / e me conduz / ao jardim / de todas as
venturas. / o meu amado é belo / como o cedro / e o seu amor / mirra da mais
pura]. IV - mulheres de Jerusalém / procurei o meu amado / e não o achei. / dizem
que o amor / é mais forte que a morte / mas a saudade / é pedra e sepultura. / aloé
açafrão e nardo / nada sara essa ferida funda. / [ventos do oriente / soprem / seu perfume
sobre mim / e deixem que o meu amado / me apascente / e coma dos frutos / do
seu jardim] V - mulheres de Jerusalém, / eu quero o meu amado / e o meu amado
me quer / meu nome gravado em seu anel / meu cabelo enroscado no seu brinco / seu
amor oásis de leite e mel / seu desejo marfim e vinho tinto. / [é doce beijar o
meu amado, / seus olhos sua testa / a curva do pescoço / os seus lábios / e
espero / como a pomba / aguarda a primavera / para conduzi-lo / ao jardim / mais
aromático]. Poemas da poeta
e historiadora Micheliny Verunschk, autora de obras como Geografia íntima do deserto (Landy, 2003), O observador e o nada (Bagaço, 2003), Cartografia da noite (Lumme, 2010), entre outros. Veja mais aqui.
BURACO
D’ORÁCULO – O grupo teatral Buraco d’Oráculo atua em
São Paulo desde 1998 na discussão do homem urbano contemporâneo e seus
problemas. Surgido no bairro de Cangalha, Zona Leste da capital paulista, o
grupo tem desenvolvido atividades de teatro de rua, maneira que encontraram
para compartilhar momentos de reflexão e afetividade por meio da arte. Suas
atividades estão embasadas num tripé que vai da rua, como espaço
de promover o encontro direto com o publico; a cultura popular como fonte geradora
de inspiração e motivação; e o cômico (destacando-se a farsa e as relações como
o denominado “realismo grotesco”). Veja mais aqui.
THE VINTNER’S
LUCK – O drama romântico/fantasia The Vintner's Luck (2009),
dirigido pela cineasta neozelandesa Niki Caro, é um conto apaixonado sobre a
vida de um jovem enólogo camponês e ambicioso, e os três amores de sua vida: a
sua esposa, a baronesa intelectual orgulhosa e um anjo que parece até uma
improvável amizade duradoura, mas que beira o erotismo com ele. Sob a orientação
do anjo, ele é forçado a compreender a natureza do amor e crença no processo de
luta com o sensual, o sagrado e o profano - em busca da safra perfeita. O
destaque fica por conta da atriz australiana Keisha Castle-Hughes. Veja
mais aqui.
Imagens:
a arte da pintora grega Oresteia
Papachristou.
AGENDA:
ENCONTRO REGIONAL DA ABRAPSO – Acontecerá entre os dias 10 e 12 de novembro, no campus Dom Bosco da Universidade Federal de São João
del-Rei (UFSJ), São João del-Rei - Minas Gerais, o XX Encontro Regional da Associação Brasileira de Psicologia
Social (ABRAPSO), propondo analisar o momento político de tantas incertezas quanto aos
rumos da democracia no Brasil, de tantas incertezas quanto á consolidação de
direitos e garantias civis. O debate será acerca das formas mais democráticas
de se fazer política e suas interfaces com a Psicologia Social, acreditando ser
necessário não desconsiderar as ameaças de retrocesso e as atuais faces do
autoritarismo. Por outro lado, Políticas Públicas com importantes inserções da
Psicologia precisam ser avaliadas criticamente para que os caminhos para o
futuro sejam trilhados com mais liberdade e permitam a consolidação de esforços
de várias gerações para sua construção coletiva. Informações
Gerais: E-mail: xxencontroabrapsominas@gmail.com e no site: http://www.encontro2016.minas.abrapso.org.br/. Veja
mais aqui e aqui.
ENTREVISTA:
LUCIAH LOPES – A poeta, blogueira e
artista visual Luciah Lopez tem
comemorado a receptividade que o seu trabalho artístico tem recebido nos
últimos tempos. Por conta disso, trago uma entrevista que ela concedeu falando
de seu trabalho literário e dos seus projetos artísticos. Confira aqui, aqui e
aqui.
REGISTRO
Em 2009,
tive oportunidade participar da mesa de debates “Literatura e pós-modernidade”, ocorrida durante a VIII Semana de História da Universidade Federal
de Alagoas (UFAL), ao lado da professora Glaucia Vieira Machado. Por
resultado, escrevi o artigo: Literatura –
Modernidade x Pós-Modernidade, uma reflexão em que pontuei, em primeiro
lugar, a distinção entre modernidade e pós-modernidade, para, a partir daí,
localizar a literatura no período compreendido pelo estudo. Veja detalhes aqui
e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagens:
a arte do ilustrador e artista plástico japonês Hajime Sorayama.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.