INEDITORIAL: A
EDUCAÇÃO POR ÁGUA ABAIXO PRA FARRA DOS MAL-EDUCADOS! - Salve, salve, gentamiga! Tem uma coisinha que merece
consideração: desde que me tornei eleitor – isso foi lá pelos anos 1980 -, de
assistir comício, de ouvir ladainha de político até hoje, só ouço uma coisa:
que a educação terá prioridade! Nossa! Candidatos a presidente badalaram: a
educação será prioridade! Governadores, avalie: além da educação dos estados
deles, querem levar nas coxas e resolver o problema da educação no Brasil!
Prefeitos, nem se fala: eles não só prometem resolver a educação do Município,
como o do seu estado e de todo país! Não é diferente a cantilena dos candidatos
a vereadores, deputados estaduais e federais, como de senadores: a educação vai
melhorar por conta da ação deles! Já se passaram mais de trintanos e, até
agora, cada vez mais a educação vai por água abaixo, numa trágica realidade.
Promessas de cara de pau que vive na base do óleo de peroba. E essa tragédia
não se encontra apenas na escola pública, também na rede privada que só tem
limpeza e uma certa coação disciplinadora. Afora isso, a tragédia é a mesma!
Como é que é, hem? Por outro lado, tem gente com doutoramento, mestrado e
especializações da muita que bate o pé dizendo que a educação é a nossa única
salvação! Santa panacéia! Exageros a parte, se a gente não cobrar uma educação
pública de qualidade, realmente, é disso para pior: pra farra dos mal-educados.
Não vou estranhar se a gente num virar bicho (está bem pertinho disso, ah,
nossa santa barbárie!). Sei não, como ontem foi Dia do Animal, todos nós
deveríamos comemorar – não pelos gatos, cachorros, cavalos, bichos outros
domesticáveis ou não -, porque estamos mesmo muito longe de seres humanos de
verdade. Mas como a coisa está próximo do poço sem fundo, vamos pras novidades
do dia: o cenário escolar & a realidade brasileira, a ilusão
jurídica de Mészarós, a metáfora do rizoma de Deleuse & Guattari, a fotografia
de Cartier-Bresson, as esculturas de George Segal, a Gaia Ciência de Nietzsche,
o cinema de Pierre Salvadori & Marie Trintignant, a arte de Eulalia
Valldosera, o congresso de Psicologia Plural, arte erótica de Roger de La
Fresnaye, a música de Jussara Silveira, a literatura de Santiago Nazarian, o
Teatro de Rua da P com P, o grafite de Crânio & a croniqueta do revestrés
de Ciuço Pacarú. No mais, vamos aprumar a conversa aqui.
Veja mais sobre
O
encontro das sombras e olores, Cyro dos Anjos, Denis Diderot, Violeta Parra, Marieta Severo, István Szabó, Leo Putz, Erika Marozsán, Ida
Rubinstein aqui.
E mais:
A Trupe do Fecamepa aqui.
Proezas do Biritoaldo Quando Risca Fogo, o Rabo Inflamável Sofre Que Só Sovaco de Aleijado aqui.
Painel das fêmeas, Lao Zi, Richard Flanagan, Heinrich Heine, Sally Nyolo, Fabiana
Karfig, Gaspar Noé, Howard Rogers, Musetta Vander & Ação civil pública aqui.
Big Shit Bôbras: a chegada
& primeira emboança aqui.
A Primavera de
Ginsberg, Frederick
Chopin, Valentina Igoshina,
Paula Vogel, Jane Campion, Karl Briullov, Andréa
Beltrão, Meg Ryan, Mademoiselle Dubois, Psicologia & Direitos
Humanos, Cordel do Professor & Ísis
Nefelibata aqui.
DESTAQUE: O CENÁRIO ESCOLAR
[...] O cenário escolar é um espaço social rico e
fecundo. Nele, as contradições sociais, os jogos de força e a luta pelos
direitos de cidadania estão vivos e pulsantes, espelhando a realidade tal como
ela é. A população que freqüenta a escola (principalmente a pública) é a mesma
atendida em outras instituições sociais. Famílias desagregadas, desemprego,
fome, violência, sofrimento e injustiça social também freqüentam as escolas,
através de crianças e adolescentes, agitados, frágeis e cheios de esperança.
Esses fenômenos perpassam o cotidiano da escola [...] Neles, ao mesmo tempo em que se circunscrevem as possibilidades e
limites da prática profissional, se aponta a necessidade de uma intervenção
consistente e criativa. Nessa perspectiva, é necessário pensar e agir numa
dimensão que procure superar a clássica divisão entre o público e o privado,
entre a escola e a comunidade e entre as próprias disciplinas profissionais. [...].
Trecho extraído da
obra Serviço Social na escola: o encontro
da realidade com a educação (Sagra Luzzatto, 1997), de Sarita Alves Amaro,
Rosângela Barbiani e Maristela Costa de Oliveira. Veja mais aqui, aqui, aquie aqui.
QUANDO CIUÇO
PACARU EMBARCOU NO MAIOR REVESTRÉS - Ciuço
Pacarú sempre foi um cara arretado! Mesmo assim, sempre se enrolou em camisa de
trocentas varas, cheio de nó pelas costas. No trabalho era o maior tirinete:
competente assíduo, não deixava de molhar o bico em cada voada que dava fora do
setor e de ficar implicando com zombarias os colegas o dia todo. Maior
mangação: uma beiçada escondida com a devida deferência pro santo devotado,
loas e conversa fora. O que tinha de maloqueragem e ingrezia levou de gaia: a
distinta senhora dele aplicou-lhe umas tantas duas de quinhentos que o juízo
dele entrou em curto circuito, de modo que ele azuretou-se, deu um bico na vida
e saiu catando bitucas pelo acostamento das estradas. Anos depois voltou,
parece que regenerado. Abriu negócio e prosperou! Quando estava quase rico, eis
que um fiscal de renda pegou no seu pé, dele ter de vender quase tudo que
possuía pra dar uma bola pro chatoso que só queria a espórtula em moeda
corrente vivinha da silva, contado nos conformes e guardado no pé do cipa.
Resultado: fez um papagaio no banco numa valsa sem fim, deu baixa na bronca,
salvou o negócio da pindaíba e partiu pras alternativas. Balança mas não cai,
visualizou ele uma saída: entrar pra política, candidato a vereador. Quando
abriu a boca, a fila estava dando volta no quarteirão: um carburador aqui, uma
dentadura ali, socorro mecânico e hospitalar, carrega gente, abraça esmoler,
sai juntando tudo, ajeitado de todo jeito, até que, depois de muito trampo com
o eleitorado, topa com uma exigência das brabas: - Só dou meu voto procê se
você me dé o cu! Cuma? Isso mesmo. Fez uma careta danada e não teve dúvidas:
arreou as calças e levou o mondrongo no rabo de sair todo esfolado e com dores
nos quartos. – Essa foi foda! E foi mesmo! Fodeu-se, mas ganhou um voto! Fez de
tudo e tome promessas, virou o cara mais prestativo de Alagoinhanduba– aliás,
isso sempre fora, sujeito dos bons mesmo, mas agora exagerava. Fez das tantas:
presentes, companhia de velório, resolvedor de broncas, deu carreira e murro em
ponta de faca, dividiu comida e dormida, chupou rola, deu pinote com
bundacanasca, desfez nó cego, deu salto solto no ar e, no final, foi eleito com
voto de estourar urna eleitoral! – Graças ao meu bom deus -, berrou vitorioso!
O mais votado! Só não se tornou presidente da Câmara de Vereadores por causa
dumas rasteiras que as raposas profissas deram nele, dele mesmo ficar sem saber
como é que foi que a coisa aconteceu. Agora estava com a vida aprumada, era só
se organizar e dali sair pra melhor. Quatro anos depois, pelos serviços
prestados, já estava ele às voltas com a reeleição pra vereança, quando caiu no
colo, de grátis, a candidatura pra prefeito. Mas essa só conto na outra,
aguarde. Enquanto isso, vamos aprumar a conversa aqui.
UMA MÚSICA:
Curtindo o álbum Água Lusa (Dubas, 2013), da cantora Jussara Silveira, interpretando músicas do escritor, autor teatral
e compositor português Tiago Torres da Silva.
Imagem: a arte do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004). Veja
mais aqui.
A METÁFORA DO
RIZOMA - [...] Um
rizoma, como haste subterrânea, distingue-se absolutamente das raízes e
radículas. Os bulbos, os tubérculos, são rizomas. Plantas com raiz ou radícula
podem ser rizomórficas num outro sentido completamente diferente: é uma questão
de saber se a botânica, em sua especificidade, não seria inteiramente
rizomática. Até animais o são, sob sua forma de matilhas; ratos são rimas. As
tocas o são, com todas as suas funções de habitar, de provisão, de
deslocamento, de evasão e de ruptura. O rizoma nele mesmo tem formas muito
diversas, desde sua extensão superficial ramificada em todos os sentidos até
suas concreções em bulbos e tubérculos. Há rizoma quandoos ratos deslizam uns
sobre os outros. Há o melhor e o pior no rizoma: a batata e a grama, a
erva-daninha. [...]. Trecho extraído da obra Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia (34, 1995), do
filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995) e do filósofo, psicanalista
e militante revolucionário francês Félix Guattari (1930-1992), uma
metáfora que compreende o arcabouço na exploração dos princípios
característicos das multiplicidades, seus elementos e singularidades, suas
relações e devires, seus acontecimentos e heceidades (individuações sem
sujeito), seus espaços-tempos, sua realização e rizoma, sua composição de platôs
que são zonas de intensidade contínua, os vetores e os graus de
desterritorialização. Veja mais aqui, aqui, aqui,
aqui
e aqui.
Imagem: a arte do pintor e escultor da Pop
Art, George Segal (1924-2000).
PERNSAMENTO DO
DIA: A ILUSÃO JURÍDICA – [...] É uma ilusão não porque afirma o impacto das
idéias legais sobre os processos materiais, mas porque o faz ignorando as
mediações materiais necessárias que tornam esse impacto totalmente possível. As
leis não emanam simplesmente da vontade livre dos indivíduos, mas do processo
total da vida e das realidades institucionais do desenvolvimento
social-dinâmico, dos quais as determinações volitivas dos indivíduos são parte
integrante. [...]. Marxismo e
direitos humanos, extraído da obra Filosofia,
ideologia e ciência social: ensaios de negação e afirmação (Ensaio, 1993), do
filósofo húngaro e um dos mais importantes intelectuais marxistas da atualidade
István Mészarós, tratando sobre temas e problemáticas distintas como filosofia, análise
literária e ciências sociais, a partir de seus contextos históricos e de uma
perspectiva crítica, procurando esclarecer o poder da ideologia e de seu papel
no processo dos ajustes estruturais. Segundo o autor, as condições de dominação
estão estreitamente ligadas à intervenção de poderosos fatores de ordem
ideológica. Veja mais aqui e aqui.
A MORTE SEM
NOME – [...] Aos pés do meu
pai, eu me atirava. Não precisava fazer mais nada, a não ser derreter. Em
lágrimas e soluços, eu era sua filha preferida. Única em seus braços. Ele se
sentia homem ao me fazer mais criança. Chorando, eu o fazia mais pai. Ele
contente por conseguir me fazer parar. Deitar. Dormir. [...] No que sua mente doentia está
pensando? Na frente do espelho, linha por linha, pensava sobre mim. Não é assim
que deve fazer. Olhe pela janela. Não racionalize, não racionalize. Não
transforme meu amor numa tese. Não investigue sobre o que você deve procurar.
Você deve me amar. Não questione. Tire essa cabecinha da frente do espelho e
coloque-a em movimento. [...] Minhas cicatrizes contam uma história , espero que
fique inspirado.
[...] Assim termina
nosso romance. Vírgula, acento agudo, ponto final. Não preciso lhe dizer,
conhece as regras. E sabe quando deve transgredir. Sabe quando deve cortar um
capítulo com uma faca. Sabe quando deve pular um parágrafo pela janela. Sabe
quando deve terminar uma frase com um tiro. Bang! Com um tiro. Trechos extraídos do romance
A morte sem nome (Planeta, 2004), do escritor, tradutor e roteirista Santiago Nazarian.
O TEATRO DA P COM P – A companhia gaucha de Santana do Livramento, P com P de Teatro, tem realizado atividades de apropriação do
espaço público por meio de intervenções teatrais.O grupo tem uma escola de arte
e teatro, anunciando a realização do espetáculo O príncipe Artur vai casar, o
que vai acontecer? Bruxas, dragão e muita confusão. Aqui registro os meus
parabéns paratodos! Veja mais aqui.
Imagem: a arte do grafiteiro Crânio (Fabio Oliveira).
COMME ELLE
RESPIRE – A comédia Comme
elle respire (1998), do diretor francês Pierre Salvadori, trata acerca da mitomania numa discussão bem
humorada se é uma característica do mal ou uma doença, trazendo uma jovem que
nunca consegue dizer a verdade por mais de dois minutos e ela teme que a
realidade seja demais ela. O destaque do filme fica por conta da atuação da
atriz francesa Marie Trintignant.
Veja mais aqui.
Imagem: a arte da premiada artista catalã Eulalia Valldosera.
AGENDA: REUNIÃO
ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOLOGIA – Acontecerá entre os dias 25 e 28 de outubro, na
Universidade de Fortaleza (Unifor), a 46ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira
de Psicologia, sobre a temática Compromisso com uma psicologia plural, reunindo
psicólogos, professores e estudantes da área, conferências, simpósios, mesas
redondas, painéis, encontros e lançamentos de livros. Veja mais aqui
e aqui.
A GAIA CIÊNCIA
[...] De
fato, nós filósofos e “espíritos livres” sentimo-nos, à notícia de que “o
velhor Deus está morto”, como que iluminados pelos raios de uma nova aurora;
nosso coração transborda de gratidão, assombro, pressentimento, expectativa –
eis que enfim o horizonte nos aparece livre outra vez, posto mesmo que não esteja
claro, enfim, podemos lançar outra vez ao largo nossos navios, navegar a todo
perigo, toda ousadia do conhecedor é outra vez permitida, o mar, nosso mar,
está outra vez aberto, talvez nunca dantes houve tanto “mar aberto”.
Trecho extraído do Livro V – Nós, os sem medo (1886), da obra A gaia ciência (Companhia das Letras,
2012), do filósofo alemão Friedrich
Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem sem título do pintor cubista francês Roger de La Fresnaye (1885-1925).
CANTARAU: VAMOS
APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.