INEDITORIAL: O
EQUILÍBRIO MORTEVIDA DO MALABARISTA! (Imagem:
Pequeno equilibrista, do pintor espanhol José Manuel Merello). – Salve, salve,
gentamiga do meu Brasilzão véio, arrevirado e de porteira escancarada! Vou
escapando desde sempre das cotidianas situações aversivas e cantarolando
Gonzaguinha: “Equilibrando a vida e a
morte, eu sou malabarista”! Pra quem foi pivete gorducho – aliás, à época,
este era o sinal de saúde! -, era a maior mangação e mimo. Na escola primária
eu sempre fui o desajeitado mais avexado, derrubava tudo que tivesse pela
frente, freio só nas paredes! Quando passei no exame de admissão pro ginasial,
eu deixei de seu anãozinho roliço pra ser um varapau magricela, montado num
bigodinho ralo e todo metido a homem feito! Não fui poupado das mangações nem
das limadas sacaneadoras que me jogavam pra escanteio em tudo: não queria papo
com os pixotes, era excluído pelos da minha idade e me envolvia sempre com os
mais velhos que pintavam e bordavam comigo, abusando da minha ingenuidade de
cachorro novo no meio mato. Bicho metido, era. Só não era bloco do eu sozinho
por causa da marmanjada que me incluía na roda pra lsó levar desacerto. Por
isso, só sobrava na curva da vida, pronto pra me lascar abismo abaixo, sempre!
Não dava uma dentro e só me via sem chão pra pisar – coisa de quem aprende sem
se ensinar. Não tirava o olhos das meninas, elas que olhavam pras estrelas; uma
ou outra que cruzava o meu caminho, não perdia tempo e lavava a égua. Hoje
acumulo experiências, vejo sempre adiante, nem olho mais pra trás: lições bem
aprendidas. Vez ou outra escorrego, nada demais reaprender. E vejo tudo como
lição do maior valor. Sigo em frente. Se me abestalhasse em remoer passado, ou
mesmo viver da glória do que já fui, estaria perdido. Todo dia recomeço da
estaca zero! É árduo, mas nunca é tarde pra recomeçar. Assim, como hoje é o Dia Internacional da Menina, vamos pras
novidades do dia: a edição de hoje destaca a arte da pintora Camila Soato, a
educação para a autonomia, a Divina Comédia de Dante, a autobiografia de
Vladimir Maiakovski, a Gaia Ciência de Nietzsche, a música de Nádia Figueiredo
& Silviane Bellato, a bailarina Svetlana Zakharova, a pintura de Victoria
Soyanova, William Blake & José Manuel Merello, a Mostra Internacional de
Cinema de São Paulo, O Teatro de Anônimo, Billion Dollar Crop & a croniqueta
Nega Besta. No mais, vamos aprumar a conversa
& veja mais aqui .
Veja mais sobre:
Domingo de criança etc & tal, Clarice Lispector, Mozart,
Olavo Bilac, Anna Obiols, Jomar Magalhães, Claude Miller, Jean-Antoine
Watteau, Audrey
Tautou & Joe Simon aqui.
E mais:
Tanatologia aqui.
Democracia aqui.
A cidade de Deus de Agostinho & Psicologia aplicada
ao Turismo e Hotelaria aqui.
Tolinho & Bestinha: Quando Boca-de-frô engrossou o caldo para formar a tríade amalucada aqui.
As trelas do Doro: vai tomar no quiba, porra! Aqui.
DESTAQUE: CAMILA SOATO
A arte da premiada artista plástica Camila Soato.
NEGA BESTA (Imagem: Black
woman, da artista plástica búlgara Victoria
Soyanova) – Nega Besta sofreu a vida toda que só sovaco de aleijado. Quando
nasceu, deu maior vexame: - Essa menina é só o priquitão -, eram os pais,
parentes e achegados quando viam-na recém-nascida. Priquituda ficou dos machos
só se aproximarem com beijadas e cheiradas coisa dela: findou estuprada pelo
tio e padrinho, quando mal completara cinco anos. Providência de mãe, outro
apelido: Nega – isso depois dela peiticar com tudo e com todos, virando Nega
Besta na adolescência: jeitosa toda, toda torneada, parecia feita por mão de
artista! O nome dela? Ninguém sabe, nunca foi batizada em igreja alguma, muito
menos parece que nem registro de nascimento a coitada tem. Escola? A vida! Como
era bonitona e bem feita que só, empregou-se como doméstica na casa duns
ricaços: usada e abusada pelo dono e filhos, tal Moll Flandres: achava que ia
casar logo logo com um deles. Nada, a vida apronta. Jogada na rua pela dona da
casa, virou a piniqueira de todos, servindo pra safadeza dos endinheirados e
amealhando alguns trocados no mealheiro. Rejeitada pelos pais que lhe fecharam
as portas, os irmãos deram-lhe as costas, a parentalha toda nem queria ouvir
falar seu nome, acusada de ser a desmoralização da família. Quando cansou de
ser cuspida, humilhada e fodida, quebrou o porquinho e contou tudo: dava pro
gasto. Apesar da alcunha, ela não era nada besta. O que era de chamegada por
todos, se aproveitava dos vorazes economizando nos gastos. Juntou grana e
inventou de virar gente: cobrava caro pelos prazeres da macharia. Apanhava e se
submetia a todo tipo de tortura sexual, desde que pagassem bem. Assim foi, até
se arretar, fechar a porta e as pernas: - Não dou mais pra seu ninguém!
Levantou a venta, empinou os peitos, encurvou o rabo avolumado e saiu
dispensando que não era pro bico de qualquer um. Não haveria príncipe que
fosse, ela era dona do seu nariz e fim de papo. Só se envolvia com quem tivesse
disposto a botar fortuna na frente pra ela se esbaldar. Não passou apertado, a
fila era enorme de simpatizante dos quatro cantos do mundo. Ela se aproveitou
muito bem, se safando dumas emboscadas de esposas enciumadas. Sabia que a
qualquer momento ia ser abatida pelos ciúmes dos maridos arruinados, ou por
cruzeta de alguma abandonada por vingança. Precavia-se e não dava moleza,
sempre com um pé na frente e outro atrás. Ajuntou-se com Vera no negócio e
prosperou, quase nem saía de casa: ali tinha tudo que necessitasse. Foi quando
recebeu o convite pra participar do Big Shit Bôbras, mas essa só conto
na outra. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.
UMA MÚSICA:
Curtindo o talento artístico da cantora
lírica Nadia Figueiredo (foto: Gabriel Stefanini), que se dedica ao desenvolvimento do projeto
musical Opera Lounge Music,
homenageando diversas culturas, países, povos e tradições.
EDUCAÇÃO PARA A
AUTONOMIA - O vertiginoso desenvolvimento
tecnológico alcançado pela humanidade, sobretudo na área da comunicação tem
imposto à experiência humana um processo educacional que nãoapenas torna os
indivíduos aptos à vivência em sociedade, mas que os ajudam a serem capazes de
um exercício crítico diante da vida de tal modo que se tornem simultaneamente
protagonistas de suas próprias histórias individuais e da história partilhada
com os demais. A educação moderna, na visão de seus críticos, tem levado os
indivíduos a uma miopia acerca de si e dos outros, como nos sugere o Ensaio
sobre a cegueira de Saramago [...] procurado firmar,
através da ideia de contemporaneidade, um interesse de investigação dos
processos educativos, sociais, políticos, econômicos e ambientais que expressem
a superação dos paradigmas da modernidade, pela construção de novos horizontes
marcados pelo compromisso com a vida, com a ética estribada na consciência
moral dos indivíduos e com uma vivência harmoniosa entre os diferentes. [...]. Trecho do texto Descortinando
horizontes em busca de uma educação para a autonomia na crise dos paradigmas
modernos, extraído da obra Educação e
contemporaneidade: pesquisas científicas e tecnológicas (EdUFBA, 2009), organizada por
Antonio Dias Nascimento e Tânia Maria Hetkowski.
Imagens: a arte da bailarina ucraniana Svetlana Zakharova. Veja mais aqui.
PERNSAMENTO DO
DIA: [...] Nesta
vida, não é difícil morrer. É mais difícil viver. [...]. do poeta
russo Vladimir Maiakovski (1893-1930), que na sua autobiografia
(Presença, 1977) escreveu: [...] Não
estou ainda academizado, e não tenho o costume de usar, para comigo, de muitas
amabilidades. Aliás, o que faço nunca me interessa se não comportar alegria. A
ascensão e queda de numerosas literatura, os simbolistas, os realistas, etc...
a nossa luta contra eles, tudo isto que acontecia diante dos meus olhos: eis
uma parte da nossa (muito séria) história. Urge que isto seja contado. E é o
que farei. Veja mais aqui e aqui.
Imagem: A
divina comédia, do poeta, tipógrafo e pintor inglês William Blake (1757-1827). Veja mais
aqui.
A DIVINA
COMÉDIA - [...] no
meio do caminho da nossa vida encontrei-me dentro de uma floresta escura onde a
trilha se perdia. Ah, como é difícil falar dessa floresta, selvagem e áspera e
densa, que só de pensar o meu medo se renova! Tão amarga é, que dificilmente a
morte pode ser mais [...]. Trecho extraído da obra Divina
Comédia (1321- Ateneu, 2011), é a obra prima do poeta e político
italiano Dante Alighieri (1265-1321). Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
TEATRO DE
ANÔNIMO (Foto Celso Pereira) – O Teatro de Anônimo desenvolve atividades teatrais desde 1986,
com uma estrutura voltara para a montagem e apresentação de espetáculos, da
qualificação profissional de outros atores sociais,
além do aperfeiçoamento de técnicas e modelos autênticos de gestão e
administração coletiva, baseada na solidariedade, criatividade e cooperação. A
companhia tem realizado uma parceria cidadã com a sociedade civil, extrapolando
a ideia de comunidade delimitada por um espaço físico, para alcançar o conceito
de comunidade que se liga por um sentimento de pertencimento, necessidade de
identidade, de troca no campo do trabalho, do lazer, das afetividades, criando
assim, territórios flutuantes que se movimentam de acordo com a necessidade de
se manterem vivos e produzindo singularidades e bens materiais. Entre as peças
do seu repertório estão Roda Saia Gira Vida (1994), In Conserto (1998), Tomara
que Não Chova (2001), Guardados (2002), Homem Bomba (2005), Lar Doce Lar
(2006), Noites de Parangolé (2008), Melhor dos Mundos (2010) e Inaptos?...a que
se destinam...(2011,), entre outras atividades resultantes de pesquisa. Veja
mais aqui.
BILLION DOLLAR CROP – O documentário independente Billion Dollar Crop (Demonização da
cannabis, 1994), traz matérias sobre a política planetária contra o uso e
comercialização da maconha, mostrando o outro lado da história da sua
proibição. Foi produzido na Austrária retratando de forma atual todas as
contradições ditadas pela guerra contra as drogas. No material expresso,
destaca a publicação High Time, que
traz matérias sobre o assunto, com
colunas de cultura, notícias, medicina, vídeos, galerias, entre outras seções.
Veja mais aqui e aqui.
AGENDA: MOSTRA
INTERNACIONAL DE CINEMA - Entre os dias
20 de outubro e 2 de novembro, acontecerá a 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo,
trazendo 322 títulos de cerca de 50 países e com sessões itinerantes em
diversas cidades do interior paulista. A mostra exibirá filmes que fizeram
sucesso em seus 40 anos, cujas projeções marcaram edições anteriores. Veja mais
aqui e aqui.
ENTREVISTA:
SILVIANE BELLATO – A cantora
lírica soprano Silviane Bellato concedeu alguns anos atrás uma entrevista
exclusiva pra gente, falando sobre sua trajetória, a música erudita e a
recepção do público ao seu trabalho operístico. Confira a entrevista aqui.
A GAIA CIÊNCIA
[...] Nós,
os novos, os sem-nome, os difíceis de entender, nós, os nascido cedo de um
futuro ainda indemonstrado – nós precisamos, para um novo fim, também de um
novo meio, ou seja, de uma nova saúde, de uma saúde mais forte, mais engenhosa,
mais tenaz, mais temerária, mais alegre, do que todas as saúdes que houve até
agora. Aquela cuja alma tem sede de vivo o âmbito inteiro dos valores e anseios
que prevaleceram até agora e de cincunavegar todas as coisas desse “mar
mediterrâneo” ideal, aquele que quer saber, pelas aventuras de sua experiência mais
própria, o que se passa na alma de um conquistador e explorador do ideal, assim
como de um artista, de um santo, de um legislador, de um sábio, de um erudito,
de um devoto, de um adivinho, de um apóstata no velho estilo [...].
Trecho extraído do Livro V – A grande saúde - , da obra A gaia ciência (Companhia das Letras,
2012), do filósofo alemão Friedrich
Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Dona nua, do pintor espanhol José Manuel Merello.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.