INEDITORIAL: TODO
DIA É DIA DA CRIANÇA (Imagem: arte da poeta, artista visual e blogueira LuciahLopez) - Salve,
salve, gentamiga! Sempre fui menino. Mesmo cinquentão, sempre mantenho viva a
minha infância e o que há de melhor em mim da meninice. Por isso venho de chapa
com a minha canção Todo dia é dia de ser criança: Ser criança é viver o amor, é viver seja onde for com
sorriso em suas mãos e se encantar com a beleza de tudo da natureza sem temor e
inibição. Ser criança é toda hora dar valor aqui e agora, começando a
brincadeira e reinando a vida inteira com pureza de ação e calor no coração. Vamos
então contar história pros meninos, pras meninas do raio da silibrina e coisa
do caritó, debulhar todo pencó, toda rima, toda prosa, todo mote, toda glosa, cantoria
trololó. Toda moça mais bonita vai ficar fazendo fita e mesura pra vovó. Os
meninos mais festeiros vão pular de cambiteiros até desatar o nó. E eu não vou
só, por que? Ser criança é ser feliz. Todo dia é dia de ser criança e de ter a
esperança no meu Brasil melhor, o meu país melhor pras crianças e todos nós. E
agora vamos pras novidades do dia: na edição de hoje o brincar de Lev
Vygotsky, a escrita de Paulo Freire, os jogos infantis de Eliza Santa Roza, o
Bumerangue do GROP, o Bicho D’água de Lauro Palhano, o Lobisomem Zonzo, Vivendo
e Aprendendo de Clara Bellar, o Congresso da Abenepi, a arte de Luciah Lopez, Protásio
Morais, Amaro Francisco, o Arraial da Bicharada, João Teimoso do Dim, Dona
Irineia, Ronaldo Mendes, a minha canção Criança, a entrevista de Rachel Lucena,
o cordel na escola de Márcia Nunes Machado & muitas outras. No mais, vamos aprumar a conversa & veja mais aqui
e aqui.
Veja mais sobre:
De segunda pra semana, Monteiro
Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Nise da Silveira, Roman Jakobson,
Nísia Floresta, Federico García Lorca, Lobo
de Mesquita, Gloria Pires, Leon Eliachar, João Rodrigues Esteves, Cláudio Tozzi
& José Mauricio Nunes Garcia aqui.
E mais:
Tomás de Aquino, Padre Bidião, Ufologia, Padre Bidião
& Confissão do Poeta Popular aqui.
Proezas do Biritoaldo: quando
Deus num quer, santo num voga aqui.
Fecamepa: quando o nó se desata, bote banca porque o
afolosado é a maior moleza, viu? Aqui.
No Reino da Teibei & Aprumando a conversa aqui.
Tolinho & Bestinha: quando Tolinho bateu pino com o
capeta granulado aqui.
DESTAQUE: O BRINCAR DA CRIANÇA
[...] É
notável que a criança comece com uma situação imaginária que, inicialmente, é
tão próxima da situação real. O que ocorre é uma reprodução da situação real.
Uma criança brincando com uma boneca, por exemplo, repete quase exatamente o
que sua mãe faz com ela. Isso significa que, na situação original, as regras
operam sob uma forma condensada e comprimida. Há muito pouco de imaginário. É
uma situação imaginárias, mas é compreensível somente à luz de uma situação
real que, de fato, tenha acontecido. O brinquedo é muito mais a lembrança de
alguma coisa que realmente aconteceu do que imaginação. É mais a memória em
ação do que uma situação imaginária nova. [...]. Trecho extraído da obra A formação social da mente (Martins
Fontes, 1991), do psicólogo e cientista bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934). Veja mais aqui, aqui e aqui.
CRIANÇA
(Imagem: Conceição
dos bugres, de Protásio de
Morais)
Brinquedo de criança
Que eu vou brincar
Contigo nesta noite
Eu quero me embalar
Coisas de infância
Que eu vou sonhar
Com novas brincadeiras
Que eu vou inventar
Brincando de cantiga
Que eu vou cantar
Cantando a minha vida
Que já vai começar
Pular amarelinha
Ou estudar toda lição
São coisas que a gente
Vai guardar no coração
Ou pula academia
Ou faz a roda ou garrafão
Jogando bola o tempo todo
Para alegrar nossa canção
Capelinha de melão
É de São João, É de cravo, é de rosa
É de manjericão
Pular corda direitinho
Pula fora, não
Se pular a corda fora
Leva um beliscão
O seu rei mandou dizer
Pra cantar outra canção
Que a cantiga já ta feita
E não tem outra não
Não tem outra não
Não tem outra não
Não tem outra
Não.
(Criança, In:Falange, falanginha, falangeta. Maceió:
Nascente, 1995) © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais aqui.
ESCRITA DAS
CRIANÇAS - [...] devemos
estimular ao máximo as crianças para que falem e para que escrevam. É das
garatujas, uma forma indiscutível de escrita, que devemos elogiar, que elas
partem para a escrita a ser estimulada. Que escrevam, que contem suas
histórias, que as inventem e reinventem os contos populares de seu contexto.[...].
Trecho extraído da obra Professora
sim, tia não: cartas para quem ousa ensinar (Olho D’Água, 1993), do
educador, pedagogista e filósofo Paulo
Freire (1921-1997). Veja mais aqui e aqui.
NO ARRAIAL DA BICHARADA
Imagem: Ciranda,
cirandinha, de Amaro Francisco.
Pulga toca flauta perereca, violão piolho, pequenininho
também toca rabecão
Pulga mora embaixo, percevejo mora ao lado, piolho
pequenino também mora no telhado.
Lá vem a dona pulga Vestidinha de balão Dando o braço ao
piolho Na entrada do salão.
No arraial da bicharada (Música
popular – domínio público) recolhida das obras Antologia de cantos orfeônicos e folclóricos (FTD, 1965), de Wagner
Ribeiro & Recordar
é viver: cancioneiro popular
(Loyola, 1984), de Ivo Inácio Bersch. Veja mais aqui.
OS JOGOS
INFANTÍS - Os jogos infantis [...] são em geral roteiros compreensíveis, que possuem coerência e
inteligibilidade, mesmo quando contêm elementos que se contrapõem à realidade
material: voar, mudar de tamanho, possuir superpoderes, etc. Esses elementos
não constituem para a criança nenhum sentimento de estranheza, pois no brincar
há uma consciência da irrealidade da trama, que é produzida intencionalmente,
tal como nas novelas de ficção. Trecho extraído do livro Quando brincar é dizer: uma experiência
psicanalítica da infância (Relume-Dumará, 1993), da psicanalista Eliza Santa Roza. Veja mais aqui.
Imagens: Joões
Teimosos, da Galeria do Dim.
PERNSAMENTO DO
DIA: BUMERANGUE - Um homem tinha um jardim cheio de flores lindas. Eram as
flores mais vendidas do país, todas as pessoas do mundo sabiam e queriam
comprá-las. Eram as flores mais bonitas e as que tinham melhor perfume no mundo
todo. Todos os anos, ele ganhava o prêmio das flores maiores e de melhor
qualidade; toda a região as admirava. Um dia, uma jornalista perguntou ao homem
qual era o segredo de seu êxito. O senhor responder: - Meu êxito se deve a que,
cada cultivo, separo as melhores sementes e as divido com meus vizinhos para
que eles também as semeiem. – Como? – disse a jornalista. – Isso é uma loucura!
Não tem medo de que seus vizinhos tornem-se famosos como o senhor e fiquem com
os prêmios? O senhor respondeu: - Faço isso porque, se eles semeiam bem, o
vento e as abelhas devolverão para o meu cultivo bom pólen e boas sementes, e
assim a colheita será melhor. Se não fosse assim, eles espalhariam sementes de
má qualidade e o vento as levaria até a minha plantação. As sementes deles
cruzariam com as minhas e fariam com que minhas flores fossem de pior
qualidade. Historinha extraída da obra Atividades para o desenvolvimento da
inteligência emocional nas crianças (Ciranda Cultural, 2009), do Grup de Recerca em Orientació
Psicopedagògica (GROP). Veja mais
aqui.
Imagem: Mulher
com crianças nos braços, cerâmica de Dona
Irinéia.
A PANELA DO BICHO D’ÁGUA - Duas léguas acima o Corrente despeja no São Francisco. Suas águas negras
comprimem as do tributado, para depois nelas se misturarem, em golfadas e
novelos, à grande distância da foz. No seu estuário, as águas contorcem-se em
eterno movimento giratório, a que chamam panela. Mora ali, naquele rodamoinho
gigantesco e perene, o Bicho d’água e quem quiser vê-lo é só chegar no vórtice
infernal, se tiver coragem, e largar uma garrafa de azeite doce. Poderá então
ver o palácio onde vive a faustosa entidade, que se apresenta aos olhos dos
mortais na figura de tosco tronco flutuante, imóvel, contra a corrente
impetuosa. O incauto viajante que se aproximar, iludido pela inofensiva
aparência, não tem salvação. Pior do que o Moleque d’água, mais malvado, mais
traiçoeiro, inflexível; ele e o seu comparsa, o Minhocão, são o terror do
pescador e dos que viajam a sós pelo rio, mormente na calada da noite. Trecho extraído da obra Paracoera (Schimidt Schmidt, 1939), do
escritor Lauro Palhano (pseudônimo de Juvêncio Lopes da Silva Campos
1881-1947). Veja mais aqui.
O LOBISOMEM
ZONZO – A peça teatral infantil O lobissomem zonzo (Nascente, 2008) é oriunda do historieta
infantil homônima, contando as aventuras de quatro garotos, Bichim, Maluquim,
Gordim e Jeguim que vão brincar de esconde-esconde e, por conta dos seus
amostramentos, Gordim vai se esconder num buraco fundo e não consegue. Eis que
no afã de querer salvar o amigo, os meninos se depara com o maior de todos os
temores: o lobisomem. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
O FUTURO DE NOSSAS CRIANÇAS – O documentário Vivendo e aprendendo (Being
and becoming, 2014), da atriz, cantora, diretora de cinema, roteirista e
produtora francesa Clara Bellar,
apresenta as questões atinentes à descolarização, observando que a separação
que existe entre as disciplinas dentro do colégio não se repete na vida e que o
estudo em casa assistido pelos pais revela que o aprendizado acontece o tempo
todo, enquanto brincam, enquanto estão concentrados em alguma coisa. Apresenta
algumas experiências de crianças que pediram para sair da escola e os pais
tiveram que organizar a vida para se dedicarem, também, à educação dos seus
filhos. Esses mesmos pais revelam que se tornaram empreendedores para fixarem
residência no campo, trabalharem lá e cuidarem da educação dos filhos com mais
tranqüilidade. O documentário traz uma constatação efetuada pela Associação
Nacional de Ensino Domiciliar (ANED), de que, em 2013, havia uma estimativa de
mais de mil famílias no país que escolheram pela educação fora da escola,
utilizando diferentes métodos de ensino e aprendizagem. No Brasil a legislação
federal não permite a prática de ensino, sendo obrigatória a matrícula dos
filhos em uma instituição escolar. Enquanto isso, a doutora pela USP, Luciane
Muniz Ribeiro Barbosa, que defendeu a tese Ensino em casa no Brasil: um desafio
à escola?, observa que a educação
domiciliar na visão dos juristas é inconstitucional e o Código Penal prevê
crime de abandono intelectual aos pais que se mostrem omissos ou neguem a
responsabilidade da matrícula dos filhos em instituição oficial, encontrando,
porém, a avaliação de outros juristas que sinalizam lacunas constitucionais que
favorecem o ensino em casa, propiciando uma outra forma de socialização e
evitando os problemas do bullyng e da competição. Ela traz o exemplo do estudo
Fifyeen years later (Quinze anos depois, 2009), realizado no Canadá, com uma
geração de jovens que haviam sido educados em casa trazendo aspectos positivos
e apontando problemas de socialização. Além do mais, abre a questão se a escola
efetivamente garante o direito à educação aos seus estudantes. O debate está
aberto.Veja mais aqui.
Imagem: a arte naif de Ronaldo Mendes.
AGENDA: IV
CONGRESSO INTERNACIONAL E XXIV BRASILEIRO DA ABENEPI – Acontecerá entre os dias 09 e 12 de agosto de 2017, no
Hotel Eindsor Oceânico, no Rio de Janeiro, o IV Congresso Internacional e XXIV
Brasileiro da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatriz Infantil e
Profissões Afins (ABENEPI), propondo um momento de reflexão conjunta sobre os grandes
desafios que a aceleração desenfreada dos tempos atuais nos impõem, celebrando os
que valorizam a troca, respeitam a divergência e procuram converter sua
indignação e desconforto com as condições atuais de desatenção à infância e
adolescência numa luta permanente por um futuro mais responsável por si mesmo.
Veja mais aqui e aqui.
ENTREVISTA: PROFESSORA RACHEL LUCENA – Alguns tempos atrás, a professora
carioca Rachel de Oliveira Pereira Lucena, concedeu uma entrevista logo após o desenvolvimento uma atividade
que envolveu a exposição de trabalhos poéticos dos seus alunos Colégio e Curso
Fator, material que publicamos numa edição festiva no blog Brincarte do Nitolino. Confira a entrevista aqui.
REGISTRO – CORDEL NA
ESCOLA
Numa tarde de sábado de 2009,
recebi o convite da professora Márcia Nunes Machado, para realizar uma
apresentação do meu cantarau Tataritaritatá,
na Escola Estadual Rosalvo Lobo, em Maceió. Armado da minha viola de 12 cordas,
sapequei poesias de Ascenso Ferreira, cordéis de Patativa de Assaré e Leandro
Gomes de Barros, entre outras composições autorais, mandando ver pros jovens do
educandário. Por resultado, dias depois do evento, foi desenvolvida uma
série de atividades com os alunos dos 6º ao 9º ano, sobre a Literatura de
Cordel. Tudo isso está registrado pra conferir aqui, aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.