INEDITORIAL: POEMA
EM VOZ ALTA – Imagem: Só vim devolver as flores, do
artista plástico, designer, grafiteiro e tatuador Mozart Fernandes. Epígrafe: et comme
dieu je vais nu (Mallarmé)
- Eu sou um deus. Um deus vivo, presente, criado na mentira do mundo e dos
homens, indesculpavelmente humano - efígie imperfeita da perfeição que se
amedronta dos porões da floresta indigente e que engole gente e todo tipo de
ser vivente como ente que mente e mente mente e mente e que se refugia na
poesia de viver para compensar a sua contumácia de manifestar-se desatino,
imperfeito, perecível diante de todas as paradoxalidades indesvencilháveis com
suas mil garras cheias de anúncios e gritos e choros e lamúrias eternas dentro
dos edifícios bêbados de ostensiva imobilidade e pasmaceira e catatonia no meio
dos relâmpagos que faíscam acordes naturais e imprimem alarmes e ameaças da
toca o breu do concreto bruto do asfalto desvelando o sigilo absurdo dos rostos
em pânicos ou felizes com seus pacotes das compras que se danam atônitas pelos
semáforos e limites dos cartões de crédito que se vencem nas esquinas e
alvoroços como cães famintos na lata de lixo, como um maçarico doido no coração
do consumo onde a fugacidade do riso é perene na satisfação efêmera do lodo
capitalista! Eu sou fruto que é raiz e que é semente. O tempo me asfixia. E
tudo quanto eu disse era uma lâmina cega na raiz do meu coração imberbe que
ousa ser menino na flor da idade. De que me resta ser herói aos vinte e três
anos no meio da minha melancolia que já e suficiente na minha farsa e não sou
nada além do que cai e se levanta aos tombos todo dia e o dia todo nas
errâncias da vida. Agora carrego ainda mais o meu amor essênio e procurando a
minha túnica de uma só peça ao encontro dos homens de palavras suaves. Ao mundo
oferto o meu sonho herético: Maa kHeru! Maa kHeru! Eu sou um deus, eu sou um
deus vivo presente crucificado em seu próprio verbo, em seu próprio flagelo e
tristemente vivo feliz! Não tenho gênesis nem registros acásicos nem júbilos
nem hosanas nas alturas ou aleluias nas funduras. Estou cercado em mim mesmo,
mil partido com todos os fragmentos compactados num vácuo tão intenso no meio
da loucura coletiva e dentro da emboscada do futuro, crendo na vida mesmo que
sirva de experimento para os que fabricam catacumbas, mesmo que eu saiba dos
que fazem a experiência bélica com a vida dos outros, mesmo que sirva de
cenário para as neuroses dos que povoam as ruínas de tudo na esclerose do
veneno que asfixia o sol na multidão de anjos estúpidos luzindo com suas
olheiras nos estandartes dos algozes: que tudo seja feito pelo amor aos dólares
vis! Eu sou um deus, um deus vivo presente crucificado em seu próprio verbo e à
mercê da sina impressa no assoalho dos tempos. E constato ao tato o fato da
minha crença na vida ser a minha festa e fecho-me em minha deificação débil e
inútil e sou todo um mar revolto. (Poema em voz volta. In: Primeira Reunião.
Recife: Bagaço, 1992). Agora vamos aprumar a conversa nas novidades do dia: Na edição
de hoje destaque para a arte de Mozart Fernandes, a Mulher Suméria, o erotismo
de Georges Bataille, a literatura de Marquês de Sade, o Decameron de Pasolini, a
entrevista de Frederico Barbosa, as Núpcias do teatro do Nua, o ativismo de
Maryam Namazie, a música de Karina Buhr, a dança do Estado Imediato, o
Congresso Brasileiro de Sexualidade Humana, a pintura de Cézanne & Olivia
de Berardinis, a escultura de Leroy Transfield, & a palestra Cidadania
& Meio Ambiente. No mais confira aqui.
Veja mais sobre:
Rio Uua, Henri Bergson, Heitor Villa-Lobos, José Lins do Rego, Cora Coralina, Nelson Freire, Viola Spolin, Grande
Otelo, Manuel da Costa Ataíde, Humor e alegria na educação & Dia do Pintor aqui.
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A mulher fenícia & Big Shit Bôbras: Inhame cura aqui.
As trelas do Doro: A vingança aqui.
Proezas do Biritoaldo: Quando o bicho leva um puxavanque da vida, para baixo todo santo ajuda
numa queda só: tei bei! Era uma vez, hem hem.... aqui.
A biblioteca nossa de cada dia, Nicole Krauss, Carles Riba, Lloyd Motz, Filipe Miguez, Yasujirō Ozu, Carla Bruni, Shima
Iwashita, Mauro Soares, Tributo & capacidade contributiva, Diagnóstico e
tratamento na aprendizagem aqui.
A música e a poesia de Bee Scott aqui.
DESTAQUE:
Aqueles que tinham alguma vergonha estão mortos.
Provérbio egípcio da Era Ottoman, dando conta
de que certa vez o Cairo estava lotado de banhos turcos nas áreas centrais da
cidade. Certa feita, ocorreu um grande incêndio em um desses famosos banhos
turcos, durante o horário feminino; as mulheres que correram nuas sobreviveram,
mas as que tiveram vergonha de expor sua nudez morreram lá. Imagem: Les grandes baigneuses (1900-1906), do
pintor pós-impressionista francês Paul
Cézanne (1839-1906).
A MULHER SUMÉRIA
- Imagem: Estela funerária suméria com imagem
erótica (1800 a.C.).– OS
SUMÉRIOS: UM PAÍS ENTRE DOIS RIOS – A civilização suméria é uma das mais
antigas que apareceu no V milênio a.C., no território da Mesopotâmia, muito
antes dos egípcios e chineses e desapareceu no II milênio. Sua língua é de
origem étnica desconhecida. Para os sumérios existir, simplesmente, era
expiação bastante no terrível universo. A MULHER SUMÉRIA – A mulher suméria era
responsável pela coleta de grãos e cereais, razão pela qual descobriu a cerveja
quando estes grãos, sob a água da chuva, fermentaram ao ar livre, tornando-se
um importante alimento no período. Ainda que reduzida ao fabrico da bebida no
ambiente doméstico, desde a antiguidade a mulher ficou encarregada de produzir
esta bebida para o consumo próprio e familiar. As mulheres eram excluídas de
educação, exceto Enheduana, a filha de Sargão, que passava por uma moça
letrada. Na legislação sumeriana as mulheres possuíam independência do marido,
podendo separar-se por decisão judicial. O adultério era crime, só absolvido
com perdão do marido. Na família, era ela responsável pelas dívidas. Era
costume a prostituição das mulheres uma única vez com estrangeiros, oferecendo
ao templo o dinheiro recebido pela prostituição. A que morresse virgem ou de
parto era considerada demônio. O papel das mulheres na armazenagem era
reconhecido e tem sua marca no idioma sumério, os aposentos da mulher da casa.
Os cereais e outros produtos eram em geral armazenados nos aposentos das
mulheres, e as mulheres administravam e eram as guardiãs destes bens
armazenados. A necessidade das mães estarem próximas às suas crianças exigia
que as mulheres ficassem ao redor de suas casas. Mas, mesmo em casa, as
mulheres não restringiam suas atividades aos afazeres domésticos ou a cuidar
somente de crianças. Pelo contrário, o papel feminino no lar incluía a produção
de bens básicos e a gerência dos produtos domésticos. O direito das mulheres
sumerianas variava de acordo com o status social de cada uma. Por exemplo, as
mulheres da realeza gozavam de um certo poder político e econômico enquanto que
as mulheres comuns não participavam da vida política e literária. As mulheres
que gozavam de status, como as sacerdotisas, membros da realeza tinham o
direito de aprender a ler e a escrever e daí adquiriam autoridade para
administrar, e as mulheres menos prestigiadas, com menos status social
ocupavam-se da criação dos filhos e das atividades domésticas. Apesar de na
Mesopotâmia as mulheres, de uma maneira geral, não terem sido tratadas como
iguais aos homens, a posição delas variavam muito entre as cidades-estados. Mulheres
e homens mantinham-se sempre perfumados. Pesquisadores descobriram traços de
aromaterapia revelando que mulheres utilizavam cones de ervas aromáticos em
suas cabeças, que durante o dia, derretiam deixando os cabelos aromáticos. A
touca real era composta de pregas, com babados na parte traseira, continham
enfeites, joias de alta qualidade e eram muito pesadas. Entre as mulheres,
algumas tantas se destacam, a exemplo de Kubaka, a mulher da cerveja, que era
uma senhora taverneira de Kish, esperta e robusta que tornou-se rainha em 2500 a.C.,
por 100 anos, sendo sucedida por seus filhos. Também Sabtien, a mulher
cervejeira. KUN-BAU DE KISH, A GUARDIÃ DA TAVERNA – Kun-Bau ou Kubaba foi a
única mulher governante suméria, que reinou por 100 anos e aparece na Lista
Real Sumeriana que contem a relação de todos os reis da Suméria, registrando o
local da realeza e governantes oficiais com o período de seus governos. Antes
de ser governante, era uma famosa proprietária de cabaré que amealhou fortuna
e, por isso, subiu ao trono. A MULHER SÁBIA - Em Enmerkar e o Senhor de Aratta,
um relato heróico sobre um dos primeiros reis sumérios, quando Enmerkar vai até
a cidade de Aratta (cidade esta a qual ele submeteu a cerco para obter suas
pedras e minerais preciosos), sua conselheira vai até ele em elegante esplendor
para aconselhá-lo e ao rei de Aratta que eles deveriam trocar alimentos por
minerais preciosos. Dessa forma, as mulheres serviam como sábias e
conselheiras. Assim, as mulheres eram consideradas sábias e eram aquelas que
desempenhavam as funções do cuidado das crianças. Isso queria dizer que a
criança desenvolvia desde os primórdios da infância a imagem da toda-poderosa e
sábia "deusa do quarto de dormir e brincar". Por outro lado, criavam
produtos básicos através da culinária, tecelagem e preparo da cerveja. Tais
atividades são sofisticadas em termos tecnológicos, e também são complexas,
devendo parecer particularmente mais difíceis do que aquelas atividades nas
quais os homens participavam. A natureza elaborada das atividades femininas devem
ter reforçado desde os primórdios da infância a impressão da mulher sábia.
Estes dois fatores contribuem para a imagem da mulher como aquela que acumula
conhecimento, e que dispensa também conhecimento especializado. A POETA
ENHEDUANNA – Os mais antigos poemas foram escritos por uma mulher: Enheduanna,
filha de Sargão. Ela foi instalada por seu pai como Alta Sacerdotisa (En) do
deus da Lua, Nanna em Ur. Nessa capacidade, ela escreveu os grandes poemas
Ninmesharra e Nininshagurra, um ciclo de hinos aos templos da Suméria, e talvez
também, Inana e Ebih. Era vista como mulher solitária escrevendo numa área que
pertencia aos homens. Ela não foi a primeira Alta Sacerdotisa. A POETA KUBATUM
– Também outra mulher, Kibatum, esposa de Sushin, durante o período da Terceira
Dinastia de Ur, compôs canções de amor. HIERODULAS, AS FUNCIONÁRIAS DA DEUSA DO
AMOR – O grande-sacerdote do deus da cidade devia praticar o ritual da
hierogamia, casamento com a grande-sacerdotisa de Innana, materializando o
casamento entre os deuses, de que dependia a prosperidade dos humanos. Quanto
às hierodulas subalternas, estavam à disposição dos crentes, mediante pagamento
que o povo não negligenciava em ritual, porque os recursos que o templo obtinha
graças às Jovens do Amor, estavam longe de ser desprezíveis. Na Suméria havia
um bordel divino. O SÉQUITO DAS TOCADORAS DE MÚSICA – em Ur, por volta de 2.550
a.C., encontrou-se no cemitério da localidade, 1.800 túmulos, entre eles, as
tocadoras de músicas que ainda estavam com seus dedos dedilhando as cordas dos
seus instrumentos. Foram vítimas de um suicídio coletivo para seguir o seu
senhor no outro mundo, transformado em deus. ISHTAR, A RAÍNHA DO CÉU, DEUSA
LUNAR- Era uma das manifestações da Magna Dea, a Grande Mãe, personificando a
força criadora e destruidora da vida nas fases lunar. Deusa da fertilidade que
concedia a reprodução e crescimento aos seres humanos, animais e campos. Deusa
do amor que desceu de Vênus com seu séquito de sacerdotisas Ishtaritu,
ensinando aos homens a arte do êxtase. Rainha do Céu regia as estrelas,
formando o cinturão de Ishtar. Percorria o céu todas as noites em uma carruagem
puxada por leões, controlando o movimento dos astros e as mudanças do tempo. É
representada pela mãe que segura os seios fartos, a virgem guerreira, a
insinuante sedutora. Também era a Mãe Terrível, Senhora dos Terrores, quando
descia ao mundo subterrâneo causando desespero na terra. Quando se ausentava,
nada podia ser concebido, tudo mergulhava numa inércia. Personifica o principio
feminino e nas celebrações de Shapatu as mulheres a veneravam invocando suas
bênçãos. A DEUSA INNANA - A deusa Ishtar-Innana no templo de Eanna, em Uruk, a
capital da religião suméria. Era a deusa do amor, da fecundidade e da
prosperidade. Dumuzi foi o primeiro esposo terrestre de Innana, com ele é
inventada a escrita na mesopotâmia. Essa deusa era presa de disputas amorosas,
mas também era intrigante, ambiciosa e sedenta de poder. Um dia ela decide
aumentar o seu poder e influencia na cidade e fazer dela o centro do mundo.
Para consegui-lo só há uma solução: apossar-se, não importando por que meios,
dos famosos Me, encerrados no fundo seu palácio de Apsu, por Enki, em Eridu. A
bela ambiciosa desembarca com grande pompa na cidade de Enki. Sedutora, carnuda,
provocante. O pai Enki, o sábio, com isso atravessado na garganta,
imediatamente chama o seu mordomo, o deus Isimud, a quem dita as suas ordens: a
jovem deve ser recebida e tratada regiamente, é preciso fasciná-la,
conquistá-la. Então, a mesa é imediatamente servida. Enki apaixonado, febril e
tímido, profere elogios lisonjeiros e langorosos. A cerveja corre
abundantemente. Mas a embriaguez toma posse do espírito do sábio. Levanta-se em
um momento de exaltação, brandindo a taça, com o olhar lúbrico e proclama:
“Pelo meu poder, pelo meu poder, à santa Innana, minha filha, eu quero
presentear os Me”. A pequena astuta não tinha perdido a cabeça e tarde da
noite, enquanto o sábio Enki estava na bebedeira, a bela acabou o carregamento
dos Me na sua barca celeste e parte para Uruk, orgulhosa e altiva. Quando o
sábio acordou sóbrio percebeu com horror que os Me desapareceram. O fiel Isimud
lembra-lhe então o gesto grandioso da véspera, feito em plena embriaguês. Aí
ele envia Isimud ajudado por um destacamento do monstros marinhos, em
perseguição da fugitiva com a ordem imperiosa de recuperar a preciosa carga.
Isimud alcança Innana mencionando o seu objetivo, quando ela fica indignada
berrando traição e recusando-se de restituir o presente. Dá-se, então, os
assaltos furiosos da esquadra de monstros, mas a deusa desembarca em Uruk, sã e
salva, com a sua preciosa carga intata no meio de uma enorme quermesse popular.
No seu templo, o sacerdote-rei seguia regulamente para a consumação da
hierogamia, pratica que consistia no cumprimento dos deveres conjugais do rei
para com a deusa Innana, representada por uma das suas sacerdotisas. Da sua
união dependia a prosperidade do país. Em sua homenagem teve inicio o
sacerdócio feminino iniciado Enheduana e seu pai Sargão de Akkad. O papel das
sacerdotisas nos templos sumérios era o de prostitutas sagradas que eram usadas
nos rituais do casamento sagrado, responsáveis por aplacar a fúria dos deuses,
pelas boas colheitas e fertilidade de homens e mulheres, mantendo a paz na
Suméria. Essas mulheres eram as intermediárias entre os deuses, os governantes
e o povo. As sacerdotisas possuíam o hábito de beber cerveja, mesmo sendo
proibidas por lei que coibiam essas práticas por ela com a pena de morte. LILITH
– Lilith era chamada de a Grande Deusa, a Lua Negra, a Raínha do Céu e era
associada a coruja. É no Alfabeto de Bem-Sira, do século VII, que Lilith é
considerada a predecessora de Eva. Para os hebreus, a primeira esposa de Adão
que se recusou a se deitar por baixo no ato sexual, exigindo sexo de igual para
igual. Por isso abandonou Adão, não acatando ao domínio do homem sobre a
mulher. Justou-se aos anjos caídos, se casando com Samael. Depois ela foi
eliminada pelos hebreus no Velho Testamento. Na mitologia judaica é o demônio,
acusada de ser a serpente que levou Eva a comer o fruto proibido. Na
Mesopotâmia é associada a um demônio feminino da noite, portadora de doenças e
da morte. Na Suméria ele surgiu por volta de 3 mil aC., como demônios e
espíritos malignos de ventos e tormentas. Na Babilônia simbolizava a lua, deusa
das fases boas e ruins. Nas lendas vampíricas ela paria 100 filhos, súcubus e
lilims, se alimentando da energia do sexo e do sangue humano. Outras expressões
de Lilith são identifcadas como manipuladora dos sonhos humanos gerando
poluções noturnas que cortava o pênis com a vagina e matava com aperto
esmagador ao peito. Representa a liberdade sexual feminina e a castração
masculina. A DEUSA NUBARSHEGUNU – Essa deusa tinha uma filha, a bela e viva
Ninlil. A mãe já tinha notado o belo jovem que era Enlil, o ser de olhos
brilhantes. Considerando que ele era um bom partido, encorajou a filha a
seduzir o efebo, com vista no casamento. Ninlil escutou os sábios conselhos de
sua mãe e a armadilha funcionou às maravilhas. Mas no momento de consumar a
união, Ninlil protestou e recusou satisfazer os ardores do jovem deus. Este,
mortificado, voltou como uma fera para a cidade, decidido a todos os extremos.
Depois convocou o seu conselheiro Nusku que arranjou-lhe uma barca para que ele
e Ninlil, os dois apaixonados, de novo juntos, embarcassem para um
cruzeiro sentimental pelo Eufrates. Mas, no caminho, a jovem recursou outra vez
ceder. Enlil perdeu a cabeça e violentou-a. uma catástrofe! Os 50 deuses
berraram contra a infâmia, não tolerando a violação, baniu Enlil. Mas Ninlil,
moça honesta e nada rancorosa, acompanha-o aos infernos. Esta prova de amor
inflama a imaginação do violador que arquiteta um estratagema muito complicado
para sair do apuro. Na travessia dos infernos, por três vezes ele se transforma
em divindades menores, guardiãs ou guias das Trevas: de cada vez ele aproveita
para fecundar Ninlil. Assim, três crianças são engendradas e tornam-se
divindades infernais que permitem ao seu irmão mais velho, Nanna, subir tranquilamente
e instalar-se no trono lunar. O caso termina com os dois apaixonados
reintegrados na cidade. A DEUSA NISABA - No sonho de Gudéia registrado no
grande hino de seu templo, Nisaba é a donzela do estilete divino de prata (ou
seja, o lápis ou caneta divinos) que consulta uma tábua estelar que tem aos
seus joelhos. Na revisão do Ano Novo, Nisaba colocava as tábuas de lápis lazuli
em seus joelhos, pegava o estilete dourado em suas mãos e alinhava os servos
para Nanshe. Ela não era uma secretária. A feitura das listagens no Hino de
Nanshe era feita por seu marido, Haya. Aqui, ela é aquela que matém os
registros para Enlil. Conforme dito num hino para o rei Ishib-irra, "nos
locais onde ela se aproxima, encontra-se a escrita". Ela é o paradigma da mulher
sábia, de grande percepção e conhecimento, que tudo sabe. Ela é também a grande
professora, que dá conselhos para toda terra e dá sabedoria aos reis. Segundo
as palavras de um hino do rei Lipit-Ishtar: Nisaba, mulher radiante de alegria,
Mulher fiel, escriba, deusa que tudo sabe, Guiou seus dedos sobre a argila,
Embelezou a escrita nas tábuas, Fez a mão resplandecente com o estilete de
ouro, a linha de medição, a linha de pesquisa, A régua que dá sabedoria,Nisaba
deu a você da forma mais generosa. A escrita, a contabilidade e a tomada de
notas são essenciais para a civilização urbana. Por isso, ela era a deusa da
escrita, da contabilidade, da pesquisa. DEUSA NUNGAL – A deusa Nungal, a
carcereira do Ekur, é a responsável pela guarda de pessoas em calabouços e
prisões. Ao seu encargo estava o complexo de templos de Enlil, o jovem deus
mais importante dos sumérios, situado em Nippur. Nungal é cantada em um hino,
onde a própria deusa conta o papel terrível e de grande importância que esta
parte do templo, quando ela descreve os grandes dias de julgamento e seu papel
neles. Nestes dias, o acusado é julgado pelas águas do rio. Se ele boiar ou
nadar, ele passa no teste. Mas mesmo se o acusado falhar no teste, não será
permitido que este se afogue. O bastão divino de Nungal salva o condenado das
águas, e ele é dado para ela que o irá colocar na prisão, chamada pela deusa de
"casa da vida". Nungal descreve o calabouço com termos que lembram a
definição poética do inferno. A prisão de deusa é um local para suspiros e
queixas, na qual os infelizes passam os dias em lágrimas e lamentações. Nesse
lugar, ela mantém os condenados sob sua guarda, até a hora em que ele ou ela
tenham chegado ao "coração de seu deus(a)". Nesse momento,ela então
irá purificar o condenado e retorná-lo (ou a ela) à boa "mão de seu
deus(a)". Por isso, ela guarda e preserva o prisioneiro ou prisioneira,
possibilitando que ele ou ela retornem à sociedade. NINKASI, AQUELA QUE ENCHE A
BOCA – A deusa Ninkasi nasceu do fluxo de água brilhante, cultivando a cevada
florida, pela mistura do malte com as especiarias e pelo condicionamento da
cerveja no vasilhame. Era filha de Enki, deus das águas doces e do
conhecimento, e de Ninti, deusa dos oceanos, que participaram da criação humana
com seu próprio sangue e modelando o homem na argila. Um poema sumério foi
escrito em sua homenagem por volta de 3.900 aC., contendo a primeira receita da
cerveja, criada a partir do bappir que é o pão de cevada maltada e farinha de
cevada, acrescido de água, malte, mel e tâmaras. É considerada a saciadora dos
desejos e dos corações. A DEUSA NINGIRIM - Nos textos mais antigos do período
histórico, o dos textos de Fara e Abu Salabikh (cerca de 2.500 Antes da Era
Comum), havia uma deusa muito importante chamada Ningirim, que aparece de forma
proeminente na literatura de encantamentos como exorcista dos deuses, a deusa
das fórmulas mágicas e da purificação da água. Em tempos sumérios posteriores,
exorcismos e encantamentos estão nas mãos de Enki e seu filho, Asarluhi; ainda
mais tarde na literatura mesopotâmica, os papéis destes dois últimos deuses são
tomados por Ea e Marduk. Ningirim nunca desaparece inteiramente da literatura
mágica posterior da Mesopotâmia, mas ela fica detentora de um papel menor cuja
função em exorcismos e encantamentos cede lugar a Enki e Asarluhi, sendo,
portanto um pálido eco de sua importância anterior. A DEUSA NISABA - Protege o
crescimento dos cereais, simbolizada pelo grão divino. A deusa Nisaba, a deusa
da vegetação mais estreitamente associada com grãos, também é conhecida por
arrumar os galpões de armazenagem de grãos, bem como é identificada com a sala
de armazenagem. A área do templo chamada de giparu, a área para armazenagem de
alimentos, também servia como ala onde morava a Alta Sacerdotisa ou Alto
Sacerdote da cidade. DEUSA NINURRA – A mudança de gênero da deusa Ninurra para
deus reflete a evolução da cerâmica desde seus tempos iniciais, ou seja, a
transformação de tarefas desenvolvidas no lar por mulheres e que passam para a
esfera profissional masculina. Por isso ela representa a arte de fazer
cerâmica. Assim, a deusa da cerâmica foi transformada num deus e por último,
tendo sido absorvida pela figura de Enki. Uma mudança semelhante ocorreu nas
artes Mânticas. A DEUSA ARURU – a deusa criadora. Ela criou no deserto, com
pouco de argila e de água, um ser excepcional que deveria vencer a presunção do
fogoso rei de Uruk. Enkidu, uma criatura do silencio noturno, nasceu, criado
entre as feras e coberto de pelos. Em combate, foi vencido por Gilgamesh. Outras
deusas são representadas pela Deusa Uttu, o arquétipo da esposa. Já a deusa
Nintu também é chamada A Grande Sábia de todas as Coisas. AS ESTÁTUAS FEMININAS
– Nas estátuas femininas, as mulheres usam longos panos deapejados que deixam
descobertos o ombro e o braço direitos. Observam0se vários traços comuns estas
estátuas: ombros muito largos, peito trapezoidal afinando-se na cintura,
cotovelos exageradamente pontiagudos, olhos e sobrancelhas incrustados com
conchas ou betume, expressão do rosto parada. A mais notável estátua é a
da Grande Cantora Ur-Nina que está sentada sobre uma almofada de pernas
cruzadas, charme aristocrático, sorriso calmo, olhos maliciosos, boca em
biquinho, cabeleira delicadamente penteada e dividida no alto da cabeça e que
desce em ondas negras até o meio do tronco, com um gracioso nó de cabelos sobre
a têmpora, na altura das orelhas. Também a estátua da Mulher Melancólica do Rei
Manishtusu: pequeno busto de mulher, rosto embonecado, cercado por cabelos
ondulados presos por uma fita, olhos muito expressivos, serena. A Estátua da
Mulher de Echarpe, a eposa de Gudéia, que usa um vestido de duas peças,
ornamentado com franjas e rendas de argolinhas, pescoço enfeitado com um colar
rígido de várias voltas sobrepostas, a cabeleira apertada sob um echarpe segura
por uma fita na testa, nobre e altiva. CARPIDEIRAS: AS CANTORAS DOS LAMENTOS: O
papel da deusa como carpideira estende-se para além da família, pois as deusas
eram as principais cantoras dos lamentos na tradição literária suméria, as
principais carpideiras sobre as cidades sumérias destruídas. Os lamentos
congregacionais chamados balags: Nessas composições, o mais comum é ver a deusa
Inana fazer lamentos sobre cidades destruídas. OS LAMENTOS DA DEUSA AMAGESHTINANNA
–Os lamentos da deusa Amageshtinanna feitos para seu irmão Dumuzi, que havia
morrido e então descido ao Reino dos Mortos. Esses lamentos eram tão
incessantes que os deuses concordaram que ela tomasse o lugar de Dumuzi no
Reino dos Mortos por certo período durante o ano. OS LAMENTO DE INANNA - São
reconhecidos os lamentos que Inana cantou pelo mesmo Dumuzi que tinha
sido seu esposo. O lamento que Inana cantou sobre o cadáver do rei Ur-Nammu, a
quem ela identificava como Dumuzi. O LAMENTO DE NINGAL - O lamento de Ningal
sobre a cidade de Ur, foi escrita pouco após a destruição da cidade, ao final
da terceira dinastia de Ur. Nesse poema, Ningal, a deusa de Ur, chora pela
cidade. De forma significativa, ela é mostrada cantando dois lamentos, um antes
da cidade ser destruída, na tentativa de impedir a destruição iminente; no
segundo lamento, quando a cidade foi destruída, ela se queixa da perda da
cidade e de seu lar. Ela se lamenta: "seus cabelos ela cortou como se
fossem galhos; em seu peito, sobre o ornamento de moscas de prata, ela bateu e
bradou "pobre de minha cidade!", com os olhos cheios de lágrimas,
amargamente ela chorou". Com isso, ela pretendia convencer os deuses a não
destruir a cidade de Ur. Neste caso, ela não teve sucesso. Mas após a destruição,
ela continuou o lamento, a fim de despertar a misericórdia dos deuses. O
LAMENTO DE ERIDU - Mostra a deusa Damgalnuna chorando a perda de sua cidade,
Eridu. Ela começa o lamento: "Ela tocou seus seios como se fossem garras,
ela levou suas mãos aos olhos, ela soltou um grito de dor em frenesi, ela
segurou a adaga e a espada em suas duas mãos; as armas rangiram ao se tocar, e
ela cortou seus cabelos como galhos, soltando um amargo lamento". LAMENTO
DE NINSHUBUR - Quando Ninshubur, a assistente e conselheira de Inana, começa a
fazer o lamento por sua senhora, que está presa no Reino dos Mortos, ela
"esbugalhou seus olhos, ela tocou em seu nariz, ela tocou nas suas coxas
com as mãos tal qual garras". O seu choro na Descida à Mansão dos Mortos
tinha um objetivo específico: ela chorava frente aos deuses a fim de fazê-los
agir para resgatar Inana, que estava sendo mantida como prisioneira no Reino
dos Mortos. A HIEROGAMIA: O DIVINO FEMININO: SARGÃO DE ACAD – Sua mãe era uma
sacerdotisa de uma pequena aldeia, Azupiranu, nas marges do Eufrates. Naquela época
as sacerdotisas estavam proibidas de conceberem, mas não era obrigadas à
castidade. A futura mãe encontrou um desconhecido e o que tinha de acontecer
aconteceu. Quando a criança nasceu, ela colocou-a em uma cesta que confiou às
águas negligentes do Eufrates: “Minha mãe, a grande-sacerdotisa, concebeu-me e
pôs-me no mundo em segredo. Ela colocou-me dentro de um cesto de junco cuja
abertura fechou com betume. Jogou-me no rio sem que eu pudesse sair. O rio
levou-me até a casa de Aqqi, o aguadeiro, que me adotOu como seu filho e me
criou, ensinando-me a profissão de jardineiro. Foi quando a deusa Ishtar se
enamorou de mim e foi assim que durante 56 anos eu exerci a realeza”. Ele,
então, destronou o Rei Urzababa e tornou-se o novo soberano, criando a cidade
de Acad. Conta-se que ele venceu 34 batalhas, destruiu as muralhas até o mar,
criando a monarquia unitária. Morre ele em 2379, sucedido por seu filho Rimush.
A EPOPÉIA DE GILGAMESH - No Épico de Gilgamesh, a mãe divina, Ninsun, explica
ao jovem monarca o significado de seu sonho. Meio milênio antes, num hino ao
Rei Gudéia de Lagash (cerca de 2.200 Antes da Era Comum, ou cerca de 4.200 anos
atrás), a deusa Nanshe é chamada da grande intérprete de sonhos dos deuses, uma
especialista neste campo, sendo então quem irá interpretar o sonho de Gudéia
para ele. Além de se poder pedir para Nanshe auxiliar na interpretação de
sonhos, ela também podia auxiliar na incubação de um sonho, ou seja, fazer um
sonho acontecer através de um conjunto de imagens previamente estudadas e
trabalhadas às quais se pretende encontrar resposta no sonho. Este é o papel
que Nanshe desempenha na Canção dos Bois do Arado, onde o fazendeiro vai sonhar
com Nanshe e faz com que ela fique ao seu lado para induzir o sonho. No caso de
Gilgamesh, onde a mãe do jovem rei de Uruk explica o significado dos dois
sonhos que Gilgamesh teve, quando este vai até ela por este motivo. Como muitas
destas artes, a interpretação dos sonhos moveu para longe da casa,
transformando-se também numa das especialidades da Alta Sacerdotisa de Ur. Gilgamesh
construiu as gigantescas muralhas de Uruk, com 900 torres de vigia
semi-circulares. Foi o quinto soberano da I dinastia de Uruk, reinando por 127
anos. Nunca foi vencido, arrogante, de temperamento vulcanico. O seu desejo
insaciável não deixou uma virgem ao seu apaixonado, nem a filha do guerreira,
nem a mulher do nobre. Era erotômano, provava a esposa antes do marido. Os
abusos de Gilgamesh foram denunciados aos deuses que apelaram para Aruru, a
deusa criadora que mesmo criando Enkidu. Conta-se que uma prostituta seduziu e
civilizou Enkidu que conta os excessos de Gilgamesh, enfurecendo-se. Dá-se o
confronto e Enkidu reconhece a realeza do adversário. Por sua vez, Gilgamesh
modera-se, a cidade volta a ter paz e liberdade. Certa feita, Agga, o rei de Kish exigiu
submissão de Gilgamesh. Este aconselhando-se com a Câmara Alta dos Anciãos,
recebeu o aconselhamento de submeter-se a Kish. Então, ele convoca a Câmara
Baixa que é composta por todos os cidadãos de Uruk, que apoiou Gilgamesh e
marcha contra Kish, não havendo conflito pela existência de um acordo entre
ambos. Doutra feita, Gilgamesh ouviu as queixas da bela deusa do Amor,
Inanna-Ishtar que havia descoberto uma árvore meio enraizada pelo vento nas margens
do Eufrates. A deusa apanhou-a e plantou-a no seu jardim em Uruk com a intenção
de extrair dela a madeira para fabricar uma cama e uma cadeira. Mas quando a
árvore cresceu, foi conquistada pela Serpente que fez nela um ninho, o pássaro
Imdugud instalou-se nela, assim como o demênio Lilith. Foi aí então que
Gilgamesh armou-se de sua lança e fez a serpente em pedaços, afugentando o
pássaro Imdugud e Lilith. A deusa recuperando sua árvore, constriu um tambor
pukku e uma varinha nikku que, um belo dia, caíram nas profundezas dos
infernos. A deusa do Amor, Innana-Ishtar apaixona-se por Gilgamesh e
descaradamente vale-se de provocá-lo. O rei que se tornou virtuoso, repele-a
com brutalidade. Então a deusa, humilhada, apela ao pai dos deus Anu, seu pai,
para que ele faça descer à terra o Touro Celeste, a fim de matar Gilgamesh e
arrasar Uruk. Como o patriarca dos deuses demora, a deusa do Amor ameaça-o de
abrir as portas dos infernos: os mortos então voltariam à terra. Na cede e
Innana-Ishtar conduz o Touro até Uruk. O ataque mata centenas de guerreiros de
Uruk, até que Enkidu se agarra aos chifres do Touro e com apoio de Gilgamesh
matam-no. Mas os deuses condenaram Enkidu à morte, por ter participado do
massacre de Humbaba e do Touro. Morre Enkidu doente. Gilgamesh vendo-se mortal,
com apenas dois terços de essência divina, busca a imortalidade numa vida
errante até chegar nas águas da morte. Ele encontra Utanapishtim, o salvador da
humanidade no dilúvio que, atendendo aos pedidos da esposa, revela o segredo da
planta da juventude eterna no fundo das águas. Gilgamesh mergulha e volta com a
famosa erva. No regresso, ao banhar-se numa nascente, uma serpente surge e se
apodera da preciosa planta. É o fracasso irremediável. ENKIDU - Os sumérios
então levam até Enkidu uma cortesã, confiando que a atração dele por ela
poderia trazê-lo para o mundo dos humanos. Ela se mostra para ele. Enkidu,
deveras atraído, une-se a ela por seis noites e sete dias. Finalmente saciado,
ele tenta retornar para seus animais. Mas três fatores intervém. Os animais
agora fogem dele, pois Enkidu agora tem o cheiro de seres humanos. Enkidu tenta
correr atrás dos animais, mas ele não consegue correr tanto quanto antes. E
terceiro, seus olhos se abriram, e ele entende o que lhe aconteceu, dá-se conta
de que ele pertence ao mundo dos homens e mulheres. Então, ele retorna à
cortesã, que começa a dar a ele suas primeiras lições sobre civilização. Ela
divide com ele suas roupas, ensina-lhe a comer, leva-o até os pastores,
ensina-lhe a beber cerveja. Depois de tudo isso, Enkidu está pronto para
realizar seu destino e razão pela qual foi criado, indo então à cidade para
encontrar Gilgamesh. BIBLIOGRAFIA - AMIET, Pierre. As Civilizações Antigas do
Médio Oriente. Lisboa: Publicações Europa-América, 1971. BARROS, Maria de
Nazareth Alvim de. As Deusas, as Bruxas e a Igreja: Séculos de Perseguição. Rio
de Janeiro, Rosa dos Tempos, 2001. BOUZON, Emanuel. Ensaios Babilônicos;
sociedade, economia e cultura na Babilônia pré-cristã. Porto Alegre: Edpucrs,
1998. CAMPBELL, Joseph. Todos os Nomes da Deusa. Rio de Janeiro: Tempos, 1997. ______.
O Herói de mil faces. São Paulo, Círculo do Livro, 1949. CARDOSO, Ciro
Flamarion.Sociedades do Antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1986. CARREIRA,
José Nunes. Filosofia antes dos Gregos. Portugal: Europa-América, 1994. CROUZET,
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Primeiros Milênios de História. Lisboa: Editorial Aster, 1978. FUNARI, Pedro
Paulo. As religiões que o mundo esqueceu. São Paulo, Editora Contexto, 2008. HALL,
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a batalha de Salamina. TRio de Janeiro: Livraria-Editora de Casa de Estudante
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Limitada, 1960. KRAMER, Samuel Noah. Os Sumérios. Rio de Janeiro: Bertrand,
1977. _____. A História Começa na Suméria. Lisboa: Europa-América,1963. 7McNEILL,
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Prostituta Sagrada: a face eterna do feminino. São Paulo, Paulinas, 1990. Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Curtindo o álbum Selvática (YB Music, 2015), da cantora, compositora, percussionista
e atriz Karina Buhr.
ENUDAR-SE E O
DESNUDAMENTO - [...] A ação decisiva é o desnudamento. A
nudez se opõe ao estado fechado, isto é, ao estado de existência contínua. É um
estado de comunicação que revela a busca de uma continuidade possível do ser
para além do voltar‑se sobre si mesmo. Os corpos se abrem para a continuidade
através desses canais secretos que nos dão acesso ao sentimento da obscenidade.
A obscenidade significa a desordem que perturba um estado dos corpos que estão
conforme à posse de si, à posse da individualidade durável e afirmada.
[...] O desnudar‑se, visto nas
civilizações onde isso tem um sentido pleno, é, quando não um simulacro, pelo
menos uma equivalência sem gravidade da imolação. [...]. Trechos extraídos
da obra O erotismo (Arx, 2004), do polêmico escritor francês Georges Bataille
(1897-1962). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
PENSAMENTO DO
DIA: “Meu
corpo não é obsceno, ocultá-lo é que é”, pôster com frase expressa pela premiada
ativista política britânica de origem iraniana Maryam Namazie, que passou a ter reconhecimento internacional por
sua atuação em defesa dos direitos das mulheres, dos que procuram asilo
político e dos homossexuais, bem como por sua luta contra a república
teocrática islâmica. Ela é líder do Conselho dos Ex-Muçulmanos da Grã-Bretana,
diretora do Comitê para Relações Internacionais do Partido Comunista dos
Trabalhadores do Irã (WPI), membro do Conselho Central da Organização pela
Libertação das Mulheres (Irã), entre outras atividades.
Imagens: a arte do escultor Leroy Transfield.
CIRANDA DOS LIBERTINOS - [...] oram os primeiros
cristãos, diariamente perseguidos por seu sistema imbecil, que gritaram a quem
queria ouvi‑los: ‘Não nos queimem, não nos esfolem. A natureza
diz que não se deve fazer aos outros o que não queremos que nos seja feito’. Imbecis! Como ela,
aconselhando‑nos sempre ao deleite, e jamais imprimindo em nós outras
inspirações, poderia, em seguida, numa inconseqüência sem limites, assegurar‑nos
de que não devemos nos deleitar se isso pode causar pena nos outros? Ah! Crede,
Eugênia, crede, a natureza, mãe de todos, só nos fala de nós mesmos; nada é tão
egoísta quanto sua voz. [...]. Trecho extraído da obra Ciranda dos libertinos (Max Limonad,
1988), do escritor libertino francês Donatien Alphonse François
de Sade, mais conhecido como Marquês de Sade (1740-1814). Veja mais
aqui, aqui e aqui.
NÚPCIAS DO NUA - O espetáculo Núpcias, dirigido pelo professor
Leônidas Portela, do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA), é um excelente trabalho desenvolvido pelos alunos que integram
o Núcleo Atmosfera (NUA), criado há 10 anos com o objetivo de desenvolver
pesquisa na linha da dança-teatro, entre outras hibridizações de linguagem. Entre
os artistas-criadores do espetáculo encontram-se Rosa Ewerton, Cláudia Cabral e
Marinildes Brito. Veja mais aqui.
DECAMERON – O filme Decameron
(1971), dirigido pelo poeta, escritor e cineasta Pier Paolo
Pasolini (1922-1975), é uma adaptação de nove histórias do romance homônimo
de Giovanni Bocaccio, obra que representa o marco literário de ruptura entre a
moral medieval e o realismo, substituindo o divino pela natureza como móvel da
conduta humana. O filme é recheado de humor satírico compondo um painel da vida
social da Itália medieval. Veja mais sobre o livro aqui e sobre o cineasta
aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Imagem: cena do espetáculo Estado imediato, do grupo paulista de dança Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira.
AGENDA: CONGRESSO BRASILEIRO DE SEXUALIDADE
HUMANA – A Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade
Humana (SBRASH), anuncia o início do processo de trabalhos para realização do XVI Congresso Brasileiro de Sexualidade Humana, que se realizará em 2017, objetivando
uma maior interação entre os profissionais que atuam na área. Veja mais aqui e
aqui.
ENTREVISTA:
FREDERICO BARBOSA – Quando eu me encontrava
na condição de editor do Guia de Poesia do Projeto SobreSites,
uma das entrevistas que realizei foi com o poeta e professor Frederico Barbosa, a qual está
disponível para conferir aqui.
REGISTRO: CIDADANIA & MEIO AMBIENTE
Em 2009, atendendo convite efetuado pelo Projeto Protejo-Maceió, uma
iniciativa da Fundação Darcy Ribeiro,
Ministério da Justiça e Programa
Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci),
na pessoa da assistente social Tereza Savastano, realizei a palestra
Cidadania & Meio Ambiente, no auditório do Colégio Teonilo Gama, no bairro
do Jacintinho, Maceió-AL, envolvendo jovens e adolescentes em situação de
vulnerabilidade social, de risco ou de violência doméstica ou urbana. Veja
detalhes aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte da pintora estadunidense Olivia de
Berardinis.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Imagens: arte do artista plástico, designer,
grafiteiro e tatuador Mozart Fernandes.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.