INEDITORIAL: SÓ
A POESIA TORNA A VIDA SUPORTÁVEL (Imagem
recolhida do Coletivo Transverso) – Muitas
ruas do que sou nas calçadas e vou entre olhares perdidos pelos semáforos, marquises,
sirenes, sinalizadores e luminosos. Vou entre muitas mãos para acenos, sacolas,
pontos e partidas; muitos braços pros andares, muitas faces atentas e sérias,
muito suor no calor da pele, muita correria entre motores e pedestres com seus
compromissos nos relógios, afazeres nos sovacos, interesses nas cabeças,
esperanças vivas e perdidas. Ontem era o Dia do Pão, da alimentação; hoje da
fome de tudo, apesar da promoção do setor agrícola acumulando mais e apenas os
abastados latifúndios ou quase, enquanto se comemora de fachada a erradicação
da pobreza. Há muita sede de tudo e a propaganda é ataca todos os flancos,
indicando que tudo está ao dispor, até um eletricista pra fazer uma gambiarra
na vida de quem quiser, ou um maquinista aprumar o rumo dos perdidos que não
sabem o que fazer da vida. Tem gosto pra tudo e oferta pro que nem se possa
imaginar. Apesar de tudo, nenhuma poesia: tudo é muito chão de concreto - cada
um por seu umbigo de satisfação e Deus que nos salve dos desvarios. Cada qual
sua causa em foro íntimo – assim se reconhece na humanidade: os outros são
outros, apenas, nada mais. No meio disso, invento a vida: só a poesia torna a
vida suportável. E vamos aprumar a conversa pras novidades do dia: a entrevista
de Cláudia Telles, o trabalho e o ser social de Sérgio Lessa, o trabalho no
século XXI de Ricardo Antunes, o trabalho contemporâneo de Harry Braverman, a música
de Nadja Salerno-Sonnenberg, a arte de Eduardo Paolozzi, a fotografia de Dane
Shitagi, o Coletivo Transverso, o movimento Escambo de Rua, o Cinema de Rua, a
escultura de Kvitka Anatoly, a arte de Mozart Fernandes, a pintura de Eugene
Huc, o Congresso de Crimes Passionais, a palestra sobre A arte na rua dos
Municípios & a croniqueta Quando Tomé mostrou ao que veio. No mais, vamos aprumar a conversa & veja mais aqui e aqui.
Veja mais sobre:
A comilança do Zé Corninho, Oscar Wilde, Leila
Pinheiro, Henri Lebasque, Jacob Matham, A psyche japonesa, Psicossomática & a Psicologia
da dor aqui.
E mais:
As ingresias de Robimagaive, Gaston Bachelard, Chiquinha
Gonzaga, Fausto Wolff, António
Ramos Rosa, Fafy Siqueira, Subindo a Ladeira, Alehandro Agresti, Marina Glezer, Rita Hayworth Michael
John Angel & Educação aqui.
Aristóteles, Giordano Bruno, Edward Morgan Forster,
Michelangelo Antonioni, Gino Severini, Zimbo Trio, Ana Lago de Luz, Eduardo
Semerijan, Daria
Halprin, Malcolm Pasley & a imparcialidade do juiz aqui.
Tolinho & Bestinha: Quando o mundo fica pequeno pros andejos de cabeça inchada aqui.
A poesia de Valéria Tarelho aqui.
Till Lindemann, Joe Wehner, Chagas Lourenço, Educação no Brasil, O capital intelectual, As políticas públicas
& desenvolvimento sustentável, Arte-terapia & Dificuldades de
aprendizagem aqui.
Educação, afetividade, transversalidade & homossexualidade
aqui.
DESTAQUE: O TRABALHO
Imagem: Secrets of Life - The Human Machine and How
it Works, do escultor e artista escocês Eduardo Paolozzi (1924-2005).
[...] O
trabalho, em suma, é a única categoria do mundo dos homens que faz a mediação
entre natureza e sociedade. Como a reprodução biológica dos indivíduos é a
condição imprescindível a toda reprodução social, no trabalho encontrarmos in nuce todas as determinações decisivas do mundo dos homens. [...] Todavia, isso não implica, absolutamente,
conceber a natureza como o fundamento ou o momento predominante da reprodução
social. Este papel cabe ao trabalho, uma categoria puramente social. Portanto,
ao lado da heterogeneidade que se desdobra entre as três esferas ontológicas,
comparecem também elementos de continuidade que consubstanciam, ao
fim e ao cabo, a unitariedade ontológica que as articula. [...].
Trecho extraído
da obra Mundo dos homens: trabalho e ser
social (Instituto Lukács, 2012), do filósofo e professor Sérgio Lessa. Veja mais aqui e aqui.
QUANDO TOMÉ
MOSTROU AO QUE VEIO – Tomé não era assim, dizem e reiteram alguns
pouquíssimos simpáticos achegados, ficou sendo - mimo exagerado dos pais: -
Esse menino tem uma asa maior que o corpo todo! Cinco anos depois, nasceu sua
irmã: ele já caiu na ciumeira: - Ela não perde por esperar. Um ano e meio
depois, o irmão: - Ih, mais um pra me destronar. Ruindades sonsas, ele dava o
bote e escondia as unhas: os irmãos pagavam o pato. Tudo aprontara nas ocultas,
castigos pros outros. Assim foi até o seu trunfo final: - Meu pai errou a mão
neles: um viado, uma bolachêra. Só eu dei certo. E foi por causa das arengas e
tramadas de infância com seus irmãos – ditos queimados por ele no teste da vida
-, que ele aprendeu a desconfiar até da sombra: - Gente dessa laia não merece
confiança! E conseguiu sob intrigas e armações que os pais desse um bota-fora
neles de vez da vida deles: - Até que enfim! -, comemorou exultante, propagando
aos quatro cantos a condição de filho único. A partir daquele dia, os seus
irmãos estavam deserdados e tidos como mortos no coração dos pais, só ele
reinava pra orgulho deles: - Esse o único que deu pra homem! -, ufanava o pai;
- Esse é meu cabra-macho! -, se regozijava a mãe. Virou brilho na menina dos
olhos deles: o que fizesse virava graça! A razão do riso e felicidade da casa,
tudo para esconder o pesadelo que foi dos outros dois. Festa mesmo com tamanho
ufa, até que enfim, foi quando tomaram ciência do aprumado casamento do filho
com Vitalina, porque não restaria a menor dúvida da homência dele, solteirão
convicto por mais de trinta e cinco anos idade. Os pais sofreram muito por
conta da desconfiança se ele era ou não um enrustido que pioraria o flagelo
deles. – Ah, esse não tem isso de entrar ou sair de armário, é macho mesmo!
Agora sim! E passaram a torcer com cobranças diárias quando seria a data que os
certificaria definitivamente: ainda estamos escolhendo a data. Mas não demore
muito, pelamordedeus! Quero netos lindos! E Tomé olhava pra Vitalina: será que
vai dar certo? E Vitalina: será que o bebê nascerá perfeito com tudo no lugar?
Entreolhavam-se e as dúvidas pairavam no ar, um do outro desconfiando a culpa
por algo que causasse desastre na vida deles. Isso toma tempo e bote muito
tempo nisso. Por enquanto veja mais aqui e aqui.
Curtindo o álbum Merry: A Holiday Journey (NSS Music, 2006), da violinista e
professora estadunidense Nadja
Salerno-Sonnenberg.
O TRABALHO NO
SÉCULO XXI - [...]
ao invés da substituição do trabalho pela ciência, ou ainda, da
substituição da produção de valores pela esfera comunicacional, da substituição
da produção pela informação, o que vem ocorrendo no mundo contemporâneo é uma
maior interrelação, maior interpenetração, entre as atividades produtivas e as
improdutivas, entre as atividades fabris e de serviços, entre atividades
laborativas e atividades de concepção, que se expandem no contexto da
reestruturação produtiva do capital. Uma concepção ampliada de trabalho nos
possibilita entender o papel que ele exerce na sociabilidade contemporânea,
neste limiar do século que se inicia. [...]. Trecho
extraído da obra Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho (Cortez/EUEC, 1995), do sociólogo e professor Ricardo Antunes, tratando sobre o
fordismo, toyotismo, acumulação flexível, dimensões da crise sindical, crises
da sociedade do trabalho, trabalho e estranhamento na prevalência da lógica do
capital, a nova (des)ordem, a produção destrutiva e des-realização da
liberdade, entre outros assuntos. Veja mais aqui e aqui.
Imagens: a arte da fotógrafa Dane Shitagi.
PENSAMENTO DO
DIA: O TRABALHO CONTEMPORÂNEO - [...] O modo capitalista de
produção destrói sistematicamente todas as perícias à sua volta, e dá
nascimento a qualificações e ocupações que correspondem às suas necessidades.
As capacidades técnicas são daí por diante distribuídas com base estritamente
na “qualificação”. A distribuição generalizada do conhecimento do processo
produtivo entre todos os participantes torna-se desse ponto em diante, não
meramente “desnecessária”, mas uma barreira concreta ao funcionamento do modo
capitalista de produção [...].
Trecho extraído da obra Trabalho
e capital monopolista: a degradação do trabalho no século XX (Zahar, 1981), do
escritor estadunidense Harry Braverman. Veja mais aqui e aqui.
COLETIVO
TRANSVERSO - O Coletivo Transverso é um
grupo brasiliense que surgiu em 2011, estetizando os espaços públicos com suas
mensagens que transitam entre o poético e o popular, como proposta de arte
urbana e poesia. O grupo já invadiu áreas em Brasília, Rio de Janeiro e Minas
Gerais, entre outras localidades, com mensagens pintadas com auxilio de
estêncil e tinta, ou impressas em papel, que são espalhadas pelas cidades nas
intervenções do grupo. A proposta do grupo é desenvolver uma estética própria
com a realização de intervenções urbanas autorais, espalhando poesias pelas
ruas e cotidiano das pessoas. Veja mais aqui.
ESCAMBO DE RUA – O movimento Escambo de Teatro Livre de Rua
é destinada à irradiação cultural, reunindo grupos de teatrao de rua, poetas e
artistas populares de diversos estados nordestinos, bem como do Pará, Distrito
Federal, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, além da participação do
grupo de Rosário na Argentina. O objetivo é a socialização de experiencias artistas,
culturais, políticas e comunitária, situados pelas vilas, periferias, sítios e
assentamentos, envolvidos pela luta, riso, choro, felicidade, tristeza e muita
alegria. Esse movimento surgiu em 1991 num ato de solidariedade de grupos e
artistas populares ao povo da cidade de Janduís (RN), que viviam em estado de
calamidade pública, decorrente de uma grande seca e falta de políticas
públicas. Os artistas acamparam no Município e por três dias realizaram eventos
culturais. A partir de então, já realizaram escambos com grandes encontros nas
mais diversas localidades do país, com mostras de produção de teatro de rua,
envolvendo artistas plásticos, grupos de dança, mostras de cinema, capoeiristas
e grupos populares de música. Um dos representantes do grupo Escambo de Rua é o
ator, diretor e agitador cultural Junio Santos. Veja mais aqui.
CINEMA DE RUA -
O grupo Cinemade Rua iniciou suas atividades em 2009, em São Paulo, com a dupla Kico
Santos e Fabio Nikolaus realizando o vídeo A
Chuva, inspirado num gavião empoleirado na antena de um prédio vizinho.
Seguiu-se, então, uma maratona 1 mês – 30
filmes, postando vídeos, e prosseguindo com Tal Qual, Video Grafite &
Por Toda Vida. Uma iniciativa para lá de interessante que merece uma conferida
e meritória de aplausos. Veja mais aqui.
Imagens: a arte da escultora Kvitka Anatoly.
AGENDA:
CONGRESSO SOBRE CRIMES PASSIONAIS –
Acontecerá no dia 12 de novembro, no Centro Cultural e de Exposições Ruth
Cardoso, em Maceió (AL), o II Congresso Alagoano sobre Crimes Passionais,
destinado aos profissionais da advocacia criminalista, psicólogos jurídicos,
promotores, entre outros. Informações pelos fones (82) 99993-2300/98836-3610. Veja mais aqui e aqui.
ENTREVISTA: CLAUDIA
TELLES - Algum tempo atrás,
a cantora e compositora Cláudia Telles
concedeu gentilmente uma entrevista exclusiva, falando de sua carreira, suas
experiências, seu trabalho e o que anda fazendo atualmente. De fato eu digo:
coisa mais maior de grande essa artista. Confira a entrevista aqui.
REGISTRO: ARTE NA RUA DOS MUNICÍPIOS
No
início dos anos 1980, quando passei a ocupar a Coordenadoria de Estudos &
Pesquisas, da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, em Palmares (PE),
na gestão do poeta e editor Juareiz Correya, desenvolvi a palestra
A atividade artística como função alternativa
para o progresso do município, ministrada no auditório do Teatro Cinema
Apolo e registrada na edição de dezembro de 1983, da recém-criada revista A Região – lançada no dia 15 de outubro
de 1983, da qual eu fazia parte do conselho editorial. Por conta disso,
ministrei essa palestra em diversas instituições locais, bem como em cidades
vizinhas atendendo convite das prefeituras da região. O foco principal da
palestra estava no levantamento do acervo artístico e cultural da região Mata
Sul de Pernambuco, para catalogação e programação de eventos que pudessem se
tornar um calendário de eventos e de valorização do patrimônio artístico, histórico
e turístico, proporcionando, logo em seguida, a publicação de artigos a
respeito, inclusive em edições da revista A
Região (1984), trazendo detalhes para difusão da ideia. A respeito confira
aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do
pintor francês Eugene Huc.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.