INEDITORIAL:
TUDO TEM SEU LADO BOM & RUIM & VICE-VERSA! – Tudo não só tem um lado bom! Inevitavelmente tem outro
ruim. Posto que tanto pode o malfazejo agora ser benéfico depois, como o
péssimo do passado ser relativamente tido por excelente amanhã. Sim. Não? Talvez.
Fica claro, então, que em tudo não há só um lado como querem os sectários,
muito menos apenas dualista como defendem os maniqueístas. Além do mais, não só
depende de quem olha, mas até de onde e como se dá o olhar. Admito que exista
quem não enxergue lá um palmo além do nariz, ou nada além do que professe suas
convicções, ou mesmo até o que possa caber a sua compreensão. Não obstante,
tudo vai além de tridimensional e pode ter diversas expressões, múltiplos
sentidos, infinitos olhares e interpretações, gnosiológica ou
epistemologicamente falando. Cada qual, cada qual. Respeito todas as diferenças
e me completo com o contradito: não sou, nunca fui e nem tenho o propósito de
ser o dono da verdade – todos temos muito que aprender na vida! O que possa eu
defender hoje, posso não achar mais graça nenhuma daqui a pouco, malgrado os
conservadores que temem o novo; nem sou de apagar o passado com a primeira
veleidade do presente, como teima vanguardista. A gente se equivoca até com o
que é tido por inequívoco! Já me enganei muitas e tantas vezes, nunca perdi o
aprendizado. Muitas vezes me vi sensato quando incoerente, ou congruente na
parvulez: rio de mim mesmo, tenho cá meus pantins e, vez por outra, removo meus
paradoxos dos ombros. Sei, tudo tem sua razão de ser: uma semente plantada que
desabrochou e tomou corpo até desaparecer; um dia lá, do esquecido, volta e
recomeça o ciclo e, assim, sucessivamente, de geração em geração. Assim é a
vida. E vamos aprumar a conversa pras novidades do dia: na edição de hoje destaque para a filosofia de
Hermes Trismegistos, a linguagem de Ludwig Wittgenstein, o pensamento de Alan
Watts, a música de Alicia Del Larrocha, a poesia de Mariana Ianelli, a
coreografia de Merce Cunningham, o teatro de Maria Adelaide Amaral e Marília
Pêra, o cinema de Don Ross & Christina Ricci, o Congresso Internacional de
Pedagogia, a escultura de Aristide Maillol, a pintura de Vanessa
Bell, Johfra Bosschart & Sharon Sieben; a fotografia de Luiz Cunha, a
ilustração de Ana Starling, a Flor do Una de Juarez Carlos, a entrevista de
Valquíria Lins, Brincar para Aprender com a Criança, Vygotsky & o Teatro, a
arte de Rodrigo Branco & O evangelho segundo Padre Bidião. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
Ingresia dum chato de galocha, Graciliano Ramos, Dylan
Thomas, Vanessa-Mae, Piero della Francesca, Maria Della Costa, Antonio
Carlos Fontoura, Maria Zilda Bethlem, Zizi Smail & Humor e alegria na
educação aqui.
E mais:
Propriedade industrial no Código Civil aqui.
A poesia de Suzana Mafra aqui.
Erich Fromm, Teste da Goma & outras loas aqui.
A graviola do Padre Bidião aqui.
A poesia de Manoel Benetvi aqui.
DESTAQUE: O TRÍPLICE FOGO HERMÉTICO
Imagem: Esoteric,
do pintor holandês Johfra Bosschart
(1919-1998).
Aquele que ignorar os graus
e os pontos no sistema do fogo externo, que não se decida pela obra filosófica.
Porque jamais irá tirar a luz das trevas, se não souber conduzir tão bem os
calores, a fim de que não passem inicialmente pelos do meio, conforme se dá com
os elementos, cujos extremos não se convertem senão quando passam pelos do meio.
Trecho extraído de A obra secretada
da filosofia de Hermes Trismegistos (L. Oren, 1976), do polímata da
renascença francesa Jean D’Espagnet(1564-1637). Veja mais aqui
e aqui.
O EVANGELHO
SEGUNDO PADRE BIDIÃO: E JESUS VOLTOU!! – Naquela
manhã o Padre Bidião invadiu minha casa exultante e aos gritos: Sim, Jesus
voltou! Ele voltou! Eu tive um sonho em que ele me dizia que havia voltado. E quando
acordo, veja, recebi esse bilhete que botaram por baixo da minha porta: Voltei.
Assinado: Jesus. PS: Enviei esse com cópia para o papa. Não é só coincidência,
eu sei que é verdade, ele falou comigo no meu sonho! Você acredita? Acredite, é
verdade. É verdade mesmo! E saiu para caçar o paradeiro do seu mestre. Ele fez
tanto alarde nos quatro cantos do mundo, que todos, ao saberem da notícia, já
festejavam com salvas e vivas a sua chegada. E cadê ele? Nada do padre dar
sinal da presença dele. Oxe, foi aí que ele rodou o mundo todo como a praga na
sua nave e nada de localizar o paradeiro do seu idolatrado. De norte a sul, de
leste a oeste, nos quatro cantos do planeta não teve um só pedaço de chão que
ele não procurasse o seu salvador. Já estava desanimando, quando começou a me
contar tintim por tintim: já estava triste e desenganado da busca, abandonando já
de vez a causa, justo quando chegaram notícias de que numa favela lá nos
cafundós do fim do mundo, havia nascido uma criança iluminada. Era ele, tinha
certeza. Era mais um sinal e zarpou com mais de mil pro tal lugar e, lá
chegando, soube que não havia sido numa manjedoura, nem uma estrela havia
brilhado mostrando o caminho. Não havia reis magos, nem incenso, nem mirra, nem
ouro. Apenas, era um dia chuvoso numa rua bastante emporcalhada no meio da
miséria, dentro de uma lata de lixo revirada por um guenzo faminto, uma criança
com ar angelical, choramingou. Era ele, sabia, outro sinal. Sim, sim. Um
desabrigado da rua que ia passando embaixo do maior toró, viu quando o cachorro
sarnento começou a ronronar lambendo a pele da criança. Ainda embriagado,
afastou o animal e sumiu com a criança nos braços. Pra onde? Ninguém sabe. Deduz-se
apenas que o pai dessa criança, José, um pedreiro que fora assassinado ao ser
confundido nunca guerra de bandos, com o traficante Zé Pedreiro que se encontra
foragido e que, por represália, os inimigos haviam aprisionado a mulher dele,
Maria lavadeira, grávida de nove meses e que, ao dar a luz, o bebê fora jogado
no lixo, mantendo-a refém para forçar o reaparecimento do fugido. Onde está ela?
Pra onde levaram a criança? Ninguém sabe, nem quer saber. Apenas sabiam agora
que Jesus voltou. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui e aqui.
Curtindo o álbum Mozart (London Records, 1983), da
pianista Alicia De Larrocha com a Wiener Symphoniker, regência de Uri Segal.
LINGUAGEM &
VIDA – [...]
Ser-nos-á frequentemente útil se dissermos
quando filosofamos: denominar algo é semelhante a colocar uma etiqueta numa
coisa. [...] Pode-se representar
facilmente uma linguagem que consiste apenas de comandos e informações durante
uma batalha. – Ou uma linguagem que consiste apenas de perguntas e de uma
expressão de afirmação e de negação. E muitas outras. – E representar uma
linguagem significa representar-se uma forma de vida. [...]. Trechos extraídos
da obra Investigações filosóficas
(Abril, 1979), do filósofo austríaco naturalizado britânico Ludwig
Wittgenstein (1889-1951). Veja mais aqui.
Imagem: Na
ponta verde, arte do fotógrafo, professor e jornalista Luiz Cunha.
PENSAMENTO DO
DIA: O HOMEM CRIADOR E SENSATO - [...] O homem para ser criador e sensato precisa
de ter, ou pelo menos sentir, um relacionamento e união significativos com a
vida, com a própria realidade. Não basta que se relacione com um grupo humano
ou um ideal humano, pois sabe que homens e povos morrem e que, além deles, há
uma realidade mais permanente – a realidade do Universo natural, e que, além
desta, há ainda deuses ou Deus. [...]. Trecho extraído da obra A vida contemplativa: um estudo sobre a
necessidade da religião mística, pelo guia espiritual da juventude moderna
(Record, 1971), do filósofo e escritor inglês Alan Wilson
Watts (1915-1973). Veja mais aqui, aqui e aqui.
Imagem: a arte da ilustradora, designer &
artista multimídia Ana Starling.
TREVA ALVORADA - Absurda leveza que te faz
afundar / E não é a morte. / Cumpres tua descida calado / (Uma palavra por
descuido / Seria amputar a verdade). / Náufrago do tempo, / Tuas horas
transbordam. / Dentro da lágrima, / Imensidão, já não choras. / Estrelas e
estrelas, / Copulam a sede e o engenho / De que te alimentas / Como nunca te
alimentou / O gosto da carne. / Tua face atônita / Se existisse uma face, / Tuas
costas nuas, / Se a nudez fosse do corpo. / Um sorvedouro / Onde a paz dos
contrários, / Treva alvorada. / ecundado, flutuas. / É a lei da graça. Poema extraído do livro
Treva alvorada (Iluminuras, 2010), da poeta, ensaísta, cronista e crítica literária
Mariana Ianelli.
Imagem: do espetáculo de dança RainForest, do bailarino e coreóografo estadunidense
Merce Cunningham (1919-2009) - (Foto:
Tony Dougherty).. Veja mais aqui.
MADEMOISELLE
CHANEL - A peça teatral Mademoiselle Chanel, da dramaturga luso-brasileira Maria Adelaide Amaral, conta a história da notável estilista francesa Gabrielle
Coco Chanel, que ensinou elegância simples à alta burguesia do mundo e ainda
criou um mito em torno de si. A montagem que assisti em 2004, no Teatro Faap,
em São Paulo, foi com a saudosa Marília
Pêra, dirigida por Jorge Takla. Veja mais aqui e aqui.
THE OPPOSITE OF
SEX – A comédia romântica The Opposite of
Sex (1998), escrita e dirigida por Don Ross, conta a história
das sórdidas aventuras de uma jovem determinada a ter um caso com o namorado de
seu irmão gay, envolvendo uma campanha contra ela promovida pela melhor amiga
dele. O filme satiriza as idéias erradas a respeito da vida homo e
heterossexual, com um dialogo hilariante. O destaque fica por conta da atuação
da atriz estadunidense Christina Ricci. Veja mais aqui.
AGENDA:
CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA – Acontecerá entre os dias 30 de janeiro e 03 de fevereiro
de 2017, em Havana – Cuba, o Congresso
Internacional de Pedagogia, organizado pelo Ministério da Educação de Cuba,
UNESCO, UNICEF, Organização dos Estados Ibero Americanos e Associação de
Educadores da América Latina e Caribe, sobre os temas que envolvem a formação
em valores e educação para a cidadania, o professor e seu desempenho
profissional, formação inicial e contínua de educadores, educação científica
através dos desafios atuais, educação ambiental, arte e saúde; atenção integral
à infância, conduta no processo de ensino e aprendizagem; formação profissional
de acordo com a demanda social, entre outros. Informações http://www.lionstours.com.br/pedagogia_cuba_332.html.
Veja mais aqui e aqui.
ENTREVISTA: VALQUÍRIA LINS – A poeta
paraibana Valquiria Lins é licenciada em Letras pela UFPB e autora dos livros
Outono (1997), Húmus (1998) e Velas de Abril (2006). Ela foi destacada entre os
Poetas da Paraíba no meu blog Varejo Sortido. Agora, nessa primeira parte conheça mais da poesia da autora. A
autora agora faz sua incursa na ficção, lançando o livro Acais. Por conta disso,
ela concedeu uma entrevista exclusiva pra gente, contando sobre a sua
trajetória, o lançamento de seu mais recente livro e de duas perspectivas e
projetos artísticos. Confira a entrevista aqui e mais aqui.
Imagens: a arte do escultor e pintor francês Aristide
Maillol
(1861-1944).
REGISTRO: A CRIANÇA, VYGOTSKY & O TEATRO
Em 2014, durante as atividades desenvolvidas
na disciplina Psicologia do Desenvolvimento, ministrada pela professora Msc
Fátima Pereira, apresentei o trabalho acadêmico Contribuição do teatro no desenvolvimento da linguagem infantil: uma
abordagem acerca da teoria de Vygotsky, que, por consequência, foi apresentado
no IV Congresso Brasileiro de Psicologia –
Ciência e Profissão, na Uninove, em São Paulo, oriundo dos trabalhos
efetuados com crianças dos mais diversos educandários alagoanos da Educação
Infantil e 1º Ciclo do Ensino Fundamental, que corroboraram os resultados da
pesquisa no artigo que escrevi A criança, Vygotsky e o Teatro. Foi desses
trabalhos que comecei a realizar palestras sobre a temática Brincar para Aprender. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Reclining nude, by Sharon Sieben.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: arte de Rodrigo Branco.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.