sexta-feira, outubro 14, 2016

CIDADANIA, VIVIANE HAGNER, VERUNSCHK, GLÁUCIA MACHADO, DAGNINO, NIKI CARO & CASTLE-HUGHES, BARALDI, TALBOT, YI-CHUN WU, SORAYAMA, LUCIAH & BURACO D’ORÁCULO



INEDITORIAL: SÓ DESAMPARO NO DESCOMPROMISSO SOCIAL! – Salve, salve, gentamiga do meu Brasilzão véio, arrevirado e de porteira escancarada! Nesse tempo de cultura narcísica, em que a busca só se direciona para as demandas da gratificação imediata no prazer do momento, estamos todos afogados na rasa superfície do aqui e agora das ondas e modas, sem saber que estamos perdidos no meio do maior tiroteio das ideologias dominantes e sucumbindo com as bandeiras da frivolidade dos oportunistas que só tiram proveito da nossa confusão mental. Como ninguém sabe mais o que é e o que não é – antes fosse e quase será que é mesmo? -, com a ética empurrada para baixo dos tapetes, o que vale de mesmo é tirar vantagem da oportunidade e se arrumar, sem saber que depois dessa festança o enterro costuma voltar pra tirar tudo a limpo. Enquanto se valida aquela do cada qual que cuide si, a gente é só desamparo no descompromisso social. Mas já que a gente tem que gritar pra não se ver rendido nem levado pela avalanche da boiada, vamos conferir as novidades do dia: na edição de hoje destaque para a arte do cartunista Márcio Baraldi, a música de Viviane Hagner, a cidadania da professora Evelina Dagnino, a fotografia de Yi-chun Wu, a professora Gláucia Vieira Machado, a poesia de Micheliny Verunschk, a escultura de Michael Talbot, o teatro do Buraco d’Oráculo, o cinema de Niki Caro e Keisha Castle-Hughes, a pintura de Oresteia Papachristou, o Encontro da Abrapso, a entrevista de Luciah Lopez, as ilustrações futurísticas de Hajime Sorayama, a palestra na Semana de História da Ufal & a croniqueta A menina do sorriso ensolarado. No mais, vamos aprumar a conversa & veja mais aqui.

Veja mais sobre:
O caso de Tomé & Vitalina, Hannah Arendt, Stanislaw Ponte Preta, Edward Estlin Cummings, Paul Simon e Art Garfunkel, Irene Ravache, Marcus Vinicius Cesar, Cecília Kerche & Benedito Calixto de Jesus aqui.

E mais:
Fecamepa: quando o furacão dá no suspiro do bandido, de uma coisa fique certa: a gente não vale nada aqui.
Tolinho & Bestinha: Quando Bestinha emputecido prestou depoimento arrepiado aqui.
Onde não tem mata-burro a gente manda ver no trupé & Maíra Dvorek aqui.
Neuroeducação aqui.
Segure a onda & tataritaritatá aqui.

DESTAQUE: 
 A arte do cartunista Márcio Baraldi. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A MENINA DO SORRISO ENSOLARADO (Imagem: arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez). – É dela o riso de Sol que amanhece o meu dia por todas as manhãs das estações vitais, pra que eu nunca me perca na escuridão das minhas errâncias e tenha sempre a direção alternativa da saída para o que me fizer de redoma no meio dos turbilhões. É dela o riso ensolarado que clareia meu destino reverberando faroleiro ao navegante perdido, prestes a sucumbir aos tantos naufrágios recorrentes nas profundezas da dúvida que sou de mim mesmo nas quedas abissais que não é mais que desamparo das minhas próprias sofrências. É dela o riso com todos os raios solares apontando a direção exata daquilo que perdi e não restava a mínima esperança de reencontrar o prumo da vida, desencantado à toa como quem erra de tudo e a se perder pelas loas que eu próprio digiro nas minhas inquietações e regurgito por versos que nem sei mais de mim porque não são mais meus pra ser dela na voz terna que me devolve a vitalidade e a vontade de viver. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.

 Curtindo o álbum Ciacconna – Music by Bach, Bartok & Hartmann (Altara/Bonnier Muic, 2006), da premiada violinista alemã Viviane Hagner, interpretando música de Béla Barók, J. S. Bach & Karl Hartmann

CIDADANIA - A expressão cidadania está hoje por toda parte, apropriada por todo mundo, evidentemente com sentidos e intenções diferentes. Se isso é positivo, num certo sentido, porque indica que a expressão ganhou espaço na sociedade, por outro lado, face à velocidade e voracidade das várias apropriações dessa noção, nos coloca a necessidade de precisar e delimitar o seu significado: o que entendemos por cidadania, o que queremos entender por isso. [...] Uma das razões fundamentais da sedução que a noção de uma nova cidadania exerce hoje em dia é a possibilidade de que ela traga respostas aos desafios deixados pelo fracasso tanto de concepções teóricas como de estratégias políticas que não foram capazes de articular essa multiplicidade de dimensões que, nas sociedades contemporâneas, integram hoje a busca de uma vida melhor. Dessa capacidade de articular os múltiplos campos onde se trava hoje no Brasil a luta pela construção da democracia e pelo seu aprofundamento, depende o futuro da nova cidadania enquanto estratégia política. Trechos extraídos do artigo Os movimentos sociais e a emergência de uma nova noção de cidadania, da professora doutora Evelina Dagnino, publicado na obra que ela organizou Anos 90: política e sociedade no Brasil (Brasiliense, 1994). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.


Imagens: a arte da fotógrafa Yi-chun Wu.

PENSAMENTO DO DIAO absurdo não está fora da razão. Todo projeto de racionalidade funda-se em algum paradoxo que, por sua vez, desdobra-se em inúmeras construções lógicas. O ocasional e o casual impõem-se no horizonte da possibilidade e exigem da linguagem o esforço de dizer o indizível, o imprevisível. [...]. Trecho extraído do artigo Guimarães Rosa: outro foco – a ironia no conto Quadrinho de História (Estudos de Literatura Brasileira – II, Revista do Centro de Estudos Portugueses, 1991), da poeta e professora universitária Gláucia Vieira Machado. Veja mais aqui e aqui.

 Imagens: a arte do escultor Michael Talbot.

OUTRO CÂNTICO - I - mulheres de Jerusalém, / vocês viram o meu amado? / pomar de romãs / meu vinho meu leite / revoada de pássaros / mirra incenso / falo. / [o meu amado / passou sua mão / pela fresta da porta / meu coração / entre seus dedos / estremeceu: / eu sou do meu amado / e ele é meu]. II - mulheres de Jerusalém / se encontrarem o meu amado / digam que guardei-lhe uma flor / semiaberta / entre as pernas / digam que desfaleço / e morro de amor. / [o meu amado / ergue-se / Monte Carmelo / tenda no deserto / torre do Líbano / suas pernas, torres / sua coroa, lírios]. III - mulheres de Jerusalém / foi por entre as romanzeiras em flor / que o meu amado me beijou / e embaixo da macieira / sua língua / cítara / entre meus dentes. / [o meu amado / passa a mão / em minha cintura / e me conduz / ao jardim / de todas as venturas. / o meu amado é belo / como o cedro / e o seu amor / mirra da mais pura]. IV - mulheres de Jerusalém / procurei o meu amado / e não o achei. / dizem que o amor / é mais forte que a morte / mas a saudade / é pedra e sepultura. / aloé açafrão e nardo / nada sara essa ferida funda. /  [ventos do oriente / soprem / seu perfume sobre mim / e deixem que o meu amado / me apascente / e coma dos frutos / do seu jardim] V - mulheres de Jerusalém, / eu quero o meu amado / e o meu amado me quer / meu nome gravado em seu anel / meu cabelo enroscado no seu brinco / seu amor oásis de leite e mel / seu desejo marfim e vinho tinto. / [é doce beijar o meu amado, / seus olhos sua testa / a curva do pescoço / os seus lábios / e espero / como a pomba / aguarda a primavera / para conduzi-lo / ao jardim / mais aromático]. Poemas da poeta e historiadora Micheliny Verunschk, autora de obras como Geografia íntima do deserto (Landy, 2003), O observador e o nada (Bagaço, 2003), Cartografia da noite (Lumme, 2010), entre outros. Veja mais aqui.


BURACO D’ORÁCULO – O grupo teatral Buraco d’Oráculo atua em São Paulo desde 1998 na discussão do homem urbano contemporâneo e seus problemas. Surgido no bairro de Cangalha, Zona Leste da capital paulista, o grupo tem desenvolvido atividades de teatro de rua, maneira que encontraram para compartilhar momentos de reflexão e afetividade por meio da arte. Suas atividades estão embasadas num tripé que vai da rua, como espaço de promover o encontro direto com o publico; a cultura popular como fonte geradora de inspiração e motivação; e o cômico (destacando-se a farsa e as relações como o denominado “realismo grotesco”). Veja mais aqui.


THE VINTNER’S LUCK – O drama romântico/fantasia The Vintner's Luck (2009), dirigido pela cineasta neozelandesa Niki Caro, é um conto apaixonado sobre a vida de um jovem enólogo camponês e ambicioso, e os três amores de sua vida: a sua esposa, a baronesa intelectual orgulhosa e um anjo que parece até uma improvável amizade duradoura, mas que beira o erotismo com ele. Sob a orientação do anjo, ele é forçado a compreender a natureza do amor e crença no processo de luta com o sensual, o sagrado e o profano - em busca da safra perfeita. O destaque fica por conta da atriz australiana Keisha Castle-Hughes. Veja mais aqui.


Imagens: a arte da pintora grega Oresteia Papachristou.

AGENDA: ENCONTRO REGIONAL DA ABRAPSO – Acontecerá entre os dias 10 e 12 de novembro, no campus Dom Bosco da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), São João del-Rei - Minas Gerais, o XX Encontro Regional da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), propondo analisar o momento político de tantas incertezas quanto aos rumos da democracia no Brasil, de tantas incertezas quanto á consolidação de direitos e garantias civis. O debate será acerca das formas mais democráticas de se fazer política e suas interfaces com a Psicologia Social, acreditando ser necessário não desconsiderar as ameaças de retrocesso e as atuais faces do autoritarismo. Por outro lado, Políticas Públicas com importantes inserções da Psicologia precisam ser avaliadas criticamente para que os caminhos para o futuro sejam trilhados com mais liberdade e permitam a consolidação de esforços de várias gerações para sua construção coletiva. Informações Gerais: E-mail: xxencontroabrapsominas@gmail.com e no site: http://www.encontro2016.minas.abrapso.org.br/. Veja mais aqui e aqui

 ENTREVISTA: LUCIAH LOPES – A poeta, blogueira e artista visual Luciah Lopez tem comemorado a receptividade que o seu trabalho artístico tem recebido nos últimos tempos. Por conta disso, trago uma entrevista que ela concedeu falando de seu trabalho literário e dos seus projetos artísticos. Confira aqui, aqui e aqui.

REGISTRO 
Em 2009, tive oportunidade participar da mesa de debates “Literatura e pós-modernidade”, ocorrida durante a VIII Semana de História da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), ao lado da professora Glaucia Vieira Machado. Por resultado, escrevi o artigo: Literatura – Modernidade x Pós-Modernidade, uma reflexão em que pontuei, em primeiro lugar, a distinção entre modernidade e pós-modernidade, para, a partir daí, localizar a literatura no período compreendido pelo estudo. Veja detalhes aqui e aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagens: a arte do ilustrador e artista plástico japonês Hajime Sorayama.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA


Paz na Terra

Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.