ZINE BRASIL
Imagem: Pintura de Ricardo Bartes
UM POEMA PARA VELTA
O amor emancipa, afinal é cego. É por ele que exulta e esvai o mundo. Doce vinho,embevece, embriaga. Não há explicação. Nada no amor se explica. Pois é, exemplo disso, inexplicavelmente surge Velta: loira, gostosa, exorbitantemente sensual tal Kátia Flávia de um Fausto dali. Imensa, exageradamente deliciosa, como uma sexy musa daquelas de virar a cabeça, atravessar as horas, usurpar diâmetro do pescoço: biquíni, longilínea, trepidante. Velta feito diva: sempre além do horizonte, inatingível. Velta feito atriz: sucesso retumbante, star de ruminar da própria luz e escuridão. Velta feito mulher a renunciar da sua bionergia e se transformar Kátia de tanga ousada e pronta para o amor. Velta que é Kátia na sua motocicleta vermelha pela Avenida Paulista ou mesmo nos meus mais oníricos enleios pela Rota do Sol, por Tambaú, Boa Viagem, Jatiúca, Atalaia Velha, ah onde toda cidade é só a palma da sua mão que desdenhasse a heroína e que pudesse flagrar as suas vulnerabilidades e rendesse - desnudada fatal Vera Fisher -, como quem quedasse pronta para chorar e sorrir de nossas próprias desilusões de nada. Velta como a louraça gostosa e exibicionista vestida de verde, como garota de borracha, pronta para ser a intrépida usurpadora que se entregava deliciada por saber que sou o seu Gilberto Gomes e seu pai não sabe que você é a endeusada heroína da minha glória deserdada. Como a que me salvou a adolescência no meio das práticas mais íntimas por punhetas altissonantes em que era abduzida pelo meu desejo enlouquecido por todos os crayons de sua balzaqueana dinamite bad girl, com seu corpo opulento marcado pelo meu mais essencial apetite onde tudo transluzia no jeito de ardilosas nuances que me enfeitiçava a cabeça e me deixava maior que o domingo de uma semana qualquer. Como a que me fez uivar atormentado em noites de lua cheia a delirar como lobisomem pela sua glamourizada voluptuosidade que sassarica na minha débil ousadia de priapo pronto para desposá-la no primeiro dia de nossa manhã ensolarada com todos os prazeres que temos direito e nos fazem valer o tamanho da vida adiada, da felicidade preterida, da remissão de todos os nossos anseios não realizados. Como a oportunidade de desnudá-la ofegante sabendo meu corpo no seu como se eu fosse o homem de preto na oitava arte de nossas estripulias a venerar suas formas e a provar do seu sangue e sabor. E nos encontramos, Velta,nos encontramos desde ontem que nem sabíamos no sonho da chegada e a manhã foi pouca, a tarde ínfima e a noite inexistiu porque toda vida se fez presente naquele pequeno momento em que beijei seus lábios, acariciei seus seios, alisei seu corpo, abocanhei seu ventre, sorvi sua carne, abusei de sua nudez, entranhei sua alma e pude viver muito mais que a minha própria vida naquele instante. E nos encontramos, Velta,nos encontramos de verdade e a vida perto do que vivemos é muito pouca, porque o que vivemos é maior que o presente e carrega a eternidade da lembrança na mais absoluta imensidão do meu universo. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo.
DITOS & DESDITOS - Nosso Congresso aprova leis que subsidiam corporações,
fazendas, companhias de petróleo, companhias aéreas e casas para subúrbios, mas
quando voltam sua atenção para os pobres, de repente ficam preocupadas em
equilibrar o orçamento e reduzir os fundos para o Head Start. O ódio é um fardo
muito grande para suportar. Fere mais ao odiador do que ao odiado. Você não
ganha finalmente um estado de liberdade que é protegido para sempre. Não
funciona assim. A liberdade nunca é realmente conquistada. Você ganha e ganha
em todas as gerações. Temos muito mais trabalho a fazer em nossa luta comum
contra o fanatismo e a discriminação. A grandeza de uma comunidade é medida com
mais precisão pelas ações compassivas de seus membros... um coração de graça e
uma alma gerada pelo amor. Mulheres, para que a alma da nação seja salva,
acredito que você deve se tornar sua alma. Pensamento da ativista
estadunidense Coretta King (1927-2006). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Embora
possamos interpretar a mãe na história como um símbolo da nossa própria mãe
exterior, a maioria dos adultos tem agora uma mãe interior, como legado da sua
mãe verdadeira. Trata-se de um aspecto da psique que atua e reage de um modo
idêntico ao da experiência da infância de uma mulher com sua própria mãe. Além
do mais, essa mãe interior compõe-se não só da experiência da mãe pessoal, mas
também de outras figuras maternas das nossas vidas, bem como das imagens da mãe
boa e da mãe perversa exibidas pela nossa cultura na época da infância. Pensamento da
escritora e psicóloga Clarissa Pinkola Estés. Veja mais aqui e aqui.
O ESCRITOR - O escritor não deve apenas criar, mas
deve também emprestar a sua consciência à consciência dos seus leitores,
sobretudo num país como o Brasil. Eu não confio no Estado. Eu confio na
vigilância da sociedade. Nós nascemos pobres, mas com ilusões. Quando os direitos
humanos são desrespeitados em casa, tornam-se públicos. Se a imaginação edifica
enredos de amor, o corpo fatalmente sofre seus efeitos. Se a memória simula
esquecer os mortos, o amor, albergado no coração e sempre à espreita, a
qualquer sinal açoita quem sobrevive às lembranças. Se vive e se escreve sem
rede de segurança. O ser humano é um peregrino. É só na aparência que ele tem
uma geografia. Só envelhece quem vive. Pensamento da escritora Nélida Piñon. Veja mais aqui.
ALTERIDADE
- Enquanto nos teus olhos busco espelho,
/ percorrem minhas mãos o teu relevo; / se assomo à colina dos teus seios, / o
corpo sabe: dos cimos, pelo vale, à gruta amada, / sou presa seduzida por teus
cheiros; / a pele sabe o quanto é quente / o território oculto sob a roupa / e
a vertente vulcânica no monte de Vênus. / O corpo sabe que nós somos outro e
mesmo: / toco a mim mesmo ao te tocar, se pouso / lábios em grandes lábios no
lavor / e no louvor, no rito que nos une / em lúcida e louca comunhão, / celebração
da vida em que seremos / o amor que nos fazemos. Poema do escritor Afonso Guerra-Baião.
A arte do ilustrador e quadrinista estadunidense Ken Landgraf.
LITERÓTICA
Velta é uma detetive que reside em Belo Horizonte. Ela tem mais de dois metros de altura, cabelos longuíssimos e domina, como ninguém, as artes marciais. E tem mais: ela solta descargas elétricas por todo o corpo. Ela nasceu em 1973, com poderes especiais: Dispara raios bio-energéticos sob forma luminosa, coerente, elétrica ou explosiva, por qualquer parte do corpo. Tem regeneração celular acelerada e alta imunidade às doenças. Pele resistente ao calor.
Pintura de Elton Brunetti
Velta é, na verdade, Kátia Maria Farias Lins. Ela tem 18 anos. Base de Operações: Belo Horizonte, MG. Cabelos: Louros. Olhos: Azuis. Pele: Branca. Altura: 2,20 m Profissão: Detetive Particular
Origem: Usada como cobaia da experiência de um inescrupuloso extra-terrestre de quem salvou a vida, Kátia é modificada geneticamente por uma máquina mental, que a permite, quando quiser, se transformar numa loura gigante que dispara raios pelo corpo.
Velta é a musa das histórias em quadrinhos brasileiras. Amada por seus admiradores e odiada por seus inimigos, vem combatendo o mal desde a década de 1970, quando foi criada pelo quadrinhista paraibano Emir Ribeiro.
Ao longo dos últimos 34 anos, Velta mudou bastante. Deixou de ser uma simples super-heroína decalcada dos modelos estrangeiros para assumir personalidade própria. Publicada primeiro em jornais, depois em revistas e fanzines e, finalmente, em álbuns luxuosos e até em livros, Velta construiu um grande público leitor, ansioso por mais histórias dessa inusitada detetive paraibana.
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