LITERÓTICA: ESFÍNGICA – Lá vem
ela esfíngica linda cínica com suas quatro luas. Ela vem toda nua, fuviando,
toda minguando, enxerida e na medida do desejo com meu beijo devorador. Ela é o
andor porque ela é dos meus olhos. E sou o molho de vento que sopra no seu
corpo e sou o fogo que queima sua carne quando a tarde faz rosa e ela ávida
cheirosa no cio como um buquê para mim. E assim eu não abro mão e esquento
forno, acendo o fogão, quando ela no torno fica em ebulição. E é nossa quebra
de braço, no muque levo o terraço, na marra as fagulhas e ela jogando pulha
enquanto eu socado dentro dela na maior acromania. Ah, é a maior orgia no nosso
gólgota incendiado. E no seu alvo alado, meu bote acerta em cheio. Ela é só
esperneio e dá rebote e eu na soieira catando a fagueira e seus vaza-barris,
sua teurgia e seu pirangi: corpo delgado de deusa com minha boca na sua
correnteza. Aí vira bailarina na marola quando eu entro de sola no seu oásis
faustoso, sou mais que guloso e ela fraqueja e é toda andeja por cima de mim. E
assim sou eu que mordo a primavera nos seus montes entardecidos. Sou eu
renascido que viro fera quando o sol se põe nos seios dela e ela se perde por
inteiro no meu fogareiro. E ela desenguiça. E com sua língua maciça tão grata e
seus lábios de fêmea nata enxuga meu suor nos poros do meio-dia. A saliva, as
suas narinas vivas, meus pelos arrepiados. O seu paladar e o bafo do seu
respirar aplicam todos os golpes. Sou maior que o meu tope, viro poeta de todos
os panteões com seu nome em todos os poemas, todas as canções. É assim que ela
arrasa, eu me dou com ganho de causa. Quer saber de uma coisa? Eu quero mesmo
seus olhos como verdadeiros semáforos enlouquecidos. Eu quero mesmo ela bravia
enxerida toda ardida e com o gozo vencido. Eu quero mesmo ela inadimplente
liquidando a fatura, com toda bravura do amor incontinenti. Eu quero ela linda
que dá gosto, nua inteira em pleno agosto a me fazer sua rapadura, lavando a
minha secura, metendo as catanas, ai ai, ai, para que seja a minha coisinha tão
bonitinha do pai. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS - De fato,
a contemporaneidade se escreve no presente assinalando-o antes de tudo como
arcaico, e somente quem percebe no mais moderno e recente os índices e as
assinaturas do arcaico pode dele ser contemporâneo. Arcaico significa: próximo
da arké, isto é, da origem. Mas a origem não está situada apenas num passado
cronológico: ela é contemporânea ao devir histórico e não cessa de operar
neste, como o embrião continua a agir nos tecidos do organismo maduro e a
criança na vida psíquica do adulto. A distância – e, ao mesmo tempo, a
proximidade – que define a contemporaneidade tem o seu fundamento nessa
proximidade com a origem, que em nenhum ponto pulsa com mais força do que no
presente. Pensamento do filósofo italiano Giorgio
Agamben. Veja mais aqui.
LÓGICA DO SENTIDO – [...] signos
significantes, sempre existem em demasia. É que o significante primordial é da
ordem da linguagem; ora, seja qual for a maneira segundo a qual é adquirida a
linguagem, os elementos da linguagem são dados todos em conjunto, de uma só
vez, já que não existem independentemente de suas relações diferenciais
possíveis. O significado em geral, porém, é da ordem do conhecido; ora, o
conheceido acha-se submetido à lei de um movimento progressivo que vai por
parte, partes extrapartes. [...] Trecho da obra Lógica do sentido (Perspectiva/EdUSP, 1974), do filósofo francês Gilles Deleuze
(1925-1995). Veja mais aqui.
A DAMA DO CACHORRINHO – [...] Seguiu-se
um silêncio. – O tempo passa depressa e, no entanto, a gente se aborrece tanto
aqui! – disse ela, sem olhar o interlocutor. – É apenas uma convenção dizer que
aqui é aborrecido. Um habitante de Biélev ou de Jizdra vive em sua terra e não se
aborrece, mas, chegando aqui, repete: “Ah, que cacete! Ah, que poeira!”.
Pode-se pensar que chegou de Granada. Ela riu. Continuaram a comer em silêncio,
como desconhecidos. Depois do jantar, porém, caminharam lado a lado e
iniciou-se entre eles uma conversa ligeira, brincalhona, de gente livre,
satisfeita consigo, e à qual fosse indiferente aonde ir e do que falar. Ficaram
passeando e conversaram sobre o modo estranho pelo qual estava iluminado o mar:
a água tinha uma cor lilás, macia e tépida, e sobre ela o luar deitava uma
faixa dourada. Falavam em como o ar ficava sufocante após um dia de calor.
Gurov contou que era moscovita, formado em Filologia, mas que trabalhava num
banco; noutros tempos, preparara-se para cantar num teatro particular de ópera,
mas desistira [...] Voltando para o quarto, pensou nela e em que, no dia seguinte,
certamente haveria de encontrá-la. Deitando-se para dormir, lembrou-se de que,
ainda há tão pouco tempo, ela estivera no colégio, estudara como agora a filha
dele; lembrou-se também de quanta irresolução e falta de jeito havia ainda em
seu riso, em seu modo de falar com um desconhecido; provavelmente, era a
primeira vez que se encontrava sozinha em tais circunstâncias, seguida e
contemplada, e que alguém lhe dirigia a palavra, com um objetivo secreto que
ela não podia deixar de adivinhar. Lembrou-se também de seu pescoço esguio,
frágil, de seus bonitos olhos cinzentos. “Apesar de tudo, há nela qualquer
coisa que inspira pena”, pensou, adormecendo. [...] Trechos da obra A dama do cachorrinho e outros contos (Max
Limonad, 1986), do dramaturgo e escritor russo Anton Tchékov
(1860-1904). Veja mais aqui.
TUA MERETRIZ - Deixa-me
ser tua meretriz / Tua escrava, sem pudor / Encostar meu corpo nu em ti / Deixar
banhar-me com o teu calor / Domina-me com prazer / Ordena-me! / Provoca-me! / Coloca-me
em tua frente / Ajoelhada a te olhar / Segura em meu cabelo com força / Puxa-me,
para que com minha boca, eu te sugue / Aperta com força tua dama de encontro à
ti / Sinta o calor de meus lábios a envolver-te / Com minha língua passeando
por teus recantos / Forte...quente...sedutor / Ao mesmo tempo em que te olho / E
me faço serva, sem pudor / Tens o gosto do melhor vinho apreciado / Bebo de ti,
até o fim / Sorvo teu néctar sagrado / Absorvo de teu prazer, enfim / Com
minhas mãos toco-me insana / Na busca do prazer gritante / Num instante chego
ao clímax / Explodindo meu gozo, pulsante... Poema da poeta Leticia
Cesário. Veja mais aqui
e aqui.
NO MUNDO DA MÚSICA
CHIQUINHA
GONZAGA
A arte do desenhista e ilustrador italiano Hugo Pratt (1927-1995). Veja mais aqui.
Atenção!
Então sob critérios bastantemente definidos e exemplarmente regrados, chegou a hora de eleger a MUSA TATARITARITATÁ
Eis todas homenageadas:
Imagem: Wolinski.
Veja
mais sobre:
E mais:
Pra
saber viver não basta morrer, Leonardo
Boff, Luchino Visconti, Emerson &
Lake & Palmer, Núbia Marques, Felicitas, Pedro Cabral, Psicodrama
& Teatro Espontâneo aqui.
Literatura
de Cordel: História da princesa da Pedra Fina, de João Martins de Athayde aqui.
Robimagaiver:
pipoco da porra aqui.
Dhammapada,
Maslow, Educação & Responsabilidade civil da propriedade aqui.
O
romance e o Romantismo aqui.
Literatura
de Cordel: Brasi caboco, de Zé da Luz aqui.
Querência
& a arte de Mazinho, Fiódor Dostoiévski, Igor
Stravinsky, Saulo Laranjeira, René Clair, Joseph
Tomanek, Veronica Lake, Erich Sokol & Bioética:
meio ambiente, saúde e pesquisa aqui.
Danos
Morais & o Direito do Consumidor aqui.
Interpretação
e aplicação do Direito aqui.
Direito
como fato social aqui.
Concurso de Beleza, Vinicius de Morais,
Carlos Zéfiro & Nik aqui.
Sindicato
das Mulheres Feias, Saúde & Sexo, Humor, Papo vai & papo vem aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA
CANTARAU:
VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
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