A arte do artista, designer e autor cubano Ernesto Oroza

DITOS & DESDITOS – [...] Permitam-me agora dizer algo acerca da consciência
humana. Em particular, será que essa é uma questão em que devemos pensar em
termos de explicação científica? O meu ponto de vista é de que devemos sim. Em
particular, levo muito a sério a flecha que une o mundo físico ao mundo mental.
Em outras palavras, temos o desafio de entender o mundo mental nos termos do
mundo físico. [...] Extraído da obra O grande, o pequeno e a mente humana (UNESP,
1998), do físico, matemático e filósofo da ciência inglês Roger Penrose. Veja mais aqui.
DESOBEDIÊNCIA TECNOLÓGICA - [...] O termo
hoje denomina todos os artefatos rodantes híbridos e/ou reinventados na ilha. [...] Esta proposta deixará de ser delirante se
for vista como um modelo de interpretação do caos [...]. Trecho extraído de
Desobediência tecnológica - technological
disobedience (Caixa Cultural, 2015), do artista,
designer e autor cubano Ernesto Oroza
que com criatividade realiza trabalhos com a cultura material e pelos
processos independentes de produção de objetos de seu país, Cuba. A prática de
coletar, acumular fragmentos de objetos para serem reutilizados em formas,
funções e sistemas técnicos inesperados surge após a convocatória do ministro
de Indústrias, Ernesto Guevara, na Primeira Reunião Nacional de Produção, em
1961, para que os trabalhadores construíssem suas próprias máquinas.
INCOMPABILIDADE – Everardo
gostava de praia. Gostava não era bem o termo, era fanático. Dia em que não ia
à praia, ficava de mau humor, agressivo, engrossava por qualquer motivo – e até
sem motivo. Diariamente, das oito às dez, ia dar o seu mergulho, pegar o seu
“jacaré”, dar uma caminhada. Batia um papo com o banhista do posto, uma
conversa inconsequente que vinha se arrastando há quase dez anos. Aos domingos
levava a mulher e os filhos, ficavam até mais tarde. [...] A
felicidade domingueira dos outros era uma tortura para ele, especialmente
porque vivia preocupado com a sua mulher: - Puxa o decote pra cima, meu bem.
Ela não dava muita importância: - Você está ficando antiquado, Everardo. Nem
parece que foi criado em beira de praia. Se fosse só isso, não era nada.
Everardo era mais chato que bichinho de areia: - Senta direito, dobra as pernas
pra cá, abaixa o joelho. A mulher fingie de paciente, estendia a toalha para deitar
e tomar sol. Everardo tava ali, de marcação: - Vai deitar assim, virada pra
ciama? Deita de bruço. Era um inferno. Toda vez que ia cair n’água, lá estava o
Everardo: - Também vou. Quando saíam da água, o Everardo vinha resmungando: -
Olha o decote. Quando ela pegava o vidrinho de óleo, o Everardo parecia que
saída de dentro do frasco: - Não me diga que vai tirar as alçãs para passar
óleo. [...] Já
estava ficando insuportável. A mulher decidiu fazer uma surpresa, comprou um
maiô novo com as suas economias. Quando chegaram na praia, o Everardo não sabia
de nada. Ela começou a tira a saída, depois o short, o pobre do Everardo quase
caiu duro: ela exibia um biquíni desses que só se vê em fotografia de Festival
de Cannes. O coitado ficou olhando, boquiaberto, sem saber se mandava puxar pra
baixo ou pra cima ou pros lados. Qualquer puxãozinho que desce, cobria um
pedaço e descobria outro. Everardo ficou mudo, quando ela perguntou: - Que tal,
gostou? [...]. Extraído
da obra A mulher em flagrante (Círculo do Livro, 1986), do escritor e
jornalista Leon Eliachar (1922-1987). Veja mais aqui.
INDECÊNCIA - A indecência pode ser saudável / A indecência pode ser
normal, saudável; / na verdade, um pouco de indecência é necessário em toda
vida / para a manter normal, saudável. / E um pouco de putaria pode ser normal,
saudável. / Na verdade, um pouco de putaria é necessário em toda vida / para a
manter normal, saudável. / Mesmo a sodomia pode ser normal, saudável, / desde
que haja troca de sentimento verdadeiro. / Mas se alguma delas for para o
cérebro, aí se torna perniciosa: / a indecência no cérebro se torna obscena,
viciosa, / a putaria no cérebro se torna sifilítica / e a sodomia no cérebro se
torna uma missão, / tudo, vício, missão, insanamente mórbido. / Do mesmo modo, a
castidade na hora própria é normal / e bonita. / Mas a castidade no cérebro é
vício, perversão. / E a rígida supressão de toda e qualquer indecência, putaria
/ e relações assim / leva direto a furiosa insanidade. / E a quinta geração de
puritanos, se não for obscenamente / depravada, é idiota. / Por isso, você tem
de escolher. Poema do escritor britânico D.
H. Lawrence (1885-1930). Veja mais aqui.
FILOSOFIA DE TODOS OS
TEMPOS
TODO DIA É DIA DA MULHER
SILVILI - A linda cantora paulistana Silvilí lançou seu primeiro cd, Conseqüência (independente), no final do ano passado e formado basicamente por músicas inéditas de novos autores, trilhando o caminho do samba e do choro.

Ela iniciou sua carreira em 2004 nas rodas de choro e samba de São Paulo por influência do violonista carioca Voltaire e não demorou a ser reconhecida e receber apoio de outros músicos e compositores. Ela é neta de Eli Graziano, da dupla Ely e Gracy, cantora pioneira da década de 30, contratada pelas Rádios Tupi e Nacional.

Silvilí já se apresentou em várias casas paulistanas e em eventos oficiais da cidade.
Ela tem um jeito muito especial de cantar sambas-canção, especialmente choro, gênero este que é sua predileção no disco e em sua formação.
Para conhecer melhor o trabalho desta linda e maravilhosa cantora, acesse o sitio pessoal dela: Silvili.

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