DIVINA ENCANTATRIZ – Obra de um momento, o eclipse lunar naquele
dia de julho, ela entristecida da decisão de nada mais com o poeta da Francesca
e Gioconda, aura magnética de quem
vem de Vigevano, libriana da belíssima Lanca Ayala
do vale do Ticino. Esse o prólogo, a maquiagem moral com suas compulsões,
sofrimentos e angustias nas expressões faciais, desde menina, entre privações e miséria, já era a
Cosetta dos Miseráveis de Hugo. A estrela brilhava: um olho chorava, o outro ria.
Já matava a si própria para
reviver noutra, sem contar com as hemoptises que lhe assolavam diuturnamente. Ao
amor sem reservas, se dava; até abandonada grávida, a perda do filho era a
errática paixão do primeiro enlace. Ela lá, gestual tímido, voz
sussurrada, cuspiu sangue no
piso: era a Dama das Camélias ressurreta, eterna andarilha. O nascimento da filha da sua segunda tentativa
de felicidade, seria a redenção para quem já foi Julieta, a Santuzza de
Verga, a Thérèse de Zola, a
Hedda de Ibsen, a Denise de Dumas, a Fedora de Sardou, a Monna Vanna de
Maenterlinck, a Magda de Sundermann, a musa de D'Annunzio e as indiscretas cenas íntimas e
escandalosas da tormentosa paixão do Il
fuoco, quantas mais nela vinham e voltavam de si para o mundo, dentro dela
muitas outras, seráficas e malditas. E eu só queria tocar sua pele estrangeira,
quem dera, o enlevo da sua brancura na mais antiga noite do meu pleno desejo. Estava
comigo na turgência planetária do meu coração, o pulsar doloroso: uma
queimadura na minha ferida aberta. E eu bendizia a vida e todos os infortúnios
e desenganos. Lá estava ela no
pódio inflexível, debilitada entre tantas paixões consecutivas, quantas não
correspondeu a tantas outras que emergiam, sofria franzina e linda,
impressionava e comovia avassaladora, a suprema transfiguração retratada
por Lenbach, extática na clandestina
paixão de Boito convertida em grande amizade; introvertida, surpreendente liderança
e reação a fizeram o centro das atenções e aplaudida por Shaw. Sem mais nem
menos, abandonou a ribalta,
viveu nas sombras: a arte, o amor, a vida, tudo é sofrimento. E ela sempre
acima dos aflogísticos. Queimavam Lina, Emma, Yvette, Isadora, Amy,
quantas mais, a vida de fogo e poesia. Era a labareda do amor ao meio dia em ponto: a vida é um enorme palco,
tantos amores, quanta infelicidade. Há tempos percebia-se que não sobreviveria
tanto, a sua garra acima de qualquer excepcional imprevisto e ela descambava
astro esplêndido no meu coração, sempre tão bela com a recitação íntima e nua,
um lampejo no olhar, a seiva da voz indomável: onde não há amor, nada por
demorar e seguir adiante. E eu fui para vê-la sucumbir em Pittsburgh e perder todas as esperanças na vida. Esse o epílogo, eu que me perdi, nos
perdemos, jamais sonhei sobre cinzas. Vivia em mim a formosa estrela do amor
surgindo no firmamento dos meus devaneios. Fui vítima da paixão e do escárnio, tudo obra do momento e
eu doido de amor, extasiado e comovido: um poema arrebatado, uma canção
recôndita. Nada mais. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo & aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Eu não era nada, era uma ocidental no Irã, uma
iraniana no ocidente, não tinha identidade alguma [...] Quando mais esforços de integração eu fazia,
mais tinha a impressão de me distanciar da minha cultura, de trair meus pais e
minhas origens, de jogar um jogo que não era o meu. [...] Eu não sabia direito o que pensar do véu.
Era muito religiosa, mas, juntos, eu e meus pais, éramos bem modernos e
avançados. [...] Peguei minhas
coisas... pus meu véu na cabeça de novo... e quanto às minhas liberdades
individuais e sociais, paciência... eu precisava muito voltar pra casa.
[...]. Trechos extraídos da inovadora obra Persépolis
(Companhia das Letras, 2007), da escritora, ilustradora, cineasta e roteirista
iraniana Marjane Satrapi, a primeira a escrever no Irã histórias
em quadrinhos. Segundo a pesquisadora Laís Medeiros Cavalcante, em seu artigo Persépolis: as identidades femininas através
dos requadros de Marjane Satrapi, trata-se de [...] uma obra autobiográfica, responsável por tornar as diferenças entre o
ocidente e o oriente bem menores do que se pode pensar – biografia e
autobiografia são consideradas como um gênero híbrido por abarcar elementos
característicos de diversos campos, como a literatura, a história e jornalismo.
[...].
O TEATRO
DE ELEONORA DUSE
Para salvar o Teatro, o
teatro deve ser destruído, os atores atrizes devem todos morrer pela peste.
Eles envenenam o ar, eles fazem a arte ser impossível. Não é drama o que eles
representam, mas apenas peças de teatro. Devemos voltar ao teatro grego,
representar ao ar livre, o drama está morrendo de baús e caixas e vestidos de
noite e de gente que vem digerir o jantar.
ELEONORA DUSE – A arte da atriz
italiana Eleonora Duse (1958-1924)
que teve uma vida amorosa bastante atribulada, tendo entre seus amores Gabriele d’Annunzio, Arrigo Boito, Sara Bernhardt,
Lina Poletti, Amy Lowell, outros que se apaixonaram sem que fossem por ela correspondidos,
e entre estes Artur Azevedo; e tantos mais amores que ela se entregou,
perdidamente apaixonada. Considerada a maior atriz dramática italiana de seu
tempo e a primeira grande atriz moderna, ela celebrizou-se com um estilo
pessoal de representação, influenciando os novos rumos da própria arte que a
imortalizou. Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE JOHANNA KNAUER
A arte da fotógrafa alemã Johanna Knauer.
Veja mais aqui.
A OBRA DE ANDRÉ GIDE
As coisas mais belas são
ditadas pela loucura e escritas pela razão.
A obra do
escritor francês Prêmio Nobel de Literatura de 1947, André Gide (1869-1951) aqui, aqui & aqui.
&
ELA DANÇA NUA NO MEU CORAÇÃO
Diário de um
brasileiro de Thiago de Mello, Casa rossa de Francesca Marciano, Taoísmo do
amor e do sexo de Jolan Chang, A mulher na
antiguidade de Heródoto de Halicarnasso, Teoria da forma literária de Kenneth Burke, Quem saberia perder, de Sá & Guarabira & Ivan
Lins; Os assassinos do frevo & Poemiuderótico: Refrega aqui.