quinta-feira, novembro 21, 2019

ANDRÉ GIDE, MARJANE SATRAPI, ELEONORA DUSE & JOHANNA KNAUER


DIVINA ENCANTATRIZ – Obra de um momento, o eclipse lunar naquele dia de julho, ela entristecida da decisão de nada mais com o poeta da Francesca e Gioconda, aura magnética de quem vem de Vigevano, libriana da belíssima Lanca Ayala do vale do Ticino. Esse o prólogo, a maquiagem moral com suas compulsões, sofrimentos e angustias nas expressões faciais, desde menina, entre privações e miséria, já era a Cosetta dos Miseráveis de Hugo. A estrela brilhava: um olho chorava, o outro ria. Já matava a si própria para reviver noutra, sem contar com as hemoptises que lhe assolavam diuturnamente. Ao amor sem reservas, se dava; até abandonada grávida, a perda do filho era a errática paixão do primeiro enlace. Ela lá, gestual tímido, voz sussurrada, cuspiu sangue no piso: era a Dama das Camélias ressurreta, eterna andarilha. O nascimento da filha da sua segunda tentativa de felicidade, seria a redenção para quem já foi Julieta, a Santuzza de Verga, a Thérèse de Zola, a Hedda de Ibsen, a Denise de Dumas, a Fedora de Sardou, a Monna Vanna de Maenterlinck, a Magda de Sundermann, a musa de D'Annunzio e as indiscretas cenas íntimas e escandalosas da tormentosa paixão do Il fuoco, quantas mais nela vinham e voltavam de si para o mundo, dentro dela muitas outras, seráficas e malditas. E eu só queria tocar sua pele estrangeira, quem dera, o enlevo da sua brancura na mais antiga noite do meu pleno desejo. Estava comigo na turgência planetária do meu coração, o pulsar doloroso: uma queimadura na minha ferida aberta. E eu bendizia a vida e todos os infortúnios e desenganos. Lá estava ela no pódio inflexível, debilitada entre tantas paixões consecutivas, quantas não correspondeu a tantas outras que emergiam, sofria franzina e linda, impressionava e comovia avassaladora, a suprema transfiguração retratada por Lenbach, extática na clandestina paixão de Boito convertida em grande amizade; introvertida, surpreendente liderança e reação a fizeram o centro das atenções e aplaudida por Shaw. Sem mais nem menos, abandonou a ribalta, viveu nas sombras: a arte, o amor, a vida, tudo é sofrimento. E ela sempre acima dos aflogísticos. Queimavam Lina, Emma, Yvette, Isadora, Amy, quantas mais, a vida de fogo e poesia. Era a labareda do amor ao meio dia em ponto: a vida é um enorme palco, tantos amores, quanta infelicidade. Há tempos percebia-se que não sobreviveria tanto, a sua garra acima de qualquer excepcional imprevisto e ela descambava astro esplêndido no meu coração, sempre tão bela com a recitação íntima e nua, um lampejo no olhar, a seiva da voz indomável: onde não há amor, nada por demorar e seguir adiante. E eu fui para vê-la sucumbir em Pittsburgh e perder todas as esperanças na vida. Esse o epílogo, eu que me perdi, nos perdemos, jamais sonhei sobre cinzas. Vivia em mim a formosa estrela do amor surgindo no firmamento dos meus devaneios. Fui vítima da paixão e do escárnio, tudo obra do momento e eu doido de amor, extasiado e comovido: um poema arrebatado, uma canção recôndita. Nada mais. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo & aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Eu não era nada, era uma ocidental no Irã, uma iraniana no ocidente, não tinha identidade alguma [...] Quando mais esforços de integração eu fazia, mais tinha a impressão de me distanciar da minha cultura, de trair meus pais e minhas origens, de jogar um jogo que não era o meu. [...] Eu não sabia direito o que pensar do véu. Era muito religiosa, mas, juntos, eu e meus pais, éramos bem modernos e avançados. [...] Peguei minhas coisas... pus meu véu na cabeça de novo... e quanto às minhas liberdades individuais e sociais, paciência... eu precisava muito voltar pra casa. [...]. Trechos extraídos da inovadora obra Persépolis (Companhia das Letras, 2007), da escritora, ilustradora, cineasta e roteirista iraniana Marjane Satrapi, a primeira a escrever no Irã histórias em quadrinhos. Segundo a pesquisadora Laís Medeiros Cavalcante, em seu artigo Persépolis: as identidades femininas através dos requadros de Marjane Satrapi, trata-se de [...] uma obra autobiográfica, responsável por tornar as diferenças entre o ocidente e o oriente bem menores do que se pode pensar – biografia e autobiografia são consideradas como um gênero híbrido por abarcar elementos característicos de diversos campos, como a literatura, a história e jornalismo. [...].

O TEATRO DE ELEONORA DUSE
Para salvar o Teatro, o teatro deve ser destruído, os atores atrizes devem todos morrer pela peste. Eles envenenam o ar, eles fazem a arte ser impossível. Não é drama o que eles representam, mas apenas peças de teatro. Devemos voltar ao teatro grego, representar ao ar livre, o drama está morrendo de baús e caixas e vestidos de noite e de gente que vem digerir o jantar.
ELEONORA DUSE – A arte da atriz italiana Eleonora Duse (1958-1924) que teve uma vida amorosa bastante atribulada, tendo entre seus amores Gabriele d’Annunzio, Arrigo Boito, Sara Bernhardt, Lina Poletti, Amy Lowell, outros que se apaixonaram sem que fossem por ela correspondidos, e entre estes Artur Azevedo; e tantos mais amores que ela se entregou, perdidamente apaixonada. Considerada a maior atriz dramática italiana de seu tempo e a primeira grande atriz moderna, ela celebrizou-se com um estilo pessoal de representação, influenciando os novos rumos da própria arte que a imortalizou. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE JOHANNA KNAUER
A arte da fotógrafa alemã Johanna Knauer. Veja mais aqui.

A OBRA DE ANDRÉ GIDE
As coisas mais belas são ditadas pela loucura e escritas pela razão.
A obra do escritor francês Prêmio Nobel de Literatura de 1947, André Gide (1869-1951) aqui, aqui & aqui.
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ELA DANÇA NUA NO MEU CORAÇÃO
Diário de um brasileiro de Thiago de Mello, Casa rossa de Francesca Marciano, Taoísmo do amor e do sexo de Jolan Chang, A mulher na antiguidade de Heródoto de Halicarnasso, Teoria da forma literária de Kenneth Burke, Quem saberia perder, de Sá & Guarabira & Ivan Lins; Os assassinos do frevo & Poemiuderótico: Refrega aqui.