quinta-feira, janeiro 04, 2018

VIRILIO, GALIMBERTI, CONY, MANDELA, CLÁUDIO SANTORO, KLIMT, MILO MOIRÉ, MARIJA MIHAJLOVIC, NIELLY & ANDRÉA BORBA

UM LONGO CAMINHO PARA A LIBERDADE - Imagem: Mandela, da pintora de faca francesa Françoise Nielly. - No inventário da humanidade, algumas personalidades merecem ser destacadas de tempos em tempos por sua trajetória. Principalmente pelo fato de que neste ano se comemora o centenário de nascimento do advogado, líder rebelde, Presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz de 1993, Nelson Mandela (1918-2013), considerado o mais importante líder africano e pai da moderna nação sul-africana, nomeado popularmente como Tata (Pai) ou relacionado ao seu clã, Madiba. Ter durante a sua vida sacrificado a relação familiar e passar um longo período aprisionado em nome de uma causa, faz com que seja pertinente senão relevante a menção de registro. Ao se tornar advogado dos direitos humanos e líder da resistência não-violenta da juventude, após haver recusado a chefia da nobreza familiar tribal, seguindo para Joanesburgo para sua militância, tendo por consequência ser denunciado como terrorista comunista, até ser julgado por traição em 1962, tornando-se prisioneiro por 27 anos pelo regime de segregação racial do Apartheid, o sistema racista oficializado em 1948, naquele país. Libertado em 1990, manteve a luta e, por isso mesmo, passou a ser considerado modelo mundial de resistência. Por conta disso, foi agraciado por seu ativismo de mais de 250 prêmios e condecorações, além de ter sido contemplado pela Organização das Nações Unidas (ONU), dedicando o dia 18 de julho, como o Dia Internacional de Nelson Mandela, homenagem à luta mundial pela liberdade, pela justiça e pela democracia. Em sua autobiografia Um longo caminho para a liberdade (Planeta, 2012), ele dizia que Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, da sua origem ou da sua religião. Para odiar, é preciso aprender. E, se podem aprender a odiar, as pessoas também podem aprender a amar. Essa uma das suas célebres frases cultuadas. Além disso, nessa obra ele fala da infância rural e de suas atividades em Joanesburgo, o despertar para o combatente da liberdade, a luta da sua vida, a traição, a Pimpinela Negra, Rivónia, os anos negros e o despontar da esperança em Roblen Island, as conversações com o inimigo e, por fim, a liberdade, parte na qual ele assim se expressa: [...] A minha vida, como a da maioria dos xossas desse tempo, foi moldada pelos costumes, pelos rituais e pelos tabus. Eram o alfa e o ómega da nossa existência e nunca se punham em questão. Os homens percorriam o trilho que os antepassados tinham aberto; as mulheres levavam uma existência em tudo semelhante à que tinham vivido as suas mães. Sem que ninguém me explicasse, depressa aprendi as regras complexas que governam as relações entre os homens e as mulheres. Descobri que um homem não pode entrar numa casa onde uma mulher deu recentemente à luz e que uma mulher recém‑casada não pode entrar no kraal onde passará a viver sem antes se submeter a uma cerimónia pormenorizada. Aprendi também que negligenciar os antepassados traz má sorte e uma vida infeliz. Se alguém desonrasse os seus antepassados, a única maneira de assumir a necessária contrição passava pela consulta a um curandeiro tradicional ou a um ancião, o qual entrava em contacto com os antepassados para lhes apresentar as desculpas do faltoso. Para mim, todas estas crenças eram inteiramente naturais. [...]. Esta obra foi levada ao cinema, em 2013, dirigido por Justin Chadwick e roteiro de William Nicholson, retratando o longo caminho percorrido por Mandela, sua vida, seus enfrentamentos, o Massacre de Shaperville, o abandono de sua resistência pacífica partindo para a luta armada e da Lança da Nação, braço armado do Congresso Nacional Africano (ANC), toda luta pelos direitos do povo negro e a prisão em regime fechado. Decerto há que se levar em consideração o seu sacrifício e, ao mesmo tempo, o sofrimento que estavam ao seu lado e que foram, em nome da causa, também sacrificados. A História tem nos mostrado exemplos dessa natureza, lições que deveriam fazer parte do nosso presente. E se assim não o é, significa que devemos aprender com o passado para construirmos o futuro agora. Salve, salve, Mandela! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com Canto de Amor e Paz, Sinfonia nº 5 e Concerto para Pianoforte e Orquestra nº 1, do compositor e maestro Cláudio Santoro; As quatro estações de Vivaldi & Trio Villa-Lobos da violinista sérvia Marija Mihajlovic & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - [...] minha oposição à guerra é uma oposição à essência da guerra na tecnologia, na sociedade, na filosofia da tecnologia, etc [...] Minha oposição não é uma oposição aos homens [...] não tenho reflexo racista. [...] Não sou contra os militares como as pessoas são contra os padres; sou contra a inteligência da guerra que escapa do político. [...] Creio que, de agora em diante se quisermos continuar com a tecnologia (e não penso que haverá uma regressão neolítica), precisamos pensar ‘instantaneamente’ a substância e o acidente. [...] hoje todo mundo deve trabalhar na tentativa de interpretação do enigma da tecnologia! Não acredito que cientistas encontrem a solução. É na autonomia de cada homem que essa reinterpretação das máquinas [...] deve se exercer – com risco de morte, porque não há tempo. Esta é minha posição. [...]. Trechos extraídos da obra Guerra pura: a militarização do cotidiano (Brasiliense, 1984), do filosofo, arquiteto, urbanista, pesquisador e polemista francês Paul Virilio. Veja mais aqui.

O SER HUMANO & A TÉCNICA - [...] Hoje, o pensamento da lógica binária implode novamente e é encontrado em transmissões de programas de perguntas e respostas – que acabam trazendo de reboque os noticiários –, nos exames escolares e, até mesmo, na universidade. Nem se aplica a alegação de que a técnica é boa ou ruim de acordo com o uso que dela se faz, porque o que nos modifica não é o bom ou mau uso, mas o simples fato de usarmos. O uso nos modifica. Falar com nossos amigos através de um chat significa sofrer uma transformação no modo de se relacionar, porque falar via chat é diferente de um encontro face a face. Se os nossos filhos veem televisão quatro ou mais horas por dia é inevitável que o seu modo de pensar, de sentir, mude. E isso, independentemente da qualidade dos programas, se bons ou ruins. Basta a exposição prolongada. [...] Mais uma vez sentimos que técnica não é um meio à disposição do homem, mas é o próprio ambiente no interior do qual o homem sofre modificações, no qual ela pode marcar aquele ponto absolutamente novo na história, talvez irreversível, onde a questão não é mais: “O que podemos fazer com a técnica”, mas “O que a técnica poderá fazer conosco”. Trechos extraídos da obra O ser humano na era da técnica (Unisinos, 2015), do filósofo, psicanalista e professor universitário Umberto Galimberti.

TEORIA GERAL DO QUASE - [...] Há mais de vinte anos, prometi a mim mesmo que, acontecesse o que acontecesse, aquele seria o último. Nada mais teria a dizer – se é que cheguei a dizer alguma coisa. Daí a repugnância em considerar este Quase memória como romance. Falta-lhe, entre outras coisas, a linguagem. Ela oscila, desgovernada, entre a crônica, a reportagem e, até mesmo, a ficção. Prefiso classificá-lo como “quase-romance” – que de fato o é. Além da linguagem, ospersonagens reais e irreais se misturam, improvavelmente, e, para piorar, alguns deles com os próprios nomes do registro civil. Uns e outros são fictícios. Repetindo o anti-herói da história, não existem coincidências, logo, as semelhanças, por serem coincidências, também não existem. No quase-quase de um quase-romance de uma quase-memória, adoto um dos lemas do personagem central deste livro, embora às avessas: amanhã não farei mais essas coisas. Trecho extraído da obra Quase memória, quase-romance (Companhia das Letras, 1995), do escritor, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras, Carlos Heitor Cony. Veja mais aqui e aqui.

PREÂMBULO DA SUPREMA FELICIDADE - Sou plebéia e pelos campos vou / descansa. / Acabo de rezar um terço, / tenho dez filhos e um homem / um único / cheio de vento e pudor. / Cada manhã me refaço / e simplesmente passo: / tanto verde, tanta cor! / Etéreos sonhos me infringem a consciência, / tétrica solidão eu expulso de mim mesma / gota a gota, todas as lágrimas me abandonam. / e eu simplesmente passo / por onde vou. Poema da poeta e jornalista Andréa Borba.

ARTE DE GUSTAV KLIMT
A arte do pintor simbolista austríaco Gustav Klimt (1862-1918). Veja mais aqui, aqui e aqui.

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O que é de sonho quando real, a literatura de Yukio Mishima, a pintura de David Alfaro Siqueiros & a música de Marisa Rezende aqui.
O amor – Crônica de amor por ela, Rabindranath Tagore, Johannes Brahms, Virgilio, Thomas Hardy, Wong Kar-Wai, Marin Alsop, Maggie Cheung, Corina Chirila, Lenilda Luna, Antonio Rocco, Cultura Pós-Moderna & Commedia dell’arte aqui.
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Por um novo dia, Herminio Bello de Carvalho, Ismael Nery, Brian Friel, Paolo Sorrentino, Julia Lemertz, J. R. Duran, Rachel Weisz, Iremar Marinho, Bruno Steinbach, O papel do professor e a sua formação na prática pedagógica aqui.
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ARTE CONCEITUAL DE MILO MOIRÉ
A arte conceitual da artista suíça Milo Moiré. Veja mais aqui.
 

HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

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