XEMENEXEM
ENCARNA QUIXOTE! - Imagem: As filhas de
Eva (2014), da artista visual Rosana
Paulino. - Xemenxem despertou atordoado com a
abertura das cortinas para entrada do dia e a faxina que a funcionária
realizava no seu quarto. Olhos aboticados de zarolho, ele deu de cara logo com
o bundão da serviçal quase na sua venta, remexendo o corpo com a varrição e nas
coisas para arrumação. Boquiaberto pensava consigo: Isso é que é um desmantelo
de mulher. Espichou o pescoço e conferiu dos pés à cabeça: Essa camareira é de
endoidar um, vai ser gostosa assim aqui na minha cama. Como se seu pensamento
falasse em voz alta, logo ela se virou: Ah, acordou, bonitão? Seu quarto já
está pronto, roupa limpa e lavada na gaveta e, quando quiser, pode descer pro
café da manhã. Mais arregalado ficou quando viu os seios fartos no decote, de
ficar imóvel de boca aberta por um bocado de tempo. Ela então balançou as mãos
às vistas dele para ver se olhos piscavam e ele lá, imobilizado pelo impacto
daquele corpanzil sedutor. Ei, quer se levantar para eu arrumar a cama? Posso
não, enfermeira. Como não pode? Estou em estado interessante. Como assim? Ele
se encolheu abraçado nos joelhos ao peito, insistindo: Posso não! Vamos, homem,
é hora do café da manhã. A tesão do mijo não deixa. Ah, safadinho, você é
bonitão, vou buscar lençol e fronha enquanto você se recupera. E saiu. Ele
apressou-se pro sanitário, deu uma mijada demorada, aliviando-se. De repente
ela entra, invade o banheiro para pendurar a toalha, ao vê-lo indefeso
protegendo os seus guardados, havia sustado a micção e estava segurando com
tudo de fora. Ela passou um rabo de olho e saiu. Ufa! Foi por pouco, hem?
Acalmou-se e urinou por uns dez minutos ininterruptos. Eita! A bexiga estava
cheia, hem? Agora, sim, posso ir pro café da manhã. Cheirou as axilas, os
braços, as mãos, os pés, a cueca, nada fedia, então foi. Desceu a escadaria e
ao chegar à praça da alimentação, deparou-se com uma multidão: Isso é gente
como a praga! O hotel deve ser dos bons mesmo. E desceu, entrou na fila olhando
os demais hóspedes, todos de pijama como ele, escolhiam sua comida. Depois de
um bom tempo, chegou sua vez: Hummmm, cuscuz, salsichas, queijo, pão, café com
leite, ah, posso vir depois buscar mais? Pode. Então tá. Pegou a bandeja e
dirigiu-se para a primeira mesa vazia, bateu palma, psiu e gritou: Atenção,
todos! Senhoras e senhores, ladys e gentlemans! Fez-se silêncio. Ham, ham. Pra
quem não me conhece - pigarreia, imposta a voz: Sou Jerry Xemenexem! Aplausos.
Uma jovem levantou-se aplaudindo: Nome de artista, hem? Mais aplausos. Sim,
sim, obrigado. Mais aplausos. Obrigado. Sou cantor, compositor, ator e
cineasta, por enquanto, para não abusar dos meus dotes artísticos. Aplausos.
Obrigado, obrigado. Estou nesse hotel para selecionar elenco pro meu próximo
filme. Os interessados, comparecerem ao apartamento 37, para os testes.
Obrigado, bom apetite e um bom dia para todos. Obrigado. Foi uma gritaria: Eu!
Eu! Eu! Eu! Eu! Eu! Calma, minha gente, tem espaço para todos no elenco. Só a
partir das 11 horas que começo os testes, daqui pra lá, comam bem e estejam prontos.
Saravá! E encarou a comilança, repetindo o prato umas três vezes e só não mais pela
quarta, porque um dos cozinheiros fez uma cara feia e ele resolveu recolher-se
ao seu quarto. Mal se deitou, entrou uma senhora já de idade, muito simpática,
risonha e acompanhada duns 15 gatos. Bom dia. Bom dia. O senhor é? Sou Jerry
Xemenexem, seu criado ao dispor. Ah, nome de artista. E sou mesmo. Muito bem. O
que o senhor mais gosta? Na verdade, o que mais gosto é de cantar, mas
componho, filmo, atuo, faço de tudo um pouco, sou multiuso. Muito bem. E pra
comer? Adoro galinha guisada, meu prato preferido. De si para si, pensou: Ah,
deve ser a nutricionista, hotel dos bons mesmos. Enquanto pensava, ela falou
abrindo um caderno de anotações tirado do bolso: Conte-me sua vida... aí ele
debulhou que era um entre 29 irmãos, 9 da mãe dele – santa dona Zefinha,
veneração genuflexa com todas as orações dos céus e da terra -, 13 da Lurdinha e 7 da Valdinete, todos
irmãos por parte de pai. Isso não é um pai, é um garanhão fodedor! Gostei do
nome, quando eu comprar minha Ferrary, vou apelidá-la de garanhão fodedor. Ah,
mas continuando: que dessa tuia de irmãos, 16 são fêmeas de honrar as saias –
tem uma que é bem doidinha, sei não, e 4 são meninas ainda - e os demais, uns
machos e outros nem tanto assim, porque 5 são franguinhos ainda, afora dois que
dão sinais de desmunhecar mesmo. Como é o nome do seu pai? Zé Xemenexem, mas só
o chamam de Zé Flor, não sei por que, pois ele catinga que só, não sei como
elas aguentam a fedentina, mas deve ser por ser aquele que tem três maridas,
coisas de apelido mesmo. Você não gosta dele? Bem, gostar de mesmo, muito não,
ele é rude, trata a gente na base do tapa-olho, bofete no maluvido e dedada no
furico. As meninas, também? Oxe, não escapa umazinha sequer! O prazer dele é
enfiar o dedão no cu de levantar a gente pra balançar as pernas soltas no ar e
depois ficar cheirando o dedo, amolegando a peia. E olhe que o dedão dele é
daqueles bem engrossado, viu? É quando ele dá risadas de gargalhar. Afora isso,
é todo bruto a dar lapadas, cascudos, beliscões e corretivos em quem passar por
perto. E a sua mãe? Ah, a minha mãe é uma santa. E as outras duas? Ah, são de
lua! Um dia de careta, dois de xingamentos e, uma vez na vida, os dentes abrem,
mas não muito, logo piram e viram o diabo. Sei. O senhor tem algum problema?
Tenho. Qual é? Queria ter um dinheirinho pra comprar cigarro, a senhora
empresta? Ela meteu a mão no bolso do jaleco, puxou duas cédulas e entregou pra
ele. Obrigado, minha senhora, sou-lhe devedor pro resto da vida. De nada. Agora
descanse pro almoço, amanhã a gente se vê nessa mesma hora. Bom dia. Mal ela
saiu, apareceram dois olhos na beira da porta, que se escondiam e reapareciam.
Entre. Pareciam brincar. Ele levantou-se e pegou o brincalhão pelas orelhas:
Diga. Eu vim pro teste do cinema. Ótimo, como é seu nome? Napoleão. Muito bem,
Napoleão, o que você faz da vida? Nada. Como nada? Sou o imperador, Napoleão
Bonaparte. Ah, tá. Só isso? Posso ser Dom Pedro I, quer? Não, basta ser Napoleão
mesmo. Já fez cinema? Bem, fazer de mesmo, não, mas eu corria na rua e meu
primo batia umas fotos pruns monóculos, quer ver? Não. Já está quase na hora do
almoço, enquanto isso me conte sua vida de artista. E saíram confabulando
quando uma bela jovem esbarrou nele, ao se virar ele imaginou estar diante de
uma dessas atrizes excêntricas com vestes estranhas – na verdade, ela estava
descalça, descabelada e enrolada nos lençóis -, tudo fazendo crer uma grande
atriz. Ela esticou o pé e levantou a perna, e ele: Pés de atriz, pernas de
atriz, joelhos de atriz – aí ela soltou o vestido impedindo de que ele
continuasse a examinar, esticando o braço e expondo a mão, e ele: dedos de
atriz, mãos de atriz, pulso de atriz, braço de atriz, até muque de atriz ela
tem, está vendo Napoleão? Ela fechou os braços e ele: Cabelo de atriz, testa de
atriz, bochechas de atriz, olhos de atriz, nariz de atriz, lábios de atriz e...
Ela fazia biquinho pra ele e, não teve dúvidas, foi lá e deu uma bitoca nela,
dele tomar um susto na hora! O que é que é isso, meu Deus? Não é uma atriz, é
uma deusa, é a Dulcineia del Toboso, a dona do meu coração. Fez uma mesura
cavalheiresca e, qual Dom Quixote, convidou-a pra jantar! Ela aceitou. Então
vamos, deram-se os braços e Napoleão acompanhou-os como se fora Sancho Pança.
Sentaram-se elegantemente e ficaram aguardando o atendimento, ninguém apareceu.
Sancho, meu fiel escudeiro, procure um garçon para nos servir e diga que não
atrasem com a ceia. Mas, meu mestre, ainda não é nem meio-dia? Não discuta,
Sancho. Com a saída de Sancho, ela se levanta com um olhar tentador, abre o
vestido e mostra-se completamente nua. Ele não resistiu e voou em cima dela,
vuque-vuque ali mesmo, impado, chamego, ali deitados no chão, dela estremecer
toda, gritar enloquecida até desmaiar. E ele resfolegante, inquieto no maior
ajeitado, estertorando numa tremedeira braba, sentiu gozar depois de semanas e
meses na secura das mãos, saçaricando em cima dela, empurrando-se,
espremendo-a, cavoucar, pelejar, e no maior estupor, quedou vertiginosamente
até cair duro espalhado sobre ela e ali, sobre o macio dela, rendeu-se em sono
profundo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de especial com o violonista, maestro e compositor Antonio José Madureira: Violão, Instrumentos populares do Nordeste & Rosa
Armorial; a cantora, compositora, guitarrista e multi-instrumentista Thathi: Recomece, Um dia a mais & Jardim japonês; & muito
mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA –[...] Tal como os artistas, os
cientistas criadores precisam, em determinadas ocasiões, ser capazes de viver
um mundo desordenado [...] essa necessidade
[...] é a “tensão essencial” implícita na
pesquisa científica. [...]. as
mudanças de paradigma realmente lebam os cientistas a ver o mundo definido por
seus compromissos de pesquisa de uma maneira diferente. Na medida em que seu
único acesso a esse mundo dá-se através do que vêem e fazem, poderemos ser
tentados a dizer que, após uma revolução, os cientistas reagem a um mundo
diferente. [...]. Trechos extraídos da obra A estrutura das revoluções científicas (Perspectiva, 1998), do
físico e filósofo da ciência estadunidense Thomas
Kuhn (1922-1996). Veja mais aqui.
USO DA LÍNGUA NA ESCOLA – [...] A
sua missão não é a de fazwer com que os educandos abandonem o uso de sua
gramática “errrada” para a substituírem pela gramática “certa”, e sim a de
auxili´-alos a adquirirem, como se fora uma segunda língua, competência no uso
das formas lingüísticas da norma socialmente prestigiada, à guisa de um
acrescimento aos usos lingüísticos regionais e coloquiais que já domunam. A
noção essencial aí é a de adequação: existem usos adequados a um dado ato de
comunicação verbal, e usos que são socialmente estighmatizados quando usados
fora do contexto apropriado. A comparação com as regras de uso de vestimenta é
esclarecedora: assim como difere o tipo de roupa a ser usada segundo o tpo de
ocasião social, também diferem segundo a ocasião social as características da
linguagem apropriada. Ficam socialmente estigmatizados os falantes
inadimplentes às regras tácitas do jogo, tal como as pessoas que não cumprem as
convenções sociais. Trecho de Heterogeneidade
dialetal: um apelo à pesquisa (Tempo Brasileiro, abr/sey, 1978), da
linguista e professora Miriam Lemle.
Veja mais aqui.
MONÓLOGO DE POPULAR – Eu
pensava que era pobre. Aí, disseram que eu não era pobre, eu era necessitado.
Aí, disseram que era autodfesa eu me considerar necessidade, eu era deficiente.
Aí, disseram que deficiente era uma péssima imagem, eu era carenta. Aí,
disseram que carente era um termo inadequado. Eu era desprivilegiado. Até hoje
eu não tenho um tostão, mas tenho já um grande vocabulário. Extraído de cartum
do humorista, escritor, cenógrafo e cartunista estadunidense Jules Feiffer.
Veja mais aqui.
MÃE & FILHO NO ÔNIBUS – Primeiro
diálogo - Mãe: Segure firme, querido. Criança: Por quê? Se você não segurar,
vai ser jogado para a frente e vai cair. Por quê? Porque se o ônibus parar de
repente, você vai ser jogado no banco da frente. Por quê? Agora, querido,
segure firme e não crie caso. Segundo diálogo - Mãe: Segure firme. Criança: Por
quê? Segure firme. Por quê? Segure firme. Por quê. Você vai cair. Por quê? Eu
mande você segurar firme, não mandei? Trecho da obra Estrutura social, linguagem e aprendizagem (Queiroz, 1982), do
sociólogo britânico Basil Bernstein
(1924-2000).
O PRIMEIRO BEIJO –[...] De olhos
fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava
a água. O primeiro hole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era
a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se
saciar. Agora podia abrir os olhos. Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois
olhos de estatua fitando-o e viu que era a estatua de uma mulher e que era a
boca da mulher que saia a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole
sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água. E soube então
que havia colado sua boca na boca da estatua da mulher de pedra. A vida havia
jorrado dessa boca, de uma boca para outra. Intuitivamente, confuso na sua
inocência, sentia-se intrigado: mas não é de uma mulher que sai o liquido
vivificador, o liquido germinador da vida... olhou a estátua nua. Ele a havia
beijado. [...] Perturbado, atônito,
percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com
uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido. Estava de pé,
docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo,
espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era
outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil. Até que,
vinda da profundeza de seu ser, jorrou uma fonte oculta nele a verdade. Que
logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...
Ele se tornara homem. Trechos extraídos da obra O primeiro beijo & outros contos: antologia (Ática, 1995), da
escritora e jornalista Clarice Lispector
(1920-1977). Veja mais aqui e aqui.
VERSOS AO BEM AMADO – Se
me disseres que se pressente / o hálito sutil da borboleta / ao adejar sobre as
flores; / que foi achada a sandália de cristal / que, em sua fuga, Cendrillon
perdeu... / se me disseres que a poesia é prosa; / que à mulher se pode confiar
segredos; / que os lírios falam; / que o azul é róseo... / se me disseres que o
astro luminoso / ao vagalume rouba o seu lugar; / que o Sol não passa de uma
joia rara / que a Noite usa presa em seus véus;/ se me disseres que não existe
mais / uma só amora à bera das estrdas; / que as penas d’um beija-flor são mais
pesadas / que as penas dum coração... / quando me falas foge a tristeza,
vencida, escravizada. / Se me disseres que a Ventura existe, e que me adoras... - / Vê que absurdo, amor! / eu te crerei. Poema da poeta e atriz francêsa Rosemonde Gérard (1866-1953).
YARA: O FASCINIO IRRESTIVEL DA MULHER
Yara, linda mulher cor de jambo, de traços finos e de figura soberba,
vivia passeando pelas praias do Amazonas. Gostava de banhar-se em igarapés
tranqüilos e de águas claras. Os jovens seguiam para conquistar-lhe a atenção
e, com a atenção, o coração. Os velhos a olhavam com olhares languidos, sabendo
de antemão da impossibilidade de qualquer favor. Yara via e sentia tudo. mas se
dava demasiada importância, negando-se a todos. Passva, altaneira, como se
desfilasse, solitária, diante de uma multidão de admiradores. Fazia ouvidos moucos tanto aos elogios
educados de alguns quanto aos assobios atrevidos de outros. Certo dia, o sol já
posto, estava a linda Yara divertindo-se inatenta nas águas corredias do
igarapé que mais apreciava. O tempo corria e ela se entregava ao prazer do
corpo que emergia, ainda mais fascinante, do borbulhar das águas. Eis que
escutou vozes barulhentas se aproximando. Não eram de seus irmãos e irmãs da
tribo. Voltando-se, viu que eram homens brancos. Falavam uma língua estranha,
com sons de agressividade. Traziam botas pesadas e roupas rudes. Seus olhares
eram de cobiça e não de enternecimento. Pareciam animais famintos. As vozes em
sua direção se faziam ameaçadorass. Yara, feminina, tudo pressentiu. Tentou
fugir. Seu corpo era escorregadio e ela ágil. Mas mãos fortes a agarraram. Eram
muitas. Todas a tocavam em todas as partes. A intimidade foi ameaçada. Com
violência foi jogada ao chão. as areaias, antes macias, agora pareciam
espinhos. Yara foi amordaçada e imobilizada. Por fim, violada por todos, um
após o outro, em fila. Yara desmaiou. Parecendo morta, foi jogada ao rio. Os
homens animalizados se afastaram no escuro da mata. Fez-se noite. O Espírito
das águas teve imensa pena de Yara. Acolheu seu corpo machucado. Inspirou-lhe
vida e devolveu-lhe todo o esplendor de sua beleza. Mas, para que não pudesse
nunca mais ser violada, transformou-a em sereia. Metade do seu corpo, a parte
de cima, de mulher, fascinante, de olhos de mel e de cabelos longos luzidios.
Os homens sentir-se-ão atraídos por eçla. Jogar-se-ão atrevidos e loucos às
águas para agarrá-la, abraçá-la e beijá-la. Mas a outra metade do corpo, a de
baixo, escondida nas águas, tem a forma de peixe. Com isso pode viver sempre
nas águas como em sua casa. Conversa com os peixes grandes e pequenos, que
brincam ao seu redor, beliscando-lhe inocentemente a pele cor de jambo. Mas ai
daqueles que lhe quiserem fazer mal, agarrá-la com violência e arrancar-lhe o
afeto. Yara os tome, firme, pelas mãos e os leva, como se estivessem
enfeitiçados para as águas profundas. E nunca se ouviu dizer que alguém voltou
de lá vivo.
Entraído da obra O casamento entre o céu e a terra: contos dos povos indígenas do Brasil
(Salamandra, 2001), do escritor, teólogo e professor universitário Leonardo Boff. Imagem: Art by Yara
Damian. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais:
Reflexões
de jornada à sombra da amendoeira, o pensamento de Albert Einstein, a música de William
Byrd, a pintura de Jeff
Kolker & Otgo aqui.
Mulher
& Solidariedade, Sêneca,
Molière, a música de Joyce & Julia Crystal, a pintura de Paulo Paede, a literatura de
Nilza Amaral, a poesia de Dilercy Adler, o cinema de Neil Jordan & Ruth
Negga, a arte de Claudinha Cabral & A mulher medieval aqui.
Zygmunt
Bauman, Filosofia & Psicologia de Ken Wilber, a literatura de Kenzaburo Oe, A música de Franz Schubert & Maria João Pires,
Kate Beckinsale, a pintura de Tereza
Costa Rego & Tunga aqui.
Papa Highhirte de Oduvaldo Vianna Filho aqui.
Wilson cantarolando pé de serra, Direito
& Psicologia da Saúde aqui.
A arte de Zé Linaldo, Direito, Abuso
Sexual, Psicologia & Sociologia aqui.
Contratos Mercantis & Denise
Dalmacchio, Fernanda Guimarães, Jussanam, Consiglia Latorre, Aline Calixto
& Fátima Lacerda aqui.
&
A ARTE DE ROSANA PAULINO
A arte da artista visual
Rosana Paulino.