AMARRADO EM NOME
DE JESUSIS, CRUIZES! – Imagem: Our Heads Are Round so Our Thoughts
Can Change (1930), do pintor e poeta francês Francis Picabia (1879-1953). - Tomé
é um ineivado: cinquentão que não parecia ter mais de quarenta e nove, católico
batizado, crismado e casado, de fazer parte do Terço dos Homens e de comungar
regularmente quando não todo dia, se for preciso. Afora ser boca de ponche, não
bebe, não fuma, nem achegado a nenhuma excentricidade: tudo metido e contado
nos miúdos, metodicamente planejado e conferido. Casado – muito bem casado,
segundo ele -, como são as coisas: dizem que o casal botou catinga em bosta.
Até onde eu sei, nem fedem, nem cheiram. Pois bem. Acontece que Vitalina, a senhora
madame dele, um dia desse, arrastando um tamanco com um chambre cor de rosa
bufento do tempo do ronca e armada dum penteado carregado de bobe, chamou na
grande: queria ser evangélica. Ih! Antes porém, balançou-se pras banda da
Universal – aquilo é um bando de loucos, dizia ela revoltada com a experiência
-, depois pela Graça do Sílvio Santos Soares, refugou. Tanto sassaricou que
findou numa dessas evangélicas e, ao assistir o primeiro culto, foi logo reclamando
pro pastor: Deus não é surdo! E fez campanha, armando o maior desconforto pra
arrancar os altofalantes da rua. Nessa hora o marido, sobretudo porque ele não
é de negar fogo pra patroa, queria era se atirar da janela. Sem saída, resolveu
buscar a dádiva da providência, mantendo-se inconsolável até o milagre
acontecer dela tirar aquilo da quizilia, virando-se pras bandas do halterofilismo.
Danou-se! Agora deu! Essa mulher tem cada pantim! E ela: alguém tem que fazer,
ora! E meteu-se com ginásticas e fisioterapias de conferir o muque todo dia nas
ventas dele: Tais vendo só, tá crescendo, logo a gente vai pra quebra de braço
pra ver quem é quem manda aqui em casa. E ele: Não esquente, sempre disse que
aqui quem manda é você mesmo. Com muito tato Tomé conseguiu demovê-la da
arenga, mantendo-se em paz com os irmãos, dízimo em dia, e ele como saco de
pancadas, tanto pros murros, como pra ser culpado por tudo que ocorresse ou
desse errado. Aí, um dia lá que andava de férias das broncas, virou-se pra mim
com um convite: Jesuisis tá lhe chamando! Eu? Escute a voz dele no seu coração,
sou o intermediário! Você? Eu sou a voz de Jesuisis. Vamos ao culto hoje? Ah,
tá. Expliquei pra ele que já havia passado do nível religioso, dedicando-me à
espiritualidade. Vai ou não vai, rapaz? Tenho outros compromissos, Tomé, fica
pra próxima. Aí, ele virou-se pra mim e sapecou: A-rá! Cruz-credo! Você é ateu
descarado e está amarrado em nome de Jesuisis. Vade retro, satanás! Fez um trejeito
qualquer e danou-se rua afora, caí na gargalhada. Esse Tomé vem com cada uma,
veja mais abaixo o desdito amor desse casal. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá é dia de
especial com a música do cantor e compositor Vital Farias: Sagas brasileiras,
Taperoá & solo; a
pianista Maria Teresa Madeira interpretando Ary Barroso & Recital; & muito mais nos mais de 2 milhões de
acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o
som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Vivemos
hoje um mundo de complexidade, no qual se amalgamam a natureza, a tecnologia e
a textualidade. Tempos de hibridização do mundo – a tecnologização da vida e a
economização da natureza -, de mestiçagem de culturas, de diálogos de saberes,
de dispersão de subjetividades. Tempos em que emergem novos valores e
racionalidades que reorientam a construção do mundo. [...] Extraído da obra
Saber ambiental: sustentabilidade,
racionalidade, complexidade, poder (Vozes, 2008), do economista e sociólogo
ambientalista mexicano, Enrique Leff.
Veja mais aqui, aqui & aqui.
A SOCIEDADE ATUAL - A
sociedade [...] é totalmente voltada
para o trabalho, os lucros e o consumo de bens materiais. O objetivo principal
das pessoas é ganhar o máximo de dinheiro possível para comprarem toda essa
parafernália que associam a um padrão de vida elevado. Ao mesmo tempo,
sentem-se bons cidadãos porque estão contribuindo para a expansão da economia
nacional. Não percebem, porém, que a maximização dos lucros leva à constante
deterioriação dos bens que adquirem. Por exemplo, a aparência visual dos
produtos alimentares é considerada importante para incrementar os lucros, ao
passo que a qualidade dos alimentos continua se deteriorando devido a todos os
tipos de manipulação [...] efeitos
parecidos poder ser observados nas roupas, nas casas, nos carros e em várias
mercadorias. Embora ganhem cada vez mais dinheiro, eles não estão enriquecendo;
pelo contrário, tornam-se cada vez mais pobres. A expansão da economia destrói
a beleza das paisagens naturais com edifícios medonhos, polui o ar, envenena os
rios e os lagos. Mediante um condicionamento psicológico implacável, ela rouba
das pessoas o seu senso de beleza, enquanto gradualmente destrói aqui que há de
belo em seu meio ambiente. [...]. Trechos de Futuros alternativos, extraído da obra Sabedoria incomum:
conversa com pessoas notáveis (Cultrix, 1995) do físico e escritor Fritjof
Capra. Veja mais aqui, aqui &
aqui.
PAIXÕES - [...] Como o
amor acaba é outro mistério. A Joyce e o Paquette, por exemplo. Namoram anos,
noivaram, casaram e tudo acabou numa noite. Acabou numa frase. Os dois estavam
numa discoteca, sentados lado a lado, vendo os mais jovens se contorcendo na
pista de dança, e o Paquette gritou: - Viu a música que está tocando? E a
Joyce: - O quê? – A música. Estão tocando a nossa música. Lembra? – Hein? –
Estão tocando a nossa música! – O quê? – A música. Do nosso noivado. Lembra? –
Eu não consigo ouvir nada com essa porcaria de música! – Esquece. Extraído
da obra O melhor das comédias da vida
privada (Objetiva, 2004), do escritor, cartunista, tradutor, roteirista e
autor teatral Luis Fernando Veríssimo. Veja mais aqui.
DO AMOR – XLIX: Costuro o infinito sobre o peito. / E no entanto sou água fugidia e
amarga. / E sou crível e antiga como aquilo que vês: / Pedras, frontões no Todo
inamovível. / Terrena, me adivinho montanha algumas vezes. / Recente, inumana,
inexpremivel / costuro o infinito sobre o peito / como aqueles que amam. Extraído
da obra Do amor (Massao Ohno, 1999), da
poeta, dramaturga e ficcionista Hilda Hilst (1930-2004). Veja mais aqui.
ARTE DE FRANCIS PICABIA
A arte do
pintor e poeta francês Francis Picabia
(1879-1953).
Veja mais:
Para quem quer, basta ser!, o
pensamento de John Masefield, Gilvanícila, a música de Karin
Fernandes & a pintura de Berthe
Morisot aqui.
A mulher na antiguidade, Max
Planc, Edgar Allan Poe, Louise Glück, Daniel Goleman, a música de Shirley
Horn, Mark Twain, a pintura de Edouard Manet, a gravura de Johann Theodor de Bry, Ana Paula
Arósio, Demi Moore & Alessandra
Cavagna aqui.
Mário
Quintana, François Truffaut, Voltaire, a comunicação de Juan Diaz Bordenave,
o folclore de Luís da Câmara Cascudo, a música
de Daniela Spielmann, o teatro de Sérgio Roveri
& Tuna Dwek, a arte de Jeanne Moreau, a pintura
de Hans Temple & Anita Malfatti, Gerusa Leal &
Todo dia é dia da mulher aqui.
Helena
Blavatsky, João Ubaldo Ribeiro, Stendhal, a pintura de Édouard Manet, a música
de Vital Farias, Cacá Diégues & Jeanne Moreau aqui.
Proezas
do Biritoaldo: quando
risca fogo, o rabo inflamável sofre que só sovaco de aleijado aqui.
Invasão
da América aos sistemas penais de hoje, Joan Nieuhof, Décio Freitas & Palmares, Pesquisa em História, Guerra
dos Cabanos, Luta Camponesa & História do Brasil aqui.
Hannah
Arendt, Eric Hobsbawm, Fundamentos da História do Direito, Fernand Braudel
& a História, Abraham Kaplan & A Conduta na Pesquisa aqui.
Das
quedas, perdas & danos aqui.
Violência
contra a mulher, Heleieth Saffioti, Marta Nascimento & Poetas do Brasil aqui.
O
Feminismo & a História da Mulher, Masculino & Feminino, Psicologia
Escolar & Educacional, Pluralidade de Família & União Estável aqui.
Pierre
Lévy, Cibercultura, Capitalismo Global, Linguagens Líquidas & Narrativas
Midiáticas Contemporâneas aqui.
Poetas do Brasil:
Ari Lins Pedrosa, Ana Paula Fumian, Frederico Spencer & Suzana Za’za Jardim aqui.
&
ARTE DE HELMUT
NEWTON
A arte do
fotógrafo alemão Helmut Newton
(1920-2004). Veja mais aqui.